segunda-feira, agosto 10

tu tu tu
alôu?

jogado às traças cibernéticas. esse é o estado.
pelo menos está aqui, ninguém derrubou café, deixou pegar umidade no banheiro, etc.

aproveitando a extensão das férias devido à gripe do mal burguês, estive revisitando os blogs que gostava de ler quando reservava tempo para tal.

tanto no Rafa Hell quanto na Lux vi essa brincadeira boa. vou fazer, mas não vou passar pra ninguém.

1 . Agarrar o livro mais próximo

2 . Abrir na página 161

3 . Procurar a quinta frase completa

4 . Colocar a frase no blog

5 . Não escolher a melhor frase, nem o melhor livro!

6 . Utilizar mesmo o livro que estiver mais próximo;

7 . Passar para cinco pessoas.


A situação aqui é a seguinte. “Adorno e a arte contemporânea” só tem 70 páginas. Um pouco mais adiante, está o “VOIVODE – Estudos sobre vampiros”, organizado pelo Cid Vale Ferreira, um grande colega da minha “era subcultural”, que também era coordenador do Carcasse, uma comunidade riquíssima que funcionava quando nem se pensava em fóruns e Orkut. A maioria dos arquivos ainda estão lá. E essa é a maior graça da internet.

Pra que não se enganem, o Voivode não é um livro de curiosidades, assim, no estilo vitoriano. É um volume dividido em três atos, que reúne artigos acadêmicos sobre as representações do vampiro ao longo da história; fontes primárias e escritos raros (desde os escritos sobre Vlad Draculya até o verbete do Diccionaire Philosophique de Voltaire); e por fim, uma filmografia de vulto sobre o monstro mais fetichizado da história da humanidade.

A frase, orgulhosamente, diz:

“Isso é mais que um fato”.



domingo, outubro 12


Allez, mon peuple!
Bem, eu consegui terminar uma empreitada de mais de 365 dias atrás. É válido pela empreitada, e por eu ter concluído, algo muito raro.
O engraçado é que só consegui terminar agora que deveria estar escrevendo uma coisa completamente diferente.
Segue então o link pro "Suite dos Jovens", um conto baseado no Young Americans.
Não vou mandar pra MOJO, não vou publicar, não tenho nenhuma pretensão em relação a isso. Mas eu divido com vocês.

quarta-feira, agosto 20

68 é aqui.

A Veja superou dessa vez (estarrou, como diriam meus amigos baianos) e lançou uma matéria completamente absurda e sem sentido.

http://veja.abril.com.br/200808/p_076.shtml

Jornalistas criticando historiadores é lugar comum. Mas de maneira tão pobre, descontextualizada e baixa, fazia tempo que não acontecia. Faz com que a própria formação acadêmica de comunicadores seja colocada em discussão.

Informar desinformando também não é novidade, mas mobilizar pais desesperados porque seus filhos estão sendo doutrinados para o comunismo novecentista poderia dar um filme divertidíssimo mas não é o caso.

Antes fossem todos os professores de Humanidades da rede de ensino nacional comunistas e Freirianos.

Não teríamos uma juventude tão inerte e analfabeta.

Clamar por NEUTRALIDADE como um DEVER é fechar os olhos impunemente para o que aconteceu 40 anos atrás.

Não faço esse tipo de coisa, justamente porque é incompreendido no momento em que surge. Mas não dá pra engolir um sapo desses. Nem como estudante, nem como mãe, nem como cidadã, essa palavra que o mecanismo político vigente está tentando suprimir. De novo.

A quem interessar, divulgue, organize motins, mande cartas xingando as autoras da matéria, acompanhem de perto os professores infelizes, estáticos e descompromissados dos colégios de seus filhos, sobrinhos, etc.

O ensino precisa ser reformado sim. Mas não da forma que eles querem. Não existe mais comunismo, capitalismo, direita, esquerda, positivismo e tecnicismo. Essas expressões estão mortas e quem as reproduz está sufocando no limbo do tempo.

