segunda-feira, agosto 10
alôu?
jogado às traças cibernéticas. esse é o estado.
pelo menos está aqui, ninguém derrubou café, deixou pegar umidade no banheiro, etc.
aproveitando a extensão das férias devido à gripe do mal burguês, estive revisitando os blogs que gostava de ler quando reservava tempo para tal.
tanto no Rafa Hell quanto na Lux vi essa brincadeira boa. vou fazer, mas não vou passar pra ninguém.
1 . Agarrar o livro mais próximo
2 . Abrir na página 161
3 . Procurar a quinta frase completa
4 . Colocar a frase no blog
5 . Não escolher a melhor frase, nem o melhor livro!
6 . Utilizar mesmo o livro que estiver mais próximo;
7 . Passar para cinco pessoas.
A situação aqui é a seguinte. “Adorno e a arte contemporânea” só tem 70 páginas. Um pouco mais adiante, está o “VOIVODE – Estudos sobre vampiros”, organizado pelo Cid Vale Ferreira, um grande colega da minha “era subcultural”, que também era coordenador do Carcasse, uma comunidade riquíssima que funcionava quando nem se pensava em fóruns e Orkut. A maioria dos arquivos ainda estão lá. E essa é a maior graça da internet.
Pra que não se enganem, o Voivode não é um livro de curiosidades, assim, no estilo vitoriano. É um volume dividido em três atos, que reúne artigos acadêmicos sobre as representações do vampiro ao longo da história; fontes primárias e escritos raros (desde os escritos sobre Vlad Draculya até o verbete do Diccionaire Philosophique de Voltaire); e por fim, uma filmografia de vulto sobre o monstro mais fetichizado da história da humanidade.
A frase, orgulhosamente, diz:
“Isso é mais que um fato”.
domingo, outubro 12

quarta-feira, agosto 20
A Veja superou dessa vez (estarrou, como diriam meus amigos baianos) e lançou uma matéria completamente absurda e sem sentido.
http://veja.abril.com.br/200808/p_076.shtml
Jornalistas criticando historiadores é lugar comum. Mas de maneira tão pobre, descontextualizada e baixa, fazia tempo que não acontecia. Faz com que a própria formação acadêmica de comunicadores seja colocada em discussão.
Informar desinformando também não é novidade, mas mobilizar pais desesperados porque seus filhos estão sendo doutrinados para o comunismo novecentista poderia dar um filme divertidíssimo mas não é o caso.
Antes fossem todos os professores de Humanidades da rede de ensino nacional comunistas e Freirianos.
Não teríamos uma juventude tão inerte e analfabeta.
Clamar por NEUTRALIDADE como um DEVER é fechar os olhos impunemente para o que aconteceu 40 anos atrás.
Não faço esse tipo de coisa, justamente porque é incompreendido no momento em que surge. Mas não dá pra engolir um sapo desses. Nem como estudante, nem como mãe, nem como cidadã, essa palavra que o mecanismo político vigente está tentando suprimir. De novo.
A quem interessar, divulgue, organize motins, mande cartas xingando as autoras da matéria, acompanhem de perto os professores infelizes, estáticos e descompromissados dos colégios de seus filhos, sobrinhos, etc.
O ensino precisa ser reformado sim. Mas não da forma que eles querem. Não existe mais comunismo, capitalismo, direita, esquerda, positivismo e tecnicismo. Essas expressões estão mortas e quem as reproduz está sufocando no limbo do tempo.
"It´s happening now", já dizia Jeff Buckley.
segunda-feira, julho 21
sábado, julho 12

Ontem assisti o muito esperado August Rush (O som do coração). Quando assisti o trailer fiquei transtornada. O filme só confirmou o que esperava, estado de taquicardia do início ao fim, talvez o filme mais lindo que já foi feito, e dessa vez não é a costumeira hipérbole das minhas declarações.
Evan Taylor é um órfão que vive isolado do mundo e espera os pais. Ele sabe que os pais estão “lá” porque ele ouve. Ele ouve tudo, a lua, o som da terra e a música da vida. O personagem mais sensato do mundo.
