quarta-feira, junho 30

vale lembrar que hoje eu sou completamente viciada em Pollard e seus músicos itinerantes..e ouço sozinha pq meus amigos não suportam..

iupi!


bem, ora ora vejam só, fiquei muito feliz hoje, o mundo tem salvação.

vamos ver, tenho que postar algo em homenagem...ah já sei...

Como existem novas caras que frequentam esse blog, esse texto vai pra eles, foi o primeiro pra frangote records, e eu ainda estava puta da vida com Tiny Dancer na trilha de Almost Famous, faz um bão tempinho, mas é bão relembrar...

A Verdade Sobre GBV (por essa ninguém esperava)

*esfregando as mãos pra baixar o espírito mentor da minha genialidade*

Já de cara eu vou assumir algo muito vergonhoso perante a vocês: Não, eu nunca havia ouvido Guided by Voices na minha longa vida musical. OK, já falei, agora eu vou contar como está sendo a minha experiência nessas duas ou três últimas semanas.

É óbvio que eu não comprei nenhum CD, se o negócio é ser indie, eu vou ser indie "no úrtimo" , baixei quase tudo que eu consegui no Kazaa, deu em média umas 5 músicas por álbum, acho que por aí já dá pra conhecer a banda.

Motivos: por que eu resolvi ouvir Guided by Voices?


Minha paixão por Strokes, se os caras amam GBV (a banda) eu tenho que beber um poquinho da fonte também. Aliás aqui eu vou fazer um paralelo: SERES DO ALÉM QUE AINDA SE PRESTAM A OUVIR LEGIÃO URBANA, VÃO OUVIR JOY DIVISION OK? J-O-Y D-I-V-I-S-I-O-N !!!!!!!!!!! Isso é uma brincadeira, eu não resisti, mas é verdade, essa é uma boa lição, e esse é um bom espaço para dar lições, então essa é a primeira:

1ª lição de Miss Hyde= sempre vá atrás do passado negro de seu artista preferido, com certeza vai ser a parte mais legal.

Então vamos lá, antes de tudo eu quero dizer que escolhi falar sobre isso justamente porque não tenho nenhuma propriedade no assunto, a graça de poder escrever não é ter minha cara estampada num site de responsa como é o da FRANGOTE, e sim gerar discussões, e pelo que percebo vcs já estão bem familiarizados com esse som, então vai dar um quebra-pau bem construtivo. Meninos comecem a tabalhar, porque no meu template tem que ter espaço pra comentários, réplicas, tréplicas, etc...

O meu primeiro "baque" ouvindo GBV foi o seguinte, alcancei o Nirvana, ou melhor, o Nirvana foi desmistificado por mim. Eu, que sou totalmente da geração grunge, tive que assumir que o Nirvana não foi percussor de merda nenhuma, na moral, dá pra acreditar??? Você não concorda? E você também não??? Então exemplos: everywhere with helicopter; i am tree; i am scientist ; etc....Ainda assim você acha que não tem nada a ver? então vai ouvir uns bootlegs do tempo jurássico do Nirvana...

Não vou me limitar a isso também, senti a influência de muitas bandas e características particularicíssimas, o peso contido, as letras de temática um pouco surreal ou basicamente rock and roll, um bem bolado que é mérito do Sr. Pollard com certeza. Muito anos 60 e 70 bem mixados, de America a The Who, com unpassants por Blue Oyester Cult, Jeferson Airplane, essa parafernália Woodstock style e tudo mais. Claro que sendo indie, não poderia deixar de parecer com outras coisas do gênero, que eu nem vou citar porque já está tão na moda ser indie que eu nem sei mais quem é e quem não é......também, WHO CARES????? não preciso de rótulos.

Eu gostei "pracarai" tá sabendo! Mas também não dá pra escutar o tempo todo, vc tem a necessidade de escutar coisas mais barulhentas depois disso, normal. E então eu vou ver o vídeo de Someday, do Strokes, porque eles participam, tá ligado? É um programa do tipo " Passa ou Repassa " , engraçadinho até...

