segunda-feira, junho 25
Love
D.
And in 1957 everything turned out just fine.
I was going to Paris to meet Bird, and we´re gonna play some themes at the Blue Note. The first night was swell, full of “strides” and freewheelings. And then was this brunette talking softly with this French accent and uh, I got moved.
She told me she wanted to sing, and with no spare, I called her at the stage, and we figured it out. It had to be “Let´s get lost”. I remember to stay awake all night long, without the stuff, you know. She drove me mad and I can tell. Man, I loved her.
So, the nights came flashing like a blaze, she wouldn´t come anymore.
I got back to the States, and that emptiness disturbing even my “tramp”. That emptiness, hollow, shadeless. One night after a gig in the Village, I realize my constant abandon, a constant craving that won´t leave me, even if I had, I don’t know, that chicks whose scarfs kept laying down on Howard Hughes’s couch.
As I walked down the street I could see two fancy men at the Heaven’s parking lot, having some beer and, yeah, handing acoustic guitars. Stoped by, took my trumpet and started to follow them. Senses and synergy. My pals, Mr. Declan and “Killer” were from that rock scene, you know… But we played a great session, a lot of blues and swings.
Man, the night was wild! I finally discovered my partner. I´ll get along with the sound.
quarta-feira, junho 20
“bote todas as músicas no winamp e meta o shuffle. melhor que a Sorte de Hoje do Orkut”
Aquecimento: Mojo Pin – Jeff Buckley
Story of my life?
Title: Never Let Me Down
Artist: David Bowie
Comment: Can you “balivit”???? Juro que não roubei. É isso aí, ele nunca me deixa cair. O engraçado é que a música que simboliza o que ele fez de pior, e mesmo assim tem uma boa letra.
I'll be strong for all it takes
I'll cover your headtill the bad stuff breaks
I'll dance my little dance till it makes you smile
Shaking like this honey doing that
Never let you down
How is my life going?
Title: Esporrei na manivela
Artist: Raimundos
Comment: não sei o que dizer, mas faz sentido nessas últimas semanas de faculdade.
What's the best thing about me?
Title: Liberdade
Artist: Los Hermanos
Comment: o ano passado foi um Los Hermanos, nessa mesma posição
How can I get ahead in life?
Title: Refém de mim
Artist: Zezé di Camargo e Luciano
Comment: “Não tem jeito, já virou paixão”, eles disseram
What's highschool like?
Title: Cara Estranho
Artist: Los Hermanos
Comment: weird is beautiful
What's in store for this weekend?
Title: Fantasma
Artist: Cachorro Grande
Comment: ahm….
What is my signature dancing song?
Title: Worthless
Artist: Dido
Comment: winamp shuffle tirando onda horrores
What do I think my current theme song is?
Title: Bone to Bone
Artist: Aerosmith
Comment: "sixteen years with his boardwalk queen"
What does everyone else think my current theme song is?
Title: You´re still the one
Artist: Shania Twain
Comment: nah
What is my friend's theme song?
Title: Fingi na hora rir
Artist: Los Hermanos
Comment: “pois eeeeeeeeeeeeu, eu só penso em você”
What song will play at my funeral?
Title: Entre agosto e outubro
Artist: Stratopumas
Comment: bah…bah. “Agradeço aos que oferecem as mãos”
What type of men/women do you like?
Title: Last Goodbye
Artist: Jeff Buckley
Comment: o tipo de pessoa que eu gosto. Jeff Buckley. Fazem 10 anos que ele foi embora, semana passada eu estava assistindo o show de Chicago e pensando exatamente sobre isso, sobre como ele personificava um ideal. Mas está morto, o coitado, como diria Gabriel.
What is your day going to be like?
Title: Everything
Artist: Limp Bizkit
Comment: o que esperar de uma música de 16 minutos do Limp Bizkit? Um péssimo dia, de fato.
What song describes my parents?
Title: Tom & Jerry
Artist: Replicantes
Comment: huahauhauhauahuahauhauhaua
What song describes my grandparents?
Title: Have you ever seen the rain
Artist: Emerson Nogueira
Comments: Emerson Nogueira, entende?
Will I die happy?
Title: Vida de Cowboy
Artist: Tião Carreiro e Pardinho
Comments: Versão nacional de Cowgirl in the sand
How does the world see me?
Song: In the summertime
Artist: Totally n.1 hits of the 70s
Comments: do do do doo doo, da de da da da……..
Will I have a happy life?
Song: Blackout
Artist: Phoebe Buffay
Comments: “New York City has no power / And the milk is getting sour / But to me that is not scary / Cause I stay away from dairy / La-la-la-la-la-la...”
What do my friends really think of me?
Song: Livin´on the edge
Artist: Aerosmith
Comment: *chora*
Do people secretly lust after me?
Song: Champagne Supernova
Artist: Oasis
Comments: Se gostar de Oasis já nem adianta.
How can I make myself happy?
Song: Seven Years in Tibet
Artist: David Bowie
Comments: está nos planos. “I praise to you, nothing ever goes away”
What should I do with my life?
Song: Tea for one
Artist: Led Zeppelin
Comments: "Oh baby this one's for we too"
Why should life be full of so much pain?
Song: Televisão
Artist: Titãs
Comments: procede total
How can I maximize my pleasure during sex?
Song: Kiss
Artist: Danni Carlos
Comments: arrasa Danni Carlos
Will I ever have children?
Song: Assim caminha a humanidade
Artist: Lulu Santos
Comments: respondido
Will I die happy?
Song: Adeus Paulistinha
Artist: Tonico e Tinoco
Comments: que honra!
What is some good advice for me?
Song: Given to fly
Artist: Pearl Jam
Comments: “And he still gives his love, he just gives it away
The love he receives is the love that is saved
And sometimes is seen a strange spot in the sky
A human being that was given to fly”
What is happiness?
Song: So Easy
Artist: Marjorie Estiano
Comments: é. é fácil.
What is my favorite fetish?
Song: Alright
Artist: Jamiroquai
Comments: “we´ll spend the night together”
How will I be remembered?
Song: No place to hide
Artist: Korn
Comments: I have no.
Que hd péssima.
segunda-feira, junho 18
Uns 13 anos, acabo de chegar da minha estadia de 1 ano em Salvador. Toda tropicalista e fresquinha, apesar de manter os cabelos vermelhos, tingidos de papel crepom. Volto pro Maria Ward, a melhor escola que eu já estudei, com os melhores amigos que eu já tive e os professores que formaram meu caráter.
Se você é uma pessoa que acha que estudar é um saco, pode parar de ler por aqui. Os dias mais divertidos da minha infância e adolescência foram embalados pela rotina escolar, meu universo original, senão até hoje. O professor César, História; culpado pela minha escolha profissional, me dizia que ser lixeiro era mais negócio. Ele falava New Deal e BIRD de um jeito muito engraçado. Eu não lembro direito o que é New Deal, coisa lá da América.
Teve uma gincana que cada professor liderava uma turma e criava uma apresentação com determinada música, a coordenadora da minha sala (oitava série) escolheu País Tropical, do Jorge Ben, fui meio contrariada, ok. O César entra com os pequenos da quinta série, todos vestidos de branco, segurando rosas vermelhas, ao som de Sociedade Alternativa. Poucas vezes eu fiquei tão orgulhosa.
Oitava série. Marcos, de Literatura. Entra com um rádio na sala, ia ser aula do modernismo, acho. Liga o rádio, Outras Palavras, do Caetano. Marcos começa a desconstruir aquela música palavra por palavra, e explica todas as nuances e sentido real das “outras palavras”. Eu nunca mais ouviria Caetano da mesma forma. Mas odeio poesia concreta.
O professor de inglês, que eu não lembro o nome. As aulas de inglês no colégio eram mera formalidade, eu tirava 10 em todas as provas. O inglês no colégio é muito atrasado, eles deveriam incluir Beatles no currículo. O professor. Ele só falava em inglês, a aula era na sexta e ele já entrava gritando “Thanx God, It´s Friday!!”, quase um personagem da ACME, ele fazia muitas caretas. O mais legal era pedir pra ele falar o inglês britânico, ele passava por mim e largava um par de frases no meu ouvido. Eu sorria. Não, ele era feio, não pensa besteira.