Não tem muito o que falar sobre a história, porque ela tem que ser ouvida. O diretor foi campeão ao conseguir transportar o som pra uma concepção visual, os atores são todos de prima, sendo que não há mais limites para o Freddie “I see dead people” Highmore. Cada expressão dele faz com que a gente queira ser criança e sentir tudo daquela maneira novamente.
O recado do filme é bem simples. A música, ela está aí sempre, preste mais atenção. Ela é a energia vital, e o guia mais precioso. É triste que a maioria das pessoas não estejam atentas.
sexta-feira, julho 11
Um amigo veio falar que leu meu blog, daí comecei a colar posts antigos pra ele e me dei conta de uma coisa. Exatamente nesse mês essa porra faz 5 anos.
CINCO ANOS!!!
Eu não sou muito de comemorar essas coisas, mas pô, é a minha relação mais duradoura na história da minha vida. Tenho que comemorar...
Certo que não foi uma freqüência absoluta, mas também nunca ficou de lado, esse meu caderninho de bolso. Tem coisas que eu não lembro quando aconteceram, mas lembro do post, daí venho olhar aqui pra me localizar no tempo. É muito divertido.
Vou botar aqui então links pros melhores momentos, tipo vídeo show:
Reflexões Pseudo Intelectualóides e a Nova História
Uma das primeiras coisas “existenciais” que escrevi, lá pelos 18-20 anos, e sempre atual principalmente o
“Temo ainda não estar nem a caminho de todas as respostas. E
essa é a minha maior motivação. Continuar seguindo pelos mesmos
caminhos tortuosos, uma boa alternativa pra quem já insistiu muito em
viver como uma pessoa normal.”
http://danihyde.blogspot.com/2003/08/seguinte-mudana-timo-em-todos-os.html
Casos no Cais (Pra não dizer que não falei das putas)
De longe minha melhor poesia, rima rica, não sei quantas sílabas, mas me comove até hoje
http://danihyde.blogspot.com/2004/02/casos-no-cais-pra-no-dizer-que-no.html
Cerejeiras em Flor – Quando o amor passa por tua aorta
Primeiro conto da série trilhas sonoras, que sabiamente alguém imaginou ser um bom negócio e criou a MOJO books. O fato é que meus contos sempre tiveram trilha sonora, e fiquei meio de cara com a MOJO...
http://danihyde.blogspot.com/2004/03/cerejeiras-em-flor-quando-o-amor-passa.html
Sete de maio, sete de junho, 97, 2004.
Fala de uma experiência eterna, um show do Júpiter Maçã, e a época dos amigos do colégio. Daniel Chu é uma pessoa especial até hoje, de quem sinto falta, e que tenho certeza de que quando nos encontrarmos teremos o mesmo tipo de relação, lingüística, sempre.
http://danihyde.blogspot.com/2004/06/sete-de-maio-sete-de-junho-97-2004.html
Da série: coisas que só rolam em Porto Alegre
Primeiro de uma série infinita, porque tem coisas que só acontecem
http://danihyde.blogspot.com/2004/06/da-srie-coisas-que-s-rolam-em-porto.html
Pensei em botar aqui o dia que eu conheci o “Glauco”. Mas não, isso é problema meu. Ainda, e eternamente.
e nasce um projeto louco...
Primeira Roque Town. Inesquecível.
http://danihyde.blogspot.com/2005/02/e-nasce-um-projeto-louco.html
I slept with the devil (a dream)
Um dos contos mais massa. Vale a pena sempre.
http://danihyde.blogspot.com/2005/07/i-slept-with-devil-dream.html
Espere a primavera, Bandini.
