quinta-feira, dezembro 23

que puxa



Corram , se escabelem, está rolando a biografia do ano ali no Guiados por Vozes



...preciso atualizar isso aqui, sério...vou pedir um conto novo pro Papai Noel.

domingo, dezembro 19

bzzzzzzz bzzzzzzzzzzz isso aqui tá às moscas...

dor de cotovelo: todos têm medo de mim, todos. e o único que não tinha fez um belo estrago na minha vida. e aí? o que sobra?

coisas importantes: vou pra Salvador ver a família e conhecer o pessoal das bandas de lá. Roack!

(se é uma fuga? certamente)

Winamp - A Million Manias!

Jeff Buckley, ele já morreu, mas anda me ajudando a viver, pra começar escute o Grace (álbum), depois vais precisar de mais, mais, mais e vira uma doença enfim.

Pain of Salvation, não é metal melódico, eles são únicos, praticamente uma opera rock band se ainda pode se rotular alguém assim nos tempos de hoje, e te digo, é de deixar o Sr. Freddie Mercury de quatro no túmulo...Pra começar, mete na caixa o Remedy Lane (álbum).

To be played at maximum volume

...

E de resto eu continuo aqui, meio parada, meio dançante. Contos, projetos e afins agora só no ano que vem.

Carpe ______ (Insira aqui o que você quer aproveitar até o fim, porque tudo tem que ser aproveitado até o fim, sabe....e tem pessoas que ainda não descobriram isso, então eu estou fazendo minha boa ação de hoje)

sexta-feira, novembro 5

sexta-feira, outubro 15

Os seres de jeans claro e camiseta branca.

Eu não sou muito fetichista, diria até bem convencional quanto à sedução e essas coisas do imaginário sexual, mas se tem algo que sempre me tirou do sério foram os indivíduos que eu pude vislumbrar de jeans claro e camiseta branca. Como é que um traje tão simples pode agir sobre os hormônios com tanta força?

Talvez seja alguma mensagem subliminar de propagandas da Levi´s, uma antítese da minha obsessão pelo lado obscuro do ser, ou simplesmente uma preferência mesmo. De qualquer forma, a magia que uma pessoa emana dentro desses panos não tem medida. E me atrevo a dizer que chega a ser mais bonito e estimulante do que o nu propriamente dito, porque é carregado de uma sensualidade disfarçada de casualismo e ao mesmo tempo sincero e transparente.

A maioria das minhas paixões tiveram o desplante de aparecer assim na minha frente, e geraram as mais diversas conseqüências: tesão, um quase adultério, quebra de princípios pessoais, recaída, etc...Já tive o ímpeto de falar sobre isso quando tive a "recaída", mas agora, eu encontrei o percussor disso na minha vida então se fez necessário compartilhar.

Nós íamos fazer um trabalho do colégio, conseguimos passar pela "censura" e escolher um tema transgressor praquela escola, praqueles dogmas, praquelas pessoas, enfim, como um outro amigo meu costuma dizer, éramos os líderes do Grupo Seleto, sempre tem um grupo seleto nas salas de aula. E saímos numa tarde, sem uniforme (porque lá em SP se usa uniforme até o 3º ano colegial), e lá estava ele, todo clean e sorridente, de jeans claro e camiseta branca, eu me lembro da cena, dele caminhando à frente pra nos indicar o caminho, todo tutor, todo guru, super atencioso pra explicar aos outros o que acreditava, e o povo estava tão disperso e contente por fazer "um trabalho escolar diferente" que não se dava conta da importância que aquilo tinha pra ele. Eu me dava, entenda como quiser.

Mas então eu me dou conta que é quase uma maldição essa história de melhor vestimenta, pois todas as vezes que entrei em frenesi por isso, não pude ao menos tocar a criatura, por variados motivos: falta de privacidade e oportunidade, um namoro de anos em vigor, estar num lugar comprometedor à minha imagem, ou esse meu "alvo" pessoal simplesmente não ligar a mínima pra senhorita aqui.

Daí você que me conhece vai dizer, "por isso ela gosta, porque não chega nem perto do meliante", mas não. Eu realmente acho essa minha "tara" uma coisa sublime, e não estou restringindo ela ao sexo masculino (apesar de que garotas devem fazer a preferência por camisetas regatas) e ainda vou ter o deleite de tirar um jeans claro e uma camiseta branca de alguém especialíssimo pra consumar meu desejo.

sábado, setembro 25

momento diário (quebrando minhas regras bloguísticas)

Oi, tudo bem? Sabe que eu fui assaltada ontem? Aonde? psssss

Na linda, bucólica, suja e fedida Santos Dumont né...é lá onde tudo de atípico acontece comigo. O cara chegou, pediu minha bolsa, com aquela sutileza de tyranossaurus rex, pensei no meu filho (porque eu sou calma sabe, sou uma boa vítima pra crimes em geral, se bobear rola até uma síndrome de Estocolmo se me sequestrarem) e então resolvi não reagir, vai que o louco me dá umas porradas, e eu precisava pegar o Vince na escola...

Achei que a minha vida estava ali, mas como eu não curto essas burocracias do mundo real, me conformei que ali só tinham papéis e cartõezinhos magnéticos. E fui curtir um show de róque, claro.

A melhor coisa que existe é rever pessoas amadas, ontem era show de uns amigos meus, os X-Factor, como eu defini bem outro dia, é um som pra quem curte passear entre pink floyd e o hard rock poseur dos 80 e 90. Eu gosto, porque é isso mesmo, um passeio, uma celebração, com alguns tons de modernidade, e direito a uma versão de Heroes dedicada a mim.

Como é de praxe nos shows do Arsenal (que está para nós, assim como o Tear está para os Pumas e os Guidis), ao final rolou a jam session feroz infernal from outer space, e foi tocado de tudo, eu cantei Groove´s In The Heart com o Manza no baixo, tocamos Sex and Rolling e erramos tudo pra variar, pedi "Estou amando uma mulher" para o Déu pra variar (aliás, fiquem ligados pq essa obra vai ser uma surpresa na voz dos gauleses, putz, não vai ser mais surpresa, mas fica a expectativa), e faltou um elemento.....o Sir Did´s Calvin, nosso mestre de cerimônias estava ausente, e eu já estava até com raiva de tanta satisfação de seu paradeiro que tive que dar durante a noite. Pô Diogo! Não faz mais isso não! Compareça!

Agora o "Arsenas" mudou de dono, o cara é bem legal, um dono de casa de eventos de verdade finalmente, o bar tá show e o som tá quase perfeito, e ele gostou de mim, isso é importante para as próximas medidas estratégicas mercadológicas...."Happy Rauer" aos domingos? Quem sabe?

Merda, tô lendo muito Lúcio Ribeiro...esses parágrafos evasivos...rrrrrr

Tchau hein!

sexta-feira, setembro 17

É incrível ver como o mundo está cheio de amargor, e as pessoas vivendo sob um stress tão violento, que é difícil reconhecer uma boa ação.

Hoje eu comprei MUITOS alfajores por um valor ínfimo, num lugar que o meu amigo e vizinho de trabalho, o
Sr. Tatata Stratovargas me indicou. Como eu achei um tremendo exagero o que fiz, saí distribuindo por toda a minha empresa, composta por volta de umas vinte e poucas pessoas.
O curioso foi assistir as diversas reações de espanto e dúvida enquanto eu entregava as guloseimas. Uns perguntavam quanto era? Outros perguntavam o por quê? E outros nem acreditavam mesmo. Teve um caso bem engraçado (mas que expressa claramente a neurose constante a que estamos predispostos); a pessoa estava abaixada, supervisionando monitores (trabalho na área de informática) e eu lhe perguntei:

- Fulano, preto ou branco? - com a caixa de alfajores na mão.
- É cinza, Dani.

Pois é, ele se referia ao equipamento e nem olhou pra mim pra ver do que se tratava. Não, isso não é falta de educação, isso é reflexo do condicionamento que estabelecemos no dia a dia. Um pouco do que Charles Chaplin mostrou há décadas atrás em seu "Tempos Modernos" (que fala sobre a "robotização" do indivíduo durante a revolução industrial, na Inglaterra do fim do século XIX).

Enfim, nós estamos tão absortos no trabalho, tão preocupados com as contas pra pagar, demasiadamente acostumados com os problemas, ao ponto que eles já se tornaram banais, que já esquecemos que somos seres humanos, aglutinadores de emoções ambulantes. Daí eu me pergunto, por que no ambiente profissional só podemos explodir de raiva? E rir de uma piada? E desejar um "bom dia" sincero, com todos os dentes da boca?

Às vezes é complicado, assumo que me esforço bastante e nem sempre tenho uma atitude promissora, mas de vez em quando dá certo, e daí vale a pena, salva o dia, e dá mais esperanças à humanidade.

Então, fica cientificamente comprovado (por mim, que sou gênia e cientista maluca nas horas vagas) que é preciso tentar.

Ainda agora devem ter pessoas pensando "hoje vai vir alguma bomba"... Não há como "vir" uma bomba, nós já VIVEMOS e RESPIRAMOS dentro de uma, quem sabe a gente não a deixa desativada, só um pouquinho, de tempos em tempos, um minutinho por dia, e lembramos daquelas ladainhas que vovó martelava na nossa cabeça, aquelas de amar o próximo e perdoar e coisa e tal. Sim, eu sei que uma vez um louco foragido saiu pregando isso pela rua e acabou pregado. Mas mentiroso ele não era...

quarta-feira, setembro 1

Estou muito feliz porque gostaram do meu conto. Não é nem feliz, estou satisfeita e insuflada de orgulho. Porque as pessoas que eu mais considero as opiniões me agraciaram com lindas palavras, não só aqui nos comentários, mas por e-mail também, com "cartas" que desmembram o meu texto muito melhor do que eu poderia fazer.

Gostaria de tocar num ponto que a maioria identificou, que foi realmente escrito com muita inspiração, mas que talvez seja de difícil acesso pra alguns.


Downtown 4 two, please.

Downtown quer dizer Cidade Baixa, a cidade baixa geralmente é a região mais antiga de uma cidade, onde nasce o comércio e as atividades metropolitanas são CENTRALIZADAS, ou seja, o CENTRO. Até aí tudo bem. A partir de então as cidades crescem e se dividem em diversos bairros, e a economia de mercado se torna míster, e os centros mudam de lugar, os centros comerciais, por assim dizer; e os históricos, por quê não? Se o homem é um animal extremamente inconstante, e adaptável ao meio em que vive, ele tem plenos direitos de reeleger seus locais de maior relevância pra posteridade, de tempos e tempos, naturalmente.

Todavia, a identidade é uma marca intransferível, e onde ela se instala, ela permanece, principalmente quando se trata do amontoado de tradições e características culturais de indivíduos que co-habitam um território.

O "fenômeno" então ocorre, quando um estrangeiro da língua anglo-saxônica resolve mapear um par de capitais brasileiras, distintas e opostas. Pra falar dessa particularidade, que faz parte da minha lista de obsessões, é preciso deixar claro que esse fato curioso só acontece porque as duas cidades "carregam no DNA o mesmo gene": vivem à margem da ebulição cultural das megalópoles, portanto pendem para os bairrismos, regionalismos e nativismos; não cresceram demais, ao ponto que a movimentação artística e intelectual não teve chance de se dispersar; e tampouco se apequenaram diante da localização periférica na geografia do país, visto que possuem a mesma acessibilidade à informação que os grandes centros.

