segunda-feira, dezembro 25

Cá estamos nós.

Se foi o Natal, tão rápido quanto uma criança rasgando um papel de presente.

A família se reuniu em peso. E quando eu digo em peso, significa todo o clã. Como eu esperava. Crianças berrando, pessoas bêbadas, outras bravas com as pessoas bêbadas, até cachorro latindo...just like in the movies.

Estou feliz...

Mas sentindo uma saudade imensa daqueles que foram minha família nos últimos tempos.

Mas comendo muita coisa gostosa, o que me impede de beber e saborear minha embriaguez tântrica.

Mas não encontrando uma brecha pra sair e me esgotar numa noitada.

Bastante estranhamento. Da vida comum.

Boris me tirou no amigo secreto, pegadinha da Assistência, e me deu Uma Longa Queda, do Hornby. Tentarei esgotá-lo antes do ano novo, simbolicamente. Vale dizer que eu dei o Axis:Bold as Love, do Hendrix, pro meu amigo secreto. Nem o conhecia, mas não tem como haver outro presente melhor pra quem não conhecemos.

Aqui perto de casa tem mil sebos, dos quais eu pesquei uma seleção de contos do Decameron, do Boccaccio, pra ler na temporada paulista também. Fora os de poesia que roubei de mamãe. Quintana e Fernando Pessoa.

E tá tudo assim. Vou fazer um random pra fechar.



Canção de Inverno

O vento assovia de frio
Nas ruas da minha cidade
Enquanto a rosa-dos-ventos
Eternamente despeta-la-se

Invoco um tom quente e vivo
- o lacre de um envelope? –
E a névoa, então, de um outro século
No seu frio manto envolve-me

Sinto-me naquela antiga Londres
Onde eu queria ter andado
Nos tempos de Sherlock – o Lógico
E de Oscar – pobre Mágico...


Me lembro desse outro Mário
Entre as ruínas de Cartago,
Mas só me indago: - Aonde irão
Morar os nossos fantasmas?!

E o vento, que anda perdido
Nas ruas novas da Cidade,
Ainda procura, em vão,
Ler os antigos cartazes...


(Quintana)

sexta-feira, dezembro 22



Vida em SP

A única coisa daqui que me agrada é que a madrugada tem barulho, e me sinto uma cidadã normal.

Algumas programações se encaminham, mas só de pensar em sair no formigueiro já me dá uma tristeza.

Porto Alegre, eu te amo.


domingo, dezembro 17

gone.

embarco pra São Paulo amanhã. férias de tudo e amor da família, o melhor.

e para tal, Guillemots.

"mas o mundo não acabou. ainda."

nada é igual, as pessoas não são mais as mesmas, o lugar não é mais o mesmo. mas comemorar 2 anos de Beco é uma epifania. talvez porque isso acene que daqui a dois meses haverá os 2 anos da Róque Town, e isso me deixa feliz.

ontem mesmo estava falando em matar a Róque Town, tal qual o Sr. Ziggy Stardust: "this is not only the last show of the tour, but this is the last show we will ever do". mas não, já voltei atrás, e o Rocky vai até o VI, nós ainda estamos no II. A revanche do século.

lembrando que em janeiro tem a clássica Sex Town. como diriam os Insanus, prevejo chinelagem.

A versão nova de Annie Let´s Not Wait é a nova Bizarre Love Triangle, anote aí e me agradeça depois.

e nas ruas de São Paulo, Fyfe Dangerfeld grita:

get me a doctor
get me a doctor
who will get rid of my bones

get me a lover
get me a lover
who will leave my head alone

get me a soldier
get me a soldier
who will fight me in this war

get me an exit
i need an exit
i need a window or door

thrown across water
thrown across water
thrown across water like a stone

get me a lawyer
get me a lawyer
who will sue the world for me

get me a person
get me a person
get me a person who isn't me

cuz i'm getting tired
i'm getting tired of my stupid face

cuz i don't belong here
i don't belong here
don't belong in this horse race

sexta-feira, dezembro 15

O analfabetismo político que me compete é conhecido por muitos à minha volta. Mas de vez em quando nem eu consigo ignorar.

Como assim, dobrar o salário, meus camaradas? Como assim? É uma forma de mostrar pro povo que ele realmente é passivo e ignorante?

Cada vez mais eu temo a semelhança com a Paris da segunda metade de XVIII.

Robespierre, tô aguardando.

A lista dos filhos da puta aqui.

E as melhores observações aqui.

terça-feira, dezembro 12


ilustrando
Chagdud Gonpa Khadro Ling - 09.12.2006

segunda-feira, dezembro 11

acredito no coração

Falando sobre outras coisas. Há alguns posts atrás eu jurei que nunca mais entraria numa sanga budista. Não só entrei, como fui até a CONCRETA FORTALEZA do budismo tibetano no Brazil, o bom e velho “gompá” (agora sob o nome de Chagdud Gonpa Khadro Ling, que na minha “época” ainda era Rinponchet, mas o velhinho sábio se foi em 2002
).

Me “animei” a ir pra lá por causa da cerimônia em homenagem ao querido Gabriel Pillar, “dono” do Insanus, que se foi há uma semana num acidente ridículo e filho da puta.

A cerimônia a que me refiro consiste em acender várias, muitas lamparinas (que na verdade são uns potinhos dourados com óleo inflamável e um pavio) para que o ser consiga se elevar e para que nós consigamos transmitir o amor e compaixão que possuímos pelo ente desencarnado, pela família e pelo mundo (tudo no budismo é generalizado, menos a hierarquia luxuosa).

Foi muito bonito, todos que foram se emocionaram bastante. E pra mostrar que uma cerimônia de “passagem” pode ser muito mais legal que a da velha e caquética Igreja Católica Apostólica Romana, a Lama Khadro (sim! o guru máximo nessa linha responsável por toda América Latina é uma mulher), depois do ritual convidou a família e os amigos pra um “café” na casa dela. Veja, a casa dela fica dentro do templo, no último andar, lugar onde nenhum ser comum possui acesso. Tiramos devidamente os sapatos, entramos, eu e minha amiga tivemos um olhar de condescendência do tipo “sim, quero ser monja quando crescer”, tamanha beleza do recanto da Lama, e então nos juntamos aos outros numa refestelância de café, suco, vinho do porto, quiche de brócolis, strudel de frutas e por aí vai.

Khadro pediu que todos se acomodassem em círculo e contassem boas histórias do Gabriel. Isso deveria acontecer em TODAS as situações de luto. TODAS. Foi a coisa mais linda que já vi na minha vida. Parentes e amigos falando de como a pessoa era genial, feliz, divertida, interessante. E na única e última intervenção de tristeza (foi questionado porque uma pessoa tão interessante se vai assim, tão breve), Khadro olhou serenamente e respondeu: Well, he´ll be back.

Simples assim, “he´ll be back”. Nem preciso dizer que foi emocionante encher àquelas pessoas de esperança com uma frase de 3 palavras pronunciadas com tanta espontaneidade, certeza e paz. Como brincamos depois, foi nesse momento que respeitamos Khadro como uma grande Lama.

