domingo, outubro 28

I cannot follow you, my love
You cannot follow me


Assim começa o álbum com as gravações da BBC do Leonard Cohen. You know who I am já avisa o que vai acontecer com os próximos minutos da sua vida. Vão se desintegrar, claro.

Leonard é esse ser imaculado que eu tenho receio de mergulhar. Acabei me aproximando mais dele por causa de uma obra da Bienal, que se chama Between the snowman and the rain, uma frase de Love calls you by your name, canção do Songs of Love and Hate.

Between the snowman and the rain – ele diz – once again, once again. Once again - quase um mantra como o Nunca Mais, Nunca Mais do Poe e do Ramil. Um ciclo interminável e inevitável. A vídeo-arte é muito boa também, procurem pela Sara Ramo lá no Cais. Foi falando sobre isso com um crítico de arte da Croácia (momento crítico da minha carreira bienalística), que eu soube que o Leonard foi poeta muitos anos antes de se voltar pra música. Estou curiosíssima, aos poucos chego nele, aos poucos, porque é uma tarefa bem arriscada absorvê-lo de uma vez só.

Por falar em Poe, também acabo de ler (finalmente) The Fall of the House of Usher, que também já esmaga seu coração com a epígrafe de abertura:

Son coeur est un luth suspendu sitôt qu'on le touche, il resoné [seu coração é um alaúde pendurado; tão logo alguém o toca, ressoa. N.T]
DE BÉRANGER

É tudo que eu imaginava, e um pouco mais. Agora a atenção é pro disco do Peter Hammill, dedicado inteiramente a essa história. Muitos arrepios.

E a desintegração é completa. Experimente.

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