Ganhei um concurso. O primeiro e o único. Isso é memorável.
http://danihyde.blogspot.com/2005/09/espere-primavera-bandini.html
AMIE
Uma carta linda. Pra mim mesma. Nada mais.
http://danihyde.blogspot.com/2005/11/homenageando-minha-mais-nova-obsesso.html
da série: logs de amor
profecias de gabriel.
http://danihyde.blogspot.com/2005/12/da-srie-logs-de-amor.html
Um Roteiro para Abandono
Tentativa de roteiro pra quadrinhos. Péssima.
http://danihyde.blogspot.com/2006/01/era-pra-estar-dormindo-mas-os-2.html
Kamonnnnn Boyzzzzz!!
A resenha famosa do primeiro show da Supergatas que foi release deles por muito tempo.
http://danihyde.blogspot.com/2006/03/kamonnnnn-boyzzzzz.html
Hit the road, Orkut.
Os testmonials da primeira vez que saí do Orkut. Todo mundo já saiu do Orkut. Mas será que tu guardou os seus testmonials?
http://danihyde.blogspot.com/2006/05/hit-road-orkut.html
Egiptonando por aí
Resenha da Jornada de Estudos sobre o Oriente Antigo de 2006. Impagável.
http://danihyde.blogspot.com/2006/05/egiptonando-por.html
Leila gone wild (pero no mucho)
Mais um conto bacaninha
http://danihyde.blogspot.com/2006/05/leila-gone-wild-pero-no-mucho-tchau-me.html
if you want it
let it go
if you want it
so
Resenha do Through the windowpane, do Guillemots, um dos melhores albums da minha vida.
http://danihyde.blogspot.com/2006/07/oi-ethan-bel-if-you-want-it-let-it-go.html
Momento "ao mestre, com carinho"
Um post sobre o Bellomo, Harry Rodriguez Bellomo, nosso boxeador eterno. Sinto sua falta.
http://danihyde.blogspot.com/2006/10/momento-ao-mestre-com-carinho-nosso.html
Contos Imperdíveis:
Continuam sendo contos imperdíveis. Vitorianos, claro.
http://danihyde.blogspot.com/2006/11/j-que-isso-aqui-virou-o-muralzinho-da.html
Pra quando você estiver me xingando, e já souber ler direito.
A carta pro meu filho. Eterna pra caramba, mas que já merece uma segunda versão.
http://danihyde.blogspot.com/2006/11/pra-quando-voc-estiver-me-xingando-e-j.html
Hey Jack. Jack!
You´re in my world now.
Quando fiz as pazes com o Kerouac. Eu tenho um histórico de “rompimentos e retratações” com grandes estrelas. Não tente entender...
http://danihyde.blogspot.com/2006/11/hey-jack.html
Resenha de um show do Caê. “O” Show, diga-se de passagem:
http://danihyde.blogspot.com/2006/12/s-o-timing-transforma.html
acredito no coração
Sobre um momento absurdo, quando da morte de um grande amigo.
http://danihyde.blogspot.com/2006/12/acredito-no-corao-falando-sobre-outras.html
Love Lane
Mais um conto de Dani Hyde Corporation
http://danihyde.blogspot.com/2007/01/love-lane-em-ritmos-compassados.html
Black is the color of my true love’s hair
A mística e a música
http://danihyde.blogspot.com/2007/01/black-is-color-of-my-true-loves-hair.html
da série: coisas que acontecem em vários lugares, mas
Nenhuma explicação.
http://danihyde.blogspot.com/2007/01/da-srie-coisas-que-acontecem-em-vrios.html
Chalaça 2007
O carnaval de 2007. Amigos para siempre.
http://danihyde.blogspot.com/2007/02/chalaa-2007-ou-o-que-fazer-no-carnaval.html
http://danihyde.blogspot.com/2007/02/segundo-dia-e-no-meu-caso-provvel-que-o.html
Gera monstros, monstros, monstros.
Outro fruto dos meus terrores noturnos.
http://danihyde.blogspot.com/2007/02/gera-monstros-monstros-monstros.html
No sin to Love. Eternal Sunshine, eu e Aberlardo. E Heloísa.
http://danihyde.blogspot.com/2007/04/no-sin-to-love-sempre-considerei-o.html
Egiptonando por aí – segunda edição.