"It´s happening now", já dizia Jeff Buckley.

segunda-feira, julho 21

I´m in those very moments when the world has left you down. Everything is falling apart and there´s nothing pratical that I can do. I still believe in so many things that people just got used to left behind and it doesn´t helps at all. It´s a faith in which we put all things of life, and it never turns back to retribute. We´re expected to not expect returns from our actions. But when you give, give, give, and gain nothing, it starts to get difficult. We loose strength, health and will. Why did you give me these responsibilities that I can´t handle with? Why there are so many obstacles? Why me?

sábado, julho 12


Ontem assisti o muito esperado August Rush (O som do coração). Quando assisti o trailer fiquei transtornada. O filme só confirmou o que esperava, estado de taquicardia do início ao fim, talvez o filme mais lindo que já foi feito, e dessa vez não é a costumeira hipérbole das minhas declarações.

Evan Taylor é um órfão que vive isolado do mundo e espera os pais. Ele sabe que os pais estão “lá” porque ele ouve. Ele ouve tudo, a lua, o som da terra e a música da vida. O personagem mais sensato do mundo.

Não tem muito o que falar sobre a história, porque ela tem que ser ouvida. O diretor foi campeão ao conseguir transportar o som pra uma concepção visual, os atores são todos de prima, sendo que não há mais limites para o Freddie “I see dead people” Highmore. Cada expressão dele faz com que a gente queira ser criança e sentir tudo daquela maneira novamente.

O recado do filme é bem simples. A música, ela está aí sempre, preste mais atenção. Ela é a energia vital, e o guia mais precioso. É triste que a maioria das pessoas não estejam atentas.

sexta-feira, julho 11


Um amigo veio falar que leu meu blog, daí comecei a colar posts antigos pra ele e me dei conta de uma coisa. Exatamente nesse mês essa porra faz 5 anos.

CINCO ANOS!!!

Eu não sou muito de comemorar essas coisas, mas pô, é a minha relação mais duradoura na história da minha vida. Tenho que comemorar...

Certo que não foi uma freqüência absoluta, mas também nunca ficou de lado, esse meu caderninho de bolso. Tem coisas que eu não lembro quando aconteceram, mas lembro do post, daí venho olhar aqui pra me localizar no tempo. É muito divertido.

Vou botar aqui então links pros melhores momentos, tipo vídeo show:

Reflexões Pseudo Intelectualóides e a Nova História

Uma das primeiras coisas “existenciais” que escrevi, lá pelos 18-20 anos, e sempre atual principalmente o

Temo ainda não estar nem a caminho de todas as respostas. E
essa é a minha maior motivação. Continuar seguindo pelos mesmos
caminhos tortuosos, uma boa alternativa pra quem já insistiu muito em
viver como uma pessoa normal.”

http://danihyde.blogspot.com/2003/08/seguinte-mudana-timo-em-todos-os.html

Casos no Cais (Pra não dizer que não falei das putas)

De longe minha melhor poesia, rima rica, não sei quantas sílabas, mas me comove até hoje

http://danihyde.blogspot.com/2004/02/casos-no-cais-pra-no-dizer-que-no.html

Cerejeiras em Flor – Quando o amor passa por tua aorta

Primeiro conto da série trilhas sonoras, que sabiamente alguém imaginou ser um bom negócio e criou a MOJO books. O fato é que meus contos sempre tiveram trilha sonora, e fiquei meio de cara com a MOJO...

http://danihyde.blogspot.com/2004/03/cerejeiras-em-flor-quando-o-amor-passa.html

Sete de maio, sete de junho, 97, 2004.