Os álbuns pelos quais fiquei mais inclinada foram Bee Thousand, Do The Colapse e Universal Truths and Cycles, ah e tem o Alien Lanes para momentos mais lisérgicos também....Não tô falando que tem umas coisas "tri" America? (pra quem não sabe America é aquela banda folkzinha, caipirinha, americaninha, mas legal, eu gosto, principalmente de Sister Golden Hair, ouça um disco de greatest hits aí, seus pais devem ter) exemplos: Hold on Hope e Kicker of Elves.

O importante de tudo como eu já disse uma vez, é o RÓQUE, e isso tá bem escarrado, com cuspe mesmo, mesmo as mais introspectivas, são bem bonitas, no maior clima de Tour Bus em Quase Famosos, Elton John que me desculpe, mas tem tanta música bonita na história do rock, porque diabos eles foram por Elton John na trilha?????? Tá, é legal até..... mas porra, aquele é um filme sobre o Led Zeppelin e seu acessório Cameroniano !!!!!! Elton John nada a ver.......

E então, voltando ao texto, agora eu estou ouvindo "Weed King" ao vivo , acho que já entendi a mensagem da música, palmas pra quem curte um "mate" alternativo ainda, eu não tenho mais paciência, prefiro álcool e nicotina mesmo !

Ainda em clima Hi-Fi aqui vai o meu TOP 5:

1. Chicken Blows
2. Kicker of Elves
3. Ex- supermodel
4. Pretty Bombs
5. How´s my drinking

Por enquanto é isso. Tenho que confessar que gostei dos sons mais deprês, mas é o meu clima de hoje, amanhã eu posso eleger outro podium.


Daniela HYDE *

*mod, rocker, glitter, mãe, empresária de TI e cronista musical nas horas vagas.

quarta-feira, junho 23

Da série: coisas que só rolam em Porto Alegre

Estava eu plena Terça Feira às 8.30hs da manhã divagando pela imunda, bucólica - e tomada pelo "fog" gaudério - Rua Santos Dumont (atrás da Farrapos, não, eu não sou puta, só trabalho perto dos estivadores), quando começa a se aprochegar um indivíduo embriagado, dando aqueles passos de Mikhail Barichnikov (sei lá como escreve)sem suas sapatilhas de ponta, esmurrugando um fuminho básico matinal e cantando um clássico da geração da minha mãe. Assim, como se estivesse num festival dos festivais sabe, tantas emoções era pouco, era mais ou menos assim (vou onomatopeiar como foi interpretado):

"Heheheheeeeeeeeeeeey meu amillgo XARLESS...Heheheheeeeeeeeeeeey meu amillgo XARLESS BRAUM, XARLESSS BRAAUMMM........e aí gata....[oferecendo a palma da mão tomada de cocô prensado]....Heheheheeeeeeeeeeeey meu amillgo XARLESS...Heheheheeeeeeeeeeeey meu amillgo XARLESS BRAUM, XARLESSS BRAAUMMM...." (Anônimo, mas faceiro)

é meus caros colegas, Benito diPaula nas paradas!! Aposto que nem meus amigos devem saber quem é o cara, e olha que ele era "fera", tocava um piano irado, misturou samba e rock and roll muito antes de Los Hermanos.

...rapaz....melhor que coca-cola......porto alegre é isso aí.

domingo, junho 20

Oe...

então eu cheguei ao Orkut, então eu sucumbi ao Orkut e algumas comunidades que me interessam de verdade, ou simplesmente por segundas intenções....que coisa interessante. Esse mundo gira, mesmo quando não bebo...A cena de Porto Alegre anda me surpreendendo e espero que essa "seita" que está se formando seja suficientemente inteligente para transcender esse acontecimento e não fique só no sexo, drogas e rock and roll, porque a filosofia do róque é muito maior do que um bando de porto alegrenses se enlouquecendo e se autofagindo....Parabéns pra Stratopumas acima de tudo, minha banda preferida das últimas semanas...cresçam e deixem todo mundo ouvir! Quem precisa pensar que Strokes se basta por si? Isso não existe... E isso não é uma analogia, veja bem, é uma questão de preservação da espécie.

por enquanto é isso...vou voltar pro meu Sonic Youth e Television...porque está tudo lindo e preguiçoso nessa tarde de domingo..

quarta-feira, junho 9

Sete de maio, sete de junho, 97, 2004.