Resenha da Jornada sobre Estudos do Oriente Antigo – 2007
http://danihyde.blogspot.com/2007/05/egiptonando-por-segunda-edio.html
He who cracks the mirrors, and moves the walls
Sobre Peter Hammill, O Grande
http://danihyde.blogspot.com/2007/08/he-who-cracks-mirrors-and-moves-walls.html
I´m Always
Sobre John Frusciante, Meu Amor
http://danihyde.blogspot.com/2007/08/im-always-only-time-can-show-you.html
Carlos Carneiro
Meu amigão
http://danihyde.blogspot.com/2007/08/eu-conheci-o-carlos-carneiro-antes-dele.html
Sobre obsessões e suspiros.
Sobre isso aí.
http://danihyde.blogspot.com/2007/08/sobre-obsesses-e-suspiros.html
Rumor de viejo hit
Título de uma obra de Leopoldo Estol. Pra marcar meus tempos de Bienal do Mercosul.
http://danihyde.blogspot.com/2007/09/rumor-de-viejo-hit-es-la-historia-de-un.html
Um soldado pós-moderno em Sacsayhuamán
Minha única comédia.
http://danihyde.blogspot.com/2007/09/hermosa-doncella-de-sangre-real-este-tu.html
Por que o ser e não o nada?
Filosofia barata.
http://danihyde.blogspot.com/2008/01/por-que-o-ser-e-no-o-nada-basicamente-o.html
Fala Fala
Sobre a banda Talk Talk
http://danihyde.blogspot.com/2008/05/fala-fala-before-you-play-two-notes.html
E era isso. Como se vê, em 2008 tem pouca coisa, porque foi um ano academicamente lotado, e nas horas vagas me dedico a coisas que ainda não estão online.
Mas tenho certeza que isso aqui ainda vai durar. Simplesmente pelo fato de que me agrada.
Now playing – Renata - Liverpool. Uma das grandes músicas de uma das grandes bandas da minha vida.
segunda-feira, julho 7

Acabou. Férias por tempo indeterminado e forçadamente. Amo todos ao meu redor. E o John, que tá sempre aqui também. Meu filho tá lindo, grande, maduro, e com um sorriso matador.
California dreamin’, in such winter’s day!
Julho é mês de tirar o violão da capa e chorar batendo corda. Bater tecla por enquanto tá devagar. Fiquem com mais um trecho de Suíte dos Jovens, que tá lindíssimo e eu não sei até que ponto vem pra cá e até que ponto vai ser mandado pra editoras quando terminado. Faltam dois capítulos, sendo que o último foi o que me levou a escrever, e agora parece o mais idiota e sem importância.
Emptiness replace my soul.
IX
Para meu irmão.
Everybody's raised in blindness
Everybody knows it's true
Everybody feels that everything is real,
anybodys' point of of view
(Who can I be now)
Noite rara. Música alta, uma garrafa de vinho vencida, nenhuma preocupação para o dia seguinte. Só o puro e simples ócio, livre pra deixar a realidade em stand by. O que a dez meses seria um rompante de felicidade, hoje é só mais um dia pra passar logo. Eu construí, pra quem achava que era, pra eles, mas a insatisfação de agora é lúgubre. Estou acompanhado do abandono novamente, meu parente mais próximo, e ele nunca percebe que eu queria mesmo era andar sozinho. Sozinho e sem o abandono, é possível? – me pergunto.
Sinto-me em Seattle. Fazia tempo que não acordava e ia dormir com uma mesma chuva. Virou meio que a trilha sonora de hoje, e só sabemos quando muda o ato pelos ventos estrondosos que ladram nas janelas. Gostaria de ver o Guaíba, selvagem, brigando com esse corpo estranho tentando lhe dominar e invadir seu espaço. Essa é a primeira vez que localizo essa história, e agora, no fim, percebo como faz sentido. Porto Alegre não é como qualquer cidade brasileira, pode-se sentir isso nos clichês, ou esperando um ônibus em frente ao shopping, quando sua roupa já está completamente úmida e não adianta mais se esconder da chuva. O que não é melancólico vira nostalgia. E nos sentimos em casa, por mais improvável que seja.