Não irei entrar detalhadamente no âmbito de realizações históricas, porque meu pequeno ensaio viraria uma monografia. Mas vale lembrar (e faço questão de lembrar) que essas cidades serão as eternas importadoras e exportadoras de resistência revolucionária do Brasil. Pra quem não percebeu ainda, estou falando de Porto Alegre (RS) e Salvador (BA).

Essa história começou há anos atrás, com o meu ex-marido, não lembro se a gente estava analisando mapas, ou bêbados, ou discorrendo sobre assuntos surreais (como continua sendo de praxe), ou algo parecido, lembro apenas que ele constatou que os gringos iriam ter problemas de locomoção em POA e em SSA, porque existem duas "downtown" em cada uma, e isso é a mais pura verdade, procure num Atlas de Manhattan, é sério mesmo. Digo isso porque eu duvidei e fui procurar...

Certo, esse é o fato, e desvendá-lo não foi mérito meu, esse impasse de copyright eu já resolvi. Agora, vem a minha parte, que é a de ser transgressora, herege, sem noção, pseudo-mil-coisas, infantil, contra embasamentos fundamentados (isso fora da academia) e vanguardista o suficiente pra criar uma analogia entre as capitais. E, pasme, quando você terminar de ler isso vai concordar que faz sentido pra cacete.

O foco é a Cidade Baixa, denominada como bairro, que é imunda e fedida como o Centro, que já foi o centro, mas agora abriga apenas as idéias, desde as geniais até as mais demagogas e hipócritas, minha mãe já dizia que oportunismo existe em qualquer lugar. A downtown da cultura é o ponto de encontro dos universitários, artistas (ou quase) e formadores de opinião em geral, que passam suas noites a produzir mais cultura no encontro com os amigos, nos shows, nos botecos menores e mais podres (que são os "lugares da moda") e bebendo seu drinque às vezes na calçada mesmo.

São várias as razões que reúnem essa fauna, os mais desprovidos de reais se deslocam pra lá pelo baixo custo da diversão, a classe média acaba freqüentando na esperança de interagir com pessoas de mais conteúdo, ou simplesmente para se exibir e espalhar suas aventuras no subúrbio para os colegas no dia seguinte. A verdade é que esse se torna o reduto mais democrático que há numa cidade, a vantagem inversa de ser uma "mega-província" e de concentrar as atividades noturnas num único espaço, pois em cidades maiores os focos são mais esparsos e as "tribos" tendem a segregar mais facilmente.

Em contraponto, esse bairro também é conhecido pelo baixo índice de segurança, mas a juventude sempre vai fazer questão de viver perigosamente, em qualquer época, portanto não é empecilho para freqüentar a região a possibilidade de perder uma bolsa, o rádio do carro, ou até o próprio carro, esses acontecimentos acabam virando troféus, às vezes mais dolorosos....but...”no pain, no gain”....não é mesmo? Acredito que isso seja muito mais grave em Salvador do que no Sul, por motivos estruturais, mas como mencionado, vou me ater à parte boa.

Encontrar as características afins das capitais não é difícil pra mim, que vivi em uma, e vivo na outra (mais embaixo) agora. Conheci a cena róque de Salvador e continuo acompanhando através de familiares e agregados, e só faço constatar que não se equivale em número, mas em força e perseverança com a cena daqui, com algumas diferenças.

Li certa vez num jornal uma declaração de um cartunista (não lembro o nome, nem adianta tentar) que dizia: "O Rio Grande do Sul é o único estado que ainda acredita em rock and roll e socialismo"; foi neste momento que eu pude compreender o lugar que estava vivendo e a razão de eu gostar tanto dele. Mas claro! Este é o país das utopias! Se bobear, é a própria utopia (mesmo que mascarada), como não gostar daqui? E isso acaba bastando para alguns, que conseguem suprir suas necessidades sem almejar uma abrangência maior da sua produção (artes), isso acaba configurando o que chamamos de autofagia, aqui se faz, aqui se consome, e está tudo certo. E os gaúchos têm o frio, e se protegem sob a estética dele, como diria um cara chamado Vitor Ramil, mas que diferença faz, se só quem vive no Sul e uns poucos cabeções do continente sabem de quem e do quê eu estou falando, "que ele continue só meu".....deu pra entender a lógica? Acho que sim.

E o que resta pros artistas bahianos? A praia, o Axé, o calor escaldante e as bundas. Onde se encontrar e se auto afirmar num lugar oposto à sua natureza? Na Cidade Baixa. Como? Bem, downtown é bacana, mas não vai sustentar alguém (ela precisa ser sustentada), então o negócio é ralar bastante e encontrar alguém que faça seu trabalho ecoar pelo resto do país. Tchanans! Salvador é sufocante pra quem quer produzir e ser reconhecido, pois já existe um status quo muito mais bem delineado que a capital gaúcha, a necessidade de escapar do carnaval é imensurável, melhor dizendo, romper a barreira do "bloco" é a única chance pra quem não quer cair no axé.

O que a nova geração está promovendo, graças a Internet, é um intercâmbio dessas expressões culturais nas chamadas regiões periféricas. Uma descentralização que o eixo São Paulo - Rio está percebendo e buscando participar gradualmente. Hoje nós temos festivais alternativos no Recife, em Belo Horizonte, em Goiânia, em Porto Alegre e em Salvador, só pra citar os principais, e essa movimentação está dando uma nova face para o que antes era marginalizado, está dando credibilidade. O trabalho é árduo, mas o espaço está sendo conquistado e as oportunidades começam a aparecer. É necessário jogar o estigma de "vendido" no lixo, e apoiar quem está conseguindo ser ouvido, lido ou visto, porque senão o processo estanca e nós, sonhadores utópicos vamos ter que aguardar até a nova safra pra torcer novamente.

Não deixa de ser uma nova revolução, e das revoluções, a mais legítima, que é a do pensamento, que por ironia ou não, deve ter começado em downtown, entre um trago e outro.

domingo, agosto 29



Trilha Recomendada: The Crow (O Corvo)

À ESPREITA DO QUE NÃO FOI
As palavras secam, rebeldes, na folha ainda respingada de orvalho.

..Every night I fall, every night I call your name...(Burn – The Cure)

Outra noite, Virgínia olhava da janela do quarto, a paisagem obscura que refletia naquela rua do centro, quando as poucas luzes artificiais atingiam os andares mais baixos do prédio. Havia um boteco em frente, no letreiro de neon, lia-se RELENTO, com algumas letras queimadas, sinalizava um grosso “RETO” para os mais desatenciosos. Ela apagou seu último cigarro e resolveu descer pra comprar mais.

Às moscas, para as moscas; um ébrio sentado num canto, outro jogado numa mesa, o velho habituê no balcão com seu charuto que fedia a esterco, e uma rameira que gastava suas misérias com uísque barato.

- Oi Jaime, me vê um Marlboro, e uma dose de cicuta quem sabe...
- Virgínia, Virgínia...tu não tem conserto – resmunga seu confidente de balcão servindo um Bourbon.

Um gole e os pensamentos à tona, a toa ela se entregou à lembrança, e não era sexo, não era casual, muito menos carência, ele era mais. O cara que tirou suas lágrimas do rosto com a língua, e lhe estendeu a mão, e a ajudou a sorrir e a se sentir importante. Que alisou seus cabelos e a abrigou no peito; que a tratou como a mulher que era e no instante seguinte se intimidou com o que havia feito emergir.

..I don´t want to believe, no more...(Golgatha Tenament – Machines of Love and Grace)

A gente ouve todo o tempo as histórias de pessoas que se fodem, porque os perdidos se encontram e correm para viver no mundo que ignoraram por anos, e nem olham pra trás, nem um abraço, um obrigado pela consideração, nem um “eu te amo”! E, Deus, é fácil amar! Contudo existe o outro lado, que Virgínia não conhecia, que é o dos viventes que te puxam da lama, te dão banho, e depois de te limpar, somem, antes mesmo de você conseguir abrir os braços ou esticar a mão para olhar nos olhos e agradecer.

Não só agradecer, mas ela quis dedicar, adorar enquanto saudável, adorar além da loucura, enlouquecer quando preciso, estarrecer nas horas tediosas, ler poemas na cama, e cantar baixinho no ouvido. Sempre que houvesse oportunidade, cantar baixinho no ouvido, melodias ininteligíveis que só fazia sentido pros dois.

..Slipping me away from you... (Burn – The Cure)

A garota tomou mais uma dose e resolveu passar em downtown, ela morava em uma das duas únicas cidades do mundo que possuíam duas downtown, o centro da história dos livros, e o centro da história dos homens, onde a vida era pintada em telas de vanguarda, onde todos tentavam deixar a realidade no canto da carteira, e curtir o alucinógeno maior que é a vida dos noctívagos. Vagando à noite e fingindo ser feliz, o álibi perfeito.

O Glasnost era um bar em downtown freqüentado por gente descolada, o nome já sugestionava o grande distúrbio dos cidadãos dessa cidade, o de acharem-se infinitamente não pertencentes ao território em que estão e, em contraponto, declararem aos quatro cantos que é o melhor lugar pra se viver. Eles não querem se fazer entender, eles só querem ser ouvidos, e na atual conjuntura, isso não é pedir muito.

O local estava cheio, o clima era lo-fi, agradável aos ouvidos de Virg (pronuncia-se vãrgi, era seu apelido), rolando “Color Me Once”, dos Violent Femmes. Country Death Music ?!? – pensava ela – Mas que diabos ?!? Só essa que presta mesmo, só porque figura no melhor filme da minha geração...

“Color me once color me twice
Everything gonna turn out nice
Everlasting arms you gotta keep me from these false alarms”

- Oi Virg! Que bom que vieste!
- É, estou aí..
- Vou ali buscar uma cerveja, a gente se fala!
- ...

E ele sai, Virgínia desce um pouco o olhar e vê que existe uma outra mão entrelaçada a dele, e essa foi a pior cena das desilusões, muito pior do que os beijos que Virg avistou durante a noite, porque mãos dadas geram vínculos que ela sabe como só. E aquilo na verdade foi a única coisa genuína que ela viu nos dois, as mãos dadas.

Foi quando se deu conta que essa terceira só servia de trincheira, foi o campo de força ignóbil e de roupas feias que Glauco arrumou para não ter que enfrentar os olhos pedintes de Virg mais uma vez. E os olhos ficaram tristes, só pra quem conhecia como deviam traduzidos. Para os outros transeuntes era apenas outra mulher que bebia e gostava de dançar sozinha.

E ela cantava assim, baixinho como uma prece, baixinho agradecendo, porque ter a capacidade de sentir o que estava sentindo, às vezes é muito maior do que simplesmente ser correspondido. Porém, sentir com tamanha intensidade também significa não se livrar do sentimento.

Em conseqüência, a Esperança, que é uma velha chata, imortal, e cheia de varizes, que fica sorrindo pra gente e não nos deixa fechar as portas.

“Sometimes it's bright inside my head
Just like the spark in my eyes
And hands are breathing ones are reaching up
Cause that's the time we rise

No they don't have to take you away”
(Time Baby III – Medicine)

segunda-feira, agosto 23

NOISY – edição ROCK CHICKS

* Lançamento do livro Vida de Gato, de Clarah Averbuck *

A festa que rola rock, indie, guitar, britpop, shoegaze e new new york sound preparou uma edição só com mulheres no comando.
Vai ter sessão de autógrafos do novo livro da escritora Clarah Averbuck, o imperdível Vida de Gato, e na seqüência a própria Clarah divide as discotecagens com Dani F., Fergs e Mariana (da Space Rave).
No chill in rock a gente rola na íntegra o segundo álbum do Interpol, os novaiorquinos que mais impulsionaram o atual revival pós-punk do rock.