Fala de uma experiência eterna, um show do Júpiter Maçã, e a época dos amigos do colégio. Daniel Chu é uma pessoa especial até hoje, de quem sinto falta, e que tenho certeza de que quando nos encontrarmos teremos o mesmo tipo de relação, lingüística, sempre.

http://danihyde.blogspot.com/2004/06/sete-de-maio-sete-de-junho-97-2004.html

Da série: coisas que só rolam em Porto Alegre

Primeiro de uma série infinita, porque tem coisas que só acontecem em Porto Alegre.

http://danihyde.blogspot.com/2004/06/da-srie-coisas-que-s-rolam-em-porto.html

Pensei em botar aqui o dia que eu conheci o “Glauco”. Mas não, isso é problema meu. Ainda, e eternamente.

e nasce um projeto louco...

Primeira Roque Town. Inesquecível.

http://danihyde.blogspot.com/2005/02/e-nasce-um-projeto-louco.html

I slept with the devil (a dream)

Um dos contos mais massa. Vale a pena sempre.

http://danihyde.blogspot.com/2005/07/i-slept-with-devil-dream.html

Espere a primavera, Bandini.

Ganhei um concurso. O primeiro e o único. Isso é memorável.

http://danihyde.blogspot.com/2005/09/espere-primavera-bandini.html

AMIE

Uma carta linda. Pra mim mesma. Nada mais.

http://danihyde.blogspot.com/2005/11/homenageando-minha-mais-nova-obsesso.html

da série: logs de amor

profecias de gabriel.

http://danihyde.blogspot.com/2005/12/da-srie-logs-de-amor.html

Um Roteiro para Abandono

Tentativa de roteiro pra quadrinhos. Péssima.

http://danihyde.blogspot.com/2006/01/era-pra-estar-dormindo-mas-os-2.html

Kamonnnnn Boyzzzzz!!

A resenha famosa do primeiro show da Supergatas que foi release deles por muito tempo.

http://danihyde.blogspot.com/2006/03/kamonnnnn-boyzzzzz.html

Hit the road, Orkut.

Os testmonials da primeira vez que saí do Orkut. Todo mundo já saiu do Orkut. Mas será que tu guardou os seus testmonials?

http://danihyde.blogspot.com/2006/05/hit-road-orkut.html

Egiptonando por aí

Resenha da Jornada de Estudos sobre o Oriente Antigo de 2006. Impagável.

http://danihyde.blogspot.com/2006/05/egiptonando-por.html

Leila gone wild (pero no mucho)

Mais um conto bacaninha

http://danihyde.blogspot.com/2006/05/leila-gone-wild-pero-no-mucho-tchau-me.html

if you want it
let it go
if you want it
so

Resenha do Through the windowpane, do Guillemots, um dos melhores albums da minha vida.

http://danihyde.blogspot.com/2006/07/oi-ethan-bel-if-you-want-it-let-it-go.html

Momento "ao mestre, com carinho"

Um post sobre o Bellomo, Harry Rodriguez Bellomo, nosso boxeador eterno. Sinto sua falta.

http://danihyde.blogspot.com/2006/10/momento-ao-mestre-com-carinho-nosso.html

Contos Imperdíveis:

Continuam sendo contos imperdíveis. Vitorianos, claro.

http://danihyde.blogspot.com/2006/11/j-que-isso-aqui-virou-o-muralzinho-da.html

Pra quando você estiver me xingando, e já souber ler direito.

A carta pro meu filho. Eterna pra caramba, mas que já merece uma segunda versão.

http://danihyde.blogspot.com/2006/11/pra-quando-voc-estiver-me-xingando-e-j.html

Hey Jack. Jack!
You´re in my world now.

Quando fiz as pazes com o Kerouac. Eu tenho um histórico de “rompimentos e retratações” com grandes estrelas. Não tente entender...

http://danihyde.blogspot.com/2006/11/hey-jack.html

Resenha de um show do Caê. “O” Show, diga-se de passagem:

http://danihyde.blogspot.com/2006/12/s-o-timing-transforma.html

acredito no coração

Sobre um momento absurdo, quando da morte de um grande amigo.

http://danihyde.blogspot.com/2006/12/acredito-no-corao-falando-sobre-outras.html

Love Lane

Mais um conto de Dani Hyde Corporation

http://danihyde.blogspot.com/2007/01/love-lane-em-ritmos-compassados.html

Black is the color of my true love’s hair

A mística e a música

http://danihyde.blogspot.com/2007/01/black-is-color-of-my-true-loves-hair.html

da série: coisas que acontecem em vários lugares, mas em Porto Alegre é melhor.