Aliás, a viagem de ida e volta pra lá foi permeada por muitas e muitas piadas. Tenho certeza que ele adorou. Isso é o que eu mais gosto nesse núcleo de amigos, sempre se tem um motivo pra dar uma boa e alta gargalhada, e pelo que vi e sei, Gabriel era um dos mestres na arte.

Depois do café, ainda demos uma volta pelo templo, tivemos a graça suprema de poder ir ao topo do templo, o lugar mais alto da região (impossível descrever, posso apenas me ater ao fato de que na ante-sala da varanda tem um belo notebook, e agradecemos à Sakyamuni pelos budistas que precisam da internet).

E foi dessa forma, adequada, que nos despedimos de uma pessoa incrível.

Ou não, melhor, a despedida oficial foi na Lancheria do Parque, com sucos, junkie food e uma Polar (agora sim, adequado).


*

Da série músicas que repudiava:

Semáforo – Vanguart

Viciei.
“(...) A culpa não é verdadeiramente do público. Este nunca recebeu, em época alguma, uma boa formação. Está constantemente pedindo à Arte que seja popular, que agrade sua falta de gosto, que adule sua vaidade absurda, que lhe diga o que já disseram, que lhe mostre o que já deve estar farto de ver, que o entretenha quando se sentir pesado após ter comido em demasia, e que lhe distraia os pensamentos quando estiver cansado de sua própria estupidez. A Arte nunca deveria aspirar à popularidade, mas o público deve aspirar a se tornar artístico.(...)”

(O.W. – A alma do homem sob o socialismo)

Oscar Wilde elucidando as conclusões a que chego, depois de quase 2 anos lutando pra trazer educação aos ouvidos das pessoas.

É a ele que presto minha homenagem no final desse ano. Que pretendo encerrar com a leitura do De Profundis (e não dormir sobre ele na cama, o que aconteceu na última noite).

Permita-me dizer que Oscar foi o único que falou sobre o meu caminho estar certo, e que não devo desviar a nenhum custo. Nem que tenha que fazer alguns sacrifícios.

A Arte não tem limites, não é uma linha reta e não se pode andar sobre ela. Só produzir, observar e sentir o efeito que ela causa sobre cada um de nós, sem pré-conceitos.

“(...) Ah, mas se a sua vida não tinha qualquer motivação! Uma motivação é um objetivo intelectual e você tinha apenas apetites. Que você era “muito jovem” quando a nossa amizade começou? Mas se o seu mal não era que soubesse tão pouco sobre a vida, mas que soubesse tanto! Ao me conhecer, já havia deixado pra trás o amanhecer da infância com seu delicado viço, sua luz pura e clara, sua alegre inocência tão plena de esperanças. Com passos rápidos e apressados, havia passado do Romance ao Realismo. O esgoto, e tudo o que nele vive, já tinha começado a exercer sobre você o seu fascínio.(...) O verdadeiro tolo, de quem os deuses zombam e a quem tentam destruir, é aquele que não conhece a si próprio. Durante muito tempo eu fui um deles. Você também: deixe de sê-lo. Não tenha medo. O supremo pecado é a superficialidade. Tudo que é realizado é certo.(...)”

(O.W. – De Profundis)

*

Eu ando citando mais e escrevendo menos, é uma verdade. Mas isso faz parte do aprendizado. Observar.

sábado, dezembro 9

This town called malice - The Jam

Better stop dreaming of the quiet life
Cos its the one well never know
And quit running for that runaway bus
Cos those rosey days are few

And
stop apologising for the things youve never done,
Cos time is short and life is cruel
But its up to us to change
This town called malice.

Rows and rows of disused milk floats
Stand dying in the dairy yard
And a hundred lonely housewives clutch empty milk
Bottles to their hearts

Hanging out their old love letters on the line to dry
Its enough to make you stop believing when tears come
Fast and furious
In a town called malice.

Struggle after struggle
year after year
The atmospheres a fine blend of ice
Im almost stone cold dead
In a town called malice.

A whole streets belief in sundays roast beef
Gets dashed against the co-op
To either cut down on beer or the kids new gear
Its a big decision in a town called malice.

The ghost of a steam train
echoes down my track
Its at the moment bound for nowhere
Just going round and round

Playground kids and creaking swings
Lost laughter in the breeze
I could go on for hours and I probably will
But Id sooner put some joy back
In this town called malice.


Eu ignorei o The Jam sem querer por muito tempo. Até rever On the Edge e ouvir essa música e enlouquecer, eis que baixei uma coletânea de 5 discos e estou me refestelando. The Jam, a banda do mês.

Aliás, a fase é total bandas irlandesas, entrei no universo das bandas "THE" com o maior luxo possível, e nada vai contra minhas teorias de bandas "THE". Ouçam The Walls e The Frames (a banda atual do cara do Commitments).

Alguém já mudou sua vida em algumas horas? A minha sim.

segunda-feira, dezembro 4

Said you'd took a big trip
They said you moved away
Happened oh so quietly, they say

Should've took a picture
Something I could keep
Buy a little frame, something cheap
For you
Everyone says hi

Said you sailed a big ship
Said you sailed away
Didn't know the right thing to say

I'd love to get a letter
Like to know what's what
Hope the weather's good and it's not too hot
For you
Everyone says hi

Everyone says hi

Don't stay in a sad place
Where they don't care how you are
Everyone says hi

(db)
Tudo é tão pequeno, escuro, nojento, vazio. Injusto.
Eu tava esperando o fim de semana que vem pra gente se encontrar de novo. Afinal, o que pode acontecer em uma semana? O que pode acontecer em três dias?
Um de nós morre.
E eu fiquei esperando pra te conhecer.
Esperar é a coisa mais imbecil do mundo.

Vou ficar aqui com o seu sorriso, aquele. O último.

Boa noite, babe. Bons sonhos.

domingo, dezembro 3

Só o timing transforma.

Continuando a questão “provar na hora certa”.

Nesse sábado, dia 2 de dezembro, quebrei meu cofrinho pra ver Caetano Veloso nas primeiras filas.

Sempre fui fã, nunca achei que o valor do ingresso valia o meu amor. Mas quando soube que o show de , além de ter as músicas maravilhosas do álbum novo, tinha canções do Transa, não houve dúvidas.

Valeu. Valeu cada moedinha. Um Caetano enorme num palco mínimo, em grande forma, carisma e urgência. Duvido que a Paula Lavigne consiga assistir esse show. No mínimo sairia de fininho pra não ser reconhecida.

Mais uma vez foi confirmado que um artista só escreve grandes obras quando está com o coração partido. Foi preciso o Caê tomar um belo pé na bunda pra mostrar do que ele é capaz.

Não é um show pra quem gosta de ouvir seus temas de novela (isso é pros tiozinhos que dormiam em partes fundamentais do espetáculo). É pra quem gosta do compositor genial, e claro, pra quem tem certeza que o Transa é sua obra definitiva e foi MUITO revisitada sonoramente no álbum novo.

O destaque vai, bem, pra todas!