Seattle grita. Não só através da chuva, mas por ser um pedaço que sobrou de alguns anos atrás. Estilhaços no peito de uma vida no máximo volume, sem muitas expectativas, mas insuflada em paixão. A cada gota gelada no rosto, ou na nuca, uma experiência nova estaria por vir. Pois então, não contava que essa série de eventos poderia virar costume, e que a minha cidade imaginária particular fosse se tornar o que outras cidades eram na realidade. Um universo comum, com pessoas e acontecimentos comuns, e problemas que competem a qualquer um resolver.
O que fazer agora com esse composto que foi criado? Esse conjunto complexo de teorias e premissas que não se aplicam, tampouco é assimilado nas conveniências. O que fazer, para que, esse sujeito idealizado com pompas e muito zelo mergulhe dentro do rio e siga os caminhos da corrente, pro lado que for, e na companhia de quem for? Por que se perguntar “quem serei agora?” faz com que milhões de pessoas se entreolhem e continuem a nadar?
sexta-feira, junho 20
domingo, maio 11
"Before you play two notes learn how to play one note - and don't play one note unless you've got a reason to play it." - Mark Hollis (1998)
Às vezes a música parece que forma uma coisa só, uma grande faixa de freqüência, pra onde vão todos os sons. E pra entender isso, nós temos que mergulhar, e quanto mais mergulhamos, mais claro fica o som. Assim, uma grande sinfonia.
Há um tempo atrás eu fazia uma pesquisa sobre álbuns que tratavam ou foram gravados à base de heroína. De preferência os desconhecidos. E me deparei com algumas coisas do Talk Talk. Coloquei pra baixar no torrent e esqueci.
Nesse fim de semana, lotado de preguiça e ócio contra a minha vontade, peguei um zapping rápido da MTV falando a respeito do retorno do No Doubt, e que provavelmente eles já estariam em pré-produção.
No Doubt foi uma banda importante pra mim. Foi o primeiro show que assisti no exato momento em que amava a banda. Gostar de algo contemporâneo e saboreá-lo em todas as suas formas não tem preço.
Mas a viadagem da Gwen Stefani com essa carreira solo passou dos limites. Qualé agora? Tá falindo e quer voltar a trabalhar com músicos de verdade? Penso que isso é palhaçada, que é uma humilhação aos outros integrantes, e que as majors estarão por trás desse novo álbum, cagando em every single compasso.
Esqueçamos disso (por enquanto). O post é pra falar do Talk Talk. Depois de milênios terminou de baixar o Laughing Stock (1991), último disco da banda, e eu me pus a ouvir pra escapar de alguns livros.
Winamp e Google em chamas, me dou conta de que a Talk Talk é a infame progenitora de It´s my life, o último hit-cover do No Doubt. Mas como assim It´s my life e heroína?
É aí que a internet mostra seu serviço. Depois dos três primeiros discos a la New Wave/80s/Duran Duran, o “conjunto comercial” se revoltou, principalmente Mark Hollis (vocalista e band leader), e começaram uma nova era. Imersos no estúdio, experimentalismos, texturas, até os lançamentos de Spirit of Eden (pela Parlophone, que desistiu dos caras rapidinho) e Laughing Stock (Polydor).
As evidências atestam que o usuário de heroína era o irmão de Mark Hollis: Ed Hollis, que produziu The Damned e Stiff Little Fingers. Esta última, queridinha de Bob Forrest e John Frusciante (e assim vamos formando uma grande corrente da “brown sugar” e da música decorrente dela, ou por causa dela).
Apesar de Mark negar o uso de drogas (álcool à vontade) e escrever letras em homenagem ao irmão (que não sobreviveu aos pesados anos 80 – mesmo que fiquem lembrando desta era como se apenas fosse fluorescente e repleta de homens maquiados), a sonoridade dos dois últimos álbuns do Talk Talk é perturbadora. No bom sentido, quero dizer.