Noisy edição * ROCK CHICKS * :::: Dia 27/08, sexta :::: Autógrafos a partir das 21h; djs a partir das 23h :::: R$ 7,00 (R$ 3,00 consumíveis) :::: Circuito Bar e Restaurante (Rua Lopo Gonçalves, 66 - Cidade Baixa)
*********************************
Dúvidas de onde eu vou estar?? Tell me about it...

sexta-feira, agosto 20

Momento Esotérico


Resgatei isso do blog da Clarah, não sei se foi ela que escreveu, porque não está assinado e nem tem autoria, mas é genial.

Áries - Você tem uma imaginacão fértil e frequentemente pensa que está sendo seguido pela polícia. Você não consegue realmente influenciar ninguém apesar de ficar o tempo todo tentando exibir seu poder. Você não tem autoconfianca e é em geral uma toupeira.
Touro - Você é prático e persistente. Você tem uma determinação canina e trabalha como um condenado. A maioria das pessoas pensa que você é um teimoso cabeca-dura. Você não é nada além de um maldito comunista.
Gêmeos - Você tem um raciocínio rápido e é inteligente. As pessoas não gostam de você porque você é bissexual. Você tem tendência a esperar muito de muito pouco. Isto significa que você é um filho da puta barato. Geminianos costumam ter muito sucesso no incesto.
Câncer - Você é solidário e compreensivo com os problemas das outras pessoas, o que faz de você um xarope. Você sempre está pondo as coisas para fora. É por isso que você está sempre numa boa, apesar de não valer nada. Todo mundo na prisão é de câncer.
Leão - Você se considera um líder natural. Os outros acham você um idiota completo. A maioria dos leoninos são agressivos. Você é vaidoso e não suporta críticas. Sua arrogância é enojante. As pessoas de leão são ladras e filhos da puta.
Virgem - Você é do tipo lógico e odeia desordem. Sua atitude de cata-merdas é enojante para seus amigos e colegas de trabalho. Você é frio, não tem emoções e frequentemente dorme enquanto está trepando. Virginianos dão bons motoristas de ônibus e cafetões.
Libra - Você é do tipo artístico e tem dificuldades em lidar com a realidade. Se é homem provavelmente é meio veado. Suas chances de sucesso profissional e fortuna são nulas. A maioria das mulheres de libra são putas. Todos os librianos morrem de doenças venéreas.
Escorpião - Você é o pior de todos. Você é traicoeiro nos negócios e ninguém deve confiar em você. Você talvez atinja o sucesso financeiro através da sua total falta de ética. Você é o perfeito filho da puta. A maioria dos escorpiões deveria ser eliminada.
Sagitário - Você é otimista e entusiástico. Você tem uma forte tendência a confiar na sorte, uma vez que não possui nenhum talento. A maioria dos sagitarianos é composta de bêbados. Você não vale um pedaço de merda.
Capricórnio - Você é conservador e tem medo de correr riscos. Você é basicamente um merda. Nunca houve um capricorniano que tivesse qualquer importância. Você devia se suicidar.
Aquário - Você tem uma mente inventiva e dirigida para o progresso. Você mente um monte. Você comete os mesmos erros repetidamente porque é estúpido. Todo mundo acha que você é o mais completo idiota.
Peixes - Você é do tipo pioneiro e pensa que a maioria dos outros são uns cabecas de bagre. Você é rápido para reprimir os outros, impaciente e cheio de conselhos. Você não faz nada além de encher o saco de todos que se aproximam de você. Você é o cabeca de bagre.

domingo, agosto 8

mais uma da série "letras que me poupam o suicídio de escrever hoje"

Nobody's Fault But My Own
[Written by Beck Hansen]

Treated you like a rusty blade
A throwaway from an open grave
Cut you loose from a chain gang
And let you go
And on the day you said it's true
Some love holds, some gets used
Tried to tell you I never knew
It could be so sweet
Who would ever be so cruel
Blame the devil for the things you do
It's such a selfish way to lose
The way you lose these wasted blues
These wasted blues

Tell me that it's nobody's fault
Nobody's fault but my own

When the moon is a counterfeit
Better find the one that fits
Better find the one that lights the way for you
When the road is full of nails
Garbage pails and darkened jails
And the tongues are full of heartless tales
That drain on you
Who would ever notice you
You fade into a shaded room
It's such a selfish way to lose
The way you lose these wasted blues
These wasted blues

Tell me that it's nobody's fault
Nobody's fault but my own

sábado, agosto 7

Como assim?

Eu vou atualizar isso aqui. Vou sim. Tenho um novo conto saindo, vai ser bem self-pittyfull e sujo pra variar, mas tá ficando bom, só preciso de tempo e inspiração pra terminar.

Acabei de ter um instant chat polêmico com um colega, só porque disse que não iria numa E-Party porque tinha FUNHOUSE, e olha o que ele me disse:

"o rock é um ente. ou melhor foi um ente. está morto e sepultado e na lápide está escrito: I don't wanna be buried, in a pet semetery." (fonte poupada)

Bom, se o róque está morto, então eu sou necrófila, e faço questão de trepar com ele todos os dias.

Só queria dizer isso, até a noite pra quem vai.

Roack!

segunda-feira, julho 12

VAMOS?


O QUÊ:projeto SEGUNDAS IRREDUTÍVEIS = show do Stratopumas, PB e acho que Flying Circus
QUANDO: hoje a partir, tipo, das 22 hs (técnicas capitalistas mercantis pra fuder o proletariado)
ONDE: Dr. Jeckyll (pense numa risada macabra de Miss Hyde)
COMO: sei lá, te vira magrão, da última vez eu e meus fiéis escudeiros voltamos a pé.. (brincadeira, no decorrer do dia a gente vê isso, vou pegar o carro do pop´s....ok ok...eu não, o jules vai pegar, a mamasita aqui ainda não passou pelas casinhas laranja-marrom-uó que fornecem o documento do poder)
QUANTO: 5 pilas até 0.00 e 7 pilas pras non-cinderelas retardatárias
TRAJE: calça velha, camiseta de banda do irmão mais novo, All Star que teu pai usou na faculdade, e a "jaca"* que tua mãe usava nas aulas de educação física do colégio. (sem ofensas, mas eu não resisto, e garanto que minhas "jacas"* do corinthians ganham em tempo útil mais do que qualquer uma de POA)

*eu não uso essa expressão, mas virou uma moda dizer isso na cidade e eu acho extremamente horrível, então fico fazendo "negaça" (essa palavra aí Marcelo Camelo que me ensinou, AMO)

é isso aí, quem tá afim confirma, porque é legal confirmar, auto-afirmar, sustentar uma posição, etc...

beijão! (olha só a minha cara de promoter!)

Dani Hyde *que está com idéias funestas de largar a vida sistêmica e fundar a Frangote Records-RS*

obs: eu escrevo Jeckyll do jeito que deve ser, não me incomodem por isso.


quarta-feira, julho 7

Letrinhas...



eu ando bastante inspirada só que isso está sendo canalizado pra outros lugares, então aqui eu vou fazer uns revivals que valem a pena.....

e revivals da Clarah valem muito a pena pq ela fala por mim, e ela diz os palavrões que eu não digo.

trechos de "Letrinhas para o menino Sol" (Clarah Averbuck - NÃO 64)

"Te vi reluzindo ao sol, na mesma hora que você me viu, e -crash!- nossos olhos se encontraram como numa batida de carros. Soubemos, sem saber, que algo aconteceria.

Então você sorriu. Nem foi pra mim, mas você sorriu e eu fiquei muda. Grave, grave. Você sabe que é grave quando um sorriso emudece. E eu emudeci.

Tudo muito rápido. Olhares, beijos, mãos. Gosto de champagne, calor no peito, frio na barriga. Bocas. Mãos nos seios, pele macia. Vinte anos. Vamos? E fomos. Fazia tempo que eu não caminhava nas nuvens, menino. Sorrisos. Sorrisos são sempre o que fode. Eu sei, não é sonoro, mas é que sorrisos... Sorrisos são sempre o que fode.

Tudo muito rápido. Abraços, beijos, tua cabeça no meu colo. O tempo nos atropelando, tic-tac-tic-tac, um minuto, um segundo, dez anos. Cinco horas. Saí sem olhar pra trás, porque sabia que se o fizesse, não conseguiria te deixar. E eu precisava ir.

(...)

Vento que me leva para o lado oposto ao que eu gostaria de ir. Não há de ser nada: o mundo é redondo, e se tiver que ser, será. Nem que eu faça a volta e chegue pelo outro lado. Se tiver que ser, vou voltar para o menino magrinho, lindo, de dentes brancos e olhos que viram vírgulas quando ele sorri. Ele? Você.

(...)

Sobra a bagunça. Continuo flutuando, atordoada, confusa, afogando em dúvidas, flertando com o nada. Tudo muito rápido. Sorrisos. Quanto mais me debato, mais me enrosco na rede de feelings.

(...)

Tudo vai desbotando, e mais cedo ou mais tarde teremos sido apagados um do outro. Não quero! Não sou uma estampa barata em uma camiseta vagabunda! Tampouco quero te esquecer, tua voz, teu sorriso - sorrisos são sempre o que fode -, das horas-anos, de você fulminando-me ao sol, à sombra, à noite. Não vou te deixar sumir assim.

(...)

Subitamente, lembro de tudo, em flashes, como fotos, e posso te sentir, mãos, boca, pele. Sinto, vejo, quase posso te tocar. Mas aí, tudo evapora, e você foge de novo. Assim tem sido até agora. Assim tem sido, e se tiver que ser, será.

É, estou completamente fodida por você."

domingo, julho 4

orkutchê


eu tenho tantas coisas em pauta pra escrever (textos interessantes, nada como essa lamentação patética) mas resolvi fazer isso agora porque me dá nos nervos...

por quê? tell me?? por quê os "orkuteiros" ficam se falando pelo scrapbook? por quê todos precisam saber do que se passa na vida de cada um sem nem mesmo se conhecer? por quê quando os "orkuteiros" te vêem na rua e sabem que tu tem cadastro nessa Babilônia ficam te olhando como um E.T. mas não te cumprimentam nem tentam falar contigo? e qual a minha necesidade de falar com alguém que eu vi uma foto e algumas características que eu nem sei qual índice de veracidade?

acho que eu não quero respostas, é só indignação mesmo, com as pessoas que cada vez mais tornam-se IMpessoas, com as pessoas que brincam de celebridade sem nem ter talento pra isso.

pra mim esse "veneno lácteo" é uma simples ferramenta para brincar com os meus amigos (que já estiveram na minha frente e/ou que estão longe de mim), e para conhecer quem realmente vale a pena (tendo como pré-requisito ao menos alguma referência REAL do indivíduo).

eu receio que esse portal possa vir a causar uma crise social muito caótica, mas anyway...melhor pra mim que vou assistir uma triagem antropológica de camarote...

e viva Darwin e os relacionamentos inter-pessoais de seres humanos, que alguém disse uma vez que são seres sociais por natureza. viva o abraço, o aperto de mão, o beijo no rosto, na boca e o francês (é engraçado que chamem assim, porque continuo apostando no brasileiro).

tem muita gente que eu gostaria de conhecer lá do orkut, gente que eu até já vi na rua, mas a partir de agora vou deixar na mão do ocaso. nada de scrapbooks poluídos, o próprio nome já diz, é um rascunho e é assim que deve ser usado. para o bem da civilização capitalista virtuodinâmica.

e de resto, caso eu queira contatar você, leitor no momento, ou te mando um email, ou te falo no msn (outra bosta, porém um pouco mais necessária), ou te ligo. espero que faça o mesmo comigo, meus emails costumam ser gigantescos e com no mínimo 40% de conteúdo, como uma carta deve ser (não estou falando das discussões diárias e intermináveis e monossilábicas da família Sexabilly). aliás? será que os "orkutianos" já escreveram uma carta de próprio punho alguma vez na vida? deve ser uma estatística interessante.

sei que acabo propondo algumas regras e fazendo alguns pré-conceitos, mas primeiro, não costumo falar com generalização sobre nada (a não ser sobre putas, todas devem morrer, sem excessão), os "recessivos" estão aí e a diferença dá o tom da revolução, segundo, não declaro nada pressupondo que não tenha vindo de uma pesquisa despretensiosa baseada no senso comum.

agora chega que eu tenho que ir ali pensar em coisas boas.

quarta-feira, junho 30

vale lembrar que hoje eu sou completamente viciada em Pollard e seus músicos itinerantes..e ouço sozinha pq meus amigos não suportam..

iupi!


bem, ora ora vejam só, fiquei muito feliz hoje, o mundo tem salvação.

vamos ver, tenho que postar algo em homenagem...ah já sei...