Tá, de novo. O destaque vai pra ODEIO com um jogo de luz absurdamente cegante, WALY SALOMÃO, muito muito pesada, o arranjo novo e descompassado de SAMPA com muita fumaça no palco, MUSA HÍBRIDA e o momento Caetano de tanga (não, ele não tava de tanga, é só uma figuração), NÃO ME ARREPENDO e sua carga altamente lírica 60´s, segundo um amigo meu “é pra cantar com o pulso firme e alto, igual Geraldo Vandré”, O HERÓI e a porção política do show, complementada com FORA DA ORDEM, cantada aos coros.

Agora as favoritas. NINE OUT OF TEN foi a quarta música e a primeira a fazer “ola” nos meus pêlos do braço, apesar do arranjo gordinho, a versão do “Velô”. Ela agrada e quando suas ancas começam a se deslocar ela acaba, protesto. Um hino de 2.30 mins tem que ser tocado 5 vezes (ela é maior, mas parece isso).

DEUSA URBANA. A minha top 3 do Cê. Nos sets normais ela estava entre as primeiras, e ele não tocava, não tocava, achei que ia ficar sem. Mas não, ela veio (timing) na hora certa. Chorava, enquanto os tiozinhos mais uma vez se apavoravam com o refrão “mucosa roxa, peito cor de rola...”. Cê toda...ai.

ROCKS encerrou o primeiro ato, foi lindo, tive vontade de ligar pro Vico pra ele ouvir (ele adora o “mó ra-ta co-mi-go”), apesar dos tiozinhos mais uma vez atrapalharem deixando o Pepsi Onstage antes da hora, pra sair sem trânsito. Velhos do caralho!

Caetano parecia um menino de 17 anos no palco, tocando num festival colegial com a primeira banda da sua vida. Correndo de um lado pro outro, subindo nos amplificadores (ai), emocionado pra caramba, principalmente nas músicas do Transa, acho que ele não esperava que o público daqui sonhava com essa parte. Talvez esteja sendo limitada só porque estava acompanhada de dois amigos que como eu sonhavam com essa parte, sei lá.

Eu sabia que o BIS abria com YOU DON´T KNOW ME, vi a movimentação, então mais que breve corri pra frente do palco. Era o que a gente queria, era o que ele queria (antes ele havia manifestado a decepção de ver o lugar organizado em assentos). Ele entrou, nos aplaudiu, pegou aquela guitarra foda que eu não lembro o nome (que timbres meu deus! Que timbres!), e começou, começando, igualzinho quando você bota a faixa 1 do disco. “You don´t know me [pianinho..] better never get to know me...(…) Show me from behind the wall, SHOW ME FROM BEHIND THE WALL!!!”. A guitarra faz o solo do vocal da Gal. Um êxtase completo. Gozo, catarse, dê o nome que quiser, porque não tem nome isso que a gente sente nessas horas.

*chora, muito, esconde, chora mais um pouco, e Caê olha e sorri. morre*

Ainda tem reprise de ODEIO, com mais luzes cegantes ainda. O legal é que ele diz “odeio você”, como se estivesse olhando e dizendo “amo você”, só vendo.

Já que o povo não “redava” o pé, rolou mais uma, ANJO. Não sei, mas acho que é nova, porque a banda estava insegura de tocar. Foi bichisse total ele fazendo anjinho no palco, mas igual foi lindo.

Pra mim só faltou It´s a Long Way, do Transa também (e porque não o Transa inteiro?). E Nine Out of Ten mais 4 vezes.

Caetano é LINDO. E foda-se quem faz disso uma piada.

quinta-feira, novembro 30

Hey Jack. Jack!
You´re in my world now.


Eu sempre gostei de pronunciar Jack como a Lucy do Bram Stocker´s Dracula. Não me importa o nome da atriz, importa que ela foi uma Lucy abençoada, e pronunciava o nome do Jack da maneira que nem eu teria resistido se fosse um Jack. E se for pensar mais a respeito, se fosse a Lucy teria escolhido o Jack pra desposar, e não Arthur. O Jack era mil vezes mais humano.

Preciso escrever porque terminei meu primeiro livro do Jack (Kerouac). Foi tão difícil todas as vezes que tentei, e me sentia burra, e apequenada por isso. Vagabundos Iluminados era o romance certo, e mais precisamente, foi lido na hora certa.

Quando comecei O Livro dos Sonhos e On The Road não entendia nada. Estava submersa na literatura diabólica e mundana do Bukowiski e nas viagens alucinógenas do Burroughs. Achei ingenuamente que o Jack seria tão podre e mesquinho como eles. Porque nessa época, era isso que me agradava. Bem, em qualquer época isso me agrada, mas agora estou aberta pra todo o resto.

Só com “Vagabundos” eu pude entender que o Jack é diferente. Que ele, ao contrário dos outros, acredita na vida, e acredita em vivê-la até o fim, do modo mais nobre possível. Sendo uma pessoa boa e não fazendo mal a ninguém.

É certo que os “Vagabundos” contém muita porcaria zen budista alienada, da qual os outsiders yankees dos anos 50 precisavam pra sobreviver naquela terra ingrata. Mas pra minha felicidade, Jack era muito mais “clássico” do que os outros filósofos alternativos. Lendo aquele monte de linhas e constatações e citações de sutras até me deu vontade de sair correndo pra sanga tibetana mais próxima da minha casa. Mas sei que isso não vai me fazer feliz, porque seria só mais um vazio a percorrer.

O melhor do zen budismo é que ele admite a bebida e a putaria. E é por isso que eu não me “afilio” à religião nenhuma. Simplesmente quero fazer o que me dá vontade, respeitando o que acredito. Acho que vou voltar a me embrenhar nessas leituras. Mal elas não fazem.

Tenho inveja de toda essa liberdade que eles podiam desfrutar no auge da “liberdade americana”. Pedir caronas a torto e direito, dormir num saco de penas de pato em qualquer lugar (principalmente às margens de uma estação de trem), se hospedar em hotéis agradáveis por no máximo cinco dólares...

Pois é, meus amigos bardos, no século XXI, a gente não desfruta desse tipo de escapismo. Logo, nunca seremos totalmente rebeldes, e nem seremos totalmente aceitos. É o mal dos nossos tempos, não há onde se encaixar, senão em si mesmos.

Terminei o livro em alguns minutos. E antes mesmo de chegar aos quatro últimos capítulos já sentia que precisava escrever algo a respeito. Me preparei. Comprei um bom vinho (Seleção nacional de Sauvignon, Merlot e Pinot Noir de 2004), fiz uma refeição leve, e deitei sobre as cobertas enquanto meu filho revia pela enésima vez um filme fofinho da Disney.

Tanto ele notou minha concentração, que foi sentar-se ao meu lado, enciumado do meu ritual livro-vinho-marlboro lights, e me fazer declarações de amor. Após umas duas vezes que ele repetiu essa chantagem eu, cansada de deixar o livro de lado pra enchê-lo de apertos e beijinhos, perguntei se ele queria ouvir o que eu estava lendo. A resposta foi afirmativa, então se seguiu todo um capítulo em voz alta, justamente quando Ray está seguindo pro seu último objetivo, servir à guarda florestal numa montanha isolada nas rochosas de Seattle com o objetivo de isolamento e meditação. O nome da montanha? DESOLATION.

