segunda-feira, dezembro 24
sexta-feira, dezembro 21
É tudo isso que falam e tal, mas não chorei, tô nessa fase dureza.
Inclusive me incomodei com o Oscar Wilde, precisava disso? Pra quê botar um cara igual ao George Harrison? Nem o próprio Oscar admitiria que o representassem como um Beatle. Ele diria: “Esse rapaz é deveras masculino, no mal sentido”.
Há uma distância mórbida entre o Pop e o Sublime.
UPDATE: Pensando bem, essa história só tem covers ruins, o ator parece o Jude Law e a mina uma Amélia Polenta britânica. A história era tão boa... Wes Craven sempre caga, não é verdade?
Em tempo: eu não fiquei olhando pro vaso, saber que algo com vida (ou que até então tinha vida) estava dentro de mim (sem ser um bebê) seria traumático demais.
quarta-feira, dezembro 19
quinta-feira, dezembro 13
Fazendo a limpa por aqui, eu achei o backup de um show do Mötley Crüe. Isso. Mötley Crüe. Com tremas.
Mais? Achei 4 (QUATRO) backups dele. Não sei se alguém me sacaneou remotamente, se foi meu irmão que fez isso escondido, mas se foi o mano eu sei porque.
As músicas são todas iguais, o Vince Neil tá uma bolota, mas o dvd mostra mais as “fãs” (gostosas contratadas da Playboy que balançam os peitos quando filmadas) do que a banda.
Ahn, não, eu não parei de ver... O Tommy Lee ainda tá inteiro...
Afe... Tommy Lee.
Obrigada, hacker/mano/fantasmas do hard rock.
quarta-feira, dezembro 12
You´ll make it through the day See things another way and behold Listen to Wednesday´s song This night you go home alone How the sane go upright How you look another night You´re back under my hat And even knowing that you´re a whore Nothing ever meant more That switching rooms through a door Out into another one Frames flash inward
And you know I have seen the world enough I´ve drownedin my thoughts a lot Deep in rains that swirl above
I canceled heaven I concede
Another world to say When everything´s O.K. you go down And pulling up the slack And never coming back An alarm Ringing to set the sun No one ever becomes What others thought they should´ve been Inside they´re what they can see
You know I do miss this girl To show I am in a swirl of sun Being what I´ve got The joy
I canceled heaven I concede
Everything that I believe
I canceled heaven I concede
sexta-feira, dezembro 7
“A tradição não deve ser um peso a ser suportado, nem um amontoado de fórmulas estanques a serem repetidas.(...) Para estar viva, a tradição deve estar justificada na expressão contemporânea – e ela estará justificada mesmo que o novo represente uma ruptura. A expressão contemporânea, por sua vez, para justificar sua existência, deve ser eficaz o suficiente para promover um avanço na história da tradição de que está imbuída, deve ser ela mesma tradição, tradição em movimento, tradição futura”
(RAMIL, Vitor. A Estética do Frio)
foi trimmmassa, La Mancha... obrigada de novo.
quarta-feira, dezembro 5
Essa semana prometia ser uma boa semana ilustrada. Ilustrada no sentido de elevação da mente e intelectualismos. Mesmo a mega falência das minhas vias respiratórias não me desanimou. Até hoje.
O encerramento do Unimúsica (shows relacionados com determinado tema) da UFRGS vai ser com o Vitor Ramil. Bem, eu não acompanho os projetos culturais da UFRGS (tanto que não iria em nenhum dos outros shows deste projeto em particular), mas acompanho o Vitor mais do que ele mesmo deve acompanhar o Grêmio. Verdadeiro “com o Vitor, onde o Vitor estiver”.
Semestre passado, eu iniciei uma pesquisa para um artigo sobre identidade gaúcha e a música popular contemporânea (do Sul). Vitinho de La Mancha entra nisso com a Estética do Frio e a pesquisa ficou tão legal que eu pretendo continuar. Esperar sair o Satolep (segundo romance do cantor, que segundo ele, a Cosac tá enrolando pra lançar), analisar o Satolep Sambatown (novo disco, que segue a evolução e o caminho natural da tal Estética) e fazer algumas entrevistas. É justamente aqui que eu queria chegar...
O show de amanhã - “Na linha de Barbosa Lessa” – vai ser curiosíssimo, porque Vitor vai (ter que) cantar músicas que representam tudo o que ele tentou superar com a Estética, aguardo ansiosamente, principalmente os comentários. Ah! Os comentários...
O fato é que hoje, véspera do show, TERIA na rádio da UFRGS uma entrevista com o artista, falando justamente sobre esse assunto. Música gaúcha e a sua produção própria, ou seja, meu objeto de pesquisa.
Chego lá, tranqüila e serena, porém angustiada com a dor de garganta. Muito cedo, tomo um café na lanchonete dos arquitetos. O café é ruim, a torta de limão é terceirizada, mas vale a pena, e os dois saem 0,10 mais baratos que na PUC-RS.
Me dirijo para a rádio, o segurança na porta me olha com aquele ar de quem está sempre boiando e só reproduz o que lhe aplicam. “Olá, eu vim pra entrevista no auditório”. “Que auditório?”. “O da rádio, onde terá a entrevista do Vitor Ramil”.
“Ah! Esse aí? Foi cancelado, a rádio saiu do ar..”
Saiu do ar. A rádio saiu do ar e eles cancelam uma entrevista desse naipe só porque era ao vivo? Nenhum sentido. Eu havia ligado à tarde para dar o nome de mais uma amiga, e me disseram que já havia umas 15 pessoas (cabem 17 no auditório). Estava tudo ok até as 15.30 hs e de repente tudo é cancelado pq a rádio sai do ar. Ainda cheguei em casa e liguei a rádio pra ver se era verdade, e era.
Mas que CARALHO! É uma rádio AM !!! ÁH – EME !!! Quem escuta a porra de AM além dos estudantes engajados de jornalismo e taxistas? A entrevista seria muito mais relevante pras pessoas que foram assistir do que pra uma merda de rádio AM...
O entrevistador, Sr. Juarez Fonseca, é praticamente o Legs McNeil, se não o Cameron Crowe, da música popular produzida no RS. Era pra ser um acontecimento histórico, um fato que seria eternizado (pelo menos através da minha pesquisa). Dois mestres contra o tradicionalismo instituído batendo um papo sobre o demônio. Eles cancelaram, a rádio da UFRGS saiu do ar.
O máximo que vai acontecer são as impressões subjetivas de amanhã. Subjetivas. Eu estarei emocionada e nada vai funcionar empiricamente. A zero por hora. Pelo menos quando a gente paga por algo, sobra o consolo de pedir o dinheiro de volta.
terça-feira, dezembro 4
quarta-feira, novembro 28
terça-feira, novembro 27
Essa frase do Diogo, da Los Porongas, já é antológica. No sábado passado rolou a quarta edição do Gig Rock, e dessa vez teve circo. Não vou ficar resenhando aqui, porque já tem dezenas de textos mais competentes e imparciais do que o meu seria.