Como existem novas caras que frequentam esse blog, esse texto vai pra eles, foi o primeiro pra frangote records, e eu ainda estava puta da vida com Tiny Dancer na trilha de Almost Famous, faz um bão tempinho, mas é bão relembrar...

A Verdade Sobre GBV (por essa ninguém esperava)

*esfregando as mãos pra baixar o espírito mentor da minha genialidade*

Já de cara eu vou assumir algo muito vergonhoso perante a vocês: Não, eu nunca havia ouvido Guided by Voices na minha longa vida musical. OK, já falei, agora eu vou contar como está sendo a minha experiência nessas duas ou três últimas semanas.

É óbvio que eu não comprei nenhum CD, se o negócio é ser indie, eu vou ser indie "no úrtimo" , baixei quase tudo que eu consegui no Kazaa, deu em média umas 5 músicas por álbum, acho que por aí já dá pra conhecer a banda.

Motivos: por que eu resolvi ouvir Guided by Voices?


Minha paixão por Strokes, se os caras amam GBV (a banda) eu tenho que beber um poquinho da fonte também. Aliás aqui eu vou fazer um paralelo: SERES DO ALÉM QUE AINDA SE PRESTAM A OUVIR LEGIÃO URBANA, VÃO OUVIR JOY DIVISION OK? J-O-Y D-I-V-I-S-I-O-N !!!!!!!!!!! Isso é uma brincadeira, eu não resisti, mas é verdade, essa é uma boa lição, e esse é um bom espaço para dar lições, então essa é a primeira:

1ª lição de Miss Hyde= sempre vá atrás do passado negro de seu artista preferido, com certeza vai ser a parte mais legal.

Então vamos lá, antes de tudo eu quero dizer que escolhi falar sobre isso justamente porque não tenho nenhuma propriedade no assunto, a graça de poder escrever não é ter minha cara estampada num site de responsa como é o da FRANGOTE, e sim gerar discussões, e pelo que percebo vcs já estão bem familiarizados com esse som, então vai dar um quebra-pau bem construtivo. Meninos comecem a tabalhar, porque no meu template tem que ter espaço pra comentários, réplicas, tréplicas, etc...

O meu primeiro "baque" ouvindo GBV foi o seguinte, alcancei o Nirvana, ou melhor, o Nirvana foi desmistificado por mim. Eu, que sou totalmente da geração grunge, tive que assumir que o Nirvana não foi percussor de merda nenhuma, na moral, dá pra acreditar??? Você não concorda? E você também não??? Então exemplos: everywhere with helicopter; i am tree; i am scientist ; etc....Ainda assim você acha que não tem nada a ver? então vai ouvir uns bootlegs do tempo jurássico do Nirvana...

Não vou me limitar a isso também, senti a influência de muitas bandas e características particularicíssimas, o peso contido, as letras de temática um pouco surreal ou basicamente rock and roll, um bem bolado que é mérito do Sr. Pollard com certeza. Muito anos 60 e 70 bem mixados, de America a The Who, com unpassants por Blue Oyester Cult, Jeferson Airplane, essa parafernália Woodstock style e tudo mais. Claro que sendo indie, não poderia deixar de parecer com outras coisas do gênero, que eu nem vou citar porque já está tão na moda ser indie que eu nem sei mais quem é e quem não é......também, WHO CARES????? não preciso de rótulos.

Eu gostei "pracarai" tá sabendo! Mas também não dá pra escutar o tempo todo, vc tem a necessidade de escutar coisas mais barulhentas depois disso, normal. E então eu vou ver o vídeo de Someday, do Strokes, porque eles participam, tá ligado? É um programa do tipo " Passa ou Repassa " , engraçadinho até...

Os álbuns pelos quais fiquei mais inclinada foram Bee Thousand, Do The Colapse e Universal Truths and Cycles, ah e tem o Alien Lanes para momentos mais lisérgicos também....Não tô falando que tem umas coisas "tri" America? (pra quem não sabe America é aquela banda folkzinha, caipirinha, americaninha, mas legal, eu gosto, principalmente de Sister Golden Hair, ouça um disco de greatest hits aí, seus pais devem ter) exemplos: Hold on Hope e Kicker of Elves.

O importante de tudo como eu já disse uma vez, é o RÓQUE, e isso tá bem escarrado, com cuspe mesmo, mesmo as mais introspectivas, são bem bonitas, no maior clima de Tour Bus em Quase Famosos, Elton John que me desculpe, mas tem tanta música bonita na história do rock, porque diabos eles foram por Elton John na trilha?????? Tá, é legal até..... mas porra, aquele é um filme sobre o Led Zeppelin e seu acessório Cameroniano !!!!!! Elton John nada a ver.......

E então, voltando ao texto, agora eu estou ouvindo "Weed King" ao vivo , acho que já entendi a mensagem da música, palmas pra quem curte um "mate" alternativo ainda, eu não tenho mais paciência, prefiro álcool e nicotina mesmo !

Ainda em clima Hi-Fi aqui vai o meu TOP 5:

1. Chicken Blows
2. Kicker of Elves
3. Ex- supermodel
4. Pretty Bombs
5. How´s my drinking

Por enquanto é isso. Tenho que confessar que gostei dos sons mais deprês, mas é o meu clima de hoje, amanhã eu posso eleger outro podium.


Daniela HYDE *

*mod, rocker, glitter, mãe, empresária de TI e cronista musical nas horas vagas.

quarta-feira, junho 23

Da série: coisas que só rolam em Porto Alegre

Estava eu plena Terça Feira às 8.30hs da manhã divagando pela imunda, bucólica - e tomada pelo "fog" gaudério - Rua Santos Dumont (atrás da Farrapos, não, eu não sou puta, só trabalho perto dos estivadores), quando começa a se aprochegar um indivíduo embriagado, dando aqueles passos de Mikhail Barichnikov (sei lá como escreve)sem suas sapatilhas de ponta, esmurrugando um fuminho básico matinal e cantando um clássico da geração da minha mãe. Assim, como se estivesse num festival dos festivais sabe, tantas emoções era pouco, era mais ou menos assim (vou onomatopeiar como foi interpretado):

"Heheheheeeeeeeeeeeey meu amillgo XARLESS...Heheheheeeeeeeeeeeey meu amillgo XARLESS BRAUM, XARLESSS BRAAUMMM........e aí gata....[oferecendo a palma da mão tomada de cocô prensado]....Heheheheeeeeeeeeeeey meu amillgo XARLESS...Heheheheeeeeeeeeeeey meu amillgo XARLESS BRAUM, XARLESSS BRAAUMMM...." (Anônimo, mas faceiro)

é meus caros colegas, Benito diPaula nas paradas!! Aposto que nem meus amigos devem saber quem é o cara, e olha que ele era "fera", tocava um piano irado, misturou samba e rock and roll muito antes de Los Hermanos.

...rapaz....melhor que coca-cola......porto alegre é isso aí.

domingo, junho 20

Oe...

então eu cheguei ao Orkut, então eu sucumbi ao Orkut e algumas comunidades que me interessam de verdade, ou simplesmente por segundas intenções....que coisa interessante. Esse mundo gira, mesmo quando não bebo...A cena de Porto Alegre anda me surpreendendo e espero que essa "seita" que está se formando seja suficientemente inteligente para transcender esse acontecimento e não fique só no sexo, drogas e rock and roll, porque a filosofia do róque é muito maior do que um bando de porto alegrenses se enlouquecendo e se autofagindo....Parabéns pra Stratopumas acima de tudo, minha banda preferida das últimas semanas...cresçam e deixem todo mundo ouvir! Quem precisa pensar que Strokes se basta por si? Isso não existe... E isso não é uma analogia, veja bem, é uma questão de preservação da espécie.

por enquanto é isso...vou voltar pro meu Sonic Youth e Television...porque está tudo lindo e preguiçoso nessa tarde de domingo..

quarta-feira, junho 9

Sete de maio, sete de junho, 97, 2004.