Era cheio de descrições de neve, corredeiras, cervos, lebres e ursos. Não preciso dizer que a criança ficou encantada. Por sorte, não era nenhum capítulo de bacanais greco-romanos contemporâneos que esses ditos zen-budistas promoviam.

O filme então termina. O pequeno foi dormir, não sem antes ouvir uma história do universo dele. Dessas cheias de moral, onde o leão subestima o rato e o rato lhe salva a vida no final. Pertinente para o astral da noite.

Não dá pra recomendar o livro gratuitamente, porque foi uma experiência pessoal. Eu precisava dele e ele (Jack) haveria de chegar a mim nesse momento. Mas posso declarar em brados que ninguém deve viver a vida sem ler ao menos um Kerouac. Cada um vai escolher o seu volume especial e intransferível.

Algumas pessoas ficam furiosas quando eu digo que sublinho livros. Eu adoro sublinhar livros, tenho verdadeira paixão por encontrar os meus grifos quando releio, e perceber como aquilo fez e continua fazendo sentido pra mim. E quando empresto, pessoa que lê se questiona o porquê daquilo. Nesse caso não foi diferente. E essa passagem é de um deleite incomum (mais uma vez, extremamente pessoal):

(...) “Ah meu Deus, sociabilidade é só um grande sorriso e um grande sorriso não passa de um monte de dentes, eu gostaria de simplesmente poder ficar aqui e descansar e ser bom.” Mas alguém me levou um pouco de vinho e me fez entrar no clima. (...)

E numa outra, Jack define tudo que sinto hoje, sem montanhas, sem sutras sagrados e com muito pouca meditação:

(...) Eu estava mais feliz do que estivera durante anos e anos, desde a infância, eu me sentia livre e contente e solitário. (...)

A plenitude de compreender que mesmo solitário, mesmo olhando pros lados e não vendo muitas pessoas, você está feliz. É indizível.

Obrigado, Jack.

*

Ah, eu não conseguiria escrever isso tudo sem um jazz. O jazz é a alma de todo livro, toda escalada, toda beberagem de vinho, toda orgia, toda abstinência, toda trilha e toda escalada. O jazz, sem dúvida, é o único ritmo que te faz subir, subir, subir, em qualquer significado que isso possa ter.

O meu parceiro foi Charles Mingus, com as fundamentais Theme for Lester Young (a propósito, já assistiu Round Midnight? Assista. E quando se acostumar com todos os compassos e pausas dessa música, ofereça um strip tease a alguém), Hora Decubitus, Oh Lord! Don´t let them drop that atomic bomb on me, Open Letter to Duke, Body and Soul...

Aaaaah. Charles já iluminou tantas horas da minha vida que podia escrever sua discografia inteira aqui e comentar canção por canção.
Boa madrugada a todos os gatos pardos e solitários do mundo.

quarta-feira, novembro 29

ele é neguinho?

estamos ouvindo Earth, Wind and Fire no repeat há 2 horas. a pedido dele, meu filho. que está sem camisa e descalço requebrando no meio do quarto...

ORGULHO!!!!!

resolvi seguir o mestre hoje e fazer uma incursão pelo lado junkie da vida.

consumi o conteúdo de uma latinha de Pringles Hot & Spicy.

em tempo, eu não como salgadinhos industrializados, a não ser castanha de caju, amendoim e pistache.

a Pringles é a coisa mais horrível do mundo, e aquela farinha que eles chamam de tempero, chega a dar nojo. de longe a Rufles Churrasco é superior, mesmo assim escória. o ideal mesmo são Nachos frescos, de restaurantes especializados.

valeu.

terça-feira, novembro 28

Jeff Buckley´s Day

(ou “mais um?”)

Morning theft
And pretender left
Ungrateful


A dureza às vezes acaba. Você se vê esparramada até o meio da tarde sem vontade de fazer nada e ignorando o mundo lá fora. Nem o lixo você consegue botar fora. Percebe a metáfora?

Tem algo preso na garganta que nunca sai, e a gente se ocupa com tudo que for possível pra não lembrar dele. Mas conforme vamos cumprindo as tarefas ele vai se fazendo presente, presente, presente, até que um dia o que sobrou?

Não adianta correr da própria loucura, da tristeza e da solidão. É só se afastar um pouco dos que criam o cenário perfeito da lisergia pra constatar que continua tudo ali.

Por essas e outras que o Jeff me dá a mão nessas horas. Mas eu não vou me afogar. Vou nadar até o horizonte, e depois até o outro, e o outro. A morte não me derruba porque eu não tenho medo dela, e não acho que ela resolva alguma coisa, muito pelo contrário. Só é o status de um perdedor.

Tem muito perdedor no mundo, ninguém vai notar falta de um. E não quero passar sem ser notada.

Ainda não escrevi minha obra prima definitiva.


(alguém já reparou como ele fala o melhor "I Love You" do mundo?)

sábado, novembro 25


Não sair no fim de semana pode ser bom. Eu só não descobri ainda por que.

Talvez o fim do cansaço justifique, os dias estão lotadíssimos, e de responsabilidades.

Me obrigo a estudar pra última prova do semestre, cultura artística (Renascimento e Barroco). Meu professor é psicopata e faz provas de 35 questões de múltipla escolha. Fácil é? Ahá! Claro que não. Das 35, pelo menos 32 são de imagens, pra classificar de quem é, o título, onde está, de que período e estilo, e por aí vai. Agora definitivamente eu vou virar uma chata das artes (também).

Ficar em casa me faz comer mais e me vestir mal, não agrada. Em contrapartida, estou aqui sentada, quietinha, e rola uma bandinha tocando America no bar da frente e Herbie Hancock no Winamp. Poder da escolha.

Os objetivos pra hoje são: encher os beiços de Brahma Extra, mandar Michelangelo e Caravaggio pra puta que pariu e assistir A Vida de Brian.
*
A imagem: Apolo e Dafne, de Bernini. A história é ótima. Era uma vez Apolo, um deus safado cafajeste que gostava de pegar todas por onde passava. Até conhecer Dafne, uma ninfa baita cú doce que o provocava e provocava e liberar que é bom, nada. Um dia, ela o percebeu pelas redondezas, tirou a roupa e saiu linda, livre e leve e solta pelos campos floridos. Quando capitava o olhar do garanhão, ia até o chão pra sentir o cheirinho do mato, aham. Eis que ele explodiu de tesão acumulado e saiu correndo atrás dela, e ela se picou. O pega-pega durou algumas horas até que, quando Apolo tava quase agarrando a bisca pela cintura, ela apelou. Gritou pro pai, o senhor Peneu, livrá-la daquele praga. O rei, querido, a transformou numa árvore (aqui, há controvérsias, loureiro ou carvalho). Bernini, geniozão, conseguiu captar exatamente o momento de transformação da ninfa. Foda.

quinta-feira, novembro 23

quarta-feira, novembro 22

Hmmm vejamos.