Nenhuma explicação.

http://danihyde.blogspot.com/2007/01/da-srie-coisas-que-acontecem-em-vrios.html

Chalaça 2007

O carnaval de 2007. Amigos para siempre.

http://danihyde.blogspot.com/2007/02/chalaa-2007-ou-o-que-fazer-no-carnaval.html

http://danihyde.blogspot.com/2007/02/segundo-dia-e-no-meu-caso-provvel-que-o.html

Gera monstros, monstros, monstros.

Outro fruto dos meus terrores noturnos.

http://danihyde.blogspot.com/2007/02/gera-monstros-monstros-monstros.html

No sin to Love. Eternal Sunshine, eu e Aberlardo. E Heloísa.

http://danihyde.blogspot.com/2007/04/no-sin-to-love-sempre-considerei-o.html

Egiptonando por aí – segunda edição.

Resenha da Jornada sobre Estudos do Oriente Antigo – 2007

http://danihyde.blogspot.com/2007/05/egiptonando-por-segunda-edio.html

He who cracks the mirrors, and moves the walls

Sobre Peter Hammill, O Grande

http://danihyde.blogspot.com/2007/08/he-who-cracks-mirrors-and-moves-walls.html

I´m Always

Sobre John Frusciante, Meu Amor

http://danihyde.blogspot.com/2007/08/im-always-only-time-can-show-you.html

Carlos Carneiro

Meu amigão

http://danihyde.blogspot.com/2007/08/eu-conheci-o-carlos-carneiro-antes-dele.html

Sobre obsessões e suspiros.

Sobre isso aí.

http://danihyde.blogspot.com/2007/08/sobre-obsesses-e-suspiros.html

Rumor de viejo hit

Título de uma obra de Leopoldo Estol. Pra marcar meus tempos de Bienal do Mercosul.

http://danihyde.blogspot.com/2007/09/rumor-de-viejo-hit-es-la-historia-de-un.html

Um soldado pós-moderno em Sacsayhuamán

Minha única comédia.

http://danihyde.blogspot.com/2007/09/hermosa-doncella-de-sangre-real-este-tu.html

Por que o ser e não o nada?

Filosofia barata.

http://danihyde.blogspot.com/2008/01/por-que-o-ser-e-no-o-nada-basicamente-o.html

Fala Fala

Sobre a banda Talk Talk

http://danihyde.blogspot.com/2008/05/fala-fala-before-you-play-two-notes.html

E era isso. Como se vê, em 2008 tem pouca coisa, porque foi um ano academicamente lotado, e nas horas vagas me dedico a coisas que ainda não estão online.

Mas tenho certeza que isso aqui ainda vai durar. Simplesmente pelo fato de que me agrada.

Now playing – Renata - Liverpool. Uma das grandes músicas de uma das grandes bandas da minha vida.



segunda-feira, julho 7


Oe.

Acabou. Férias por tempo indeterminado e forçadamente. Amo todos ao meu redor. E o John, que tá sempre aqui também. Meu filho tá lindo, grande, maduro, e com um sorriso matador.

California dreamin’, in such winter’s day!

Julho é mês de tirar o violão da capa e chorar batendo corda. Bater tecla por enquanto tá devagar. Fiquem com mais um trecho de Suíte dos Jovens, que tá lindíssimo e eu não sei até que ponto vem pra cá e até que ponto vai ser mandado pra editoras quando terminado. Faltam dois capítulos, sendo que o último foi o que me levou a escrever, e agora parece o mais idiota e sem importância.

Emptiness replace my soul.


IX
Para meu irmão.