O René, de Biologia, passava a manhã toda com o mesmo cigarro. Ele acendia no trajeto entre uma sala e outra, apagava na ponta do pé, e guardava no bolso, até o próximo intervalo. Eu lembro dele TODOS os dias, quando vou ao banheiro. Ele dizia que “é ridículo as pessoas lavarem as mãos depois de usar o toalete, porque nunca lavam antes, e primeiramente, deveriam se preocupar com sua própria saúde”. Eu continuo não lavando antes, e às vezes lavo depois.
Teve um dia que o Jeferson, aquele estranhão que dava Educação Artística pros pequenos, passou nas salas convidando os alunos para uma oficina de teatro. Disse “pra quem for, que usasse uma roupa confortável”. Mais nada. Eu achei bem massa. Fui.
Era uma miríade de alunos, da quinta à oitava série. Eu como representante dos veteranos, achei um inferno. Era no salão da escola, que tinha um palco massa, e era enorme. O Jéferson botou uma música dessas de barulho de mato e passarinhos e mandou a galera rastejar pelo chão, como, duh, animais rastejantes.
- Puta que pariu! – eu pensei. Mas fui. Assim como eu, várias pessoas até falaram alto o “puta que pariu”, e começaram a ir embora. Eu comecei a gostar. Assim que sobraram umas 30 pessoas na sala, o Jeferson mandou o povo parar com aquela besteira, e começamos a conversar.
Tinha horários rígidos, a montagem de uma peça pra participar de um festival em 3 meses, sessões de “tortura” com os mais tímidos, cobrança de verdade, algo que não acontecia na minha vida, além do autoritarismo da minha mãe. Ok, eu sou sonhadora, crio zilhões de filmes diários na minha cabeça, vai ser divertido.
Segunda aula, descobrir o potencial de voz dos remanescentes, agora uns 25. O Jéferson pega uma bíblia e manda abrir no Gênese. As pessoas lêem quase chorando, chega a minha vez, é a minha voz de transexual ecoando no salão, falando sobre as maravilhas que deus criou, horrível, mas era a mais alta. Ganhei o papel principal.
Agora deixa eu explicar, o Maria Ward é um colégio de freiras, havia uma espécie de ditadura, entende. 80% das nossas apresentações tinham algo religioso no meio, mas eu não me importava, contanto que tivesse música e as minhas amigas Dafne e Renata soltando pelo menos uma gargalhada de pomba gira por ensaio. Eu tenho obsessão por pessoas que conseguem provocar um riso que não existe, acho dificílimo, e às vezes até o meu riso normal parece o do Mutley, enfim, continuemos.
Lemos o Gênese. A peça era sobre a criação do mundo. Eu era um tipo de deus-narrador, algo que colaborou bastante pra minha megalomania. Tenho vagas lembranças dessa peça, lembro que amava a música da criação do homem, e ainda hoje quando converso com a Renata (de cem em cem anos), falamos sobre ela e choramos. Era algo assim:
“O quanto tiveres que andar
Quanto caminhar
Para perceber
Que na mesma direção
A mesma voz
Nós fez irmãos....”
Tinha também uma cena em que a gente reproduzia a Pietá de Michelangelo, eu a Nossa Senhora, e uma outra colega, Jesus Cristo. Ela era negra. Eu achava realmente contestador ter uma negra como Jesus Cristo no meu colo. Era uma cena bonita.
Todos, sem exceção, odiavam a cena final. Íamos todos para o palco e ficávamos repetindo Louvado seja meu senhor umas 150 vezes, em acordes diferentes e batendo palminhas. Que ódio dessa cena. As irmãs (freiras) aplaudiram em todas apresentações.
Participamos do primeiro festival, tinha até camarim, a gente se acostumou rápido com essa coisa de se vestir um na frente do outro. Em 22 pessoas, só tinham 2 homens, e 1 deles mais tarde se descobriu gay. Depois eu falo mais dele.
Então teve aquela menininha que entrou no grupo, eu não me lembro o nome, era uma moreninha, havaiana, da quinta série. Ela era muito tímida, então o Jeferson pediu. A “tortura” consistia na imobilização de uma pessoa, não no sentido de amarrar, mas no sentido que ela deveria ficar parada em pé, de olhos abertos e sem se mexer, enquanto todos os outros a tocassem, a encarassem, e fizesse tudo o que estivesse a mão pra transtornar a “vítima”. Acho que todo mundo passou por isso, mas a moreninha, chorava desesperada, até sair correndo do salão. Na aula seguinte, ela voltou, e foi recebida com salva de palmas.
Porra! Que gente escrota que nós éramos! Espero que isso não aconteça mais em aulas de teatro.
A minha memória começa a falhar, tem um elo perdido aqui.
Fazemos as esquetes de protesto pela América Latina. Não lembro se tinha nome, eram cenas desconexas, que davam estatísticas de pobreza e misturava umas poesias, mas o mais importante eram as músicas, e a plástica da cena. Começava com uma Promessas de Sol* desesperada, todos nós dentro de uma “caixa” encapada com jornal ou papéis diversos, e conforme a música evoluía ia saindo um braço, uma perna, uma cabeça sofredora, era bem divertido ficar ali embaixo esperando a sua vez. Então começava El Condor Pasa, versão de Violeta Parra, se não me engano, as pessoas que já saíram todas da caixa andam pelo palco, eu acho que tinha umas máscaras, aquelas venezianas, com narizões..eu não lembro o que acontecia nessa hora. Depois toca uma peça barroca, e eu faço um personagem saído diretamente da novela “Que Rei Sou Eu?” , dando um texto sobre Brasil como se falasse sobre uma corte. E no final rolava Guantamera, e todo mundo cantava chorando (putz, a gente chorava pra tudo...) e tinha mais algo que me escapa. Perceba que eu só me lembro das músicas no fim das contas.
Fazemos outras esquetes de personagens-limite, uma é empregada miserável, outra é negra vítima de preconceito, tinha mais uns dois, eu era uma aidética terminal. Usava uma camisola muito linda da minha mãe, que eu enchi de esmalte vermelho e fodi pra sempre, e umas faixas pelo corpo, com umas feridas pintadas. EEEWW! Não sei uma linha do texto, aliás, sim, tinha uma hora que eu saía da casinha e ficava balbuciando “vida”, por algum motivo. Eu lembro que geral aplaudia muito e ficava emocionado, devia ser bom. Ah, lembrei! A entrada no palco dessa personagem era a “Metade” do Oswaldo Montenegro, facinho morrer depois disso. Fora que os meus professores são da escola que “não há teatro brasileiro sem Oswaldo” ou ainda “não há música no teatro brasileiro sem Oswaldo”. Acho que eu também seria dessa escola até hoje, se continuasse.
Como assim “meus”, se só falei do Jeff? Bem, tinha a Cidinha também, que era nossa tocadora de violão oficial, e ajudava nas trilhas. Fazia parte dos projetos artísticos da escola também. E o Marcos, aquele de literatura, nos dava aulas teóricas de história do teatro. Era bom, mas devido a desconstração dessas aulas, eu só tenho 2 parágrafos anotados, em meses.
Dá mais um fast foward aí, e vamos pra superprodução. A esta altura a gente já conhecia o Catarse, o grupo profissional do Jeff, e assistíamos às montagens deles nos sentindo um lixo, óbvio. Tinha a peça sobre o Golpe Militar, que era absolutamente foda e começava com Ponta de Areia, não me lembro o nome, será que era 1964 mesmo? Enfim, e tinha a ZUMBI, que era sobre, ahn, o Zumbi dos Palmares. Eu passava mal com eles, acho que a maioria dali deve ser ator até hoje, eles eram bons demais, e tinham 18, 19 anos.
Então, depois dos dois grupos se tornarem uma espécie de família, decidimos fazer uma peça mais complexa. O Jeff chegou com Capitães de Areia, foi unanimidade nacional. Eu sou muito baiana, benzadeus.
Continua...
sábado, junho 9
segunda-feira, maio 28

Egiptonando por aí – segunda edição.
O ano passado eu participei da minha primeira Jornada de Estudos do Oriente Antigo, que de fato já era a XII. Acabei resenhando num desabafo de ócio, e pra seguir o fluxo, vou tentar resenhar a desse ano também, já sem quase tempo ocioso muito menos tempo a perder. Mas enfim, achei importante o registro.
XIII Jornada de Estudos do Oriente Antigo: Vanguarda e Tradição da África no Mundo Antigo.