Eu realmente odeio electro, e não é meu odiar corriqueiro, é um ódio sem escrúpulos, sem pudor, deslavado.
Menos “destroy everything you touch” (ladytron), a música da semana. E da minha vida.

Cortei o cabelo, completamente. Chega de parecer mulherzinha demais. Procure a Leeloo d'O Quinto Elemento pra futuras referências da minha franja.
Hoje eu ia tocar numa festa de nome massa, mas não rolou, ficamos conversando de encontros via orkut, e eu perdi feio.
Daí me chapei tudo que não me chapei nos últimos 5 anos.
E roubei o livro da
Natacha Merrit do meu amigo, pra futuras necessidades. (por que ela amarra todos os paus e depila todo mundo? ou será que pergunta antes se são depilados? anyway, as fotos só ganham com isso.)
E comi pão com ovo. Tenho fascinação por pão com ovo frito (gema mole) de madrugada. Só funciona pros solteiros, claro.

Tchau, diarinho.

segunda-feira, novembro 20

""Pode crer." A voz saía de algum lugar distante dentro dele, uma vozinha contida e meiga que tinha medo ou não estava com vontade de se afirmar. Eu tinha comprado um queijo três dias antes, na Cidade do México(...)Ele comeu o queijoe tomou o vinho com gosto e gratidão. Fiquei contente. Lembrei-me do verso no Sutra do Diamante que diz: "Pratique a caridade sem ter em mente nenhuma concepção a respeito da caridade, porque a caridade, apesar de tudo, não passa de uma palavra"."

Então, acho que encontrei o primeiro livro do babe* que vou conseguir ler até o final.

*Kerouac - Os Vagabundos Iluminados

Pra quando você estiver me xingando, e já souber ler direito.

É tarde, a gente acabou de brigar porque você não queria limpar o nariz (de novo). Deu tudo certo, agora tu ta aqui roncando, e eu escrevendo no escuro, com a luz do celular, pra tu não ter que soltar meu braço e acordar de novo.

Eu sei que errei em algum ponto por você não conseguir dormir sozinho. Talvez seja pelo fato de que eu nunca consegui também (dei uma boa enganada dos 11 aos 17).

Isso aqui vai ser uma lamentação só, se prepare.

Desculpa por deixar você cair e entortar o dente da frente aos 2 anos, espero que não tenhamos maiores problemas com isso.

Desculpa por ser histérica quando eu brigo. Eu não sei brigar e só faço isso quando precisa muito.

Desculpa por ter deixado você trancado em casa aquele dia que eu desci pra abrir a porta. Você disse “tudo bem” e eu ignorante acreditei.

O que me lembra de me desculpar por te tratar da mesma forma que trato pessoas de 30 anos.

Desculpa por não ser uma “mãe de parque”. Sabe, eu não gosto de rua, ar fresco, essas coisas. Farei o que puder pra compensar com livros, cinema, shopping e fast food.

E música. Bem, tu pode gostar do que quiser, contanto que tu ame.

Desculpa – e essa é a mais doída de hoje, porque você me reclamou igualmente doído – por não conseguir abandonar minha concentração noctívaga, fazer coisas de madrugada e não conseguir ficar acordada pela manhã. Todo dia, quando vou dormir, peço a Deus pra acordar às 9hs, mas o sono, Morfeu filho da puta, me amordaça, me nocauteia, me enche de boletas. São 5.30hs. Eu sei que amanhã vai ser outro dia desses, mas não consigo, não consigo. Me sinto impotente porque sei que isso dificilmente vai mudar. Espero que tu me entenda um dia.

Desculpa se a mãe arranjou uma porra de trabalho que ela ama e perde preciosos fins de semana contigo. Veja, isso sim é temporário. Daqui uns 10 anos, quando você começar a ir pra noite, eu vou estar sentada numa poltrona lendo Finnegan´s Wake*.

Desculpa se eu não consigo cuidar de você, da casa e da minha vida ao mesmo tempo (como a minha mãe fazia, apesar dela ter aberto mão da vida um pouquinho).

Desculpa por botar pessoas na tua vida, que você vai se apegar e, de repente, do nada, nunca mais ver.

Não. Não peço desculpas por isso. Você tem que se acostumar com a impermanência do mundo e das pessoas.

Desculpa pelo cigarro.

Desculpa por te poupar da violência na TV.

Desculpa por não te dar uma família perfeitinha, se eu fizesse isso, seria hipócrita. Mas como a Lilo diz: “é capenga, mas é boa”.

Tudo isso é só pra dizer desculpa pela minha eventual ausência. Eu tento consertar cada tópico desse no dia a dia. Imagine que vários não estão aí porque eu já superei, ou até mesmo nem me dei conta dos próximos.

Desta que nutre o único amor em que acredita.

Mom.
*eu tenho uma lista de livros que só vou ler depois de velha. esse é um deles.

sábado, novembro 18

uh, los hermanos.

por mais que alguém me ouça falar mal deles, eu vou lá, me escondo num cantinho, e fico chorando.
não consigo evitar, ainda mais com um momento gilete (O vento, Além do que se vê, Último Romance).

afe.

a impressão que eu tenho é que aqui em porto é sempre melhor. pelo menos é o que eles dizem. mas por dizer, muita gente morre na língua.

eu não sei. não foi tão bom quanto das outras vezes, ou tô ficando velha, ou já enjoei das músicas mesmo, excetuando-se as queridas do coração.

faltou uma, até entendo, por ser meio lo fi. mas é minha preferida do 4. sapato novo.

Bem, como vai você?
Levo assim calado de lá tudo que sonhei
um dia
como se a alegria
recolhesse a mão
pra não me alcançar
Poderia até pensar
que foi tudo sonho
ponho meu sapato novo e vou passear
sozinho como der
eu vou até a beira
besteira qualquer
nem choro mais
só levo a saudade morena
é tudo que vale a pena

Na real, essa letra não ilustra nada. A catarse dessa música é a linha melódica. A estrutura é muito parecida com canções medievais. Isso fode, sabe. Fode. Coisa pra quem assistiu Romeu e Julieta do Zefirelli 62937854 vezes, inclusive lembra muito A Time for Us, mas isso é coisa pra neuróticas como eu.

(you tube ilustra tudo: http://www.youtube.com/watch?v=KxxifA2T4Wg)














quinta-feira, novembro 16

Cecilia Ribeiro diz:
Acabamos de chegar de Sorocaba. A Vó Maria (tua bisa faleceu) 98 anos


........

modo "preocupação com outras pessoas" offline. fodam-se.
Socorra - parte 28573687

Como diria Daniel Gildenlöw, “nós sempre seremos muito mais humanos do que desejamos ser”. Então, a gente premedita toda uma situação, e ela vem toda embolada e nebulosa e te apaga e nada do que foi planejado funcionou. Pior do que isso é não decidir qual foi o erro, existem dois possíveis. Sempre existem duas alternativas, Sr. Hyde. Em qualquer uma das duas, o resultado não é favorável, ou seja, são dois lados de um mesmo “monstro”, enquanto o médico nem sabe aonde foi parar.