Everybody's raised in blindness
Everybody knows it's true
Everybody feels that everything is real,
anybodys' point of of view
(Who can I be now)


Noite rara. Música alta, uma garrafa de vinho vencida, nenhuma preocupação para o dia seguinte. Só o puro e simples ócio, livre pra deixar a realidade em stand by. O que a dez meses seria um rompante de felicidade, hoje é só mais um dia pra passar logo. Eu construí, pra quem achava que era, pra eles, mas a insatisfação de agora é lúgubre. Estou acompanhado do abandono novamente, meu parente mais próximo, e ele nunca percebe que eu queria mesmo era andar sozinho. Sozinho e sem o abandono, é possível? – me pergunto.

Sinto-me em Seattle. Fazia tempo que não acordava e ia dormir com uma mesma chuva. Virou meio que a trilha sonora de hoje, e só sabemos quando muda o ato pelos ventos estrondosos que ladram nas janelas. Gostaria de ver o Guaíba, selvagem, brigando com esse corpo estranho tentando lhe dominar e invadir seu espaço. Essa é a primeira vez que localizo essa história, e agora, no fim, percebo como faz sentido. Porto Alegre não é como qualquer cidade brasileira, pode-se sentir isso nos clichês, ou esperando um ônibus em frente ao shopping, quando sua roupa já está completamente úmida e não adianta mais se esconder da chuva. O que não é melancólico vira nostalgia. E nos sentimos em casa, por mais improvável que seja.

Seattle grita. Não só através da chuva, mas por ser um pedaço que sobrou de alguns anos atrás. Estilhaços no peito de uma vida no máximo volume, sem muitas expectativas, mas insuflada em paixão. A cada gota gelada no rosto, ou na nuca, uma experiência nova estaria por vir. Pois então, não contava que essa série de eventos poderia virar costume, e que a minha cidade imaginária particular fosse se tornar o que outras cidades eram na realidade. Um universo comum, com pessoas e acontecimentos comuns, e problemas que competem a qualquer um resolver.

O que fazer agora com esse composto que foi criado? Esse conjunto complexo de teorias e premissas que não se aplicam, tampouco é assimilado nas conveniências. O que fazer, para que, esse sujeito idealizado com pompas e muito zelo mergulhe dentro do rio e siga os caminhos da corrente, pro lado que for, e na companhia de quem for? Por que se perguntar “quem serei agora?” faz com que milhões de pessoas se entreolhem e continuem a nadar?

sexta-feira, junho 20

"And, in my opinion, everyone should sing at least once a day. They say that the human brain reacts the same way any time that person sings, or makes love. The world would be a happier place if we all sang our hearts out on a daily basis".
Mary Guibert, mamãe Buckley, sempre certa, como se diz das mães.
AH! Eu ando tão ocupada, gostaria de compartilhar, mas é uma ocupação tão minha. Daqui a duas semanas terminam as aulas, daí eu poderei pensar em assuntos desse meu espaço novamente. Ou até trazer coisas de lá pra cá. Veremos, decidirei.
A princípio, eu convido todos a assistirem Diário de uma Paixão, não sei diretor, nem nome original. Acho que não chorava tanto assim desde que nasci.

domingo, maio 11

Fala Fala

"Before you play two notes learn how to play one note - and don't play one note unless you've got a reason to play it." - Mark Hollis (1998)

Às vezes a música parece que forma uma coisa só, uma grande faixa de freqüência, pra onde vão todos os sons. E pra entender isso, nós temos que mergulhar, e quanto mais mergulhamos, mais claro fica o som. Assim, uma grande sinfonia.

Há um tempo atrás eu fazia uma pesquisa sobre álbuns que tratavam ou foram gravados à base de heroína. De preferência os desconhecidos. E me deparei com algumas coisas do Talk Talk. Coloquei pra baixar no torrent e esqueci.

Nesse fim de semana, lotado de preguiça e ócio contra a minha vontade, peguei um zapping rápido da MTV falando a respeito do retorno do No Doubt, e que provavelmente eles já estariam em pré-produção.