Nos anos 80 há coisas boas, verdade, eu juro. Smiths ali, post punk acolá, o combo Joy Division / New Order, alguma coisa mais sincera no hard rock, tem muito mais que não entrarei em detalhes agora, e ali em 88, o Spirit of Eden; estourando a década, vem o Laughing Stock em 91.
Imagino agora se em cada década tem uma banda que vai atingir esse nível, porque o que me vem à cabeça, é que o Talk Talk fez pelos anos 80 e pela pobre New Wave, o que o Television fez pelos 70 e pelo pobre Punk Rock (enquanto música, ambos são pobres; enquanto movimento, ambos transgressores, não venham chorar por causa disso). A fusão de rock e jazz é sempre certeira, e carregada, consequentemente, de melancolia. Mistura-se a isso um bando de jovens que amadureceram e descobriram o prazer de passar horas desafiando até onde a melodia pode chegar.
E provavelmente, muita heroína. Ainda não engoli essa de cara limpa. Lá no início falei que fazia uma pesquisa, certo? O objetivo é descobrir, compreender, constatar, whatever...que existe um som particular que os junkies exploram e é comum a todos. Independente da época, de estar no mainstream ou no submundo. Tem algo ali que se destaca. É como o I-Doser, ele trabalha numa certa freqüência que pressupõe levar ao efeito de tal sensação ou droga. Penso que, sob o efeito da heroína, se atinge uma freqüência cerebral na qual determinadas nuances e harmonias são mais latentes, e agradáveis, e belas.
Por isso é uma pesquisa, porque enquanto não evidenciar nada, é só paranóia minha.
O que importa para todos é o grande achado musical. Um grupo muito bom, subestimado e jogado no limbo. Me atrevo a dizer mais. Um certo Thom Yorke certamente bebeu dessa água, assim como o post rock.
- Pra quem quiser saber mais, tem uma página bem bacana aqui:
http://users.cybercity.dk/~bcc11425/
- Pra quem quiser baixar, procure no isohunt.com. Se encontrar links diretos, me indique.
- Pra quem acredita na NME, um trecho de resenha:
Sobre o Laughing Stock - “The whole thing is unutterably pretentious and looks over its shoulder hoping that someone will remark on its 'moody brilliance' or some such. It's horrible.” David Quantick, NME, September 28, 1991.
- Pra quem quer diversão imediata, temos o You Tube:
I Believe in you, a carro-chefe do Spirit of Eden
After the Flood, uma das 6 obras primas do Laughing Stock
No Doubt tocando It´s my life (é impressionante como ela consegue estragar essa música)
sexta-feira, maio 9
(...)
Outras tantas perguntas resolvidas decisivamente, ao acaso; só me restou o poder discricionário de fechar o livro, o que não deixo de fazer, ainda perto da primeira página. E as descrições! Nada se compara ao seu vazio; são superposições de imagens de catálogo, o autor as toma cada vez mais sem cerimônia, aproveita para me empurrar seus cartões postais, procura fazer-me concordar com os lugares-comuns:
A salinha onde foi introduzido o moço era forrada de papel amarelo: havia gerânios e cortinas de musselina nas janelas; o sol poente jogava sobre tudo isso uma luz clara... O quarto não continha nada de particular. Os móveis, de madeira amarela, eram todos velhos. Um sofá com grande encosto inclinado, uma mesa oval diante do sofá, um toucador, com espelho, entre as janelas, cadeiras encostadas às paredes, duas ou três gravuras sem valor, representando moças alemãs com pássaros nas mãos - eis a que se reduzia a mobília. (Dostoievski, Crime e Castigo )
Que o espírito se proponha, mesmo por pouco tempo, tais motivos, não tenho disposição para admiti-lo. Podem sustentar que este desenho clássico está no lugar certo e que neste passo do livro o autor tem seus motivos para me esmagar. Perde seu tempo, pois não entro no seu quarto. A preguiça, a fadiga dos outros não me prendem.
(...)
