terça-feira, novembro 27


“Brasil, bem vindo ao Brasil!”

Essa frase do Diogo, da Los Porongas, já é antológica. No sábado passado rolou a quarta edição do Gig Rock, e dessa vez teve circo. Não vou ficar resenhando aqui, porque já tem dezenas de textos mais competentes e imparciais do que o meu seria.

Todo mundo mandou muito bem, inclusive São Pedro, com uma chuvinha lancinante que não nos deixou em paz, porém não foi capaz de estragar o espetáculo.

Tenho poucas observações. Primeiro, orgulho de participar disso, forever. Eu podia estar discotecando na tenda do pancadão, podia estar de roadie, de caixa, mas não, geral (a.k.a. o chefe) já sabe que o que eu gosto é pegar as bandas no aeroporto e ficar girando por aí, falando de música ininterruptamente. O único momento do ano que eu deixo meu anti-socialismo de lado a favor da curiosidade de saber o que acontece lá fora. Sim, porque estando em Porto Alegre, a cena independente é “lá fora”.

Mas essa já é a segunda observação. O que se viu na outra edição nacional foram ovações para os locais e êxodo na hora das bandas nacionais. Não sei se era muita informação (tinham dez bandas de outros estados), mas o fato é que fora os “conhecidinhos”, os outros não receberam a atenção devida. No Gig Rock Circus, eu cheguei a dispersar do palco várias vezes pra analisar a cara de concentração de muitas pessoas dispostas a assimilar o novo. Tirando Autoramas que já tem uma “seita” por aqui, os outros eram praticamente estreantes (Moptop só fez um show no Ocidente ano passado, num domingo com 100 pessoas, não conta), e conseguiram segurar a onda dos gaúchos bairristas e blasées. É ou não é uma façanha? Um acontecimento antropológico? Sim! Uma mudança.

Que o nosso Gigstock (apelido carinhoso, refletido nas pernas de umas mil pessoas imundas de lama) tá crescendo rápido a gente já sabia, a novidade é que o público começou a entender, e não há nada mais gratificante que isso.

***

Li esses tempos o 31 Canções, do Hornby, fiz um pouco as pazes com ele. O melhor do livro é que eu só conheço 3 das 31. Genial...ouvirei todas nos próximos momentos. Segue aí uma de MUITAS boas sacadas sobre a música e o OUVIR música:

“Se você ama uma canção, ama-a o bastante para que ela o acompanhe por diferentes fases de sua vida, e daí qualquer lembrança específica se apaga com o uso (...) A única coisa que pode se presumir de pessoas que dizem que seu disco favorito de todos os tempos faz lembrar da lua-de-mel na Córsega ou do chiuahua da família é que, na verdade, elas não gostam muito de música”.

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