No Doubt foi uma banda importante pra mim. Foi o primeiro show que assisti no exato momento em que amava a banda. Gostar de algo contemporâneo e saboreá-lo em todas as suas formas não tem preço.

Mas a viadagem da Gwen Stefani com essa carreira solo passou dos limites. Qualé agora? Tá falindo e quer voltar a trabalhar com músicos de verdade? Penso que isso é palhaçada, que é uma humilhação aos outros integrantes, e que as majors estarão por trás desse novo álbum, cagando em every single compasso.

Esqueçamos disso (por enquanto). O post é pra falar do Talk Talk. Depois de milênios terminou de baixar o Laughing Stock (1991), último disco da banda, e eu me pus a ouvir pra escapar de alguns livros.

Winamp e Google em chamas, me dou conta de que a Talk Talk é a infame progenitora de It´s my life, o último hit-cover do No Doubt. Mas como assim It´s my life e heroína?

É aí que a internet mostra seu serviço. Depois dos três primeiros discos a la New Wave/80s/Duran Duran, o “conjunto comercial” se revoltou, principalmente Mark Hollis (vocalista e band leader), e começaram uma nova era. Imersos no estúdio, experimentalismos, texturas, até os lançamentos de Spirit of Eden (pela Parlophone, que desistiu dos caras rapidinho) e Laughing Stock (Polydor).

As evidências atestam que o usuário de heroína era o irmão de Mark Hollis: Ed Hollis, que produziu The Damned e Stiff Little Fingers. Esta última, queridinha de Bob Forrest e John Frusciante (e assim vamos formando uma grande corrente da “brown sugar” e da música decorrente dela, ou por causa dela).

Apesar de Mark negar o uso de drogas (álcool à vontade) e escrever letras em homenagem ao irmão (que não sobreviveu aos pesados anos 80 – mesmo que fiquem lembrando desta era como se apenas fosse fluorescente e repleta de homens maquiados), a sonoridade dos dois últimos álbuns do Talk Talk é perturbadora. No bom sentido, quero dizer.

Nos anos 80 há coisas boas, verdade, eu juro. Smiths ali, post punk acolá, o combo Joy Division / New Order, alguma coisa mais sincera no hard rock, tem muito mais que não entrarei em detalhes agora, e ali em 88, o Spirit of Eden; estourando a década, vem o Laughing Stock em 91.

Imagino agora se em cada década tem uma banda que vai atingir esse nível, porque o que me vem à cabeça, é que o Talk Talk fez pelos anos 80 e pela pobre New Wave, o que o Television fez pelos 70 e pelo pobre Punk Rock (enquanto música, ambos são pobres; enquanto movimento, ambos transgressores, não venham chorar por causa disso). A fusão de rock e jazz é sempre certeira, e carregada, consequentemente, de melancolia. Mistura-se a isso um bando de jovens que amadureceram e descobriram o prazer de passar horas desafiando até onde a melodia pode chegar.

E provavelmente, muita heroína. Ainda não engoli essa de cara limpa. Lá no início falei que fazia uma pesquisa, certo? O objetivo é descobrir, compreender, constatar, whatever...que existe um som particular que os junkies exploram e é comum a todos. Independente da época, de estar no mainstream ou no submundo. Tem algo ali que se destaca. É como o I-Doser, ele trabalha numa certa freqüência que pressupõe levar ao efeito de tal sensação ou droga. Penso que, sob o efeito da heroína, se atinge uma freqüência cerebral na qual determinadas nuances e harmonias são mais latentes, e agradáveis, e belas.

Por isso é uma pesquisa, porque enquanto não evidenciar nada, é só paranóia minha.

O que importa para todos é o grande achado musical. Um grupo muito bom, subestimado e jogado no limbo. Me atrevo a dizer mais. Um certo Thom Yorke certamente bebeu dessa água, assim como o post rock.

- Pra quem quiser saber mais, tem uma página bem bacana aqui:
http://users.cybercity.dk/~bcc11425/

- Pra quem quiser baixar, procure no isohunt.com. Se encontrar links diretos, me indique.