A primeira vez que li o tópico desse ano, estranhei. Quando da inscrição, continuei estranhando. Mas confiante, fui lá e me inscrevi, achando que essa história de África no meio de um bando de egiptólogos ia dar pano pra manga. E deu.
Este ano a Jornada teve 3 dias de duração, o que matou meu fim de semana, minhas festas e comprometeu o meu desempenho sexual, coisas gravíssimas, mas me deu muitas idéias e a chance de me retratar com algumas pessoas que eu critiquei na resenha passada.
Primeiro Dia
Nossa flâneur faz as honras de abertura, falando de hibridismos, transculturações, essas palavras que depois a gente vai usar em todos os contextos possíveis (e nas provas dela, claro). Flâneur porque, com o decorrer do texto, o leitor vai entender a posição de flanadora da anfitriã.
A primeira e mais esperada (por mim) palestra do dia era sobre a ópera Aída, de Verdi. O palestrante falou sobre a história da ópera, o que foi ótimo porque não conhecia direito, mas o que eu queria mesmo era ouvir a Marcha Triunfal ecoando pelo anfiteatro. Eis que entra uma violinista, um trompetista e uma pianista. E só. Arranjo pra 3 instrumentos. O trompete desafina e perde o fôlego. Na melhor das hipóteses, um fiasco.
Después, El Dr. Castillos, representante do Instituto de Egiptologia do Uruguai, discorrendo (correndo...correndo...correndo) sobre 25 séculos de egiptomania. Algumas piadinhas boas (de historiador, que não adianta eu descrever aqui pois não será engraçado pra mais ninguém, coisas sobre o nariz de Nefertiti e afins..), e outras tantas meio preconceituosas que ao longo da jornada viraram agravantes de um motim.
Esse dia começou de noite (arran), tinha mais uma palestra, mas eu sou mãe e fui embora, e era algo sobre as concepções de tempo nas sociedades africanas. Hein?
Segundo Dia
Aproveitei que o dia começava com as comunicações pra dormir. Essa dormida a mais virou uma manhã perdida porque o frio complica a vida e eu tive uma pielonefrite (infecção renal) do tipo CONAN. Perdi o Mestre Júlio Gralha e suas receitas de comidas alexandrinas. Mandarei email.
E então começo bem a tarde. Do lado direito do ringue, pesando alguns séculos, Mr. Harry Rodrigues Bellomo (Ave Bellomo!), indo pra loooooooonge do Egito, passeando por algumas ruazinhas de Volubilis (a palestra era sobre os caminhos romanos no norte da África), e achando várias brechas pra falar de putaria e fazer o povo rir. Melhor professor.
Só que ele queimou o tempo, e do lado esquerdo do ringue já se encontrava um Arnoldo Doberstein puto da vida, com várias coisas. Sua palestra, a única que até então abrangia a questão mais polêmica da jornada. A origem egípcia quanto às etnias, em outras palavras, se os egípcios eram ou não da negra cor. Enquanto Bellomo queimou o tempo, Arnoldo botou fogo no anfiteatro, assumindo que sua palestra seria exatamente igual às aulas, e que todos fazem isso, e este era o motivo pelo qual a África estava subentendida nas pesquisas dos colegas, e que a questão negra estava sendo omitida, e enfim, que os negros estavam se omitindo. O povo vai ao delírio.
Pra acalmar os ânimos, voltamos ao papai e mamãe do Egito, e um professor da Uniandrade falou sobre a mumificação de animais. Era interessante, mas depois do baque arnoldístico, não causou muito impacto. Até porque houveram rumores que o rapaz apresentou um trabalho semelhante há duas jornadas atrás.
Logo, os novos estudantes começaram a perceber como funciona um ciclo de congressos na vida acadêmica. Ou seja, tu apresenta o mesmo trabalho sempre, quando alguém notar, tu muda o objeto e mantém a pesquisa, quando a instituição que te financia notar, tu dá uma risadinha e muda, mas continua apresentando aquele trabalho antigo onde não te conhecem direito e tu é estrela de fora.
E então aquele momento inacreditável, Obeliscos, de novo! Porra. Sem mais comentários. Porra. Má vai fazer análise.
Primeira retratação. Prof. Fábio Vergara, eu te amo. O professor de Pelotas, que na outra edição eu fiz comentários infames, passou, ao longo do ano, a ser um dos grandes focos da minha admiração. Afinal, ele lida com arqueologia e música, provavelmente o que eu vou seguir. Nesta jornada ele trouxe fotos de construções e fachadas egiptomaníacas no interior, e me deu um insight incrível sobre egiptomania em motéis. Aguarde minha pesquisa, Cid.
Então né, Arno Kern apresentou as escavações recentes em Alexandria. Esse cientista que será meu orientador um dia. Melhor palestra de longe. Abstenho os comentários.
Fui embora e perdi Moacyr Flores, o queridjinho da garotada. Perdi outras coisas também, mas como ninguém comentou, foram ruins.
Terceiro Dia
Cheguei no final da Zilá Bernd (que eu pretendia assistir porque ela me é mentora bibliográfica em outra pesquisa), que falava sobre o “impacto dos fenômenos transculturais na pós-modernidade”, mas daí eu pensei: hein?
Em seguida, Regina Bustamante (da escola metodistiquésima do Rio de Janeiro) apresentou os mosaicos de caça afro-romanos. Bem interessante também como contingente de cultura material. Mas a gente queria é ouvir falar dos negros sumidos da história, e tudo já se tornava meio chato.
Pra arrasar corações, eis que sobe à tribuna Mamadou Abdoul Vakhabe Sène, um senegalês chef de cuisine do SENAC, pra falar de comida africana. Ele acaba falando sobre tudo que o público esperava há dois dias. O povo vai ao delírio e quer botar gengibre e açafrão em tudo. E também quer o telefone de Vakhabe.
Antes de sair pro almoço, Arnoldão convida os alunos para um bate papo ao sol, porque tava frio bragarai. Achei bonito, e inocente. Psss.
Comi um xis coração com bacon, meio frustrada.
E o momento ímpar.
Eu e um povo, ainda inocentes, fomos procurar Arnoldão. Já tinha uma roda em torno dele. A revolução inflamava.
Reclamações, debates sobre o ensino digressivo do lutador Harry Rodrigues Bellomo, contagem de quantas vezes ouvimos a palavra “obelisco”, enumeração das escolas teóricas contidas no anfiteatro, considerações sobre a roupa íntima combinando com o cachecol de um e outro e Arnoldetz só largando “as morta” pra atiçar mais a galera.
O resultado disso foi a formação de um novo grupo de estudos sobre Oriente Antigo, que eu ainda não sei se vai funcionar, mas se metade levar a idéia adiante já vai ser divertido. Como eu não ia poder participar desse grupo, principalmente por falta de tempo, só tinha uma coisa que ficava na minha cabeça, assim, batendo devagarinho, aquelas pessoas, naquela pequena alameda em frente o prédio 40, Oswaldo Montenegro com um sorriso maroto filmando antropologicamente aquele brainstorm coletivo que acabara de incitar... Arnold Lane – Arnold Lane – ARNOLD LANE!
Arnold Layne had a strange hobby
Collecting clothes
Moonshine washing line
They suit him fine
On the wall hung a tall mirror
Distorted view, see through baby blue
Oh, Arnold Layne
It's not the same, takes two to know
Two to know, two to know
Why can't you see?
Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold Layne
Now he's caught - a nasty sort of person.
They gave him time
Doors bang - chain gang - he hates it
Oh, Arnold Layne
It's not the same, takes two to know
Two to know, two to know
Why can't you see?
Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold Layne
Don't do it again
E a multidão grita: Obrigado, Syd Barret!!!
Isso foi só dentro da minha cabeça. Mas irá pro livro das memórias. E se tiver um filme já tem trilha.
Deixa eu tentar continuar. As próximas palestras só potencializaram os espartanos a partir de então, e de repente todo mundo virou negro. Antropologia, adooouro.
Uma professora da rede estadual de ensino começou a levantar seus estudos de História da África em colégios, pois de acordo com a lei 10 mil e trá lá lás, o ensino de cultura e história afro são obrigatórios agora. Do reino Núbio ao Grande Zimbábue, e a platéia aplaudia até os espirros da mulher.