(Manifesto Surrealista)
segunda-feira, maio 5

Stigmata é um filme sensacional. Um dos cânones do pop religioso cinematográfico e só perde pra Anjos Rebeldes I, II e III (porque, tá, Christopher Walken nem o diabo encara).
O questionamento sobre um livro de J.C. himself é deveras esclarecedor, e também é o filme que tem uma das melhores frases do pop religioso cinematográfico, que diz que o nosso templo está na própria alma.
Dentro do pop religioso eu posso citar Sangue Sujo também, com o hino "Jesus voltará", mas daí já fica restrito demais.
Quem quiser discutir algum assunto seriamente por aqui vai perder tempo. Eu nunca falo sério (a não ser sobre o amor não-metafísico por música e literatura) e por trás de qualquer postagem tem um sarcasmo divino*.
obs: o sarcasmo divino já faz parte de outra piada interna que merece um texto à parte.
sábado, maio 3
Eu me revolto cada vez mais com as religiões. É impossível você aceitar qualquer profissão de fé instituída quando se está a par das histórias. Legítimo “ninguém presta”. Além do mais, essa forma primitiva que rege o mundo (also.known.as god) me dá provas concretas de que o melhor é crer naturalmente.
Não foi preciso ser espírita ou exorcista para constatar o abalo sísmico-para-psico-emocional causado ao Vincenzo numa noite inocente de visita a um estabelecimento cristão. Óbvio que não tenho nada a ver com isso, mas as pessoas têm acessórios chamados “parentes”.
Nestes momentos eu penso: graças a deus, ele não foi batizado.
sexta-feira, maio 2
domingo, abril 20

Emoção é ler Rudyard Kipling pela primeira vez com seu filho de sete anos, depois de ter passado os primeiros quatro anos assistindo o Mowgli da Disney ad infinitum.
Se aperceber da fascinação nos olhos dele descobrindo mais e mais detalhes sobre o grande ídolo da primeira infância. E se aperceber fascinado também.
O Sri Lanka continua de pé. Isso basta. Somente o necessário.
sexta-feira, março 28
domingo, março 23

Well, resolvi fazer tal comunicado porque no atual momento eu sou quase uma Pandora.
A Dengue se ESPRAIA pelo RS, e isso é um perigo para mim, e pra você.
Como alguns sabem, eu convalesci da doença em 2006, e de acordo com os especialistas, o vírus permanece em mim foréva, isto é, se um Aedes limpinho me picar, ele vira um assassino.
Outrossim, se você não cuidar de exterminar as águas paradas, e eu for exposta ao vírus novamente (na verdade há 4 tipos, qualquer dúvida se informe ou me pergunte), posso ter a Dengue Hemorrágica e bye bye Dani Hyde (nesse caso, não só a Hyde).
Então. Sejam legais, e não se façam de blasée achando que estão em Paris e tudo isso é ilusão.
sexta-feira, março 21
Borges. “O Congresso”. IN: O livro de areia, 1978.
terça-feira, março 11
“A palavra é mais difícil do que qualquer trabalho, e seu conhecedor é aquele que sabe usa-la a propósito. (...) Não tires nem acrescentes uma palavra sequer. N/ao coloque uma delas no lugar de outra.”
“Sê um artista da palavra, para seres potente. A língua é a espada do homem... O discurso é mais forte do que qualquer arma.”
Ptahhotep (2450 a.C.)
“Quem deixa a escola com gritos de alegria, seu nome será efêmero.”
“Eis que não existe uma profissão sem que alguém dê ordens, exceto a de escriba, porque é ele que dá ordens.”
Kemmit (XXI a.C)
“(...) Sê escriba, fixa isto no teu coração para que o teu nome se perpetue como os teus livros: um livro é melhor que uma estela incisa, melhor que um muro firmemente construído. Um livro é melhor que uma casa construída, melhor que um túmulo no Ocidente. (...) Também, após o seu desaparecimento, a sua potência mágica, lida num ensinamento, pertence a todos...”
(19ª Dinastia / XII –XI a.C.)
A tendência é grande parte disso ir pra minha pele. Na escrita original, claramente.