if you want it
let it go
if you want it
so
Eu preciso comprar uma cortina pro meu quarto. E que ela caia em cascatas e transforme uma janela comum numa windowpane.
Finalmente um álbum bem feito. Feito sem se preocupar com a NME, sem músicos afetados, com muitos músicos de verdade e um brasileiro no meio. Desde que ouvi Trains to Brazil eu já profetizava que iria ser a banda do futuro, agora com o “Through the Windowpane” nos ouvidos e o bombardeio de EPs e gravações que não entraram pros discos eu confirmo. Guillemots é o futuro.
O álbum tem início, meio e fim. Ah! Como sinto falta disso nas bandas novas! Little Bear começa baixinha e aguda e vai dando o tom pra você sentar, confortável como no cinema, feche os olhos, e quando abrir vai visualizar as cortinas se abrindo pra um grande espetáculo. Aliás, todas as canções são extremamente visuais, vale a passada no You Tube.
Made Up Love Song já é velha conhecida, mas ainda emociona. Quando paramos pra pensar na letra “fraquinha”, lembramos que o título da música acompanha um #43, e a gente ri gostoso.
Como não podia deixar de ser, a faixa 3 é Trains to Brazil. Não vou falar mais dela pra não ser chata.
Adoro a poesia da faixa 3 (e da 7 também).
Após o arrebatamento de “Trains...” vem uma mais calma, Redwings, pra voltar a si, e bater um papo com o Fyfe Dangerfield (vocalista com nome estranho = sucesso). Aliás, eu adoro pianistas que cantam. A intimidade que se cria é muito superior a de outros instrumentistas.
Through the Windowpane é a música mais sensacional do Guillemots. Ela me conquistou aos poucos e provou seu valor. No início eu ouvia as demos com aquela introdução crescente dos órgãos e achava a música meio longa. Espertos que são, no álbum ela é dividida em duas partes, a primeira com o nome aconchegante de A Samba in The Snowy Rain.
Lágrimas. Quero minha cortina.
Seguimos com If The World Ends. Eles brincam muito com essa coisa de altos e baixos. Depois da catarse de “Through...” rola uma calmaria de novo. Mas logo se percebe que é mais uma ponte pra outro som magnífico. UPDATE: "mas o mundo não acabou, ainda, de qualquer forma" (chora, neguinha! onde tem criança, me sensibilizo)
Aqui, com o Ep de We´re Here em vinil (um regalo parisién, bien sur) no colo, fico extasiada com a sutileza deles. As principais sentenças desse hit dizem “The world is our carpet now / The world is our dancefloor now”, isso é tão lindo, tão lindo, porque nenhuma música no álbum é feita pra pista, e enquanto o Artic Monkeys se preocupa em provocar epilepsia, Guillemots vai, aos poucos, rodopiando em valsa sobre todas as cabeças do mundo. E sim, TODA música que tem um teremim é fabulosa.
Segue a ópera e saímos da janela:
The world is just waiting now / No staring out windows now / Our train stopped moving hours ago / We're here, we're here, we're here
E entra então nada mais do que um staccato! Blue Would Still Be Blue é o choro do personagem que reconhece sua condição, e dá outro respiro pro ouvinte.
Annie Let´s Wait, é a mais duvidosa, apesar de outra letra linda a cadência fica oitentista, e é quase um Erasure (!!!). Mas a voz do Fyfe te faz ouvir até o final.
And If All é mais uma ponte, aquele momento de “tá chegando o final, prepara o repeat e conclua: que obra-prima”.
Escancarando a veia brazuca, a última faixa se chama Sao Paolo. O início é uma “pianeira” a la Badalamenti, o climão das rimas é Leonard Cohen, a cadência é meio U2 e fala de amigos e heartbreaks. Pode ser melhor?
Nessa fase Shakespeariana que vivemos, onde se ouve “muito, mas MUITO, barulho por nada”, desponta uma banda de rock autêntica. E tenho dito.
sexta-feira, julho 21
(Oi, Ethan! Belê)
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2 comentários:
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