Mas peraí, não estávamos falando da vanguarda africana no MUNDO ANTIGO? Onde se perdeu o fio da meada? Aliás, onde começa o fio da meada? Vamos flanar para a outra palestra...
Señor Castillos começa de novo verborragicamente, a ler um de seus textos pré-dinásticos sobre o Egito pré-dinástico. Estava tudo muito bem enquanto eu copiava as pontas de flecha e artefatos do telão, mas ele faz piadas sarcásticas sobre verdades absolutas nas aulas do Arnoldo. As perguntas são vetadas ao final do debate. Me sinto em Brasília.
Mesa redonda, que na verdade é uma mesa autista, uma vez que cada um apresenta seu trabalho monorrandomicamente, liderada pelo atual campeão dos pesos pesados, Arnoldo da Alameda, também sobre o ensino de África nas escolas. Nasce então o bebê de Rosemere. Professora do ensino estadual que bota ordem na sessão falando de preconceito e transgressões deliberadas no currículo escolar. Rosemere é ovacionada e rega a plantinha da nova resistência.
Por fim, a segunda retratação com Prof. Baldissera, que não é padre, mas é ator, e descobri, um muito bom ator. Faz a leitura dramática acompanhada de um vídeo de animação do conto A ilha da serpente, da XII dinastia. Trimmmassa.
Pra encerrar essa Jornada estranha, a melhor frase é a do encerramento do conto narrado, desculpe aí o inglês, porque eu não lembro a transliteração. Mas fica até melhor:
"Become a wise man, and you shall come to honor,' and behold I have become such."
sábado, maio 19
terça-feira, maio 15
Depois do show dos Cascavelletes no último sábado, a questão entre os amigos era “O que vamos escrever sobre esse evento?”. A discussão foi longe, e cheguei a um ponto que não dá pra declarar absolutamente nada. Verdadeiro “quem viu, viu”.
Como previsto, o que sucedeu pessoalmente comigo foi entrar em contato com as pessoas que celebravam a banda nas incontáveis festas de colégio e do início da faculdade, que me apresentaram esse tal de róque gaúcho, e me viciaram pra sempre.
Existe essa sintonia fina que rola entre iguais, e mais hora ou menos hora ela surge. Conversando com um dos amigos, a primeira coisa que ele diz quando falo do show, é que está lendo O Lobo da Estepe, do Hermann Hesse.
Hesse lembra minha adolescência, a revolta com as religiões, o momento em que eu li Sidarta e achei que tinha entendido o universo. Apesar do meu equívoco, sempre fui muito fã da sua narrativa, e não lembrava d’O Lobo da Estepe, muito menos que Lobo da Estepe é “Steppenwolf”, e menos ainda que o livro podia ter algo a ver com a música dos Cascava. Diz meu amigo que sim.
Achei este trecho aqui que quase me derrubou da cadeira. Lembrei da história, mas nunca havia lido um pedaço. Pressinto que a dualidade do ser humano vai me perseguir até a hora que minha carne apodrecer no limbo.
Depois de ver o Flávio e o Nei no mesmo microfone acabarem com a minha parcialidade de mera espectadora, o mínimo que posso fazer é continuar a derrocada com esse livro.
Se alguém quiser me emprestar/doar/afins eu agradeço. Prefiro não declarar aqui o quanto já gastei em livros esse ano.
“(...) se Harry, como homem, tivesse um pensamento belo, experimentasse uma sensação nobre e delicada, ou praticasse uma das chamadas boas ações, então o lobo, em seu interior, arreganhava os dentes e ria e mostrava-lhe com amarga ironia o quão ridícula era aquela nobre encenação aos seus olhos de fera, aos olhos de um lobo que sabia muito bem em seu coração o que lhe convinha, ou seja, caminhar sozinho nas estepes, beber sangue vez por outra ou perseguir alguma loba.”
domingo, maio 6
sábado, maio 5
quinta-feira, maio 3
sexta-feira, abril 27
Final de Abril. 2007.
Uma amostra de inverno.
Há dois dias atrás, eu estava nesse mesmo banco de ônibus, olhando pela mesma janela, e era tudo diferente.
“O frio já vem...”, tá dizendo o camarada no meu ouvido. É incrível como os timbres se misturam com o sol gelado, as nuvens de recheio cinza e contorno branco. A alma branca de contorno cinza.
Não há mais que reclamar que a cerveja vai esquentar, o difícil vai ser carregar o líquido gelado na garganta.
O frio faz todo sentido.
Todo sentido.
Os parques em tom de sépia no final da tarde, o verde acenando um adeus com propriedade. Os homens da construção construindo mais pra aquecer o corpo. Pra chegar mais cedo em casa, pra tomar um algo quente e se enfiar nas cobertas.
Até as cruzes das igrejas ganham aquela aparência cujo princípio é o mesmo há 2 mil anos.
Porto Alegre está vestida com as roupas e as armas do herói que me salvou há 11 anos atrás.
quarta-feira, abril 18
Não no sentido de gaúcho gaúcho, mas sobre aquele irredutível, que não se sente nem daqui nem de lá, e que na verdade tem tanto espaço e lugar que fica perdidão.
Vamos elevar o pago em nível de consciência. O meu pago é cheio de elementos e tem tanta coisa misturada que às vezes nem eu me reconheço nele. Atualmente, meu pago é bem gaúcho. Agora sim, gaúcho gaúcho. Mas na consciência.
Eu vou tocar num casamento, mas veja, não é um casamento comum, a minha recomendação é pra tocar Absolute Beginners no auge da festa. Só por isso eles já têm minha benção. Eu pediria essa música no meu casamento também.
E pensando, é uma música bem gaúcha. Vitor Ramil diz que quando ele compõe uma milonga ele chora, ou na maioria delas. Quando eu ouço Absolute eu tenho essa sensação, que só chorando é que a gente vai conseguir exprimir o que ela acarreta no interior das vísceras, assim, quase redundante.
E Wild is The Wind, e algumas outras. Mas essas duas são quase suicidas, no bom sentido.
Hello, é Bowie sim e também é sobre amor sim, mas ah, eu tô cansada e não quero ouvir a sua pré concepção que é coisa de gente boba e apaixonada porque elas estão acima disso. Se fosse só uma “canção de amor inventada número 43” o Sr. David Jones não se daria o trabalho de cantar daquele jeito..
Absolute Beginners numa performance contemporânea, no especial da BBC em 1999, clima de The Man Who Sold The World, quando ele ainda usava vestidos, e falava dos loucos. Acho que foi um momento Renascimento e essa versão escapa das oitentices, o que conta muito.
Wild is The Wind, o promocional da época, com a música quase pela metade, mas é um vídeo tão maravilhoso quanto a canção. (e reparem no erro de continuidade – proposital? - mais genial do mundo, que eu não vou dizer)
Loucos, de chapéu azul, de cabelo fodido, “de cara”, de graça animal, loucos e satisfeitos por sermos tão sãos quanto os outros.
I´d rather stay here
With all the madmen
Than perish with the sad men roaming free
I´d rather play here
With all the madmen
For I´m quite content they´re all as sane as me
(db)
(nada mais lógico do que terminar esse post falando sobre loucura)
sábado, abril 14
Sempre considerei o Eternal Sunshine of the Spotless Mind um filme ok. OK.
Ele é bom, mas não me tocou de maneira a transformar minha vida, me fazer refletir, essas coisas.. Até porque não aceito nem a vaga possibilidade de se desfazer de uma memória.
Então, analisando o rococó em verso me deparo com o Sr. Alexander Pope (sim, aquele lá que tu só ouviu falar no Código DaVinci), e descubro que o nome do filme é culpa dele. Mais, descubro que o poema que contém essa frase se chama Eloisa to Abelard. Fez-se a luz.
Of all affliction taught a lover yet,
Entendo que os fãs do filme já sabiam desse detalhe, mas como eu não era entusiasta, deixei passar. O fato é que Heloísa e Abelardo foi a primeira história de amor que conheci, antes mesmo de Romeu e Julieta, quando assisti Em nome de Deus (Stealing Heaven, 1988). Digamos que eles tiveram uma certa influência na minha vida.
Depois de ler o poema na íntegra aqui, eu entendi o insight do Kaufman e fizemos as pazes. O “ok” ganha um ponto positivo porque a inspiração do filme vem de um romance onde o “esquecer” era um processo interminavelmente dolorido.