Todo mundo mandou muito bem, inclusive São Pedro, com uma chuvinha lancinante que não nos deixou em paz, porém não foi capaz de estragar o espetáculo.
Tenho poucas observações. Primeiro, orgulho de participar disso, forever. Eu podia estar discotecando na tenda do pancadão, podia estar de roadie, de caixa, mas não, geral (a.k.a. o chefe) já sabe que o que eu gosto é pegar as bandas no aeroporto e ficar girando por aí, falando de música ininterruptamente. O único momento do ano que eu deixo meu anti-socialismo de lado a favor da curiosidade de saber o que acontece lá fora. Sim, porque estando em Porto Alegre, a cena independente é “lá fora”.
Mas essa já é a segunda observação. O que se viu na outra edição nacional foram ovações para os locais e êxodo na hora das bandas nacionais. Não sei se era muita informação (tinham dez bandas de outros estados), mas o fato é que fora os “conhecidinhos”, os outros não receberam a atenção devida. No Gig Rock Circus, eu cheguei a dispersar do palco várias vezes pra analisar a cara de concentração de muitas pessoas dispostas a assimilar o novo. Tirando Autoramas que já tem uma “seita” por aqui, os outros eram praticamente estreantes (Moptop só fez um show no Ocidente ano passado, num domingo com 100 pessoas, não conta), e conseguiram segurar a onda dos gaúchos bairristas e blasées. É ou não é uma façanha? Um acontecimento antropológico? Sim! Uma mudança.
Que o nosso Gigstock (apelido carinhoso, refletido nas pernas de umas mil pessoas imundas de lama) tá crescendo rápido a gente já sabia, a novidade é que o público começou a entender, e não há nada mais gratificante que isso.
***
Li esses tempos o 31 Canções, do Hornby, fiz um pouco as pazes com ele. O melhor do livro é que eu só conheço 3 das 31. Genial...ouvirei todas nos próximos momentos. Segue aí uma de MUITAS boas sacadas sobre a música e o OUVIR música:
“Se você ama uma canção, ama-a o bastante para que ela o acompanhe por diferentes fases de sua vida, e daí qualquer lembrança específica se apaga com o uso (...) A única coisa que pode se presumir de pessoas que dizem que seu disco favorito de todos os tempos faz lembrar da lua-de-mel na Córsega ou do chiuahua da família é que, na verdade, elas não gostam muito de música”.
segunda-feira, novembro 19
Nós comemoraremos. Com o Thurston Moore e a Polly Jean fazendo nossa trilha sonora. Com uma festa gigantesca que já não é só nossa.
Quarto escurecendo. Uma aranha carregando um besouro já seco, acho que era um troféu pelo feito espetacular. Suflê de espinafre pra curar os dias de excesso. Tá assando ainda, o cheiro tá bom. Papai tentando reproduzir um Miró (é maravilhoso ver a arte arrebatando quem nunca teve tempo pra sentí-la). Mamãe lavando roupas eternamente. Felipe comendo pizza de escarola (fato histórico).
Harmonia.
Silver-Blue (Thurston Moore)
Blue meets silver and silver runs
Blue follows and then it's gone
it's gone, but not for long
wood meets dirt and the dirt is fine
the dirt is always in your mind
your mind, your mind is gone
a pearl meets light and light gets lost
but thats alright for the holy frost
of the day
it's safe to say
every time we meet my friend
all I know is its the perfect end
tonight is the perfect time
domingo, novembro 18
O tempo tá sempre do meu lado, e acreditar é o que importa. Eu acredito. A vida não passa a mão em mim, e na verdade eu deixei de gostar dessa postura de auto-piedade há muito tempo atrás. Gosto de sofrer sim, mas não por mim, pelos outros. De sofrer pelo endurecimento do indivíduo, pelo esquecimento do sonho, pelo isolamento do prazer, por tudo que deixou de ser puro pra ficar racional.
Não é o tempo, nem a vida, que vai nos boicotar. Os Stones sabem, e eles sabem também que “you can´t always get what you want”; o Frusci sabe (life changes, not you) e a Holiday sabe mais ainda quem acaba fodendo tudo, mas também sabe como resolver.
Dani, the girl diz:
tem a ver, que as criaturas da noite são as mais interessantes
Dani, the girl diz:
sempre vão ser
.Mary diz:
depende
.Mary diz:
ultimamente eu não tenho achado
.Mary diz:
as pessoas da noite vivem num sonho que eu já cansei, sabe
.Mary diz:
já esgotou a Fantasia e o Vazio tá dominando
Dani, the girl diz:
pq tu deixa.
.Mary diz:
preciso encontrar outra Fantasia pra mim
.Mary diz:
não
Dani, the girl diz:
existe uma fantasia.
.Mary diz:
eu encontrei outro mundo que eu amo
Dani, the girl diz:
se você acredita, ela tá lá
.Mary diz:
em que as pessoas são do bem
.Mary diz:
ou pelo menos eu as vejo assim
Dani, the girl diz:
a questão é que fantasia é pra cada um, do jeito que esse cada um imagina.
Dani, the girl diz:
voce deixou o nada se aproximar
.Mary diz:
e o que importa é que eu as vejo assim, sabe, boas, gostando das mesmas coisas que eu.
.Mary diz:
deixei. depois de tantas desilusões na noite :/
Dani, the girl diz:
então, tu caiu no pantano da tristeza
Dani, the girl diz:
hauhauhauahua
.Mary diz:
hauhauhauhau
Dani, the girl diz:
força, Atreyu!
.Mary diz:
sou um cavalo branco
.Mary diz:
crazy white horse
.Mary diz:
ehuheauheuhuea
Dani, the girl diz:
não, tu é o atreyu e teu cavalo já morreu
.Mary diz:
talvez
Dani, the girl diz:
agora, continua
.Mary diz:
preciso encontrar a tartaruga (qual era o nome dela mesmo?)
quarta-feira, novembro 7
Rapidinhasss... no melhor estilo Lúcio Ribeiro
- Alguém consegue parar de escutar My Love, do Justin? Eu não. E olha que pra superar a linha melódica de Rock Your Body o produtor precisa ser muito ninja. Cada vez mais Jacko das antigas, cada vez melhor.
- O Segredo de Beethoven é uma afronta. Não consegui formar uma opinião sobre ele ainda, mas fica a sensação que “alguma coisa está fora da ordem”. Immortal Beloved continua sendo o filme definitivo sobre Ludddie (e não me canso de dizer, a Nona muito melhor utilizada).
- Descobri que o criador da bomba atômica se chamava Vannevar Bush. BUSH! Deve ter alguma passagem na Bíblia sobre este sobrenome.
- Franklin Roosevelt era fã de Byron e Dickens. Não à toa o melhor presidente (apesar de foder o Brasil, no cú).
- Freud continua sendo uma florzinha punheteira.
- Luana Piovani acabou com o meu dia na Bienal, arrastando toda a minha turma de trabalho atrás dela. Luana Piovani nem é tudo isso. Se ainda fosse uma morena.