por Daniel Chu

Depois do show do Júpiter, e de ler a resenha da Dani, senti vontade de escrever algumas coisas aqui. Não gostamos simplesmente de um show, aqui ou com artistas daqui, do rock, simplesmente pela banda, seu aparecimento regular na mídia etc. Gostamos principalmente porque podemos fazer uma espécie de aposta para ver se a banda irá fazer aquilo que esperamos que ela vá fazer. E o Júpiter ou costuma fazer algo inesperado ou (já há muito tempo - talvez desde sempre) faz algo que é escandalosamente POP. E é aí que nós gostamos. O POP acho que comecei a valorizar, ou ao menos a afastar de mim o ranço, justamente por causa da Dani, que sempre foi uma pessoa bastante POP (ok?). Mas estou falando do POP escandaloso, como Prince, Michael Jackson, Roxete (ou seja, mesmo os “mega-explorados”, os mega-vistos, os mega-hits). Por exemplo, no Dom Bosco, o Marcus e eu tínhamos de ostentar um gosto "rock", um comportamento de fuga, de recusa etc., simplesmente porque nós fazíamos parte do grupo dos "esclarecidos", ou melhor, "éramos o grupo esclarecido e construíamos o esclarecimento", mesmo que nossas personalidades fossem muito confusas à época. A Dani fazia parte do grupo dos esclarecidos, evidentemente, mas já “nascia POP”, já “veio POP”. Ela seria mais esclarecida ainda porque era estrangeira – uma grande vantagem, pois é sempre tudo o que queremos (certo?). Se ela vem de São Paulo nós, naturalmente, nos apequenamos e precisamos nos juntar a ela. O segundo ponto, vantagem dela, é que ela possuía a total experiência de sentir algo novo, isso é tudo. Nova cidade, novos costumes, novos “idiomas”, de forma com que, se fôssemos bem atentos alguns de nós, perceberíamos que, aos poucos, íamo-nos tornando um pouco lingüistas, um pouco antropólogos, porque constantemente tínhamos a imagem de alguém (inteligente como nós) que pensava sobre a nossa própria cultura, hábitos, clichês, minimalismos etc., de fora. Eis uma espécie de inveja total, e apequenamento, pois, nesse momento nos tornamos “provincianos” em relação àquele que vem de outro lugar (São Paulo). Ela tinha uma história (insuportável para mim) de que um seu ex-namorado foi quem cedeu aos “Virgulóides” o seu primeiro sucesso; o primeiro grande sucesso dos Virgulóides era composição de um ex-namorado da Dani. Interessante, mas insuportável para todos nós, inaceitável, triste etc. Ter de construir uma imagem de um sujeito “exteriorizado sempre”, ou seja “mitificado”, era o fim, porque parecia que este sujeito estava muito à frente de todos nós, que era um herói distante da Dani... insuportável para todos nós, naturalmente. E o namorado que tocava na “Pearl Jam cover”... tão insuportável quanto. É que, na época, os jovens, como nós, como todos os jovens, possuíamos uma terrível e incessante capacidade de sentir inveja. Portanto, a Daniela, ou “a paulista” para alguns, fazia parte de um mundo rock/pop muito maior do que o nosso, talvez não maior do que o meu “autismo MTV”, Nirvana, grunge, Foo Fighters etc. Mas certamente ela gostava, ou era curiosa, por um “autismo” que era apenas nosso: o do rock gaúcho. Graforréia, Júpiter, 7 de Maio. E vejam que essas imagens todas, para mim, não eram muito agradáveis. Isso é o curioso, interessante. A rigor, o “meu 7 de Maio” nunca existiu da forma como a Dani fala ou falava à época. O Marcus e eu estávamos muito mais numa situação de desespero, de niilismo, de esquizofrenia (típica de duplas... aliás... só se é louco em dupla...). Ela tinha a vantagem de sentir aquilo à superfície, mas melhor para ela, porque a nossa profundidade (Marcus e Chu) era desagradável, ou só era agradável porque construíamos a nossa força a partir dos elementos que tínhamos, o rock e a língua. Se forem perceber atentamente, o Marcus e eu sempre fomos muito “Lingüistas”, e as conseqüências estão aí hoje (o Marcus cursa Letras, enfim, e eu Jornalismo, Filosofia). Aliás, isso é muito interessante porque a Dani sempre falava do seu futuro na História, e depois Arqueologia. Vejamos se não temos uma linha por aí, das humanidades todas, de pedaços que se entremeiam. Por exemplo, o Marcus e eu seríamos os típicos sujeitos que detestam a História, que, aliás, é a mesma coisa, num certo sentido, que detestar a família, a tradição, o lugar, sua pátria, seu Estado. Vejam se o esforço do Marcus não foi sempre de dizer que estaria indo para Londres... “vou pra Londres no fim do ano”, “Amsterdã semestre que vem...”... e nunca parte. Então; a Dani já “fez” a sua viagem, já veio de São Paulo. Nosso esforço era de conhecer/criar uma Terra distinta, uma língua distinta (isso tem tudo de Graforréia). Por exemplo, éramos fanáticos pela Graforréia, mas do Cacavelletes e TNT detestávamos. É quase uma separação política... Frank Jorge/Flávio Basso... mas nomes que só interessam depois... Graforréia/Júpiter, depois que eles mesmos perderam seu passado, seus rostos; a rigor, se formos atentos, o Júpiter é que era o mais fascinante, para todos, pois não era só a psicodelia, era a psicodelia, o artista diferente de si mesmo, e o único que conseguia se produzir como artista... desaparecer, se esconder/aparecendo etc. Nesse show do Júpiter (7/6/2004), como de costume, houve um “acontecimento lingüístico”, pequeno, mas que faz parte de outros acontecimentos. A Dani e eu estávamos conversando, nos “reapresentando” (estamos eternamente, nos reapresentando, sempre que nos encontramos) quando eu disse algo, uma resposta... “... é possível...”, e, naturalmente, a Dani achou cômico e repetiu rindo esse “... é possível...”, muito parecido, é claro, com o “... não sei...”. Mas isso tudo evidenciava, já no tempo do colégio, que a Dani tinha uma “cabeça lingüística” também, porque era a única a perceber realmente essas nuanças e estar preocupada com isso, ou selecionar isso no meio de inúmeras coisas. Mas também há o fato de que ela lia (acho que ela já lia na época) Burroughs. Realmente ela procurava muito as excentricidades. Lembro-me de um fato bastante curioso, único. Aconteceu porque o Marcus e eu sentávamos em dupla na aula. Eu criei o “Penileine”, desenhei um “Penileine”, e falávamos muito sobre o “Penileine”. Mas é que achávamos fantástico a Dani se interessar pelo “Penileine”, perguntar por ele, e nós escondermos sempre o seu sentido, seu porquê. O mais interessante é que, eu juro, desconhecia a música dos Beatles “Penny Lane”. E a Dani certamente conhecia a música, acho que o Marcus também, mas eu fui o último a saber do porquê do duplo interesse da expressão, e do mistério envolvendo o “Penileine”, que na verdade não tinha sentido nenhum, apenas estaríamos, como sempre, aptos a construir o sentido depois. O Marcus tinha uma maneira muito peculiar de entrar na minha loucura e eu visitar a dele. Realmente, agora é claro; nós nos defendíamos da turma. Havia o “Grupo Seleto”, expressão essa que a Nanda gostou e passou a usar. O “Grupo Seleto” era nossa vitória. Nós éramos terríveis quando sozinhos, não tínhamos muito talento sozinhos. Só tínhamos o prazer de calcular a chegada ao “Grupo Seleto” (Dani, André, Nanda, Lu e outros) e promover a difusão da loucura pela linguagem, quase um terrorismo verbal, um esconderijo atrás do rock, falar de coisas que só nós entendíamos. Depois de um tempo, agora lembro que, depois do colégio, lá por 98/99 nos reuníamos algumas vezes na casa da Dani, e o Marcus achava insuportável que só se falasse em cursinho, em professores do cursinho. Era muito divertido... deveria ser fatal mesmo ouvir a Baur e o conservadorismo da Ju falando de cursinho, e o conservadorismo do Rogério (estudante de economia!) falando de cursinho e de professores que o Marcus não conhecia... Para ver realmente quando começa um movimento reacionário, conservador... quando se começa a falar muito de cursinho, quando a Ju começa a ter um bebê, quando aumentam as crises familiares de uma Nanda, quando a coisa começa a se tornar muito familiar. Ora, os nômades detestam as famílias e as identificações, e as propriedades.

domingo, maio 23

dinâmica do trabalho


Minha gerente me mandou fazer isso e não quis aceitar porque eu não tinha passado pro computador ainda. Como eu prometi a ela, estou publicando no blog:


-Momentos Marcantes e o que eu mais gosto de fazer

Acredito que não dê pra enumerar todos os momentos marcantes da minha vida, portanto resolvi pincelar os acontecimentos que foram essenciais pra formação da minha maturidade.

TEATRO – Fiz 3 anos de teatro amador, o que me ajudou a entender um pouco mais as pessoas e respeitá-las na diversidade. Aprendi a ser um pouco menos comedida nas minhas reações e expressar meus pensamentos e idéias nas horas que achar necessário. Abandonei o teatro pouco antes de me mudar pra Porto alegre e pouco depois de ganhar um prêmio de melhor atriz, tinha um namorado ciumento, e gostava dele, às vezes a gente faz concessões das quais se arrepende, mas me ensinou a ser mais cuidadosa com concessões também.

MUDANÇA PRA PORTO ALEGRE - Tomei uma decisão muito importante nessa época, “sempre mudar”, inovar, variar e nunca deixar nada virar algo tedioso. A estagnação é o pior defeito do ser humano.

SEPARAÇÃO DOS MEUS PAIS – Surpresa, o único casal do mundo que funcionava de verdade na minha mente. Perdi um pouco o rumo e o interesse pelas coisas. Me formei com dificuldade no colégio. Não passei na UFRGS. Fui trabalhar.

PRIMEIRO TRABALHO – Flytech. A informática maldita que permeia minha vida. E eu queria distância dos postos que não fossem de usuário. Um pouco mais de um ano de “meu dinheiro” , se eu tivesse que passar pelo mesmo de novo, economizaria um pouco mais. Saí pra fazer o que eu gosto: estudar (com o “apoio” e o aval do meu pai).

FACULDADE – Talvez o mais importante, talvez o personagem principal da minha utopia: “passar o resto da vida estudando”. Eu escolhi a História com 13 anos e a Arqueologia com 11, e isso não mudou. Foi onde eu pude ser eu mesma, escrever tudo o que quero e falar de tudo que penso e fazer por merecer. É o lugar onde a gente descobre que não existe unidade, mas abusamos da mesma pra legitimar nossos atos.

GRAVIDEZ – Pausa no mundo. Pausa nos estudos, no trabalho (não muito agradável nesse momento), nas festas. “Eu vou ser mãe e tenho que aprender mais sobre isso antes que esse feijãozinho cresça e saia correndo daqui de dentro”. Bem, ele saiu, o Vincenzo, e não há nada igual, e é a única magia de verdade no mundo, e busque um dicionário de “Clichês que as mães insistem em eternizar”, porque procede completamente. Fiquei quase 2 anos com ele em casa, amamentei até 1 ano e 3 meses, porque ele quis tomar leite no copo. Mas eu precisava continuar minha jornada, porque ser mãe é tudo, mas não basta.

TRABALHO – Digi Brasil. Recomeço do meu pai depois de muitas dificuldades financeiras. Recomeço pra mim, coloquei a Terra pra girar novamente e saí correndo atrás do que se faz necessário.

MINHA SEPARAÇÃO – Dois super-amigos que viraram namorados, depois casal, depois pai e mãe, depois velhos rabugentos, sem estrutura nenhuma pra consolar. Resolvemos rejuvenescer enquanto é tempo e buscar a estabilidade que a maioria dos jovens de meio século não consegue alcançar nesse século.

VOLTA AO NÚCLEO FAMILIAR: Papai voltou com mamãe, e moramos todos juntos, com meu irmão e meu filho. Eu amo isso, não pela dependência nem pelo comodismo (apesar disso existir), mas o principal é que a minha família tem um convívio maravilhoso, uma harmonia que eu aprendi a reconhecer e respeito mútuo. E na minha opinião, tendo isso em casa, a vida fica mais fácil lá fora.

MUDANDO DE NOVO – Família é ótimo, trabalhar com ela é mais difícil. No meu caso, o problema foi me dar conta que precisava fazer algo sem a ajuda deles. Saí da empresa, fiquei 4 meses em casa, pensando em editar um livro, gravar um disco e montar um estúdio de gravação, sem dinheiro, óbvio. Acabou que eu só lavei, cozinhei, cuidei da cria e comecei a mandar currículos de novo. Infelizmente, vivo num mundo que consome e é consumido pelo dinheiro, resolvi mergulhar nele de cabeça, ou de barriga, ainda não sei.

O que eu quero hoje é dinheiro, pra cuidar do meu filho, terminar minha faculdade, ter a minha casa, essas coisas de pessoas normais, fiquei mais imediatista com o passar do tempo, “pero sin perder la ternura, jamás”.


O QUE EU MAIS GOSTO DE FAZER

Escrever, escrever, escrever, ser mãe todos os dias e regar tudo isso com muita música. Quase não falo dela porque ela está subliminar. É a música que me move, que me faz feliz e triste, que me diz o que eu preciso e não preciso ouvir, que me conforta e me agita. Enfim, posso estar sendo visionário, mas sem trilha sonora, nós não teríamos nem oxigênio. Os animais nascem fazendo barulho, e é assim que deve ser pelo resto de suas vidas. Muito barulho pra todos.

terça-feira, maio 18

ressucitando...


seguinte, como a página da frangote morreu, venho trazer novamente a vocês a trilogia róque grande do sul que eu escrevi há alguns milênios atrás, mas vale a pena:

MPG - Parte I - Trilogias são muito legais

Punhetinha de Verão

"bom bom bom faz aquela nêga do outro lado daquela rua...."