Não dá pra ser racional por muito tempo. O tempo é curto. A efemeridade é um fato. E lidar com várias pessoas irracionais ao mesmo tempo dá nisso.

Mas tem aquele zumbido que a gente tem que ouvir sempre, independente do resultado. I got to make a change blues, da Memphis Minnie. É forte, pungente e tem poucas palavras.


Now, listen good women
Will you take my advice?
Don´t ever love a man
Coz' he talks sweet at nite



quarta-feira, novembro 15

ele tá bem encaminhado. a gente sabe que ele tá bem encaminhado quando sai rebolando pela casa cantarolando "você foi mó rata comigo, você foi mó rata comigo..."

aproveitar o dia de citações pra outra obra de arte. arrasa caê..

com você eu tenho medo de me apaixonar
eu tenho medo de não me apaixonar
tenho medo dele, tenho medo dela
os dois juntos onde eu não podia entrar

com você eu tenho mesmo de me conformar
eu tenho mesmo de não me conformar
sexo heterodoxo, lapsos de desejo
quando eu vejo o céu desaba sobre nós

mucosa roxa, peito cor de rola
seu beijo, seu texto, seu queixo, seu pêlo,
sua coxa
menina deusa urbana, neta do sol
eu sou você e os meus rivais.

sou só
You move on up, you move on back
Your laser love is like a heart attack
(laser love - marc bolan)

Laser Love está nas paradas por mais de um mês já, eu e Marc estamos nos amando mais do que nunca.

O status da turnê é: acabada. Definitivamente descobri que não posso ser rock star. Essa coisa de passar 5 dias sem dormir, bebendo "às ganha" sem nem sempre saber o que se fez no dia anterior é complicado. Fora os ouvidos...tenho cada vez mais medo de fazer audiometria. Mais tarde faço um diário de bordo, do que eu lembro, claro.

Vão rolar outras, mas com patrocínio, otherwise eu serei presa por roubo a banco, em breve.

**

Hoje parece domingo, física e emocionalmente, um domingo. E o pior calor da semana, deve estar uns 63 graus lá fora.

Amanhã volta tudo ao normal, com o plus de um show do Los Hermanos pra futuras necessidades. Fora show do Ecos Falsos e discotecagem dupla no sábado. Pergunte aí: Daniela, e seu filho, como vai?

É complicado, mas parece que eu realmente estou tendo que tirar meu sustento da noite. E ele tá tendo que entender. Um dia ele vai se orgulhar.

**

No mais cabeça revirada. Coragem, Dani Hyde. E como diz meu amigo:

The truth is like a stranger
Be like you could
All my friends say.

(summer deep - marc e seu bongôzinho)

Pra terminar a chupação de bolas do bolan (uh, péssima), mais uma jóia do Você Entuba, a música que termina TODAS as Róque Town (sem excessões, há quase dois anos).

http://www.youtube.com/watch?v=aOh4ebd4Kvs



quinta-feira, novembro 9

In love with a mask.

Me arrebento de raiva quando assisto em DVD algo que deveria ter visto no cinema. É o caso de V for Vendetta (V de Vingança). Eu sabia que tinha que ser no cinema, eu lembro do dia que vi o cartaz no cinema pela primeira vez, foi em São Paulo no início do ano.

Enfim, só assisti agora. Sem dúvida o filme mais perfeito do ano, senão pra todos, pra mim. Reunindo todas as coisas que prezo numa película, fundamentação e projeções históricas, problemática psicológica dos personagens, londres, cultura pop, romance, londres, takes absurdamente inteligentes (você “enxerga todas as expressões do V. só com a iluminação usada) e claro, londres, de ontem, hoje e amanhã. A “Amídala” tá um pouco over, mas ela pode.

Meu conhecimento em HQ´s é parco, e o pouco que há veio dos nerds que me rodeiam (principalmente o Sr. Boris e o Sr. Zarpelon). Nunca li o Vendetta, mas concluo que é o que eu mais gosto, vou procurar entrar nesse mundo pra ver se ele me entende como no filme. Veja, ele me entende, ele mora na casa que um dia eu terei, com as coisas expostas do jeito que estão.
E a best feature: seguindo a linha de Batman, ele não tem REAIS super poderes, ou melhor, sim, os seus poderes são reais, de fato. Mas ele supera o Batman, primeiro porque mora em Londres, segundo porque é muito mais inteligente e não tem aquela coisa imediatista, de salvar alguém de hora em hora, o objetivo é salvar a liberdade, foda-se se ele se apaixona no meio do caminho.

*cai uma lágrima*

É muito fácil se apaixonar por ele. Estou entregue. E achei genial a sacada dos Wachowski de não ................... .

Bizarro é que justamente hoje um profile fake do V. me adicionou no orkut. A Assistência Divina chegou ao orkut, pense.

***

Estou pesquisando sobre a trilha de Sumé. O advento Zefirina Bomba ("A Outra Trilha de Sumé" - Noisecoregrovecocoenvenenado) e Zé Ramalho (o álbum com Lula Côrtes, Paêbiru) me fizeram cair de interesse por isso de novo.
O fato é que já conhecia a história do Paêbiru (ou Peabiru, whatever) superficialmente. Mas lendo a respeito descobri coisas muito mais relativas a mim do que imaginava. Primeiro que o caminho transcontinental é considerado pela maioria dos especialistas uma ramificação viária das estradas incaicas. Segundo que duas partes delas convergem em Paranapanema, que é a cidade natal da minha vó, da minha bisavó, e da minha tataravó, esta última uma índia pura.

Grandes possibilidades de uma pesquisa sobre o tema se tornar meu primeiro projeto de pesquisa arqueológica.

Se descobrir que tenho descendência Inca me mudo pra Cuzco amanhã.

***

Já ouviu o Cê, do Caê? É foda. E o Lúcio foi “mó rato comigo” ao revelar que Caê está cantando as minhas duas músicas preferidas do Transa, “You Don´t Know Me” e “Nine Out of Ten”. Pagarei milhões de reais por um ingresso desse show.

domingo, novembro 5

Guillemots sempre arrasando...é tão bom apostar certo.

Bad Boyfriend - uma obra de arte sonora.

You’ve got your own girlfriend, so why you gotta look at me for?
You’ve got your own girlfriend, so are you looking at me for?
You’ve got your own girlfriend, so why you gotta look at me for?
I suggest you get your shit and get out of my way

You’ve got your own girlfriend, so why you gotta look at me for?
You’ve got your own girlfriend, so are you looking at me for?
You’ve got your own girlfriend, so why you gotta look at me for?