- Ainda sobre a Bienal, faltam 11 dias... até que enfim.
(My Love só poderia ficar melhor se não tivesse o Freestyle do negão, desnecessário, se fosse o Michael nos 80, botaria um baita solo de baixo com bateria quebrada no fundo)
- O novo do John Frusciante já está na mixagem.
- Sábado o BECO faz 3 anos e o público mudou completamente. Me pergunto se todo mundo que leva essa vida para pra se perguntar se está na hora de parar. As melhores Roque Town geralmente acontecem nessa época. Dezembro, Janeiro e Fevereiro (quando nós faremos os 3 aninhos) são os meses mais tranqüilos, porém mais selvagens, afinal, quem não viaja de Porto Alegre costuma ficar meio louco. E nós ainda não decidimos os temas. Aliás, não decidimos o de Dezembro, porque Janeiro seguirá com a terceira edição da SEX TOWN, distribuindo amor a todos na virada do ano; e em Fevereiro vai ser a grandiosa ROCKY III.
- Em Dezembro ainda tem o Gig Rock 4, diz que vai ser avassalador.
- E o resto tudo igual. Mas é bom né?
domingo, novembro 4
quinta-feira, novembro 1
Hoje eu estava num carro e ela começou a tocar, e whatever, não faço idéia do que foi pra vocês, mas essa música começou toda uma nova era pra mim. Ela marca a minha chegada em porto alegre, a nova abertura pra um grande universo musical, e o encontro da minha própria identidade.
Ouvir hoje não foi nada mais do que providência divina. Pode apostar.
Aqui, um vídeo da versão original, muito mais foda, e mais triste também.
terça-feira, outubro 30
Termino de ler RIMBAUD & JIM MORRISON - “Os poetas rebeldes”, do Wallace Fowlie. Foi lançado em 2005, mas pra quem não conferiu ainda, corre lá.
O Wallace é um acadêmico professor de literatura francesa na América. Um dia, ele recebeu uma carta de agradecimento pelas traduções em inglês de Arthur Rimbaud. Assinada pelo Jim Morrison. Wallace não fazia a puta idéia de quem era Jim Morrison, e perguntou para um aluno. - “Hellooooo, você nunca ouviu The Doors?”...
Era 1968, e ele não tinha ouvido. A partir daí, começa uma viagem louca de um especialista em Rimbaud tentando entender o que Jim tinha visto no poeta e se apavorando com a mensagem quase idêntica que este passava à humanidade.
O livro aborda um pouco da vida e obra de cada um, seus aspectos mais semelhantes, e principalmente, a figura dos rebeldes ao longo do desenrolar das sociedades de várias eras, porém com os mesmos problemas.
O melhor de tudo, o grande suco é imaginar que o Pop começou a ser estudado em universidades desde os 70. E isso me dá esperança na humanidade.
Sem falar que voltei a ouvir Doors com 27 anos com o mesmo prazer que tinha nos 12.
Os planos de visitar o Père Lachaise continuam. Espera aí que eu já vou, Jim.
***
E esse aqui é o Rafael Sonic, ele é meu amigo há muito tempo, mas você ainda vai ouvir falar dele, e não por mim.
Ontem
Dizem que tem gente
Que tem gente demais
Dizem que tem gente
Que não tem ninguém mais
Continuo vagando por aí
As mesmas indagações
Será que são só frases?
Será que são canções?
Será que é o barulho do rio?
Molhando os meus ouvidos
Saudade, saudade, saudade
Nem sei do quê...
Dizem que tem gente
Que não tem emoção
Dizem que tem gente
Que só tem gratidão
Continuo vagando por aí
As mesmas indagações
Será que são só frases?
Será que são canções?
Será que é o barulho do rio?
Molhando os meus ouvidos
Saudade, saudade, saudade
Não sei do quê.
- Pra baixar
Coisas do Além, e Depois. www.tramavirtual.com.br/rafael_sonic
Matéria sobre o novo disco. http://tramavirtual.uol.com.br/noticia.jsp?noticia=7099
domingo, outubro 28
You cannot follow me
Assim começa o álbum com as gravações da BBC do Leonard Cohen. You know who I am já avisa o que vai acontecer com os próximos minutos da sua vida. Vão se desintegrar, claro.
Leonard é esse ser imaculado que eu tenho receio de mergulhar. Acabei me aproximando mais dele por causa de uma obra da Bienal, que se chama Between the snowman and the rain, uma frase de Love calls you by your name, canção do Songs of Love and Hate.
Between the snowman and the rain – ele diz – once again, once again. Once again - quase um mantra como o Nunca Mais, Nunca Mais do Poe e do Ramil. Um ciclo interminável e inevitável. A vídeo-arte é muito boa também, procurem pela Sara Ramo lá no Cais. Foi falando sobre isso com um crítico de arte da Croácia (momento crítico da minha carreira bienalística), que eu soube que o Leonard foi poeta muitos anos antes de se voltar pra música. Estou curiosíssima, aos poucos chego nele, aos poucos, porque é uma tarefa bem arriscada absorvê-lo de uma vez só.
Por falar em Poe, também acabo de ler (finalmente) The Fall of the House of Usher, que também já esmaga seu coração com a epígrafe de abertura:
Son coeur est un luth suspendu sitôt qu'on le touche, il resoné [seu coração é um alaúde pendurado; tão logo alguém o toca, ressoa. N.T]
É tudo que eu imaginava, e um pouco mais. Agora a atenção é pro disco do Peter Hammill, dedicado inteiramente a essa história. Muitos arrepios.
E a desintegração é completa. Experimente.
sábado, outubro 27
Svevo restorna da morte e pede uma xícara de café.
Quando o primeiro dos Bandini da América se foi, o mundo perdeu seu charme. O tipo de implementação britânica da moral no novo mundo não fazia sentido pro gringo de sangue quente. Não sei o que aconteceu pro Arturo, ou o próprio Fante, acabar desistindo do pai, mas hoje sinto falta do Svevo.
Tomamos uma xícara de café, rindo alto e olhando as bundas que passavam, tendo a certeza que o mundo é muito mais agradável quando não complicamos.
Pra Svevo, as coisas que você aprende na escola não prestam pra nada se o cara não souber trocar um chuveiro ou levantar uma parede. Talvez pra mim também.
Até porque, a conclusão, no meu caso, implica em carregar dezenas de Kgs, caminhar dezenas de Kms e pisar barro ou respirar deserto, e ficar dezenas de horas abrindo buracos com uma pá menor que a que meu filho leva à praia.
Svevo Bandini, essa primavera já está tão quente, daqui a pouco eu não vou mais respirar.
Vamos tomar esse café logo, pra você voltar pra lá e eu continuar seguindo.
quarta-feira, outubro 24
i´m so much in love like a little soldier catching butterflies
Porque as quartas podem ser a solução de todos os seus problemas!
Problemas de Auto-Estima, traição, trabalho, bebida? Consulte um especialista e você será encaminhado para ... FUCK REHAB!