por Daniel Chu

Depois do show do Júpiter, e de ler a resenha da Dani, senti vontade de escrever algumas coisas aqui. Não gostamos simplesmente de um show, aqui ou com artistas daqui, do rock, simplesmente pela banda, seu aparecimento regular na mídia etc. Gostamos principalmente porque podemos fazer uma espécie de aposta para ver se a banda irá fazer aquilo que esperamos que ela vá fazer. E o Júpiter ou costuma fazer algo inesperado ou (já há muito tempo - talvez desde sempre) faz algo que é escandalosamente POP. E é aí que nós gostamos. O POP acho que comecei a valorizar, ou ao menos a afastar de mim o ranço, justamente por causa da Dani, que sempre foi uma pessoa bastante POP (ok?). Mas estou falando do POP escandaloso, como Prince, Michael Jackson, Roxete (ou seja, mesmo os “mega-explorados”, os mega-vistos, os mega-hits). Por exemplo, no Dom Bosco, o Marcus e eu tínhamos de ostentar um gosto "rock", um comportamento de fuga, de recusa etc., simplesmente porque nós fazíamos parte do grupo dos "esclarecidos", ou melhor, "éramos o grupo esclarecido e construíamos o esclarecimento", mesmo que nossas personalidades fossem muito confusas à época. A Dani fazia parte do grupo dos esclarecidos, evidentemente, mas já “nascia POP”, já “veio POP”. Ela seria mais esclarecida ainda porque era estrangeira – uma grande vantagem, pois é sempre tudo o que queremos (certo?). Se ela vem de São Paulo nós, naturalmente, nos apequenamos e precisamos nos juntar a ela. O segundo ponto, vantagem dela, é que ela possuía a total experiência de sentir algo novo, isso é tudo. Nova cidade, novos costumes, novos “idiomas”, de forma com que, se fôssemos bem atentos alguns de nós, perceberíamos que, aos poucos, íamo-nos tornando um pouco lingüistas, um pouco antropólogos, porque constantemente tínhamos a imagem de alguém (inteligente como nós) que pensava sobre a nossa própria cultura, hábitos, clichês, minimalismos etc., de fora. Eis uma espécie de inveja total, e apequenamento, pois, nesse momento nos tornamos “provincianos” em relação àquele que vem de outro lugar (São Paulo). Ela tinha uma história (insuportável para mim) de que um seu ex-namorado foi quem cedeu aos “Virgulóides” o seu primeiro sucesso; o primeiro grande sucesso dos Virgulóides era composição de um ex-namorado da Dani. Interessante, mas insuportável para todos nós, inaceitável, triste etc. Ter de construir uma imagem de um sujeito “exteriorizado sempre”, ou seja “mitificado”, era o fim, porque parecia que este sujeito estava muito à frente de todos nós, que era um herói distante da Dani... insuportável para todos nós, naturalmente. E o namorado que tocava na “Pearl Jam cover”... tão insuportável quanto. É que, na época, os jovens, como nós, como todos os jovens, possuíamos uma terrível e incessante capacidade de sentir inveja. Portanto, a Daniela, ou “a paulista” para alguns, fazia parte de um mundo rock/pop muito maior do que o nosso, talvez não maior do que o meu “autismo MTV”, Nirvana, grunge, Foo Fighters etc. Mas certamente ela gostava, ou era curiosa, por um “autismo” que era apenas nosso: o do rock gaúcho. Graforréia, Júpiter, 7 de Maio. E vejam que essas imagens todas, para mim, não eram muito agradáveis. Isso é o curioso, interessante. A rigor, o “meu 7 de Maio” nunca existiu da forma como a Dani fala ou falava à época. O Marcus e eu estávamos muito mais numa situação de desespero, de niilismo, de esquizofrenia (típica de duplas... aliás... só se é louco em dupla...). Ela tinha a vantagem de sentir aquilo à superfície, mas melhor para ela, porque a nossa profundidade (Marcus e Chu) era desagradável, ou só era agradável porque construíamos a nossa força a partir dos elementos que tínhamos, o rock e a língua. Se forem perceber atentamente, o Marcus e eu sempre fomos muito “Lingüistas”, e as conseqüências estão aí hoje (o Marcus cursa Letras, enfim, e eu Jornalismo, Filosofia). Aliás, isso é muito interessante porque a Dani sempre falava do seu futuro na História, e depois Arqueologia. Vejamos se não temos uma linha por aí, das humanidades todas, de pedaços que se entremeiam. Por exemplo, o Marcus e eu seríamos os típicos sujeitos que detestam a História, que, aliás, é a mesma coisa, num certo sentido, que detestar a família, a tradição, o lugar, sua pátria, seu Estado. Vejam se o esforço do Marcus não foi sempre de dizer que estaria indo para Londres... “vou pra Londres no fim do ano”, “Amsterdã semestre que vem...”