- Pra quem acredita na NME, um trecho de resenha:

Sobre o Laughing Stock - “The whole thing is unutterably pretentious and looks over its shoulder hoping that someone will remark on its 'moody brilliance' or some such. It's horrible.” David Quantick, NME, September 28, 1991.

- Pra quem quer diversão imediata, temos o You Tube:

I Believe in you, a carro-chefe do Spirit of Eden





After the Flood, uma das 6 obras primas do Laughing Stock



No Doubt tocando It´s my life (é impressionante como ela consegue estragar essa música)

sexta-feira, maio 9

Da série: Meu amigo Breton.

(...)
Outras tantas perguntas resolvidas decisivamente, ao acaso; só me restou o poder discricionário de fechar o livro, o que não deixo de fazer, ainda perto da primeira página. E as descrições! Nada se compara ao seu vazio; são superposições de imagens de catálogo, o autor as toma cada vez mais sem cerimônia, aproveita para me empurrar seus cartões postais, procura fazer-me concordar com os lugares-comuns:

A salinha onde foi introduzido o moço era forrada de papel amarelo: havia gerânios e cortinas de musselina nas janelas; o sol poente jogava sobre tudo isso uma luz clara... O quarto não continha nada de particular. Os móveis, de madeira amarela, eram todos velhos. Um sofá com grande encosto inclinado, uma mesa oval diante do sofá, um toucador, com espelho, entre as janelas, cadeiras encostadas às paredes, duas ou três gravuras sem valor, representando moças alemãs com pássaros nas mãos - eis a que se reduzia a mobília. (Dostoievski, Crime e Castigo )

Que o espírito se proponha, mesmo por pouco tempo, tais motivos, não tenho disposição para admiti-lo. Podem sustentar que este desenho clássico está no lugar certo e que neste passo do livro o autor tem seus motivos para me esmagar. Perde seu tempo, pois não entro no seu quarto. A preguiça, a fadiga dos outros não me prendem.
(...)

(Manifesto Surrealista)

segunda-feira, maio 5



Dia 5 de maio é dia de alguma coisa que eu esqueci, ou aniversário de alguém importante que eu esqueci também. Como regra, resolvi não namorar mais ninguém no mês de maio, porque já devo ter uns 4 ex-namorados aniversariantes desse mês, e através desse fato todos podem perceber o quanto eu entendo de astrologia.


Dessa forma, vou comemorar 2 meses que John Frusciante fez 38 anos, está vivo, e cantando pra mim todos os dias.


"o pop não poupa ninguém", já diria o filósofo...

Stigmata é um filme sensacional. Um dos cânones do pop religioso cinematográfico e só perde pra Anjos Rebeldes I, II e III (porque, tá, Christopher Walken nem o diabo encara).

O questionamento sobre um livro de J.C. himself é deveras esclarecedor, e também é o filme que tem uma das melhores frases do pop religioso cinematográfico, que diz que o nosso templo está na própria alma.

Dentro do pop religioso eu posso citar Sangue Sujo também, com o hino "Jesus voltará", mas daí já fica restrito demais.

Quem quiser discutir algum assunto seriamente por aqui vai perder tempo. Eu nunca falo sério (a não ser sobre o amor não-metafísico por música e literatura) e por trás de qualquer postagem tem um sarcasmo divino*.


obs: o sarcasmo divino já faz parte de outra piada interna que merece um texto à parte.


sábado, maio 3

Sonhei muito loucamente com uma pessoa. No sex included. O que me chamou atenção foi uma tatuagem que fechava as costas. Era uma sepultura com a epígrafe “DEATH OF CHRIST”, em itálico, e flames ao redor.

Eu me revolto cada vez mais com as religiões. É impossível você aceitar qualquer profissão de fé instituída quando se está a par das histórias. Legítimo “ninguém presta”. Além do mais, essa forma primitiva que rege o mundo (also.known.as god) me dá provas concretas de que o melhor é crer naturalmente.

