terça-feira, setembro 25

propaganda mais do que gratuita. isso é ORGULHO.

domingo, setembro 23

"agora eu vou entrar com os dois pés no shoegaze".

(João Augusto Jojô - baixista da Stratopumas, da Bidê ou Balde e guitarra na Volantes)

sexta-feira, setembro 21

Você veio me falar ao ouvido sem nem mesmo saber os efeitos da tua voz. Eu, de bruços, apertei os olhos, inspirei fundo, retesei o tórax, movimento de um suspiro. A euforia e o bem estar presentes ainda após boa dose de relaxante muscular e codeína. Sua voz ficou mais suave e suas mãos reverenciavam o toque como rito. Na vitrola, o poeta diz da dificuldade que é confiar no outro, mas principalmente da avareza pessoal. “I´m not someone on whom to rely”. Eu disse (pensei) que não podia, você nem ligou. Foi bom. Você, imerso no meu colo, sua mão na minha boca, esconde o sorriso infantil de quem consegue um brinquedo. “The effort to be free seems pointless from above”. Não lembro de mais nada. Dos teus olhos, dos teus dentes, quando você sorri ou fala sobre algo que lhe agrada... Fica essa sensação Ginzburguiana de lutar com a memória pra extrair tudo de bonito que resultou de uma única vez. Meu sonho não podia continuar. O corpo fraco, a mente entregue pro surrealismo, e a falta do sujeito na predicância. “Pra mim, tudo que você nunca disse, tudo e de qualquer jeito”. E ele não pára de falar antes que eu pense... Vou correndo agora. Vou voando. Correndo e voando buscar um sujeito pra mim. Que na fatalidade dos fins seja eu. E na brutalidade dos meios pode ser você. Mais que tudo, que seja sereno, um solo limpo, um delay invertido. Bem franco. Grave, com Lá-Menores e Ré-Maiores. E um sorriso das ruas que eu seguro. Apesar de não ser a tradução correta. Mas qual vai ser?



(Comecei escrevendo no intuito de criar um conto pra MOJO, com algum álbum do Frusciante. Mas foi impossível pensar num só. Outra hora eu tento.)

segunda-feira, setembro 17

fodeu.

vai. reclama que as coisas estão mornas na tua vida.

sexta-feira, setembro 14

Daniel Ash. Eu vou tocar com o Daniel Ash amanhã (hoje).

Pra não me estender muito, eu era (sou) do movimento obscuro, com muito orgulho. E Bauhaus é algo como os 12 apóstolos em 4. Isso quer dizer que amanhã eu vou conhecer 3 deles.

A primeira vez que ouvi Spirit, eu imaginei como seria o vídeo. Eu não tenho como favorita nem Bela Lugosi, nem Flat Fields, nem Telegram Sam, mas Spirit, uma música que fica lá no fim dos cd’s. Spirit é a perfeição transfigurada em sons. O fato é que quando eu vi o vídeo, fiquei atônita. Sim, era exatamente o que eu pensava. O teatro vazio. Spirits on tonight. We Love our audience.

Can’t stop the spirits when they need you!

sábado, setembro 8


Hermosa doncella de sangre real,
Este tu Hermano
Te está quebrando
Tu cantarillo;
Es esta la causa
Que hay truenos e raios,
Y que estos caem.
Viertes tus aguas
Sobre La tierra
Em forma de lluvia,
Tambiém a veces
Como granizo
O como nieve.
EL hacedor del mundo,
El dios que anima,
El gran Viracocha
Te há escogido
Para este oficio
Y te Dio tu alma.

*

Da série "Contos da cadernetinha mágica"

Um soldado pós-moderno em Sacsayhuamán

Monte o cenário: 1397, o Império em paz, ou o mais próximo do que a palavra pode significar, alguns reparos nas fortalezas, e eis que o conselheiro resolve empreitar uma nova decoração. Convocou todos os artesãos, de Tiahuanaco a Pisac, para que trouxessem um exemplo do que poderiam realizar nas novas muralhas.

Manco era um guerreiro porque seu pai também o foi, e assim o restante de sua árvore genealógica, mas ele não agüentava mais, ele queria poder trabalhar com o barro e os pigmentos, andar com outros artesãos, e inclusive flertar com eles.

É, os artesãos entendiam tudo.

Então resolveu preparar alguma coisa e levar na audição do conselheiro, que cairia justamente no dia de seu descanso. A idéia era simples, transformar o mito de Apocatequil em uma obra palpável, e diferente daqueles desenhos toscos cheios de deuses com pernas curtas e peixes com dentes.

Além de tudo, expressaria através de uma metáfora sua angústia de um sentimento e jeito de viver que não lhe eram possíveis, pois como Cautaguan, a mãe de Apocatequil, era enclausurado no seu próprio mundo, não podia ver nada com os seus olhos.

A audição se convertia no estupro da Cataguan. De um ato de violência nasceria os seus frutos. Manco iria parir esses ovos dos quais um viria a ser o deus mais temido e honrado de todo Império, adorado e reverenciado, de Quito até Cuzco.

Apocatequil se tornaria tradução da mais pura arte. Cataguan, a menina enclausurada, morreria no parto, pra ressucitar como Mamacatequil, a que liberta o mundo e dá a vida.