... e nunca parte. Então; a Dani já “fez” a sua viagem, já veio de São Paulo. Nosso esforço era de conhecer/criar uma Terra distinta, uma língua distinta (isso tem tudo de Graforréia). Por exemplo, éramos fanáticos pela Graforréia, mas do Cacavelletes e TNT detestávamos. É quase uma separação política... Frank Jorge/Flávio Basso... mas nomes que só interessam depois... Graforréia/Júpiter, depois que eles mesmos perderam seu passado, seus rostos; a rigor, se formos atentos, o Júpiter é que era o mais fascinante, para todos, pois não era só a psicodelia, era a psicodelia, o artista diferente de si mesmo, e o único que conseguia se produzir como artista... desaparecer, se esconder/aparecendo etc. Nesse show do Júpiter (7/6/2004), como de costume, houve um “acontecimento lingüístico”, pequeno, mas que faz parte de outros acontecimentos. A Dani e eu estávamos conversando, nos “reapresentando” (estamos eternamente, nos reapresentando, sempre que nos encontramos) quando eu disse algo, uma resposta... “... é possível...”, e, naturalmente, a Dani achou cômico e repetiu rindo esse “... é possível...”, muito parecido, é claro, com o “... não sei...”. Mas isso tudo evidenciava, já no tempo do colégio, que a Dani tinha uma “cabeça lingüística” também, porque era a única a perceber realmente essas nuanças e estar preocupada com isso, ou selecionar isso no meio de inúmeras coisas. Mas também há o fato de que ela lia (acho que ela já lia na época) Burroughs. Realmente ela procurava muito as excentricidades. Lembro-me de um fato bastante curioso, único. Aconteceu porque o Marcus e eu sentávamos em dupla na aula. Eu criei o “Penileine”, desenhei um “Penileine”, e falávamos muito sobre o “Penileine”. Mas é que achávamos fantástico a Dani se interessar pelo “Penileine”, perguntar por ele, e nós escondermos sempre o seu sentido, seu porquê. O mais interessante é que, eu juro, desconhecia a música dos Beatles “Penny Lane”. E a Dani certamente conhecia a música, acho que o Marcus também, mas eu fui o último a saber do porquê do duplo interesse da expressão, e do mistério envolvendo o “Penileine”, que na verdade não tinha sentido nenhum, apenas estaríamos, como sempre, aptos a construir o sentido depois. O Marcus tinha uma maneira muito peculiar de entrar na minha loucura e eu visitar a dele. Realmente, agora é claro; nós nos defendíamos da turma. Havia o “Grupo Seleto”, expressão essa que a Nanda gostou e passou a usar. O “Grupo Seleto” era nossa vitória. Nós éramos terríveis quando sozinhos, não tínhamos muito talento sozinhos. Só tínhamos o prazer de calcular a chegada ao “Grupo Seleto” (Dani, André, Nanda, Lu e outros) e promover a difusão da loucura pela linguagem, quase um terrorismo verbal, um esconderijo atrás do rock, falar de coisas que só nós entendíamos. Depois de um tempo, agora lembro que, depois do colégio, lá por 98/99 nos reuníamos algumas vezes na casa da Dani, e o Marcus achava insuportável que só se falasse em cursinho, em professores do cursinho. Era muito divertido... deveria ser fatal mesmo ouvir a Baur e o conservadorismo da Ju falando de cursinho, e o conservadorismo do Rogério (estudante de economia!) falando de cursinho e de professores que o Marcus não conhecia... Para ver realmente quando começa um movimento reacionário, conservador... quando se começa a falar muito de cursinho, quando a Ju começa a ter um bebê, quando aumentam as crises familiares de uma Nanda, quando a coisa começa a se tornar muito familiar. Ora, os nômades detestam as famílias e as identificações, e as propriedades.