Com apenas R$ 20,00 você curte a festa com BEBIDA LIBERADA, enlouquece na pista e esquece toda a aflição do dia seguinte!
No som, além dos residentes – Machuca e Schutz - super convidados especiais da cena gaúcha!
FUCK REHAB!
Quarta, 24 de outubro, a partir das 23h00min.
R$20 – BEBIDA LIBERADA (ceva, whisky e vodka)
Cabaret do Beco.
Especial da semana: DAVID BOWIE
Convidado: Dani Hyde
domingo, outubro 21
impossible to forget, hard to remember
Claire Colburn, sabe tudo.
quarta-feira, outubro 17
Qual música do los Hermanos você é created with QuizFarm.com | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
You scored as Conversa de botas batidas Você é conversa de botas batidas, se negocio é amar, amar , amar até o fim, o moço pode bater que você vai continuar amando
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terça-feira, outubro 16
domingo, outubro 14
"Mora na filosofia
Pra quê rimar amor e dor?"
(Caê)
“O solzinho tá tão bom, mas em compensação, quando vem a nuvem...”
(Segurança da Bienal)
“I've loved so many times
and I've drowned them all.
From their coral graves,
they rise up when darkness falls.
With their bones they'll scratch the window,
I hear them call,
"Don't know what you asked for."”
(Jeff Buckley)
"Whatever comes our way, whatever battle we have raging inside us, we always have a choice. (…). It's the choices that make us who we are and we could always choose to do what's right."
(Spider Man)
quinta-feira, outubro 11
Às vezes a gente tem que lembrar quem somos. Todos nós aqui de dentro.
Trecho do médico, monstro e gênio, meu amigo e confidente, Robbie Louie:
"Foi, pois, a exigência das minhas aspirações e não o meu particular desregramento que me fez ser tal como era e o que separou no meu íntimo, com um fosso mais profundo que na maioria dos homens, essas duas regiões do bem e do mal em que se divide a natureza humana. Obrigado pelas circunstâncias, reflectia intensa e repetidamente nessa dura lei da vida que é a própria essência de toda a religião e que é uma das fontes mais abundantes de dor. Embora a minha dualidade fosse tão profunda, não me sentia um hipócrita, porque os meus dois rostos eram totalmente verdadeiros. Eu era o mesmo quando, abandonando toda a moderação, me atirava para os braços da desonra, ou quando, trabalhando à luz do dia, promovia a ciência para aliviar a dor e o sofrimento.
(...)
Outros seguirão o meu exemplo, outros me superarão e atrevo-me a profetizar que no fim o
homem será reconhecido como um ser habitado por seres múltiplos, incongruentes e autónomos.
(...)
As duas naturezas que lutavam na minha consciência eram minhas, porque eu era em essência ambas. Desde o início, ainda antes das minhas descobertas científicas começarem a sugerir-me a possibilidade de tal milagre, dediquei-me a pensar placidamente, como se se tratasse de um sonho querido, na possibilidade de separar esses dois elementos. Se cada um deles, dizia eu, pudesse habitar em identidades diferentes, a vida libertar-se-ia do que hoje se me afigura insuportável; o injusto poderia seguir o seu caminho, despojado das aspirações e do remorso do seu irmão gémeo, mais recto; e o justo avançaria com segurança e firmeza pela sua senda ascendente, realizando as boas obras nas quais encontra prazer e sem se expor às desgraças e à penitência provocadas por esse espírito perverso e desconhecido. Esta era a maldição da humanidade: o facto desses dois ramos incongruentes estarem unidos com tanta força, que – nas agonizantes entranhas da consciência - estes gémeos opostos lutavam continuamente entre si. Então, como dissociá-los? Estava tão absorto nas minhas reflexões quando, como disse, da mesa do laboratório surgiu um débil raio de luz que começou a iluminar o horizonte. Comecei a perceber, cada vez mais profundamente como jamais poderia imaginar, a temerosa imaterialidade, a transparente inconsistência deste corpo aparentemente tão sólido em que estamos aprisionados. Dei-me conta de que certos elementos possuíam a capacidade de alterar e arrancar essa vestimenta carnal, do mesmo modo que qualquer sopro de vento agita o toldo de uma loja. Não entrarei em profundidade no aspecto científico da minha confissão. Primeiro, porque acabei por perceber que o homem está ligado indissoluvelmente ao seu destino e à carga da sua própria vida e quando procura libertar-se desse peso, regressa novamente a ele com uma pressão maior e mais terrível. Segundo, porque, aí, como o evidenciará o meu relato, as minhas descobertas eram incompletas. Bastará dizer que não só fui capaz de separar o meu corpo material da emanação de certos poderes que formam o meu espírito como também logrei elaborar uma droga graças à qual a supremacia desses poderes foi destronada e suplantei o meu aspecto com uma segunda aparência, não menos natural para mim, já que era a expressão dos mais baixos componentes da minha alma e tinha em si a sua marca".
terça-feira, outubro 9
segunda-feira, outubro 1
domingo, setembro 23
sexta-feira, setembro 21
Você veio me falar ao ouvido sem nem mesmo saber os efeitos da tua voz. Eu, de bruços, apertei os olhos, inspirei fundo, retesei o tórax, movimento de um suspiro. A euforia e o bem estar presentes ainda após boa dose de relaxante muscular e codeína. Sua voz ficou mais suave e suas mãos reverenciavam o toque como rito. Na vitrola, o poeta diz da dificuldade que é confiar no outro, mas principalmente da avareza pessoal. “I´m not someone on whom to rely”. Eu disse (pensei) que não podia, você nem ligou. Foi bom. Você, imerso no meu colo, sua mão na minha boca, esconde o sorriso infantil de quem consegue um brinquedo. “The effort to be free seems pointless from above”. Não lembro de mais nada. Dos teus olhos, dos teus dentes, quando você sorri ou fala sobre algo que lhe agrada... Fica essa sensação Ginzburguiana de lutar com a memória pra extrair tudo de bonito que resultou de uma única vez. Meu sonho não podia continuar. O corpo fraco, a mente entregue pro surrealismo, e a falta do sujeito na predicância. “Pra mim, tudo que você nunca disse, tudo e de qualquer jeito”. E ele não pára de falar antes que eu pense... Vou correndo agora. Vou voando. Correndo e voando buscar um sujeito pra mim. Que na fatalidade dos fins seja eu. E na brutalidade dos meios pode ser você. Mais que tudo, que seja sereno, um solo limpo, um delay invertido. Bem franco. Grave, com Lá-Menores e Ré-Maiores. E um sorriso das ruas que eu seguro. Apesar de não ser a tradução correta. Mas qual vai ser?
(Comecei escrevendo no intuito de criar um conto pra MOJO, com algum álbum do Frusciante. Mas foi impossível pensar num só. Outra hora eu tento.)
sexta-feira, setembro 14
Pra não me estender muito, eu era (sou) do movimento obscuro, com muito orgulho. E Bauhaus é algo como os 12 apóstolos em 4. Isso quer dizer que amanhã eu vou conhecer 3 deles.