E foi assim que os Cascaveletes ficaram conhecidos no resto do País, na trilha sonora de uma novela global (Top Model), e assim ficaram esquecidos no inconsciente coletivo nacional, mas não aqui, nos pampas as coisas são diferentes, principalmente quando se trata de música, principalmente quando se trata de rock and roll..

A história dos "3 ou 4 acordes tocados com vontade" (como diria um amigo meu) no Sul começa há muito tempo atrás, e eu teria que tirar minha carteirinha de bairrista se começasse a discorrer sobre o assunto, como não quero defender, nem ostentar uma região mais do que outra, resolvi falar de algumas bandas importantes para a formação do caráter da MPG (música popular gaúcha ou gaudéria), apelido carinhoso que os músicos daqui deram a esse som característico que muitos ainda tentam levar para o centro do país em vão.

Os Cascaveletes surgiram em 87, a primeira contradição sulista, enquanto o resto do Brasil estava esnobando com letras politizadas cantadas por filhos de diplomatas de um lado, e gritando H. C. do outro, aqui embaixo 4 rapazes levantaram seus topetes e formaram "a maior banda de rock and roll do mundo" , definição do próprio Flavio Basso (a.k.a. Jupiter Maçã, Júpiter Apple, etc...), que acompanhado de figuras como Nei Van Sória, Alexandre Barea e o grande mestre Frank Jorge configurou o que foi uma das maiores bandas de rock do país. Rock and roll RAÍZ, fiel aos anos 50 e 60, e com atitude exclusiva, eles faziam "PORN' A BILLY" !!! Letras engraçadinhas, felizes e explicitamente pornográficas, certamente esse foi o motivo mor da dissolução do TNT (que vai figurar a parte II da trilogia) , Flavio e Nei já no embalo desse som e Charles Master discordando de tudo, mas essa é outra história...

Alguns dirão: tá, e isso leva o ser humano aonde??? Eu digo: a diversão. Por isso que aqueles seres iluminados do passado começaram a distorcer suas guitarras elétricas, pra divertir, simplesmente. O Rock pode ter zilhões de vertentes, e mesmo que seja contra a minha vontade, ele diverte, alucina e faz as pessoas mais felizes. As letras são minimalistas??? Você, leitor, já traduziu alguma vez as coisas que ouve??? Então comece a fazer isso já. Boa lição essa...

2ª lição de Miss Hyde = TRADUZA TUDO O QUE VOCÊ OUVE, ALÉM DE APRENDER INGLÊS; É, AQUELE QUE VOCÊ IGNOROU NA ESCOLA; VOCÊ VAI PODER REALMENTE CRITICAR, GOSTAR OU NÃO DE UMA BANDA.

Cronologia Cascaveletiana:

1987 - Lançamento da demo com 15 MÚSICAS, isso mesmo! Aqui se "lança" demos e se coloca qtas músicas quiser nela. Febre total, Cascaveletes está para o Rio Grande do Sul assim como Beatles está para o mundo !

1988 - Lançamento do album, em vinil, a pedido dos fãs, esgota em semanas. Nas rádios, o album rola na íntegra o tempo todo, tradição que , graças ao bom Deus Bagual, continua até hoje, a coisa mais comum do mundo é ligar uma rádio porto alegrense e ouvir um disco todo, delírios...

1989 - Frank Jorge dá bye bye baby e vai reger sua Graforréia Xilarmônica (última e sensacional parte da trilogia, aguardem). Os Cascaveletes lançam Rock'a'ula, album mais glam rock da América "Latrina" , daonde saiu a Nega Bom Bom lá de cima, e a única música realmente séria (na minha opinião) da banda , Lobo da Estepe.

1991 - novos carinhas velhos entram pra trupe, Bluesman nos teclados e Luciano Albo no baixo (que fique registrado que eu tive o privilégio de passar uma noite lá pelos idos de 1998, tocando muito róque e muito David Bowie com o Luciano, num boteco, lá na Oswaldo, claro). Já nos últimos suspiros, mas ainda com tempo de deixar ao mundo o Classicus Maximus "Sob um céu de Blues", nas festas tipicamente gaúchas e roqueiras, pedem pra tocar essa ao invés de Raul (com algumas reclamações, sempre tem os bebuns, não adianta). Enfim, o Nei acaba com tudo.

Pra não perder o costume, aqui vai meu Top 5, incrementado, com alguns trechos, cifrados, óbvio, a maioria aqui nessa porcaria é músico não é???

1. Moto (totalmente, a número um, sempre)

A E D C#m
Deixa eu andar na tua moto
F#m B7 E (riff-intro)
Mas quem vai na frente é você ( eu sento na carona!)


2. Lobo da Estepe

(C Am G F7+/C Am)
Tua casa incendiaram
Tua esposa amaram
Este azar sobre você
Como uma nuvem que não chove


3. Menstruada

C C/B Am
Ela disse hoje não, meu tesão
C C/B Am
Mas eu disse hoje sim, porque não
F G C C/B Am
Além disso eu passei toda tarde estudando pro vestibular
F Fm C (Am G)
E esta noite eu dediquei a te agarrar



4. Sob um Céu de Blues

G C G C Em
Bom dia sol nascente, eu vim prá contar minha triste história
Bm MIm SIm DO Am
Minha garota me abandonou numa estação de trem
G C
Sob um céu de blues
G C
Sob um céu de blues


5. Morte por tesão

(Em Am F(Dm7) Em)
Eu queria ser um vampiro, pra chupar o sangue da gata
eu queria fazer vodu, pra conquistaaar.... tu
Am Em
eu queria ser um demônio e te derreter no meu inferno
D#m Dm Em
eu queria que ela morresse de tanta satisfação
D#m Dm C B
eu queria que ela morresse, morte por tesão


Os Cascaveletes deixaram saudades, deixaram sim, mas nem tanto, sabe por quê? Porque a maioria desses figuraças persistiram, perseveraram e nós somos abençoados por seus novos projetos e trabalhos de tempos em tempos, nós.....aqui no Sul, vocês que se virem, mas corram atrás, porque segundo Bruno Cavalcanti, "os que não conhecem, só saem perdendo por não saberem sobre a banda mais enérgica e empolgada que já subiu num palco desse país".


MPG - Parte II - A missão de superar o "Cascava"

"Entra nessa, e dance o rock´n roll..."


Voltamos um pouco no tempo pra falar de TNT, que foi o berço de alguns seres espe(a)ciais da MPG, e que realmente começou essa onda de "roquezinho descompromissado". Era 1984 quando esses moleques, é moleques mesmo, entre 16 e 18 anos, menores que vocês seus barbados, e fizeram todo aquele rebuliço, mexam-se! Então, no ínicio da década de 80, Flávio Basso (sempre ele, qualquer hora eu falo só dele), Charles Master, Nei Van Sória e Felipe Jotz começaram a compor o que seria o primeiro álbum da banda, letrinhas tranquilas, falando basicamente de mulheres e desilusões amorosas. Mais uma vez eu digo, é bom pensar na situação do país que vivemos, mas quem não gosta de músicas "fáceis de ouvir"?? Quem não gosta de ouvir coisas como:

"Ela fala inglês, eu só falo português
Sei que tem a ver, mas não posso compreender
Encontrei a paz, pode crer que pode ser..."

Os anos que se seguiram foram configurando o que seria o "boom" do Rock Grande do Sul, esse é o nome de uma coletânea que saiu em 86, aonde o TNT se encontrava ao lado de Replicantes, De Falla e Engenheiros do Hawaii, e é um nome bom para definir como o rock é tratado por aqui. Grandes momentos para a cena gaúcha, muitos shows, festas, bebedeiras, ou seja, clichezão sexo, drogas e rock'n roll, muito RÓQUE!

Mas a banda se dissolveu antes do primeiro álbum ser lançado, como já sabemos, Flávio e Nei foram brincar no Cascaveletes, "trocar a terra prometida pelo prazer de caminhar no deserto", segundo o próprio Nei, sacou?? Lobo da Estepe??? yadda yadda yadda... E o dito saiu em 87, ainda com composições da formação original, e diga-se de passagem, o melhor da carreira dessa banda, pérolas definitivas como "Oh!Deby" , "Cachorro Louco" e "Entra Nessa" se encontram no primeiro trabalho.

Depois veio o segundo, em 88, com Luís Henrique "Tchê" Gomes e Márcio Petracco nas substituições, e a questão vem à mente? Será que eles conseguiram sem o cabeção do Flávio Basso?? Sim, conseguiram, não tinha mais o mesmo feeling, havia uma certa sofisticação tanto nas letras como nas linhas melódicas, afinal, os garotos estavam crescendo e de alguma forma a música estava mais madura, na medida do possível dentro da temática utilizada, alguns hits eternos estão aqui também, como "A irmã do Dr. Robert", "Gata Maluca" e "Não Sei", essa última pra mim é um caso a parte, vejo-a de uma forma carinhosamente chupada de Sweet Jane (Velvet Underground), não há como resistir a um medley vocal enquanto alguém toca essa música, pegue a cifrazinha dela lá em algum site e faça o teste!

O meu gosto pessoal prefere o TNT - DOIS, mas o feeling sempre vai estar lá no início, como é comum na história da música. Vale lembrar que nessa altura do campeonato os caras tocaram "A irmã do Dr. Robert" no finado Globo de Ouro, da rede "plim plim", isso é engraçado porque muitos aí não vão saber do que estou falando, mas esse programa era uma piada, bons tempos de jabá...

O único lapso do Nº 2 é que aqui existe uma música intitulada Charles Master, tipo, quem é o canalha do artista que escreve uma música com o seu nome???? Ainda mais estando em um grupo ??? Tsc, tsc Sr. Charles, que coisa mais feia....por isso que os gênios te deixaram de lado, assim como qualquer pessoa que entenda um pouco de música faria. Isso é um aviso para todos:

3ª lição de Miss Hyde: CARA! SE VOCÊ FIZER UMA MÚSICA SOBRE VOCÊ E SUA VIDA, TUDO BEM, MAS NÃO OUSE BOTAR TEU NOME NO TÍTULO NEM NO REFRÃO, POR FAVOR!!! DECADÊNCIA TOTAL !!! L-O-S-E-R !!!!! SE A MADONNA E O MICHAEL JACKSON NÃO FIZERAM ISSO, É PORQUE É MAIS DO QUE RIDÍCULO (me lembrei do Prince, bom, não precisamos nem discutir o assunto, apesar de eu gostar de algumas coisas dele). E SE MESMO ASSIM VOCÊ DESAFIAR ESSA PREMISSA, EU ORGANIZO UMA EQUIPE DE LINCHAMENTO. Parafraseando Cascaveletes: "O dotadão deve morrer" ( se bobear o Flávio escreveu isso para o Charles )

Na moral quem está realmente criando essa rixa entre eles sou eu, os caras até conversam, por favor não levem para o lado pessoal, é só a minha visão sobre as bandas...

Daí tem o terceiro álbum, o Noite Vem Noite Vai, de 90. Vou ser sincera, ouvi pouquíssimas músicas desse "úrtimo" , mas soa como uma banda cover de Barão Vermelho (c/ o Cazuza claro). Tem a participação do Lulu Santos numa faixa e não preciso dizer mais nada, aqui o som foi descaracterizado totalmente. Então o TNT se perdeu na história....Tem a desculpa de que os caras cresceram e não conseguiam mais fazer aquele som "inocente", mas eu não acredito nisso.

