acredito no coração
Falando sobre outras coisas. Há alguns posts atrás eu jurei que nunca mais entraria numa sanga budista. Não só entrei, como fui até a CONCRETA FORTALEZA do budismo tibetano no Brazil, o bom e velho “gompá” (agora sob o nome de Chagdud Gonpa Khadro Ling, que na minha “época” ainda era Rinponchet, mas o velhinho sábio se foi em 2002).
Me “animei” a ir pra lá por causa da cerimônia em homenagem ao querido Gabriel Pillar, “dono” do Insanus, que se foi há uma semana num acidente ridículo e filho da puta.
A cerimônia a que me refiro consiste em acender várias, muitas lamparinas (que na verdade são uns potinhos dourados com óleo inflamável e um pavio) para que o ser consiga se elevar e para que nós consigamos transmitir o amor e compaixão que possuímos pelo ente desencarnado, pela família e pelo mundo (tudo no budismo é generalizado, menos a hierarquia luxuosa).
Foi muito bonito, todos que foram se emocionaram bastante. E pra mostrar que uma cerimônia de “passagem” pode ser muito mais legal que a da velha e caquética Igreja Católica Apostólica Romana, a Lama Khadro (sim! o guru máximo nessa linha responsável por toda América Latina é uma mulher), depois do ritual convidou a família e os amigos pra um “café” na casa dela. Veja, a casa dela fica dentro do templo, no último andar, lugar onde nenhum ser comum possui acesso. Tiramos devidamente os sapatos, entramos, eu e minha amiga tivemos um olhar de condescendência do tipo “sim, quero ser monja quando crescer”, tamanha beleza do recanto da Lama, e então nos juntamos aos outros numa refestelância de café, suco, vinho do porto, quiche de brócolis, strudel de frutas e por aí vai.
Khadro pediu que todos se acomodassem em círculo e contassem boas histórias do Gabriel. Isso deveria acontecer em TODAS as situações de luto. TODAS. Foi a coisa mais linda que já vi na minha vida. Parentes e amigos falando de como a pessoa era genial, feliz, divertida, interessante. E na única e última intervenção de tristeza (foi questionado porque uma pessoa tão interessante se vai assim, tão breve), Khadro olhou serenamente e respondeu: Well, he´ll be back.
Simples assim, “he´ll be back”. Nem preciso dizer que foi emocionante encher àquelas pessoas de esperança com uma frase de 3 palavras pronunciadas com tanta espontaneidade, certeza e paz. Como brincamos depois, foi nesse momento que respeitamos Khadro como uma grande Lama.
Aliás, a viagem de ida e volta pra lá foi permeada por muitas e muitas piadas. Tenho certeza que ele adorou. Isso é o que eu mais gosto nesse núcleo de amigos, sempre se tem um motivo pra dar uma boa e alta gargalhada, e pelo que vi e sei, Gabriel era um dos mestres na arte.
Depois do café, ainda demos uma volta pelo templo, tivemos a graça suprema de poder ir ao topo do templo, o lugar mais alto da região (impossível descrever, posso apenas me ater ao fato de que na ante-sala da varanda tem um belo notebook, e agradecemos à Sakyamuni pelos budistas que precisam da internet).
E foi dessa forma, adequada, que nos despedimos de uma pessoa incrível.
Ou não, melhor, a despedida oficial foi na Lancheria do Parque, com sucos, junkie food e uma Polar (agora sim, adequado).
*
Da série músicas que repudiava:
Semáforo – Vanguart
Viciei.
Falando sobre outras coisas. Há alguns posts atrás eu jurei que nunca mais entraria numa sanga budista. Não só entrei, como fui até a CONCRETA FORTALEZA do budismo tibetano no Brazil, o bom e velho “gompá” (agora sob o nome de Chagdud Gonpa Khadro Ling, que na minha “época” ainda era Rinponchet, mas o velhinho sábio se foi em 2002).
Me “animei” a ir pra lá por causa da cerimônia em homenagem ao querido Gabriel Pillar, “dono” do Insanus, que se foi há uma semana num acidente ridículo e filho da puta.
A cerimônia a que me refiro consiste em acender várias, muitas lamparinas (que na verdade são uns potinhos dourados com óleo inflamável e um pavio) para que o ser consiga se elevar e para que nós consigamos transmitir o amor e compaixão que possuímos pelo ente desencarnado, pela família e pelo mundo (tudo no budismo é generalizado, menos a hierarquia luxuosa).
Foi muito bonito, todos que foram se emocionaram bastante. E pra mostrar que uma cerimônia de “passagem” pode ser muito mais legal que a da velha e caquética Igreja Católica Apostólica Romana, a Lama Khadro (sim! o guru máximo nessa linha responsável por toda América Latina é uma mulher), depois do ritual convidou a família e os amigos pra um “café” na casa dela. Veja, a casa dela fica dentro do templo, no último andar, lugar onde nenhum ser comum possui acesso. Tiramos devidamente os sapatos, entramos, eu e minha amiga tivemos um olhar de condescendência do tipo “sim, quero ser monja quando crescer”, tamanha beleza do recanto da Lama, e então nos juntamos aos outros numa refestelância de café, suco, vinho do porto, quiche de brócolis, strudel de frutas e por aí vai.
Khadro pediu que todos se acomodassem em círculo e contassem boas histórias do Gabriel. Isso deveria acontecer em TODAS as situações de luto. TODAS. Foi a coisa mais linda que já vi na minha vida. Parentes e amigos falando de como a pessoa era genial, feliz, divertida, interessante. E na única e última intervenção de tristeza (foi questionado porque uma pessoa tão interessante se vai assim, tão breve), Khadro olhou serenamente e respondeu: Well, he´ll be back.
Simples assim, “he´ll be back”. Nem preciso dizer que foi emocionante encher àquelas pessoas de esperança com uma frase de 3 palavras pronunciadas com tanta espontaneidade, certeza e paz. Como brincamos depois, foi nesse momento que respeitamos Khadro como uma grande Lama.
Aliás, a viagem de ida e volta pra lá foi permeada por muitas e muitas piadas. Tenho certeza que ele adorou. Isso é o que eu mais gosto nesse núcleo de amigos, sempre se tem um motivo pra dar uma boa e alta gargalhada, e pelo que vi e sei, Gabriel era um dos mestres na arte.
Depois do café, ainda demos uma volta pelo templo, tivemos a graça suprema de poder ir ao topo do templo, o lugar mais alto da região (impossível descrever, posso apenas me ater ao fato de que na ante-sala da varanda tem um belo notebook, e agradecemos à Sakyamuni pelos budistas que precisam da internet).
E foi dessa forma, adequada, que nos despedimos de uma pessoa incrível.
Ou não, melhor, a despedida oficial foi na Lancheria do Parque, com sucos, junkie food e uma Polar (agora sim, adequado).
*
Da série músicas que repudiava:
Semáforo – Vanguart
Viciei.
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