A primeira vez que ouvi Spirit, eu imaginei como seria o vídeo. Eu não tenho como favorita nem Bela Lugosi, nem Flat Fields, nem Telegram Sam, mas Spirit, uma música que fica lá no fim dos cd’s. Spirit é a perfeição transfigurada em sons. O fato é que quando eu vi o vídeo, fiquei atônita. Sim, era exatamente o que eu pensava. O teatro vazio. Spirits on tonight. We Love our audience.
Can’t stop the spirits when they need you!
sábado, setembro 8
Este tu Hermano
Te está quebrando
Tu cantarillo;
Es esta la causa
Que hay truenos e raios,
Y que estos caem.
Viertes tus aguas
Sobre La tierra
Em forma de lluvia,
Tambiém a veces
Como granizo
O como nieve.
EL hacedor del mundo,
El dios que anima,
El gran Viracocha
Te há escogido
Para este oficio
Y te Dio tu alma.
*
Da série "Contos da cadernetinha mágica"
Um soldado pós-moderno em Sacsayhuamán
Monte o cenário: 1397, o Império em paz, ou o mais próximo do que a palavra pode significar, alguns reparos nas fortalezas, e eis que o conselheiro resolve empreitar uma nova decoração. Convocou todos os artesãos, de Tiahuanaco a Pisac, para que trouxessem um exemplo do que poderiam realizar nas novas muralhas.
Manco era um guerreiro porque seu pai também o foi, e assim o restante de sua árvore genealógica, mas ele não agüentava mais, ele queria poder trabalhar com o barro e os pigmentos, andar com outros artesãos, e inclusive flertar com eles.
É, os artesãos entendiam tudo.
Então resolveu preparar alguma coisa e levar na audição do conselheiro, que cairia justamente no dia de seu descanso. A idéia era simples, transformar o mito de Apocatequil em uma obra palpável, e diferente daqueles desenhos toscos cheios de deuses com pernas curtas e peixes com dentes.
Além de tudo, expressaria através de uma metáfora sua angústia de um sentimento e jeito de viver que não lhe eram possíveis, pois como Cautaguan, a mãe de Apocatequil, era enclausurado no seu próprio mundo, não podia ver nada com os seus olhos.
A audição se convertia no estupro da Cataguan. De um ato de violência nasceria os seus frutos. Manco iria parir esses ovos dos quais um viria a ser o deus mais temido e honrado de todo Império, adorado e reverenciado, de Quito até Cuzco.
Apocatequil se tornaria tradução da mais pura arte. Cataguan, a menina enclausurada, morreria no parto, pra ressucitar como Mamacatequil, a que liberta o mundo e dá a vida.
No dia da audição, Manco apareceu no prédio central de Sacsayhuamán com um embrulho e um sorriso no rosto. Os artesãos chegavam com lhamas enfeitadas, blocos de pedra cheios de bichos estranhos e bonecos desproporcionais, mantos cravejados de turmalina e ouro (como eles pensavam em botar algo assim numa muralha que serviria de barreira para delinqüentes não pagadores de impostos?).
Enfim, se encontrava frente a frente com Corìacan, o conselheiro da jurisdição. Colocou seu embrulho em uma mesa na frente do púlpito do velho sábio, retirou o linho branco que envolvia o objeto, e deu um passo para trás.
- Mas isso é um ovo! – disse Corìacan.
- Sim – consentiu Manco, firme do seu propósito – é um ovo que representa o nascimento de Apocatequil, do novo tempo, da libertação natural entre os filhos do Sol, da...
- Mas, me diga, filho, como usaremos isso? – interrompe o conselheiro, consternado.
- Ele pode ficar na torre central, e vai deixar nossos inimigos tão intrigados que irão recuar.
Corìacan, místico que era, pensou ser aquele um bom sinal, e aceitou a obra de Manco.
De fato, Sacsayhuamán viveu (mas já não vivia?) tempos de paz. Por longos anos, antes da chegada dos deuses brancos e suas naves. O Ovo da Primeira Torre ficou tão famoso, que vinham gentes de toda parte pra fazer reverência ao deus de todos os males.
Manco se tornou o artesão oficial da corte de Corìacan, e começou a encontrar-se com o guardião do templo constantemente (descobriu que os artesãos são caretas demais).
Seiscentos anos depois, descendentes de Manco tentam processar Salvador Dalí por plágio. Mas não vencem as despesas de honorários jurídicos. As lhamas comem muito.
terça-feira, setembro 4
Fugir de um teste de audiometria é uma das grandes missões da existência, como aqueles velhos que fogem do exame de próstata. Nesse caso, audiometria e exame de próstata são a mesma coisa, você sabe que pode encontrar alguma coisa lá, mas é melhor não mexer com isso até foder de vez.
Eu tô aqui ouvindo essas entrevistas do Frusciante no Youtube (porque basicamente não existe mais nada na internet pra saber dele, e o próximo passo é conseguir uma passagem pra Los Angeles), e achando que o áudio do meu micro tá com problema, porque o volume das caixas está por volta de 75%, e quero continuar achando que o problema é com o micro.
Talvez o meu novo brinquedo experimental, esteja contribuindo bastante para a total desintegração do meu tímpano, talvez seja só uma má fase. Mas vou deixar minha declaração aqui, ele funciona. É possível que seja mais fácil pra quem já é predisposto, não sei. O fato é que é uma boa viagem, em detrimento das limitações. Não dá pra usar o doser e tocar violão e escrever e ouvir uma música ou tomar um vinho, por exemplo. De repente a prática gere resultados mais duradouros.
De qualquer forma os “sons” binaurais não existem só em “doses”, mas em muitas músicas por aí, e acho que o próprio Jimi Hendrix já fazia isso com o panning sem perceber, e provavelmente o Pink Floyd tinha noção com o que estava lidando, e de repente até o marketing da Coca Cola. Vou tentar não falar mais do John, mas por último recomendo que se ouça o Shadows Collide With People com fones de ouvido.
Sábado passado Can´t Stop foi a catarse da pista no Mosh. Eu ia me esconder com medo de represálias, mas acabei quase chorando vendo as pessoas cantando junto. Obrigada, Porto Alegre.
Agora eu vou lá, quinta tem Zefirina Bomba, sexta Róque Town e sábado Pulp Friction. Já existe transplante de ouvido?
*
I take it on the road
Those kilometres and the red lights
I was always looking left and right
Oh, but I'm always crashing in the same car
Jasmine, I saw you peeping
As I pushed my foot down to the floor
I was going round and round the hotel garage
Must have been touching close to 94
Oh, but I'm always crashing
in the same car
domingo, setembro 2
sábado, setembro 1
Es la historia de un tipo fascinado con la música que queda sordo después de años de volumen alto y escaparle a los estudios audiométricos. Entonces, tarda algunos meses en asumir que no va a escuchar más esas canciones y solo se consuela intentando imponer en otros su gusto musical. Ahora que ya no hay música nueva para él, lee las letras de las canciones que escuchó para recordarlas bien y las va silbando o tarareando durante horas por la calle procurando que otros peatones se peguen la canción y así.