Em 1992, Flávio Basso ainda tentou dar uma ajudinha pra ver se a banda ressucitava, mas não funcionou, só deixou uns legados como "Insano" e "Você me Deixa" (que eu desconfio ser uma música só, mas minhas fontes estão díspares), procurem na coletânea As 15 Mais da rádio gaúcha Ipanema, a rádio dos loucos, ipanêmicos, etc e tal. Acabei de ler em outro lugar "Isso me deixa insano", vai entender... se alguém conhece essa música por favor me esclareça!

Hoje em dia Charles Master continua tentando em vão emplacar sua carreira com um set list puramente TNTeísta (L-O-S-E-R), Flávio continua pelo espaço, Nei grava uns álbuns de vez em quando, mas tem seu sustento com a loja de instrumentos mais massa da cidade (Good Music - aliás, vários músicos fodões da cidade já trabalharam lá), Márcio Petracco está nos Cowboys Espirituais com o Frank e Julio Reny (será que isso ainda existe?), Luís Henrique gravou com o blues group Pura Sangre e eu não sei por onde anda.

E essa é mais uma lembrança boa de Porto dos Casais, e referência total pra bandas presentes e futuras, prova de que anos 80 só foi uma época obscura pra quem não curte música e só lembra de calças semi baggy, blazers com ombreira, roupas fosforecentes e listradas e cabelões pigmaleão.....até do hard rock se aproveita alguma coisa.

Pra finalizar, o Top 5:

1. Oh! Deby
2. Baby, vou morar n'outro planeta
3. Ela me deu o bolo
4. Gata Maluca
5. Entra Nessa

Te controla garoto, meu problema é mental, meu sangue é muito quente e eu tô muito mal, se tu pula fora agora, vai perder a terceira e última parte da trilogia!



MPG - Parte III - Finalíssimo, pero no mucho

"Eu, queria tanto encontrar, uma pessoa como eu, a quem eu possa confessar, alguma coisa sobre mim..."

Eu sei, eu sei que os esquisitozóides pop do Pato Fú usaram isso, e foram muito bem sucedidos (veja bem, chegamos num ponto delicado das crônicas gauchescas de Dani Hyde, pois se eu quiser conservar minha posição de escritora aqui, não posso falar mal do Pato Fú.....que coisa). Mas com todas as controvérsias, eu realmente admito que a versão mineira da música é o máximo, que ALGO que é aquele teremim huh! Já não digo o mesmo de "Nunca Diga”, mas algumas coisas têm que ser omitidas para que eu conserve uma relação amigável e de parceria com meu primo Boris the Billy Magrão Guevara.

A história começa mais ou menos assim, era uma vez, cinco rapazes que viviam em Liverpool...ops...não é isso...um dançarino tosco lá de Memphis...hummm...também não...uns brazucas metidos a roqueiros num país em plena ditadura...nem pensar...

O Ano é 1987, tinham esses caras de uma banda estranha chamada Prisão de Ventre, que acabou em função da entrada do guri Frank Jorge nos Cascavelletes, mas devido à camaradagem e a grande empatia que existe entre os músicos sulistas, eles não agüentaram de saudades e o pessoal do Prisão (Frank, Marcelo Birck e Alexandre Ograndi) se juntou ao "sem noção" Carlo Pianta ( De Falla, Colarinhos Caóticos) e resolveram formar uma banda nova; na verdade os registros nos remetem mais aquém e os criadores originais do esquema foram o Alexandre, o Marcelo e o Zé Natálio (ele mesmo, baixista do Papas da Língua, o mundo dá voltas), esse foi o trio que surgiu com o nome da banda, retirado de uma pesquisa em dicionários bem aleatória, tipo mamãe mandou:

Graforréia: doença mental que faz com que o indíviduo tenha compulsão por escrever, o tempo todo, a todo o momento, qualquer coisa. (óbvio que eu não fui pesquisar isso, mas achei tão legal que nem vou procurar saber se é verdade, porque eu entendo as pessoas que possuem esse distúrbio)

Xilarmônica: instrumento musical, tipo xilofone.

O som é complexo, contraditório, eles estavam cansados de um roquezinho fácil e clichê, há a necessidade de se aventurar por melodias dodecafônicas, politonais, atonais e muitos ruídos sem sentido. Todos que tentam definir a Graforréia morrem na praia. Algumas sugestões: "Rock com Jovem Guarda, breguices, nonsense, psicodelia" ou segundo o próprio Birck: "Jovem Guarda fora de controle", eu opto pela segunda. Porém vale lembrar que a maior característica dessa banda é o improviso, alguns acham que a genialidade dos solos fala por si mesma, mas aqui eu desmistifico essa questão, Carlo Pianta era um cara que não ia aos ensaios (sempre tem uns), o que justifica sua performance ser totalmente fora de tempo, tom, espaço, métrica, ritmo e afinação em todas as canções, e como ninguém ousou fazer isso antes, é muito hype, super inovador e já está imortalizado. Palmas pra guitarras desafinadas, mas dentro de um contexto.


Em 88 é lançada a demo tape “Com Amor, Muito Carinho”, gravada no extinto estúdio–produtora-e-tudo-mais-de-bom Vórtex, em Porto Alegre, grande “palco” da história do rock gaúcho. No mesmo ano Birck larga fora para montar a Aristóteles de Ananias Jr., porém o rapaz foi peça essencial nas composições do primeiro álbum, como vocês podem perceber, aqui no sul há uma necessidade muito grande de formar bandas, não importa quantas você já seja integrante, nem a qualidade delas, quanto mais bandas melhor, é um fenômeno inexplicável, que continua se propagando.

Voltando à fitinha, aqui nós temos 25 músicas que são a base dos sucessos dos dois álbuns da banda, a maravilhosa “Eu”, que Frank sonhou que iria tocar em trilhas de novelas , “Amigo Punk”, que sem dúvida é o hino maior do Rock Grande, Frank e Birck conseguiram reunir numa única canção o regionalismo, os petardos do rock gaúcho e uma melodia perfeita, e tudo isso foi feito brincando, o Pianta relata na completíssima bíblia Gauleses Irredutíveis (espécie de Mate-me Por Favor sulista) como os caras gargalhavam escrevendo Amigo Punk “se cagando de rir e fazendo a música, rindo de sair lágrimas”, é o que eu digo, as maiores pérolas surgem do descompromisso, outros sucessos posteriores da fita também seriam “Empregada”, “Grito de Tarzan”, “Pate”, “Hare”, “Baby”, “Eu gostaria de matar os dois” e “Fúlvio Sillas”.

4ª lição de Miss Hyde: Simplesmente não tem lição, simplesmente faça, seja espontâneo, e tudo vai dar certo. Mesmo que o reconhecimento só venha depois da morte. Mesmo assim vale a pena.

Seguiram-se momentos sublimes de rock and roll, agora apresentado numa roupagem diferente, intrigante. Só pra lembrar do meu protegido, a Graforréia começou a fazer shows quando o Frank ainda estava no Cascava, o Flávio (Basso) se emputeceu porque ele tinha aquela coisa de “homem de uma banda só”, e resolveu sabotar um show do Graforréia, lá foi ele com o Alexandre Barea pro show da G.X. detonar com tudo, mas eles se encachaçaram tanto que mal conseguiram derrubar uns pedestais e dar uns berros desconexos, como dizem esses bahianos de vanguarda, pense num vexame total, conclusão, foram arrastados pra fora do recinto por suas respectivas namoradas.

Situação seguinte, anos 90, a banda termina pela primeira vez, “fome, seca, geada, frio, sombras, escuridão, trevas, morte, Engenheiros do Hawaii”...verdadeiro mal do século para o país todo, menos mal que nesta época nós tínhamos o nosso insight de alienação total com o movimento grunge.

Em 92 a Graforréia retorna às atividades e em 94 assina com a Banguela Records o lançamento do álbum “Coisa de Louco II”, por que 2??? Sei lá, não interessa, mas é meio óbvio. Temos aqui regravações de músicas da demo, e “Você Foi Embora”, e “Minha Picardia”, entre outras escolhidas de um repertório de dezenas de canções, não preciso dizer muito, é só conferir, material de primeira. Então a coisa estoura, muitos festivais, shows nas grandes capitais e esses luxos todos. O fenômeno é reconhecido como “a melhor banda brasileira do mundo” por uns e outros, missão cumprida. Infelizmente o Coisa.. pagou o preço da má distribuição e não fez tanto sucesso como alguns esperavam, mas para delírio do povo cult, a Graforréia se firmou nos nossos corações.


E então vieram as Chapinhas de Ouro em 1998, quarteto de novo, com a entrada de Eduardo Christ nas guitas, mais algumas regravações das antigas e outras totalmente novas, tipo Beethoven, o dilema de um cão quase humano ou um humano quase cão, e temos também o advento da Benga Music no seu auge, não sabe o que é “benga”??? Também não sou eu que vou dizer, corram atrás. O repeteco de “Baby”, tem uma das frases mais rock da banda: “baby eu vou jogar confete no ventilador” e um lickzinho grudento do caramba. Pra finalizar ( o parágrafo, pq é a segunda faixa do álbum ) “Meus Dois Amigos”, adivinha quem é o estopim da trama dessa canção?? Ele mesmo, Sr. Flávio “Júpiter Maçã/Apple” Basso, Frank discorre sobre o “churras” que furou devido a uma ébria noite ao lado do amigo, outro clássico que o turista que estiver passeando pela Oswaldo Aranha vai escutar na boca de algum astronauta de lá, certamente.

O álbum gerou a mini-turnê Vamos Atacar C’os Ovo, um blast de Porto Alegre, porque ao final dela, novamente a Graforréia anuncia sua despedida. Artistas tão brilhantes não conseguem se limitar a um único projeto, então cada um foi trabalhar em cima de suas carreiras-solo , o que nos dá outros panos pra manga, e outras histórias maravilhosas.

A nossa “sinfônica do Bonfim”, como diria o nosso outro amigo Wander Wildner, deixou muitas marcas, cicatrizes, tatuagens e musicalidade por todos os poros, ainda é possível encontrar músicas dispersas em várias coletâneas, um exemplo é “Sei que cê tá loca (pra chupar o meu caralho)” que figura nas 15 + da Ipanema e outras viagens como Chapolin, Gislaine (uma das inspirações para Ana Júlia), Centenas de Gorilas, Sapato Alto, Não Sou Rabugento e muito mais, é só vasculhar que a gente acha alguma piração da G.X. em algum lugar do planeta.

Top 5

1. Grito de Tarzan
2. EU
3. Baby
4. Você foi embora
5. Amigo Punk

Saudades meus amigos, muitas saudades de quando eu cheguei aqui em Porto Alegre e descobri todo esse mundo novo, e que sentido que a minha vida fez! Deixei de ser uma singela rocker wannabe pra então acreditar que também posso deixar minha marquinha na história da música, e isso eu devo tudo a essa gauchada! Seu bando de putos! Amo vocês!


Daniela HYDE *

*mod, rocker, glitter, mãe, empresária de TI e cronista musical nas horas vagas.








quinta-feira, abril 22



as coisas vão acontecendo sucessivamente e quando você se dá conta não tem como voltar atrás e levantar dos tropeções, não tô preparada pra escrever sobre isso ainda, vamos cantar.