Não foi preciso ser espírita ou exorcista para constatar o abalo sísmico-para-psico-emocional causado ao Vincenzo numa noite inocente de visita a um estabelecimento cristão. Óbvio que não tenho nada a ver com isso, mas as pessoas têm acessórios chamados “parentes”.

Nestes momentos eu penso: graças a deus, ele não foi batizado.

eu acredito no amor mais puro.

sexta-feira, maio 2


Alguém avisa pra essas pessoas que pra falar de música tem que ENTENDER música? Por essas e outras que a História precisa ser revisada.

domingo, abril 20


Necessário...somente o necessário. O extraordinário é demais.

Emoção é ler Rudyard Kipling pela primeira vez com seu filho de sete anos, depois de ter passado os primeiros quatro anos assistindo o Mowgli da Disney ad infinitum.

Se aperceber da fascinação nos olhos dele descobrindo mais e mais detalhes sobre o grande ídolo da primeira infância. E se aperceber fascinado também.

O Sri Lanka continua de pé. Isso basta. Somente o necessário.

sexta-feira, março 28

Até que eu não ando tão parada assim, assino a coluna musical deste mês ao lado do Fuckin’ Kleinert (ver meus links desatualizados) lá no...


http://www.insolitamaquina.com/

domingo, março 23


Nunca é demais...

Well, resolvi fazer tal comunicado porque no atual momento eu sou quase uma Pandora.

A Dengue se ESPRAIA pelo RS, e isso é um perigo para mim, e pra você.

Como alguns sabem, eu convalesci da doença em 2006, e de acordo com os especialistas, o vírus permanece em mim foréva, isto é, se um Aedes limpinho me picar, ele vira um assassino.

Outrossim, se você não cuidar de exterminar as águas paradas, e eu for exposta ao vírus novamente (na verdade há 4 tipos, qualquer dúvida se informe ou me pergunte), posso ter a Dengue Hemorrágica e bye bye Dani Hyde (nesse caso, não só a Hyde).

Então. Sejam legais, e não se façam de blasée achando que estão em Paris e tudo isso é ilusão.

sexta-feira, março 21

“Por indecisão ou negligência ou por outras razões, não me casei, e agora estou só. Não me dói a solidão, já é bastante esforço alguém tolerar a si próprio e às suas manias. Noto que estou envelhecendo; um sintoma inequívoco é o fato de que não me interessam ou surpreendem as novidades, talvez porque perceba que nada de essencialmente novo existe nelas, e que não passam de ser tímidas variações”.

Borges. “O Congresso”. IN: O livro de areia, 1978.

terça-feira, março 11

O bom de voltar às aulas é que as leituras são uma mistura de Lair Ribeiro com Charles Dickens. História Egípcia então é só frenesi..

“A palavra é mais difícil do que qualquer trabalho, e seu conhecedor é aquele que sabe usa-la a propósito. (...) Não tires nem acrescentes uma palavra sequer. N/ao coloque uma delas no lugar de outra.”

“Sê um artista da palavra, para seres potente. A língua é a espada do homem... O discurso é mais forte do que qualquer arma.”

Ptahhotep (2450 a.C.)

“Quem deixa a escola com gritos de alegria, seu nome será efêmero.”

“Eis que não existe uma profissão sem que alguém dê ordens, exceto a de escriba, porque é ele que dá ordens.”


Kemmit (XXI a.C)

“(...) Sê escriba, fixa isto no teu coração para que o teu nome se perpetue como os teus livros: um livro é melhor que uma estela incisa, melhor que um muro firmemente construído. Um livro é melhor que uma casa construída, melhor que um túmulo no Ocidente. (...) Também, após o seu desaparecimento, a sua potência mágica, lida num ensinamento, pertence a todos...”

(19ª Dinastia / XII –XI a.C.)


A tendência é grande parte disso ir pra minha pele. Na escrita original, claramente.