(Leopoldo Estol)
*
Se eu fosse da curadoria, não deixaria passar essa.
quarta-feira, agosto 29
terça-feira, agosto 28
Isso aí é uma noite de estudos. Muita gente vai ler isso e gargalhar OUTLOUD, mas eu vou ser mediadora na VI Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Eu já tava de olho, mas quando o curso começou não pude entrar e enfim, mil coisas, agora estou dentro. E sabe, é bacana, e quando não é bacana é antropologicamente divertido.
Acho que fui sortuda e pulei direto pra parte boa, porque o curso teve várias dinâmicas dispensáveis, e agora, com o cais já recheado de obras (mas ainda bem desorganizado, só quero ver isso tudo pronto até segunda), começaram as visitas dos artistas, e eles estão apresentando seus trabalhos para nosotros. A minha primeira impressão é que a história dos processos de produção são muito mais legais do que a obra em si. O que está por trás e na maioria das vezes a gente não vai ter acesso. Mas é isso aí, arte contemporânea, só vamos saber o que presta mesmo daqui a 30 anos. Ou mais. I don’t want to lose Lautrec, já diria o Ronnie.
Eu não vou dar nomes aqui porque acho isso deveras pseudo (nem sei quem é o autor da infame casa rosa da edição passada, a primeira coisa que o Vico lembrou quando eu disse que ia trabalhar lá no cais), mas assim que começarem a pintar os burburinhos em alguma instalação eu falo a respeito.
Entrando no clima eu rabisquei uns pós modernismos na palestra de hoje, graças ao Frusci.
it´s a really
fun thing
to think
that being
is the same
of being
and I am
the same
that I am
in a way
english
becomes so
poor to
my inner
liaisons
with the self
in a way
english is
making a
big deal
of the verbs
and of the subject
which I ain´t
quinta-feira, agosto 23
Eu vivo de obsessões.
A Clarah já falou bem melhor sobre isso do que eu sou capaz, porque ela não tem medo se seus textos vão parecer esnobes, pueris, egomaníacos ou whatever, ela fala. Ou melhor, escreve. Pra entender isso você teria que fazer uma boa viagem no velho, mas sempre legal e talkin’ bout my generation, brazileira!preta. Ela escreveu um texto sobre isso, que se perdeu pela internet, então solicitei o original, e vou fazer uns grifos aqui.
“(...) O que pouca gente enxerga é que a obsessão pode ser algo muito produtivo. Acredito, inclusive, que a arte não sobrevive sem uma obsessão, nem que seja uma obsessãozinha leve (...) O que acontece no mundo moderno, essa porcaria, é que ninguém tem mais dessas obsessões produtivas. As coisas passam batidas, é tudo muito rápido, lê-se um pedaço livrinho aqui, ouve-se um disquinho acolá (ou nem um disco inteiro, uma ou duas musiquetas em mp3) mas nunca além disso, nunca além da superfície. Pouca gente mergulha de verdade em alguma paixão, cria um mundo a partir daquilo tudo. E, o que é pior, todo mundo se acha no direito de opinar, principalmente sobre coisas sobre a qual não sabem porra nenhuma(...)”.
(Saudável Obsessão – C.A. )
O que eu mais gosto na Clarah, é justamente esse lance de mergulhar “até o fim” (invariavelmente ela cita o Bukowiski nessa máxima, o que é lindo, porque hoje tanta gente gosta de Bukowiski, mas poucos conseguem extrair dali a poesia contida no trabalho dele como um todo, eu mesmo não sou uma especialista, li umas 4 publicações, no máximo). Na vida, eu não sou muito dada a ir até o fim, mas ah, com a música é outra história. E até nisso a gente acaba se encontrando, porque gostamos (amamos, idolatramos, morremos) de muitas coisas em comum.
O Frusciante é um bom exemplo. Aliás, a história já começa com o Red Hot Chilli Peppers, nos idos e perfeitos anos 90. Eu sabia todas as letras, eu me movia como o Anthony, às vezes eu queria ser o Anthony, às vezes eu queria ser o Mike Patton (Faith no More), eu dançava com o VHS do Hollywood Rock de 93 (morava em Salvador, não pude ir). Esse VHS está guardado até hoje, quem tiver afim (de assistir aqui, porque ele não sairá daqui) é só avisar. O que eu não entendia era que o John já havia abandonado o barco, e logo os Peppers sairiam do meu campo de visão, pra voltar a aparecer, rá, com o Californication (1999, quando o John voltou), e mesmo assim, eu não dava muita bola, eles haviam me traído, ou era mais um caso desses que eu considerei traição quando a coisa toda se revelou um equívoco.
Bem, isso teve um preço. Eu não fui a nenhum dos shows dessa fase, acho que teve uns dois, um inclusive em Porto Alegre. Não fui. “Tô de mal, eles só vão tocar essas modernices”. Burra. Ouvi todos os relatos que eles tocaram o Blood Sugar quase na íntegra e a “old stuff” com uma bola de pêlo na garganta.
Acho que conheci o trabalho solo do John em 2003 e 2004 (por causa da Clarah, e do João Perassolo, que se tornaria meu parceiro fundamental pra realizar a Róque Town). Eu achava lindo, ouvia o Niandra Lades, o To Record Only Water, e o Shadows Collide, e sempre retomava quando precisava (tem momentos que você simplesmente precisa deles), só que não era só isso, e eu só descobri agora, quando precisei muito. Como eu digo pra uma amiga, as músicas são que nem gatos, elas te escolhem (tipo agora que começou a tocar I´m Always, eu vou explodir o contador do Last FM).
Me sinto imortal com a minha coleção semi-completa (porque não baixei os Ataxia ainda, como é um trabalho que envolve outras pessoas, vou deixar pra segunda fase), pesquisando, pesquisando, dissecando a vida dele, tudo que aconteceu enquanto eu estava fora, e até me sinto culpada por não estar lá quando ele precisava. Eu não concordo com quem separa a vida da obra, eu acho um absurdo separar a vida da obra, não dá pra entender um peido do Frusciante se você não mergulhar até o fim na vida dele. E com a música vai ser sempre assim, foda-se a arte contemporânea que descaracteriza todo mundo e acredita num cocô exposto. Até as próprias obras do Frusci (ele pinta, claro), apesar de BasquiaÍSTICAS, fazem todo o sentido, estando onde estão, no ano que estão, no local e no planeta que estão. Tudo deve ter sentido. Até a “vontade de morrer”.
Ele não se arrepende de nada, ele valoriza todos esses fucking years negros, e credita a esse período a evolução de hoje. Culhões. Culhões de ter coragem de dizer “Hey, eu não fugi de porra nenhuma, eu tava me procurando e achei, e a heroína, foi enfim, minha Heroína”.