I suggest you get your shit and get out of my way
You say you look, you look, you look, look at me
You say you look, you look, you look, look at me
You say you look, you look, you look, look at me

Welcome to the jazz cave
Tonight we have
Double bass
Drums
Guitar
Piano
And saxophone, for your pleasure
Everyone welcome
Enjoy

You got me saying, you got me saying
You got me saying things I’ve never said before
You got me saying, you got me saying
You got me saying things I’ve never said before
You got me saying, you got me saying
You got me saying things I’ve never said before
You got me saying, you got me saying
You got me saying things I’ve never said before
You got me saying, you got me saying
You got me saying things I’ve never said before
You got me saying, you got me saying
You got me saying things I’ve never said before

Your face, it looks like death

Looks like
I, I, I
I know you
I don’t wanna know
You are everything

And the pan, and the pan, and the pan, and the pan
(Sex, sex, sex, sex, sex...)
On my knees
Fighting for you
I don’t have a very interesting life
(Sex, sex, sex, sex, sex...)

Oh, yeah

- I like sex
- I like sex more than you like sex
- I like sex in forests
- I bet you I like sex more than you
- I like sex in coal mines
- I like sex in car parks
- I like sex
- Where?
- Everywhere
- In a recording studio?
- Anything
- In the mixing booth?
- Anywhere
- I don’t really mind
- I like sex
- I don’t mind
- I don’t mind
- I do it all the time
- I do it all the time
- Anywhere you want

And it’s always good when you do it in the open air.




sexta-feira, novembro 3



são 5 da manhã e pra variar eu tô com insônia e começando a ficar bêbada e contando as putarias incontáveis com um velho amigo e por sugestão dele resolvi ouvir o Outside depois de muito tempo.

penso: "mas esse álbum merece um conto!". lembro: "mas eu FIZ um conto desse álbum!".

ok, pra quem conhece, o Outside vem com um conto do próprio Deus no encarte , inacabado, e que provavelmente nunca leremos o final. estava lembrando ao meu colega que comprei o Outside na saída do último dia de vestibular da Federal, quando sabia que não ia dar mais, que já era. daí comprei um cd do david bowie, meu band aid eterno. cheguei em casa, almocei, botei o cd, deitei no sofá com o encarte e começou uma viagem sem volta. na verdade a viagem começou quando assisti Labirinto com 7 anos, mas foi aí que ela foi retomada.

O "Quando o amor passa por tua aorta" é um dos meus preferidos, ingênuo, reconheço hoje, mas magnífico. Estou com muita vontade de voltar aos contos, e de repente publicar, incluindo os 3,4 que tem aí pelo blog. E o nome certamente vai ser uma homenagem ao Oscar.

Uma Esfinge Sem Segredos.
já tá amanhecendo....hate it.
ouvindo: the voyeur of utter destruction (obra prima do disco)


quinta-feira, novembro 2

what the fuck do they know

comecei a assistir "quem somos nós"
dormi profundo

quarta-feira, novembro 1

Já que isso aqui virou o "muralzinho da Dani Hyde" vamos lá:

A pesquisa sobre o século XIX me rendeu muitas descobertas e alegrias, principalmente (duh) na literatura. Eu já falei que amo estudar História hoje?

Contos Imperdíveis:

Charles Dickens: The Black Veil
Retrato falado da Londres oitocentista e uma narrativa "chorável".

Wilkie Collins: The Story of a Terribly Strange Bed
Porque os ingleses só se fodem em Paris.

H.G. Wells: The Stolen Bacillus
De que ano é isso mesmo? 2010?

Oscar Wilde : The Sphinx Without a Secret
O Profeta. Ponto.

Bram Stocker: The Judge´s House
Buuuu. Não a toa ele edificou minha vida. Nem só de vampiros viveu Bram Stocker.

Guy de Maupassant: The Necklace
Vai nêga, quer ser mulherzinha? Então toma!

Anton Chekov: The Kiss
(L)

p.s.- não sei se é possível encontrá-los em português, mas digo de antemão que não vale a pena, a forma que esse povo escrevia é "intraduzível" (ok, o francês e o russo me faltaram nesse momento, mas a edição que eu li traz um inglês clássico, o que dá todo um "chalme" - até porque, a melhor língua do mundo é a anglo-saxônica).


Agonia Acadêmica

O que eu sinto falta em textos e livros é o CTRL+F.

Ou, porque eu SOU OBRIGADA a citar a Igreja de São Marcos (em Veneza! [sic]) numa prova sobre a constituição social do Renascimento Italiano?

Augusto Comte morreu, alguém avisa meus "mestres".

terça-feira, outubro 31


There are few who deny, at what I do I am the best
For my talents are knowned far and wide
When it comes to surprises in the moonlit night
I excel without ever even trying
With the slightest little effort of my ghostlike charms
I have see grown men give out a shriek
With a wave of my hand and a well-placed moan
I have swept the very bravest off their feet
(Jack)

domingo, outubro 29



atenção para laser love. e a personificação de Dorian Gray.

*chora*

terça-feira, outubro 24


Foi num dia Zona Sul, de muito sol e muita luz.....

Utilidade pública e necessária

Depois de buscas incessantes, ontem a "senhôura rede bobo" passou, despretensionsamente na madrugada, um filme magnífico chamado Marcelo Zona Sul.

Stephan Nercessian e Françoise Fourton em suas melhores atuações, ever.

Mas eu me apaixonei mesmo pelo filme foi através da trilha sonora, toda do Liverpool, primeira banda de rock do Rio Grande do Sul.

Quero ver quem consegue resistir à Renata, "mini-saia, mini-rosto, mini-blusa, mini-idéia...".
Wilde , eterno amor e profeta do semestre.

The Harlot´s House

(...)

Sometimes a clockwork puppet pressed
A phantom lover to her breast
Sometimes they seemed to try to sing

Sometimes a horrible marionette
Came out, and smoked its cigarrette
Upon the steps like a live thing

Then, turning to my love, I said
"The dead are dancing with the dead
The dust is whirling with the dust"

But she - she heard the violin
And left my side, and entered in
Love passed into the house of lust

Then suddenly the tune went false
The dancers wearied of the waltz
The shadows ceased to wheel and whirl

And down the long and silent street
The dawn, with silver-sandalled feet
Crept like a frightened girl

segunda-feira, outubro 2

Momento "ao mestre, com carinho"

Nosso Nosferatu contemporâneo. Ele usa no crachá um telefone de emergência, caso tenha um piripaque no meio dos corredores da Academia. Uma imagem encantadora, a do nosso ancião.

Como nos velhos tempos, poder ouvir a História contada na sua forma original, através da oralidade, da expressão, das curiosidades mais deliciosas. Sem essa de bibliografias, embasamento teórico. Exatamente do jeito que você não esquece nunca mais.

Olhando pra ele agora, emocionado contando do avô que trouxe o primeiro cinematógrafo pro RS, e que o pai viu Sarah Bernhardt, linda, nos palcos como Medéia, porém num cineminha de garagem. Eu fico reivindicando aos deuses: não me deixem esquecer, não me deixem.

Já estudei a Revolução Francesa. De trás pra frente, de ponta cabeça, debaixo do saiote e da plataforma da “guillotine”. Mas é esse senhor com um nome americano, um espanhol, e um italiano, que me conta agora que a 5ª Sinfonia de Bethoven foi “dedicada a Napoleão Bonaparte, o herói da Liberdade”, e que mais tarde, quando da ascensão do Império, o gênio alemão riscou de próprio punho a dedicatória na partitura e a renomeou “A Heróica”. Não sei se gosto mais do Napoleão ou de Ludwig.