Pra quem for preguiçoso e odeia poemas de 20 mil caracteres, eu largo o eureka! abaixo:
How happy is the blameless vestal's lot!
-Oh me! - diria Julieta. A propósito, alguém sabe me dizer se há alguma dica sobre isso no filme? Vou até assistir de novo...
quinta-feira, abril 12
Diz ele eufórico no telefone, numa madrugada que ensaia esfriar mas é só enganação. Eu estou lendo blogs. É, blogs. Não desisto deles.
O bom do namoro é a manutenção. O bom é que em mais de 10 anos de Salvador eu nunca fui no Mercado do Peixe, e ele vai chegar cheio de coisas inéditas pra me contar. Uma outra visão de um lugar que eu amo e odeio e já tenho um panorama pré-concebido.
“Tô aprendendo também”, diria Rogério Flausino do Jota Quest.
terça-feira, abril 10
Em 6 anos minha vida mudou tanto.
Com 15 anos eu diria que em 6 eu passei do New Kids On The Block pro New York Dolls.
Hoje eu digo que eu passei da autodestruição pro amor incondicional.
Eu sei o que é amor incondicional. Já é meio caminho andado.
Ele acorda com essa cabeça raspada, por causa dos piolhos e diz “Eu preciso fazer xixi”.
Eu enxergo esse menino enorme, com cara de menino agora (porque até ontem era meu bebê), de pinto duro, com vontade de fazer xixi às 3 da manhã, e penso que daqui a 6 anos o pinto dele vai estar duro por outros motivos.
Mesmo assim, eu dou um abraço forte, e encho de beijos antes de cobrí-lo com o edredon de novo.
Tiro os livros de cima da minha cama, esses livros que eu não li nem um capítulo porque minha cabeça anda tão povoada (o termo crowded mind nunca funcionará na tradução), e vou me deitar.
A semana é tão cheia de responsabilidades e eu só quero dormir bastante e acordar com um Vincenzo, que é italiano (agora ele fala que é italiano o tempo todo), pulando em cima de mim.
Antes que ele passe dos 20.
Dun dun dun dun dun dun
Dun dun dun dun dun dun
Dun dun dun dun dun dun
Diga que sim.
Não é o fim.
É tão ruim sorrir assim.
Saiba que hoje outro estou.
Perto de alguém quem falou
pois hoje o encantou.
Entrarei em disfonia se o rádio quebrado for seu.
Stratopumas sempre.
Show dia 21, no garagem. Se perder é bicha.
segunda-feira, abril 9
- Dorian!
- Não fale!
(...)
- Você me disse, no mês passado, que nunca iria expô-lo. Por que mudou de idéia? Vocês, que se dedicam a ser consistentes, possuem, na verdade, tantos estados de espírito quanto uma pessoa qualquer. A única diferença é que os estados de espírito de vocês quase não têm significados. É impossível que você tenha se esquecido de que afirmou, de modo solene, que nada no mundo o induziria a enviar o quadro a qualquer exposição.
(...)
- Basil, todos nós temos um segredo. Conte-me o seu, e eu contarei o meu. Por que motivo você se recusava a expor meu retrato?
O pintor estremeceu, mortificado.
(...)
- Vamos nos sentar, Dorian. Vamos nos sentar. E responda-me apenas uma pergunta. Você notou alguma coisa estranha no quadro? Alguma coisa com que você não tinha atinado, no início, mas que, de repente, se revelou a você?
- Basil!
Com as mãos trêmulas, o jovem agarrou os braços da poltrona. Olhava-o com olhos selvagens, arregalados.
- Notou, não foi? Não diga nada. Espere até ouvir o que eu tenho a dizer. Dorian, desde o primeiro momento em que o conheci, sua personalidade teve, sobre mim, uma influência extraordinária. Fiquei dominado, alma, cérebro e energia, por você. Pra mim, você era a encarnação visível daquele ideal oculto cuja lembrança nos assedia, a nós artistas, como um sonho exótico. Idolatrei você. Senti ciúmes das pessoas com quem você falava. Queria tê-lo todo pra mim. Sentia-me feliz apenas quando estava com você. E nas vezes que esteve longe de mim, ainda assim estava presente em minha arte... Claro, jamais permiti que você o percebesse. Teria sido impossível, você não teria compreendido. Eu mesmo mal conseguia compreender. O que eu sabia, apenas, é que me havia deparado, frente a frente, com a perfeição, e que o mundo se havia transformado, aos meus olhos, num mundo maravilhoso. Maravilhoso demais, talvez, pois, numa adoração assim tão louca, ronda o perigo, o perigo de perdê-la, nada inferior ao perigo de mantê-la...
As semanas se passavam e, cada vez mais, deixei-me absorver por você. Veio, em seguida, uma nova evolução. Eu o pintara como Páris, numa armadura elegante, como Adônis, num casaco de caçador, com uma lança lustrosa pra caçar javalis. Coroado em flores de loto, fortes, você se sentou à proa do barco de Adriano, de onde contemplava todo o verde, túrbido, Nilo. Você se debruçou no lago plácido de algum bosque grego e viu, na prata silenciosa da água, a maravilha... o próprio rosto. E fora tudo o que deve ser a arte: inconsciente, ideal e remota. Certo dia – num dia fatal, como costumo pensar algumas vezes -, determinei-me a pintar um retrato maravilhoso de você, tal como é hoje, não na indumentária de épocas mortas, mas com seu próprio traje, em seu próprio tempo. Se foi o realismo do método ou a simples maravilha de sua personalidade, a mim apresentada, de forma direta, sem bruma, sem véu, não sei dizer. Sei apenas que trabalhei muito, todo floco, toda película de cor parecia, a mim, revelar meu segredo. Senti medo de que os outros soubessem de minha idolatria. Senti, Dorian, que havia dito muita coisa, que havia colocado, no retrato, muito de mim mesmo. Foi então que resolvi não permitir jamais que o quadro fosse exposto. Você se aborreceu um pouco, mas, na ocasião, você não percebia o que tudo aquilo significava pra mim. Contei a Harry, e ele riu de mim. Mas não liguei. Quando terminei a pintura, e me sentei a sós com ela, senti que tinha razão... Bem, uns dias depois, a coisa foi embora do ateliê, e logo que me livrei do fascínio intolerável daquela presença, a mim me pareceu que eu fora um tolo em imaginar ter visto, nela, algo além de uma extrema beleza, e do fato de que eu sei pintar. Mesmo agora, inevitável sentir o erro do pensar que a paixão sentida na criação se evidencie na obra criada. A arte é sempre mais abstrata do que a imaginamos. A forma e a cor nos dizem da forma e da cor, e só. A mim me parece, com freqüência, que a arte, muito mais do que revelar o artista, o esconde de modo ainda mais categórico. Assim, quando recebi o convite de Paris, determinei-me a fazer, de seu retrato, o assunto principal de minha exposição. Jamais me ocorreu que você recusasse, mas vejo que você tem razão. O quadro não pode ser mostrado. Não fique zangado comigo, Dorian, pelo que eu falei. Como eu disse a Harry, um dia desses, você foi feito pra ser adorado.
(...)
Quando Hallward saiu, Dorian Gray sorriu sozinho. Pobre Basil! Quase nada sabia do verdadeiro motivo! E fora estranho que ele, em vez de ter sido forçado a revelar seu segredo, conseguira, quase por acaso, arrancar o segredo do amigo!
quinta-feira, abril 5
Uma crise. Interna. Assim: brrrr brrrr brrrr.
Um tremor que ameaça a erupção.
Um trio. Eu, Toulouse e Frida.
Um triângulo. Eu, o alter-eu e o novo eu.
Essa fase dos bravos, de se encontrar em si mesmo, e suportar o que significa. Essa busca da identidade alheia que termina com um espelho. Conflito com o espelho e com o próprio pensamento sobre o que ele mostra.
You don’t want to looose Lautrec.
Um espaço-objeto. Ver-se a metade.
O medo.
Espero que haja sobreviventes.
quinta-feira, março 22
A melhor coisa das mudanças é encontrar um monte de coisa perdida: roupas, cartas de todos os tipos, abrir as pastas de lembranças (eu tenho umas 3 pastas de lembranças, que vão de entrevistas, fotos de galãs, flyers, até pedacinhos de papel), reorganizar os livros, baixar todas as apostilas que vão ser úteis esse ano, olhar aqueles pôsteres que nunca irão pra parede até que eu tenha minha casa, etc etc etc.