Não é como um Anthony, no Scar Tissue (livro sobre a vida de adições e loucuras que ele fez ao longo dos anos, até se limpar), que diz “oh, thanks god, eu me livrei de tudo isso e agora sou feliz e limpinho” quando na verdade sabemos que eles não pararam merda nenhuma. Mas apesar disso, o Scar Tissue é genial. Quem gostar deles, ou tiver curiosidade, leia. Muito revival, coisas engraçadas, coisas boas, com aquela linguagem que parece que o Anthony tá do seu lado, tomando uma cerveja contigo.
Quanto à questão da obsessão produtiva, fazer toda essa viagem dentro de um universo que eu já conhecia uma parte, está sendo a coisa mais deliciosa do momento, desde ouvir os discos mais auto-depreciativos do Frusci (Smile from the streets you hold são mil facadas consecutivas no coração) até ouvir um By the way dos Chilli, completamente despojada de preconceitos, e elevando ele ao segundo lugar no pódio (o primeiro é Blood Sugar, foréva), acompanhando todo o processo de gravação do Stadium Arcadium, um John falando de todos os instrumentos, equipamentos e parafernálias que ele usou no álbum, cheio de referências ao Eletric Ladyland do Hendrix, cheio de coisas modernas ao mesmo tempo... Um universo sônico, futurista. Até isso ele fez comigo, e em 24 músicas eu consigo me deixar levar pelo moderno dentro de uma atmosfera que eu amo, que é o funk rock, o original, o freaky stiley dos meus meninos dos olhos de 15 anos atrás. QUINZE!
Além do fato definitivo, que foi pegar o violão de volta, fazer uma música em 10 minutos, e saber que ainda tenho a capacidade de criar coisas bonitas, mesmo que o mundo real esteja uma merda, difícil de respirar e cheio de dificuldades. É bom saber que tu ainda é capaz.
A música voltou a ser minha prioridade number one, e isso está me trazendo alguns problemas, como uma incrível falta de comprometimento acadêmico, um retorno à ausência maternal, e algumas complicações no convívio familiar. Mas eu preciso disso agora, e espero que um dia eles entendam, não vou abrir mão.
E como disse um amigo ontem: “Não tem heroína no Brasil. Ufa”. Porque cheguei à conclusão que é a única e absoluta droga que eu tomaria. Certamente seria o fim de tudo. Eu não sou o John.
Ainda ontem, a noite foi abençoada com Suck My Kiss num momento catártico e uma constatação de que eu posso tocar Red Hot tranquilamente de novo. E eu fechei o cabaret dançando In Relief com as luzes verdes. Só eu, ele, e as luzes verdes.
Fui dormir over embriagada e feliz ouvindo o The Will to Death.
And the only important moments
(an exercise – j.f.)
Pra encerrar, o último parágrafo do Saudável Obsessão, da minha parceira de obsessões, dona Averbuck:
“Então, amigo leitor, amiga leitora, se a sua vida anda insuportável, meu conselho é: aprofundem-se. Leiam todos os livros de algum autor, comprem todos os discos de alguma banda, leiam biografias, chafurdem no passado, criem mundos a partir disso. Não há nada melhor para fugir do mundo horrível aqui fora do que uma obsessão”.
terça-feira, agosto 21
Depois vocês sabem o que aconteceu com o fenômeno BoB. É sempre amor mesmo que mude.
Fast Foward. 2007. O auge do “beco way of life” fervilhando no mainstream, o electro invadindo nosso espacinho, o mesmo que tocava China Girl do Iggy Pop e todo mundo ficava feliz, mas já não o mesmo que tocou Marquee Moon com 300 pessoas regozijando na pista (e quando 300 pessoas representavam uma festa bombante). Sem falar no público, que vai perdendo o gosto e a sensatez a cada fim de semana. Mas enfim, Róque Town também é resistência, e o que eu falar por aqui é noite de PRT.
Não sei como nem aonde, o Carlos chegou a conhecer a legião dos novos JOVENS ROQUEIROS DA CITY, o fato é que ele começou a aparecer lá no Beco, em igual ou pior estado que os JOVENS ROQUEIROS DA CITY. Festa com eles é sinônimo de dormir tarde, ou quase na hora do almoço, do outro dia, ou nem isso. Logo, eles sempre presenciam as finaleiras, conhecidas como a melhor hora do som, e a pior hora do romance (como diz outro amigo, “a hora da chêpa"); e então teve esse dia que eu tava bem experimental e ouvindo muito BR Nuggets em casa, daí toquei a Renata, do Liverpool, trilha do Marcelo Zona Sul, aquele filme com o Stephan Nercessian (?) e a Françoise Fourton que provavelmente você não assistiu. Tem a história do encontro do Carlinhos com o Stephan, mas isso eu vou deixar pra ele contar um dia, porque é muito emocionante e envolve o pai, e é toda uma coisa bonita estilo Fante.
Me escondi completamente, pra não ver a expressão de desaprovação do Gabriel, nem do Vitor, e de repente o Carlos chega com a mão estendida pra me cumprimentar. Ele é esse cara gigante que eu simplesmente não consigo chamar de Carlinhos, e não to chamando de gordo também. Apesar de que, esses dias ele me contou que viu a mãe dando leite condensado pra Alcione (a cã) e entendeu tudo.
A partir de então ele é uma espécie de sócio honorário da Róque Town, e uma das únicas pessoas que eu faço questão de ficar na pista até o fim do set. Que fique nos registros, ele foi o primeiro a tocar Orgasmo Legal (do cd original) numa festa. E Paralamas do Sucesso numa PRT.
Criou um Império da Lã que abalou Porto Alegre em menos de dois meses, e já decretou o fim da banda. Diz que parou de beber e largou as drogas e agora só vai se dedicar ao shamanismo para finalizar o próximo álbum da BoB, claramente cheio de influências nativo-americanas.
Virou ator. Aguardem OS BÍTOLS!!! O melhor filme já produzido no Brasil (pelo menos pros JOVENS ROQUEIROS DA CITY).
Pior de tudo, virou meu amigo. E me fez isso:
"Quem são seus ídolos do rock no RS?