ADEUS VOCÊ (Marcelo Camelo)
Intro: B7 E7 (2x)

Bm7 Em7
Adeus Você
Bm7 Em7
Eu hoje vou pro lado de lá
Bm7 Em7
Estou levando tudo de mim
Bm7 Em7
Que é pra não Ter razão pra chorar
A7/F# A7/Bb F#7(#5)
Vê se te alimenta e não pensa que eu fui
Bm7 Em7
Por não te amar

Bm7 Em7
Cuida do teu
Bm7 Em7
Pra que ninguém te jogue no chão
Bm7 Em7
Procure dividir-se em alguém
Bm7 Em7
Procure-me em qualquer confusão
A7/F# A7/Bb F#7(#5)
Levanta e te sustenta e não pensa que eu fui

Por não te
G#m7 C#7(9) F#7 B7 E F#7 Bm Gm6 F#7
Amar Quero ver você maior meu bem
Bm Gm6 Bm Gm6 F#7 (2x)
Pra que minha vida siga adiante

Bm7 Em7
Adeus você
Bm7 Em7
Não venha mais me negacear
Bm7 Em7
Seu choro não me faz desistir
Bm7 Em7
Seu riso não me faz reclinar
A7/F# A7/Bb F#7(#5)
Acalma esta tormenta e se aguenta
F#7(#5) Bb
Que eu vou pro meu lugar
A Dm F#° Gm7
É bom as vezes se perder
C7(9) F7+ E° Bb
Sem ter por que, sem Ter razão
A Dm F#° Gm7 C7(9)
É um dom saber envaidecer, por si
F7+ E°
Saber mudar de


G#m7 C#7(9)
Tom,
F#7 B7 E F#7 Bm Gm6 F#7
Quero não saber de cor também
Bm Gm6 Bm Gm6 F#7 (repete)
Pra que minha vida siga adiante

sábado, março 27




e essa madrugada sobre mim, meu nariz escorrendo o álcool tomando conta da mente, a nicotina já me matou por dentro e eu aqui. eu aqui, sempre igual, sempre diferente, sempre cheia, sempre vazia, sempre alegre, sempre triste, sempre valente, sempre com medo. cansei de estar sempre, quero ser efêmera. posso ser efêmera em alguns segundos? Falei com tantas pessoas boas hoje, senti saudades de umas, e esperança em outras, e participei da construção dessa esperança; será que tá certo? que posso fazer isso? se nem a minha tá direita ainda, se a minha esperança é uma inconstante do caralho que me conforta e depois me bate na cara e me deixa ali no canto, chorando sozinha sem existir mais calor, nem da tela fria nem de nada. Supera a mim mesma, essa esperança, olha nos olhos, cospe nos infelizes e pessimistas e supera, e inventa, e traz pra mim um travesseiro bem fofo. e eu ainda fico repetindo seu nome lá naquele lugar (sim, coração talvez), nada acontece, pra mim, veja bem, pra mim. agora me sobra dividir esperanças com quem tem mais chances do que eu. e não sobra nada, porque mais que vampira eu sou distribuidora disso tudo e não quero que sobre nada, nada, vou dar tudo que tiver, pra não precisar sofrer e se tiver que ser feliz que se faça nascer de novo algum outro sentimento....por que a Carole King é gênia? por que Neil Young é gênio? eu deveria ser tbm, mas se fosse não ficaria me identificando com os outros e estaria escrevendo os meus legados, mais agora não dá porque tô ouvindo o meu hino, um deles...puta...como eu elejo hinos pra minha vida...Foda-se se as pessoas acham que eu dou muita importancia pra música, isso só prova que elas nunca vão ser capazes de me entender..."Dani-se" se o meu mundo é surreal e colorido e furta cor e sem problemas, porque quando se pensa com melodia a tristeza só é mais um compasso, e tem final...e por fim, "forget about it", se te incomoda, se te contraria, se vai contra tua vontade, se é contra teu conceito, seu desejo e funções naturais....é tarde demais....tarde demais...

Carole King - It´s Too Late

Stayed in bed all morning just to pass the time
There's something wrong here there can be no denying
One of us is changing or maybe we've just stopped trying

And it's too late, baby, now it's too late
Though we really did try to make it
Something inside has died and I can't hide
And I just can't fake it
Oh, no, no, no, no, no, no, no, no, no

It used to be so easy living here with you
You were light and breezy and I knew just what to do
Now you look so unhappy and I feel like a fool

And it's too late, baby, now it's too late
Though we really did try to make it
Something inside has died and I can't hide
And I just can't fake it

There'll be good times again for me and you
But we just can't stay together don't you feel it too
Still I'm glad for what we had and how I once loved you

But it's too late, baby, now it's too late
Though we really did try to make it
Something inside has died and I can't hide
And I just can't fake it

Oh, it's too late, my baby
It's too late, now darling
It's too late


quarta-feira, março 24



só alguns esclarecimentos:
A Hyde Corp. abriu uma excessão para postar um texto que não foi produzido a próprio punho pelo teor qualitativo do mesmo.
Não é um costume e nem tampouco será falar com palavras que não sejam minhas. Embora às vezes fosse necessário.

Grata

Dan

Apresento-lhes o arquiteto de Utopolis...









...Ronaldo Selistre, meu amigo de alma, um dos poucos vampiros vivos (não julguem, depois eu explico) que pude encontrar nessa vida e ainda por cima um dos meus artistas favoritos (sim , porque ele é multi-task como eu)

segue um conto dos seus, para aproveitar o clima que invadiu esse espaço e provavelmente vai reinar pelos próximos dias:



chuva nos olhos

Por Ronaldo Selistre

Conheço a noite, as chaminés uivantes, os átomos do vidro; me volatizei por uma clarabóia agora há pouco. Caio quando quiser naqueles guarda-chuvas, e me deixo esparramar...

Tenho milhões de rostos. Tenho um só sorriso, não te mostrarei. Quero te seguir até em casa, pode fugir, mulher: a chuva me abafa os passos, virei como um déjà vu na tarde úmida. Não me conheces ainda. Me vês.

Não me espera; arrombarei tua porta - silenciosamente... - com o cheiro de cartas antigas. A vida não foi boa comigo. Esta cidade é minha madrasta devassa.

Estou vindo. Preciso de ajuda. Estou gritando por dentro como um zoológico chinês. O outono se foi esta manhã; o céu escureceu como lábios de morto. Trago vinho para os teus seios, dedos para os teus dentes. Minha capa pingando a madrugada sobre ti. Não valho mais que uma voz noturna ao telefone? Não sou mais raro e urgente? Chega mais perto.

Vou queimar tua solidão na fogueira, começarei pelas pernas; quero derreter tua vida de monja operária e derramá-la quente no teu dorso. Te arrancarei sorrisos violentos.

Lá fora não me querem. Vê: tenho marcas aqui, aqui... me temem e não sabem. Agora estão todos embriagados e de mim se esqueceram. Bebi menos; atualmente planejo uma última investida, sóbrio talvez. Hoje, porém, não quero nada tão abstrato. Ainda oferecerei perigo? Em que direção atiro? Rápido!

Em cercas de arame contra o céu penduraram minha fé. À beira da rodovia a noite passa e tu sonhas sozinha numa cama quente enquanto em mim mil fliperamas gritam num sussurro metálico. Lá na esquina, a chuva na galeria ecoa como o som das coisas sonhando. Os uivos de doze gerações ainda assombram os insones.

Vou louvar as veleidades noturnas, os domingos abortados e suas fábricas suburbanas. A solidão úmida dos terrenos baldios; quero janelas empoeiradas, trepadeiras. No porão a lâmpada balançando, sombras elásticas fugindo das paredes. Estou queimando rua afora. Me ajuda.

O ar noturno me descama a pele, a cada espelho há um rosto pior entre os meus dedos. Sabes o que eu quero. Preciso entrar - e entrarei.

Estou farto do mundo. Já não tenho pálpebras que dele me protejam, vou lamber o mundo dos meus olhos. Borro todas as imagens. Quero mais febre. Enfermeira! Estou quente. Quente!

É a velhice, não é? Estou senil, agonizo neste leito - me escondem, eu sei - há bons vinte, trinta anos? Na janela o sol incendeia a chuvarada. É um fogo. Ah, meus poetas. Voltem! Minhas ruas na neblina. Com que pressa tudo se esvai. A tarde esfria...

Minha juventude - os crepúsculos nas vitrines, a música perfumada que escutava do travesseiro ao longe, em qualquer cidade onde estivesse. A dança sempre alheia. O abraço e a ternura que não conheci. A mulher que não me teve. Meus caminhos de silêncio na fumaça dos bairros pobres. Um pouco de arte para um peito ocioso, é assim que caem os jovens, afinal.

Vê, não sabem eles. Fui sempre o trovão enjaulado, o lobo castrado, o filho do verdugo. Enxergava de onde ninguém via. Esperei e esperei. Todos passaram.

Foi do hospital que vi o céu deserto ventando vazio num domingo. Tudo estava morrendo. Avistei dali aquela juventude que me entregaram às pressas, toda mal-aparada nas extremidades. A monstruosa luxúria arfando sobre o meu estômago. Que correntes colossais arrastamos, todos nós. Que esmola é a esperança. Que miséria.

O graal sobre os meus ombros é morada de aranhas, todos os meus empreendimentos faliram sem estrondo e sem surpresa. Perdi minha fortuna enquanto flutuava no espaço, catalogando musica etérea, batendo relatórios para a Velha Terra. Agora volto e: Que lugar é este? Sou mendigo por dentro. Finalmente me vejo louco. Não perco mais nada.


Saí a rua, o verão me sufocava, queria respirar; vi crianças. Brincavam, e a morte brincava nelas.

Um tilintar de carroça me chama o olhar, e reconheço meu pai nos olhos do animal, reencarnado em sofrimento; e me vem assim a memória fresca duma vez - uma vez; dois, três séculos atrás... dividíamos um pão roubado atrás dum poço de barro. Não vou te deixar, meu pai!, jurei, promessa de amigo, vendo-o matar a fome. Depois me vejo caminhando sem mais ninguém, meu rosto molhado gelando no vento da manhã azul-escura.

Eia!, grita o carroceiro. Lhe bate. Eia! Meu choro vai cair, eu sei. O que estou fazendo? Estou louco! Vou enfim poder morrer de loucura honesta, morrer só, de loucura e miséria, como morreram meus heróis. Mas, olha aqui: nem por isso suplicar. Suplicar, nunca.


Ah, estou submergindo. Droga, estou secando.

Tenho que correr. Correr. Pra lá, bem pra lá. Vê, estão todos sãos! A rua inteira está sã! Vejo como olham das cercas. E dos muros. Das janelas, e mais fundo, e das mesas, e das xícaras. Dos olhos. Das vidas. E mais fundo...

Todo o território urbano fede a uma sanidade brutal e contida, quero fugir deste viveiro inchado cujo ar me estrangula num cobertor de odores humanos. Me encontrarás um dia longe daqui, sonâmbulo pelo asfalto ao sol do meio-dia, murmurando pedaços de histórias da cidade que abandonei. Arrastando uma vida fantasma amarrada aos cabelos.

E vais dizer Volta! Vem comigo! Tens febre, estás quase morto. E direi Me deixa, estou quase vivo.


O inverno chegou hoje. Eu o senti. Veio uivando pelos morros, assustando as pradarias. Noite passada sonhei com um bando de pássaros brancos deixando um charco no interior. E acordei e estive sentado, com frio, pensando que minha vida caminha para uma penosa tragédia que deve vir em breve. Esta cidade de cimento, este mundo. Vou deixá-los. Hoje queimei meu plano de carreira, vou enfim me assumir desertor. Algo neste momento me puxa forçosamente para baixo, para o sono, para o barro gelado - e tenho considerado surpreendê-lo com aceitação serena.

Mas antes, mulher, eu vou entrar.


Não viste minha sombra roçando os paredões. Apareço lentamente, num instante vermelho, faiscando entre as cortinas. Tenho chuva nos olhos. E uma fome que não me deixa dormir.