Depois o velhinho divagou sobre a Divina Comédia, melhor do que o próprio Dante, e se emocionou de novo ao revelar os dizeres do túmulo do grande homem florentino, que descansa exilado em Ravena: “Pátria Ingrata! Nunca terá meus ossos!”.

Olhando pra ele agora, esse tal de Mestre Harry Rodrigues Bellomo, eu tenho a certeza de que só o conhecimento e a memória salvam a humanidade, tal qual a noção do nosso lugar no universo.

E veja, isso é uma aula de Projeto de Pesquisa I (Fotografias e Gravuras)

Cada vez mais, me inclino a tornar esse blog um diário de fato. Vai ser de muito mais valia para quem estiver procurando descobrir as coisas do “meu tempo”. E pra mim também, em alguns anos.

Não me deixe esquecer, não me deixe.


(a gravura acima, é de Gustave Doré, minha observação: foda)

sexta-feira, setembro 29

"das coisas que só acontecem em porto alegre - parte N" (N porque eu não lembro quantas vezes já usei esse título)
ou ainda, "sim, tu continua sendo assistida, otária"
liguei pra duas pessoas pra jantar comigo, não resultou em fato consumado (os amigos maguarys não comecem a chorar, busquei pelos viventes que moram perto daonde estava).
então a pessoa segue pro McDonalds mais próximo, comer a oitava maravilha do mundo que é o McNífico Bacon.
sentadinha no canto mais canto possível, começo a prestar atenção no som, e espera - essa já é a segunda música do Nirvana que tá tocando.
pera! tá tocando o Nevermind inteiro! no Mc Donalds da rua mais patriciosa da cidade.
fiquei lá escutando...acabou meu lanche, me obriguei a comprar a outra maravilha, a versão plebéia do cheese cake de amora que eu amo tanto, um "sãndei". e foi uma calda generosa, tinham 12 frutinhas (eu contei)
(dá-lhe pancinha. é pra isso que a gente faz 1000 abdominais por semana..)
a amora não é uma fruta pra qualquer um, tem aquelas sementinhas que incomodam. mas o gosto no final é sempre uma satisfação. chega a me dar uma certa ânsia ao engolir, é tipo hummm deixa pra lá.
Nevermind! Nevermind! Viu, Daniela, é a palavra de ordem. Não é pra ficar lembrando, é pra ficar esquecendo.


segunda-feira, setembro 25

Decidido

-meu irmão vai pra SP
-estraga a lava louça
-queima a resistência do chuveiro
-a cidade está um lixo eleitoral
-Mano Changes é candidato a deputado estadual

-o carro de som do TURRA acompanhou TODO o percurso do D43
-o da Manuela TODO o percurso do T9
-minha caixa de correio (física) possuía 17 santinhos hoje e nenhuma correspondência.

Votarei NULO. Independente de surtir efeito ou não.

God Save the Queen Victoria. Pelo menos ela botava ordem no galinheiro.


"It was the best of times, it was the worst of times, it was the age of wisdom, it was the age of foolishness, it was the epoch of belief, it was the epoch of incredulity, it was the season of Light, it was the season of Darkness, it was the spring of hope, it was the winter of despair, we had everything before us, we had nothing before us, we were all direct to heaven, we were all going direct the other way."

Charles Dickens, "A Tale of Two Cities", e o MELHOR parágrafo inicial já lido na minha vida (desde SENHORA), que não durou ainda nem a primeira fase da era vitoriana.

Definitivamente, eu sou do século XIX e caí de pára-quedas na ridícula década de 80 do XX.

sexta-feira, setembro 22

Well Im trying to break in
And I know its not for me
And the sight of it all
Makes me sad and ill
Thats when I want
Some weird sin

(Pop/Bowie)

quinta-feira, setembro 21

seeking patton

O vocalista do Pilot chama-se David PATON.
Não conhece Pilot?
Então corra e ouça, pelamordedeus.

Argento´s Syndrome

A trilha do Goblin pra Suspiria é a primeira obra instrumental que ouvi inteira e no "repeat everlast" em toda minha vida. Penso seriamente em degustar a mesma com alguns aditivos.

Por falar nisso, o II Festival de Cinema Fantástico está chegando, vai homenagear o véio Zé que agora tira roupa em palestras, e vai ter uma festa de abertura digna do adjetivo ilustrativo. Na sexta feira 13, claro.

Aguardem. Outubro. It´s a gas.

*

obs: não resisto. a cena clássica http://www.youtube.com/watch?v=xv_jz_MjU6Y

terça-feira, setembro 19

e aí? tudo bem?
você lê blogs?
então faça-me o favor de ouvir dessa vez.
quero voltar para o planeta terra
- latino america
- brasil
- rio grande do sul
- porto alegre.
essa vida extra-terrestre é peculiar demais pra alguém com vícios tão mundanos.

pela atenção, obrigada.

(fale aí, Violetita)

Cuando será ese cuando, señor fiscal
que la América sea solo un pilar
Cuando será ese cuando, señor fiscal
solo un pilar ay si, y una bandera
que terminen los ruidos en la frontera
por un puñao de tierra no quiero guerra.

segunda-feira, setembro 18

pimping patton (ainda)

e pra completar eles abrem o show com Desperate Situation do Marvin Gaye.
nós só não casamos porque não fomos apresentados, tenho certeza.

sábado, setembro 16


"estribilho"

Dani Hyde diz:
que pentagrama?
Cecilia Ribeiro diz:
as primeiras notas da musica O Vencedor
Dani Hyde diz:
partitura
Dani Hyde diz:
pentagrama é isso:
Dani Hyde escreve:

*desenha*
Cecilia Ribeiro diz:
É não precisa ser as primeiras notas, do estribilho sei lá
Cecilia Ribeiro diz:
que tenha uma clave pra ficar mais legal
Cecilia Ribeiro diz:
mas as cinco linhas não se chama pentagrama?
Dani Hyde diz:
a clave tem que ter
Dani Hyde diz:
vou fazer uma aqui

Cecilia Ribeiro diz:
Estou com muitas saudades. Amo vocês! bjs
Dani Hyde diz:
eu tbm
Dani Hyde diz:
beijo mãe
Cecilia Ribeiro diz:
tchau
Dani Hyde diz:
tchau


*

e daí a pessoa empaca no Encore porque não sabe usar. alguém me dá um papel?

sexta-feira, setembro 15

I wanna livewith a cinnamon girl
I could be happythe rest of my life
With a cinnamon girl.

A dreamer of pictures
I run in the night
You see us together,chasing the moonlight,
My cinnamon girl.

Ten silver saxes,a bass with a bow
The drummer relaxes
and waits between shows
For his cinnamon girl.

A dreamer of pictures
I run in the night
You see us together,chasing the moonlight,
My cinnamon girl.

Pa sent me money now
I'm gonna make it somehow
I need another chance
You see your baby loves to dance

Yeah...yeah...yeah.