Pra mim já ta bom, véi. E embora eu não goste muito da expressão, ela dominou a CITY, e o mais apropriado agora é dizer que tu é preza.
p.s. – atentem para o detalhe que eu estou logo após a Suzy Doll, preza de novo.
p.s. 2 – ah sim, quem tiver afim de ler a entrevista toda ali na BIZZ online vai aqui.
p.s. 3 – o modelo da foto ao lado do Carlos é um futuro pediatra da neonatologia.
segunda-feira, agosto 20
É o nome do álbum virtual que eu vou lançar com todas as coisas mais toscas que já gravei, com umas duas músicas novas, e uma do Frusci, claro, acho que vai ser In Relief, é a que eu toco melhor. Ou a I´m Always mesmo, na estileira "estou chapado de heroína, não me venha falar de performance". A capa eu vou desenhar no Paint Brush depois eu posto aqui.
sábado, agosto 18
sexta-feira, agosto 17
I´m Always
Only time can show you Through an invisible door In the bottom of the ocean I threw a bird at the sky, Someone told me that You'd better close your eyes, And I said Don't you wonder sometimes Why I paddle through the clouds In my oversized canoe, But I'm always on your side? Can you feel it? My love flowing out my sides You've been asked to fly I thrust to some lie yeah It's you see my fish needs to thrive As long as I'm alive. Aside from the leaves that fal lYou know it's been justified You gotta take it in your stride Besides the nightmares That lie before you You've always found a reason To stay happy to be alive If you look closely You'll always find signals That make your mind grind But those are just a mind fucker tag line You'll always have control of your life Go with the feeling that's right You know, man, the media may try yeah But my beautiful spirit is glued to my eye. (música do Smile from the streets you hold, disco feito só pra comprar droga)
Desde que vi o Bowie em 1997, e entrei numa maratona de descorar todas as letras e discos e partituras dele até esgotar completamente e virar a maior aluna dele, não tinha mais me obcecado assim por ninguém. Podia gostar, ouvir por dias, mas nunca foi da mesma forma, o mesmo sentimento. Até que comecei a ouvir pela enésima vez o To Record Only Water for Ten Days, sim, o Frusciante de novo.
Ele é aquele sonho que se repete. Dizem que quando um sonho se repete ele está tentando te mostrar algo que tu ainda não viu. Eu tenho vários desses, ou sou lerda, ou tenho sonhos extremamente complexos.
Dessa vez ele me pegou. Um momento difícil, de se reencontrar, reinventar. (You´ll always have control of your life). Me pegou no colo, contou toda sua história, e estamos conectados, de verdade, como é com o Sir David Jones. Existe até uma seita que acha que John é a reencarnação de Jesus (sério), eu prefiro acreditar que é o Espírito Santo (e não discuta que na trindade todos são um, eu não concordo). Ele quebrou toda a hierarquia dos meus ídolos e passou lá pra cima sem pré-requisitos. Cada excerto da vida dele tem relação direta com as coisas que vivi, e o youtube nunca foi tão útil.
Crononologicamente falando:
- Entrevista na época do Blood Sugar, falando sobre suas influências de Jimi Hendrix, com uns 50 vinis do homem na mão, ele escolhe pra tocar justamente o primeiro ensaio de Eletric Ladyland, que é a minha “definitiva” of all times. E ele diz: “that thing is one of the most beautiful things I´ve ever heard”. Primeiro suspiro.
- A queda no Red Hot – apresentação de Under the Bridge no Saturday Night Live, onde John já não aguenta mais o mainstream e “acaba” com a música modificando toda a estrutura e largando uns berros no coro. Impagável a cara de bunda do Anthony.
- Entrevista em 1994, de um John completamente viciado e em outro mundo. Mas fala coisas importantes sobre conservar a sinceridade da música, escrever pelo amor e não pelo mercado, e bla bla..
- STUFF – curta do Johnny Depp, filmado na casa do John, breve participação do Timothy Leary. Dá pra entender o recado.
- Clipe de Life´s a Bath, de 1997, onde aparece um John semi-morto, que nesse mesmo ano seria internado com 12% do sangue que deveria ter no corpo.
- O retorno em 2001.
- Contando os segredos de Under the Bridge. Que tem riffs roubados de Andy Warhol, do Bowie, e da própria Rip Off, do Marc Bolan. E assim eu vou morrendo...nessa sessão tem Modern Love também, outra pérola, veja nos relacionados e tem My Smile is a Rifle....ah, veja todos desse show! Tem pra baixar em torrent também.
- Going Inside, de Vincent Gallo. (eu acho o Brown Bunny uma porcaria, só valendo pelo blowjob da Chloe Sevigny, mas quem quiser conferir, a trilha é do John)
http://www.youtube.com/watch?v=rJYCny95qog
- Carvel, do Shadows Collide (2004), e um momentum absurdo.
http://www.youtube.com/watch?v=M3YgLNNJjMg
- The Past Recedes, do Curtains (2005), e a casa dos meus sonhos (com tudo dentro).
- E pra não dizer que não falei de Red Hot Chilli Peppers, eu fico com esse vídeo de Can’t Stop (live at Slane), que pra mim é como se fosse o final feliz de um filme triste.
Filme de rock, claro.
segunda-feira, agosto 13
domingo, agosto 5
Queria começar uma história com o zunido dos amplificadores. Aquele ruído bom que a gente escuta antes de começar um show. A expectativa. O êxtase antes de qualquer julgamento, só por estar ali e fazer parte daquilo.
Em casa num sábado à noite, pra aproveitar um pouco da ação inquietante do Vince, e ele pede uma música pra dormir. Na verdade acabo impondo isso pra ver se ele se acalma. A primeira que me vem à cabeça é uma que cantavam pra mim quando eu tinha dezesseis anos e minha vida começava a mudar irreversivelmente. Sleep Now, Peter Hammill.
Não sei quantas vezes já falei dele, mas nunca é demais. Espero que um dia mais pessoas reconheçam o que um homem e sua banda e o homem de novo é capaz de fazer pelo mundo. Em 1996 minha vida mudou quando ouvi Tapeworm e Sleep Now, quando Makis era meu amigo grego que me ensinou a entregar a alma a esse demônio fascinante e vicioso que é a música.
A banda de Peter, o Van Der Graaf Generator (já vale alguma coisa só pelo nome), seria mais uma da leva dos progressivos dos anos 70, se não fosse seu front man, capaz de transformar cada letra num filme, cada compasso numa expressão inesquecível. E como toda a galera dos 70, eles ressuscitaram e estão lá pelo velho mundo arrasando nos shows.
É uma indicação inexorável. Procurem, ouçam. E deixa esse velho Hammill curar suas dores. É algo entre Roxy Music e Pink Floyd e Shakespeare e Byron, com tons de David Lynch se não tivesse o Badalamenti como parceiro. Aliás, acho que o “Badá” ajoelharia na frente do VDGG. Em suma, se David Bowie fosse Obi Wan Kenobi, Peter Hammill seria o Darth Vader, o que me parece irresistível. E tem toda essa coisa do oboé e sopros dissonantes que me deixa atormentada, as melhores músicas do mundo tem um oboé ou um teremim, já notou?
Quando ouvi A louse is not a home pela primeira vez, tive vontade de escrever um roteiro. Ainda não sou boa com roteiros, mas vamos ver o que dá pra tirar de alguns parágrafos. Na próxima, porque isso aqui já é longo, vá se inteirando.
Coloquei algumas coisas no 4shared (Incluso o Silent Corner and the Empty Stage na íntegra, o melhor álbum solo dele), e uns links do youtube. Pra tentar criar o clima. E a letra traduzida de A Louse...
É comprida ok? É pro-gres-si-vo.
A louse is not a home (tradução)
Algumas vezes é bem assustador por aqui; algumas vezes é bem triste;
Lille
http://www.youtube.com/watch?v=WDmhP6YiN6s