A pior coisa são os vizinhos novos. Tem uma vizinha que canta sem critérios, alto, e depois das 22hs. Músicas assim, que são as confirmadas do Planeta Atlântida. Mas eu acabo de resolver isso carregando o iPod Nano de mamãe. Agora quem canta é ela, tipo Beto Guedes e 14 Bis, maravilha.
Falando de mídias portáteis, o vencedor do meu player foi Papai Young com Comes a Time, de lavada. Entre 10 vezes que eu aperto play, no mínimo 6 vão pra ele. Melhor disco pra se ouvir na rua. Em segundo lugar o Rock Action do Mogwai. É incrível o que a instrospecção faz com as pessoas. Em terceiro Through the Windowpane, não imagino porque...
Estou fazendo um upgrade aqui agora, saiu uma galera e tá entrando outra cheia de gás. Andrew Bird, Billie Holyday, Charly Garcia, Clock DVA, Afghan Whigs, Clash, sai o Comes a Time um pouco pra entrar o Everybody Knows This is Nowhere e o Harvest. E Carpenters.
Ah! Carpenters! Que beleza! Finalmente a minha banda obscura preferida foi hypada. O Motoqueiro Fantasma já valeria só pela adoração de Johnny Blaze pela DEUSA Karen Carpenter, mas tirando os efeitos exagerados nos demônios, o filme é sensacional. Vincenzo está indo à loucura e já decidiu sua fantasia de halloween. O item mais pedido nos últimos tempos é uma jaqueta com correntes.
E qual é o hit do filme? Qual? Hãn Hãn??
SUPERSTAR!
*chora*
n.p. – Superstar, na versão original, na versão do Sonic Youth, na versão do New York Voices. Você tem mais alguma pra me apresentar? Eu sou completamente, patologicamente, doente por essa canção. E a voz dela? Meu deus! Ela sai por todos os poros! Johnny tem toda razão.
“Nunca se atreva a interromper Karen quando ela estiver cantando”.
Long ago
And tho’ so far away
I fell in love with you
Before the second show
Your guitar
It sounds so sweet and clear
But you´re not really here
It´s just the radio
Don’t you remember you told me
You love me, babe
You said you´d be coming back
This way again, babe
Babe Babe Babe Babe
Oh Baby!
I love you
I really do
Loneliness
Is such a sad affair
And I can’t hardly wait
To be with you again
What to say
To make you come again
Come back to me again
And play your sad guitar
quarta-feira, março 7
o post de aniversário foi meio deprê por causa de um papel que achei, mas minha vida não tem nada de deprê atualmente.
bem, até tem. se você for do tipo que pensa que a falta de grana é deprê.
bem, até é. mas bem, é sempre assim. já me acostumei.
eu cheguei aos 27 e o Vince aos 6. e isso é algo.
desisti de trancar a faculdade pra trabalhar 45 horas semanais e ganhar 450 reais, porque acho que não vale a pena, a menos que fosse numa loja de discos.
agora eu tenho aulas de francês, e me sinto no colégio, quando tinha que conjugar os verbos nas aulas de gramática. e também me sinto como um analfabeto aprendendo a ler. é uma sensação boa.
Je m'appelle Daniela.
"Qu'est-ce que tu fais dans la vie?"
Étudiant en Histoire.
Et Rock!
E não consigo ser outras coisas além disso.
quarta-feira, fevereiro 28
Achei esse pedaço de papel empacotando as coisas, e resolvi botar aqui pra não se perder no vácuo. Hoje não significa mais nada, mas é agradável.
Perguntou, solene
Mal não há que se condene?
Además, no entanto
Mal sabia de amar, e o quanto.
Se dos ventos, contenta a brisa
Se da chuva o toldo abriga
Se aos mares, molha os pés
Se dá as costas ao revés
Não venha inquirir alento
Quando só desdenha o canto
Que lhe foi posto a exaustão
E exaurido, restou refrão
Salvo guardaste a Alexandrina?
De 14 lamentos e 14 rimas
De 14 mistérios e 14 anos
De 14 vezes lembrar quem somos.
terça-feira, fevereiro 27
Eu tinha deixado esse cara lá pra trás e quase ignorado. Ouvi todo mundo falar e nunca parava pra ouvir. Até que uma grande alma me mostrou ingenuamente, sem imaginar o que aquilo ia me causar.
Eu não saquei qual música é de qual álbum, o que ele faz aonde, mas baixei 6 discos de uma vez só e estou louca. LOUCA!
Devendra Banhart é tudo que eu precisava na contemporaneidade. Nas primeiras audições eu já tinha percebido, até achar esse vídeo abaixo e confirmar.
Além das obras de arte que ele exibe aí, um dos comentários no you tube é “where's a tyranossaurus rex LP?”
Where? Where? WHERE?
Porque Devendra é FUCKING SOUND ALIKE TYRANOSSAURUS REX!!!!!!!!!! Ele está me dando every single arrepio que eu tenho quando ouço os primeiros discos do Marc Bolan. É melhor que orgasmo. Não, não é melhor. Mas no mínimo tem que ser consumido junto.
Caralho, caralho! Ouça Devendra se você gosta de T. Rex. OUÇA! Não encontrei em vídeo, mas ouça Sister (Devendra) e Buick Mackane (Marc), e entenda o que estou dizendo.
E eu demoro, eu sempre demoro. Ele ama o Transa.
Ele veio pro TIM e tocou Nine Out of Ten com Amarante, e eu perco isso.
Ele faz um gentleman "bram stockeriano" cantando Caê.
Porque tenho que ser tão teimosa? Ah, como o mundo precisa de um bom vibrato.
Babe, you can´t figure out all the good times you´re giving to me.
segunda-feira, fevereiro 26
A moda nunca esteve tão decadente.
Os sutiãs têm enchimento, e os que não têm possuem um formato surreal que se você não estiver com menos de 5% de gordura no corpo arrasam sua silhueta.
Calças jeans. Ou skinnies que não cabem nas suas coxas, ou trompetes que te transformam num kibe.
Camisetas. Todas rasgadas, assimétricas e de material duvidoso. Fora o nome do ROCK em vão por todos os lados.
Pregas e bufantes. Sem comentários.
Batas! Eu não agüento mais batas! Por deus, usei isso por pelo menos 6 meses da minha gestação. CHEGA.
Tomara que caia e diversos modelos pra serem usados sem sutiã. O que dizer a respeito? Ou você acabou de botar 250ml em cada um, ou é uma menina-moça. E magra, muito magra, com braços e ombros diminutos.
Shorts. Ridículo elevar o shorts à roupa de noite. Que falta de elegância, e piedade com as ancas brasileiras e fartas.
Até as roupas de fitness estão cada vez mais Flashdance.
Sem falar no provador. Provadores têm luzes especiais pra destacar todos os defeitos do seu corpo. E fazer com que você saia da loja com um sutiã pra usar no dia a dia (não bege, nunca bege, please), e alguns pares de meias.
E muitas roupas pro seu filho, se você for mãe.
domingo, fevereiro 25
Adquiri via patriarca o meu primeiro mp3 player. Na realidade, o fim desejado nem era o de tocador de mp3, mas sim de um pendrive pra transportar arquivos pra faculdade. Juntar as duas utilidades me pareceu digno.
Assim, tive que morrer pra colocar em 1 giga uma playlist digna. Cheia de obviedades e alguns surtos. Check it out:
Richard Hell & The Voidoids – Blank Generation
Óbvio.
Neil Young – Comes a Time
Óbvio.
Belle and Sebastian - If You´re Feeling Sinister
Meu favorite do Belle, e boa trilha pro movimento do T9.
Damien Rice – 9
Não ouvi direito ainda. Uma chance pra ele e momentos de instrospecção no rock triste.
Revolting Cocks - Linger Ficken Good...and other barnyard oddities
Aquecendo pro disco novo do Nine Inch Nails com um nome de peso do Industrial.
Mogwai – Rock Action
“Introspecsaum”
Rolling Stones – miscelânea
Tipo Greatest Hits, seleção minha. Óbvio.
The Southern Death Cult – homônimo
Primeira formação do The Cult. Mata a pau.