No dia da audição, Manco apareceu no prédio central de Sacsayhuamán com um embrulho e um sorriso no rosto. Os artesãos chegavam com lhamas enfeitadas, blocos de pedra cheios de bichos estranhos e bonecos desproporcionais, mantos cravejados de turmalina e ouro (como eles pensavam em botar algo assim numa muralha que serviria de barreira para delinqüentes não pagadores de impostos?).

Enfim, se encontrava frente a frente com Corìacan, o conselheiro da jurisdição. Colocou seu embrulho em uma mesa na frente do púlpito do velho sábio, retirou o linho branco que envolvia o objeto, e deu um passo para trás.

- Mas isso é um ovo! – disse Corìacan.
- Sim – consentiu Manco, firme do seu propósito – é um ovo que representa o nascimento de Apocatequil, do novo tempo, da libertação natural entre os filhos do Sol, da...
- Mas, me diga, filho, como usaremos isso? – interrompe o conselheiro, consternado.
- Ele pode ficar na torre central, e vai deixar nossos inimigos tão intrigados que irão recuar.

Corìacan, místico que era, pensou ser aquele um bom sinal, e aceitou a obra de Manco.

De fato, Sacsayhuamán viveu (mas já não vivia?) tempos de paz. Por longos anos, antes da chegada dos deuses brancos e suas naves. O Ovo da Primeira Torre ficou tão famoso, que vinham gentes de toda parte pra fazer reverência ao deus de todos os males.

Manco se tornou o artesão oficial da corte de Corìacan, e começou a encontrar-se com o guardião do templo constantemente (descobriu que os artesãos são caretas demais).

Seiscentos anos depois, descendentes de Manco tentam processar Salvador Dalí por plágio. Mas não vencem as despesas de honorários jurídicos. As lhamas comem muito.


terça-feira, setembro 4

O “rumor de viejo hit” ali embaixo não está ali à toa. Se alguém me perguntasse: qual é o seu maior medo, eu diria que é a perda da audição. You know, as pessoas vão ficando cegas, perdem os dentes, cagam nas calças, mas perder a possibilidade de ouvir música realmente é algo que não dá pra conceber. A vida tem trilha sonora.

Fugir de um teste de audiometria é uma das grandes missões da existência, como aqueles velhos que fogem do exame de próstata. Nesse caso, audiometria e exame de próstata são a mesma coisa, você sabe que pode encontrar alguma coisa lá, mas é melhor não mexer com isso até foder de vez.

Eu tô aqui ouvindo essas entrevistas do Frusciante no Youtube (porque basicamente não existe mais nada na internet pra saber dele, e o próximo passo é conseguir uma passagem pra Los Angeles), e achando que o áudio do meu micro tá com problema, porque o volume das caixas está por volta de 75%, e quero continuar achando que o problema é com o micro.

Talvez o meu novo brinquedo experimental, esteja contribuindo bastante para a total desintegração do meu tímpano, talvez seja só uma má fase. Mas vou deixar minha declaração aqui, ele funciona. É possível que seja mais fácil pra quem já é predisposto, não sei. O fato é que é uma boa viagem, em detrimento das limitações. Não dá pra usar o doser e tocar violão e escrever e ouvir uma música ou tomar um vinho, por exemplo. De repente a prática gere resultados mais duradouros.

De qualquer forma os “sons” binaurais não existem só em “doses”, mas em muitas músicas por aí, e acho que o próprio Jimi Hendrix já fazia isso com o panning sem perceber, e provavelmente o Pink Floyd tinha noção com o que estava lidando, e de repente até o marketing da Coca Cola. Vou tentar não falar mais do John, mas por último recomendo que se ouça o Shadows Collide With People com fones de ouvido.

Sábado passado Can´t Stop foi a catarse da pista no Mosh. Eu ia me esconder com medo de represálias, mas acabei quase chorando vendo as pessoas cantando junto. Obrigada, Porto Alegre.

Agora eu vou lá, quinta tem Zefirina Bomba, sexta Róque Town e sábado Pulp Friction. Já existe transplante de ouvido?

*
Já viu o making of de Tell me baby? É genial, eles chamam as pessoas pra audição-teste, e elas não sabem que os Chilis vão entrar no cenário (e na parte 1 tem o John contando a história de como o Chad entrou na banda, o que é bastante divertido):









Every chance, every chance that I take
I take it on the road
Those kilometres and the red lights
I was always looking left and right
Oh, but I'm always crashing in the same car

Jasmine, I saw you peeping
As I pushed my foot down to the floor
I was going round and round the hotel garage
Must have been touching close to 94
Oh, but I'm always crashing
in the same car

domingo, setembro 2

frase do sábado:
trabalhamos com importação

sábado, setembro 1

Rumor de viejo hit

Es la historia de un tipo fascinado con la música que queda sordo después de años de volumen alto y escaparle a los estudios audiométricos. Entonces, tarda algunos meses en asumir que no va a escuchar más esas canciones y solo se consuela intentando imponer en otros su gusto musical. Ahora que ya no hay música nueva para él, lee las letras de las canciones que escuchó para recordarlas bien y las va silbando o tarareando durante horas por la calle procurando que otros peatones se peguen la canción y así.

(Leopoldo Estol)

*

Se eu fosse da curadoria, não deixaria passar essa.