The Guillemots – Through the Windowpane
Duh. Mais do que nunca.
Pilot – homônimo e o January
Porque todo mundo deveria ouvir Pilot. Oh, it´s magic, you know.
Deftones – homônimo
Me gusta el nu metal.
*
Comprovando que minha humildade vira piada, assim que eu recebi esse meu regalo pitoco da Phillips, meu pai mostra o que ele deu pra minha mãe. Um Ipod Nano. No meu mp3 player tem Neil Young, no Ipod Nano, que papai já carregou, tem Banda Magníficos. :/
*
Seguindo a humildade sem fronteiras, eu explicava pro namorado que depois que comprei uma Sony W1 me aquietei e não achei mais necessário mudar de câmera. Hoje o Vince vasculhou a mala do papito, em busca de mais presentes pra ele, e encontrou um pacote com plastibolha. Ele queria o plastibolha, claro. Que continha uma Nikon L.1, da minha mãe também.
Quero ser como ela quando eu crescer.
*
Lembre-se:
Poa Róque Town
Sábado – 03 de Março
$6,00 antes da meia-noite
$10,00 após
Cabaret do Beco (Independência, 590)
djs:
Dani Hyde
Gabriel Machuca
Eduardo Iribarrem (Noisy)
Everton Costa (Noisy)
quinta-feira, fevereiro 22
É assim há algum tempo. Meu acervo engloba várias coisas menos as músicas da última semana (a não ser golden skans, que nem é mais da última semana).
Os grandes nomes desse processo ficam por conta do Ventura – Los Hermanos, e Cosmotron – Skank.
Minha relação com Los Hermanos já foi bem retratada nesse blog, e é como amor de velhinhos, não preciso mais falar a respeito, nem ouvir toda hora pra provar que estava certa.
Mas o Skank, putz. Eu ainda não ouvi AQUI no meu computador, mas o meu irmão ouve todo dia LÁ no quarto dele e por osmose eu ouço também. Será que só eu que acho isso, ou o Skank realmente virou outra banda depois do Cosmotron? Claro que tem as trilhas de novela e suas devidas proporções lógicas do mainstream, mas que eles estão se importando mais com processo criativo não há dúvidas. Não há mais Jack Tequilas da vida, mas sim várias Formatos Mínimos.
*
Meu stress é inversamente proporcional ao número de músicas que eu ouço no dia. Se ouvi 3 hoje foi muito.
Murphy, tu sempre me acha.
terça-feira, fevereiro 20
Estávamos nessa casa, que é praticamente a minha casa própria dos sonhos (literalmente, não que, de alguma forma, eu gostaria de ter essa casa, porque espero que ela nem exista). Ela fica num lugar próximo à água, não posso precisar se é doce ou salgada. Não me lembro da entrada dela, mas dos fundos pra dentro. Há um deck espaçoso, em forma de L, onde numa ponta exibe uma piscina média e algumas espreguiçadeiras, a parte central tem uma mureta, que dá visão pra água de fora, que eu não sei o que é, nunca vi a areia, ou ouvi as ondas, e sempre é de noite. Continuando tem uma churrasqueira, dessas meio automáticas que giram espetos com autonomia e etc. No final do L tem um degrau que dá para uma porta de vidro, dessas de correr, pro interior da casa. Entrando por esse espaço tem uma sala de estar, com poltronas confortáveis, almofadas, a iluminação é amarelada, quase que torna tudo sépia ao redor, as pessoas ficam “sépias”, esses ares lúdicos, enfim. No canto esquerdo há uma escada, de uns 10 degraus, que dá para uma varanda sobreposta a uma parte do deck, com um trio de mesinhas, simples, mas com arranjos sobre os centros, de flor branca, acredito ser copo-de-leite. Que tem tudo a ver com sépia. Essa varanda, também com uma porta de correr, mas dá acesso a um aposento, e a parte de dentro é reservada com persianas.
Há escadas por tudo. Passando pela sala de estar do primeiro andar, encontramos um salão, com um bar e uma mesa, o bar maior que a mesa de certo. Que é onde começa a história de hoje.
Eu, Pedro e Vittorio, parados, conversando durante essa festa que acontecia. Sempre acontecem festas na casa. Estávamos precisamente aos pés de uma escadaria interna, que levava ao segundo andar, e se fragmentava em diversos aposentos.
Passa por mim uma pessoa, um homem, com cabelos negros, presos, com uma calça jeans clara e uma camisa azul. Olha pro Pedro e o puxa pela mão. Pedro é homossexual, mas não desprovido de modos e classe (elegância e reserva no porte, diria Lux). Meu amigo repele, o jovem olha por cima do ombro, Pedro com força, repele de novo, numa última tentativa, o desconhecido destila algum outro olhar que faz com que Pedro se retraia até chegar ao chão, agarrado aos joelhos, em prantos.
O rapaz sobe as escadas. Eu subo atrás, cuidadosamente. Ensaia me dar um chute, na altura da face, eu o repreendo e digo pra não fazer. Ele o faz, eu seguro o pé descalço dele, no ar, e minhas mãos atravessam sua carne, como se fosse um monte de massa de modelar. Enquanto destruo o que sobrou das suas pernas, ora arrancando, ora macerando, algo escapa pela sua boca, e some no burburinho.
A festa acaba, todos vão embora, quem não vai se despede de mim e entra em seus respectivos quartos, minha casa é cheia de quartos de hóspedes, e como em qualquer situação como esta, vários hóspedes são vitalícios.
Vou me deitar com meu filho, após me ajeitar, fechar os olhos e dar aquele último suspiro que nos libera pro desfalecimento, algo me envolve o pescoço tentando me sufocar. Não é meu filho, mas sim um pequeno espécime de demônio, com corpo de criança, com rabo e a pele escura, de um cinza chumbo, como se houvesse sofrido queimaduras, escorregadia como a de um réptil. Pego ele pelo corpo e corro pra porta de persianas da varanda, o vento forte faz com que eu me debata por alguns segundos.
“Você não é humano, não é humano, o que é então?”
O demoniozinho dá algumas risadas contidas, se solta de mim, e sai, saltando da varanda para o deck, e do deck para o breu que é lá fora. Só enxergo o brilhante dos olhos se afastando.
Acordo.
O Vince ronca do meu lado com as duas pernas em cima das minhas costas.
Eu levanto e venho escrever. Porque o maior problema de quem possui terror noturno, não é o pesadelo, mas a sensação de horror que fica, por mais que aparentemente já se tenha assimilado o que é ou não real. É preciso voltar completamente pro mundo palpável. Algo que eu não faço por mais de 2 horas diárias.
segunda-feira, fevereiro 19
domingo, fevereiro 18
Chalaça 2007
(ou "O que fazer no carnaval com os amigos numa cidade fantasma")
sábado, fevereiro 17
Agora minha nova mania é cantar quando fico bêbada em casa. Deve estar rolando um remember de frustração porque nunca levei os projetos de banda pra frente, ou é simplesmente meu lado Diana Ross que não se aquieta.
O fato é que eu bebo, e lá pelas 4, 5 da manhã eu começo a botar músicas DIFÌCEIS de cantar pra ver se eu consigo, sem desafinar. Quase sempre que não, mas pros vizinhos eu devo ter virado a louca da madrugada.
Meu grande desafio é Got to be there, do Jacksons 5. Aliás, eu desafio qualquer um a fazer aqueles agudos. Aquilo não existe, só uma criança michael jackson é capaz.
Golden Skans (abaixo) é boa pra treinar a respiração com o “uh eh uh”. Wuthering Heights tem até coreografia. Daí tem Ain´t no mountain high e Your precious love (Gaye), tentando imitar o sotaque da Tammi Terrel. E Femme Fatale imitando a Nico também.
Gosto de fazer o Brian Ferry, com aqueles vibratos da época do Roxy Music, mas esse é de brincadeira (só esse, perceba como ela ainda leva isso a sério).
And naaaaaaah (cara de gatinha)
i-eve got somedin’ dah sing (levanta a sombrancelha e faz aquela mexidinha de pescoço)
telling the worrrrld (kentucky accent)
a-about dah jooOooy you bri-iiing (de boca aberta, tipo Diana)
and you gave me
a reason fo-or livin’
and whooooa
you taught me
you taught me the mea-ening of givin’ (fazendo aqueles movimentos Lionel Ritchie pra provar que se está fazendo um real esforço por aquilo)
Oh! Heaven must have sent you from above
Oh! Heaven must have sent your precious love.
Ah! Mais um desafio, conseguir pronunciar LOVE como Diana Ross. Vou ali assistir Dreamgirls pra ver se a Beyoncée consegue.
Saca o “we once begun”. É coisa de quem entende. E o vocalise? me salvem.
Set sail from sense, bring all your young. Set sail from where we once begun. While we wait, while we wait. A hall of records, or numbers, or spaces still undone. Ruins, or relics, disciples and the young.
quarta-feira, fevereiro 14
terça-feira, fevereiro 13

segunda-feira, fevereiro 12
obrigado, jeff buckley, por também escrever reggaes.
I know everybody here wants you.
I know everybody here thinks he needs you.
I'll be waiting right here just to show you
Let me show that love can rise, rise just like
embers.
Love can taste like the wine of the ages, baby.
And I know they all look so good from a distance,
But I tell you I'm the one.
sexta-feira, fevereiro 9
O calor até foi embora pra me deixar mais calma. Entra um ventinho aqui no quarto e eu ouço, finalmente, Thelonious Monk. Não podia ser mais adequado. Alguns dias sem você, mas com Thelonious Monk e Miller falando da sua Hildred.
“Eles tremeram quando seus joelhos se tocaram. Quando a música começou e eles ouviram de novo a melodia que outrora correra em suas veias como fogo líquido, as lágrimas lhes vieram aos olhos. De braços dados, marcharam para a pista de dança – o minúsculo retângulo róseo em que os apaixonados e os enfeitiçados se comprimiam voluptuosamente. Enlaçados estreitamente, eles se deixaram vagar, ditosos, como os demais, esquecido de tudo e de todos, exceto daquela noite em que ficaram juntos pela primeira vez e por dias e dias depois dela. Era como o fragmento de um sonho que, por um esforço difícil de avaliar, é revivido repetidamente na fração de um segundo, sem qualquer alteração, exato, luminoso, completo. A meia voz, ela cantarolou as palavras em seu ouvido. O contato do seu rosto queimava, sua voz era um narcótico, seus seios, macios e túmidos, arfavam com a melodia.”
quarta-feira, fevereiro 7

Jimi Hendrix
Janis Joplin
Brian Jones – Rolling Stones
Jim Morrison – The Doors
Kurt Cobain – Nirvana
Bem vinda ao inferno astral mais sinistro dos últimos tempos, Dani Hyde.
*
Por outro lado parece que all is full of love. Tomei vergonha na cara hoje e baixei o Different Class do Pulp. Amor instantâneo. Disco foda, e F.E.E.L.I.N.G C.A.double L.E.D L.O.V.E é uma das melhores letras da temporada.
E descobriram na Itália um casal de esqueletos abraçados. ABRAÇADOS! Inédito em toda a história da arqueologia! Quero ir lá ver agora.
domingo, fevereiro 4
Take me in your arms
Shelter me from harm
Let me love you
For a million years or more
I never felt this way before
Before your kiss
Love me
Love me from your heart
Let us never apart
Bring me all the dreams
You thought would never be
Will make them all reality
Just you and me
You take my heart away
Away
Tema do Rocky e da Adrian, simples, cúmplice e unique. O Bill Conti consegue transpor o clima de Gonna Fly Now pra algo romântico e não muito piegas. Tudo que é romântico é sempre um pouquinho piegas. Ando romântica, então vou falar um pouco sobre a festa.
Do advento ROCKY TOWN alguém me comentou que não sabia que o Rocky Balboa tinha tanto impacto na cena rock. Eu também não sabia até fazer a primeira há 1 ano atrás. Tirei a idéia porque Rocky representa superação, e agüentar firme fazendo festa sem desistir não é pra qualquer um.
Aqui no Sul, além da Róque Town ter amor declarado ao garanhão, tem a banda Rocky e os Balboas também, que toca covers do fino do hard rock, e o vocalista entra de calção, roupão e ataduras no palco, ao som de Eye of the Tiger.
Assistindo o Hi Fi eu constatei que Rocky é amado pelos amantes da música all over the world. Tem uma cena que o Rob está falando de como é horrível transar com alguém sem razões plausíveis, e o exemplo que deu foi “como se a Talia Shire transasse com outra pessoa que não fosse o Rocky”.
Além de se tratar de um filme sobre a paixão pelo boxe, Rocky é também sobre o amor inabalável e puro entre dois perdedores.
Vale lembrar que na FAPA tem uma professora de história que é igual a Adrian, quem tiver esse fetiche go ahead.
Voltando pra Róque Town, confesso que passei a noite deslumbrada. Quando a gente pensa que está tudo perdido, que as pessoas não ligam mais pra música, elas ressurgem do esgoto e enchem o coração da mamasita.
O dia todo foi um stress, brigas por dinheiro e revolta dos sócios, pensei em desistir de novo. Daí a gente chega lá, começa a arrumar as coisas, colar os cartazes de todas as festas passadas na parede e alguém bota o If You´re Feeling Sinister do Belle and Sebastian pra aquecer os preparativos. Melhor álbum da banda e um marco da minha vida. Beleza, cantarolava “Like Dylan in the movies” enquanto colava fita crepe, lembrava de coisas e sorria nostálgica.
Fidel Castro nas paredes, Cuba Libre nas mãos das pessoas que iam chegando, tudo dava certo. Começou a enxurrada de amigos, coadjuvantes desses 2 anos, velhos e novos amores, todos nos parabenizando, abraçando e beijando e foi quando me dei conta que sim, fiz tudo certo.
Discotecagens inspiradas do Gabriel, do Vitor, do Arthur, e até a minha, que não era tão dançante há tempos. As pessoas cantavam quase todas, dançavam, vibravam com uma ou outra faixa. Melhor momento foi tocar You Don´t Know Me (Caetano – Transa) no auge. A pista esvaziou um pouco, mas quem ficou, tava lá de braços pra cima, quase chorando.
O final eu nem comento, postarei o set na comunidade.
Mas quem acendeu as luzes foi Girl, do T.Rex, mantendo a tradição.
Vi o Hi Fi na prateleira da locadora e não resisti. De vez em quando a gente tem aquela fase de rever conceitos pop, certo? Alta Fidelidade representa um zilhão de coisas pra mim, e assistindo de novo eu só consegui achar mais símbolos ainda.
Não li o livro, e confesso que haja um certo preconceito agora, após ter lido Uma Longa Queda. Mas eu fico pensando, o que será do livro sem o Cusack? É meio impossível de visualizar.
Porque no final a vida sempre se resume a quem você amou ou não. E o que importa nas pessoas é o que elas gostam, e não o que elas são. É uma realidade. O que elas gostam, sempre vale mais.
E as projeções. Fumar como o Rob, ser empolgada e visionária como o Barry, e definitivamente me identificar com a Charlie. Porque eu sei bastante coisa, sou bem resolvida, mas só falo besteira e é provável que acabe sozinha.
Ás vezes eu me flagro em meio a discussões ridiculamente despreparada. Não sei falar, daí fico pensando “se eu tivesse escrevendo isso sairia muito melhor”. Algumas pessoas só se expressam em palavras ou gestos. Falar não é o meu forte.
Escrita e revisada. A vida perfeita.
A miséria veio primeiro, e a música é a desculpa. Pelo menos nesse segundo.
Trilha sonora: Marvin Gaye. E quem vai duvidar?
quinta-feira, fevereiro 1

Volta pro fotolog, tá bein?
O esquema é o seguinte, a Melissa PAGA as famosas de fotolog pra comentar o SP Fashion Week, até aí ok, porque a gente já sabe o que esperar de comentários de moda. Só que daí quando envolve o desfile de um Cavalera da vida, e elas querem posar de roqueirinhas new rave, acontece esse tipo de coisa:
"...e essa coisa de antigo carnaval + mundo rock que está na camiseta que escreve Adoniran com a fonte do ACDC. x) SHOW!"
(Mari Moon. Fonte: site da Melissa)
A proposta da Cavalera é boa, qualquer coisa escrita com a fonte do AC DC também é boa, mas no caso, babe, estamos tratando da fonte do Iron Maiden.
Atenciosamente
Hyde Assessoria Rock S/A.