quarta-feira, julho 7

Letrinhas...



eu ando bastante inspirada só que isso está sendo canalizado pra outros lugares, então aqui eu vou fazer uns revivals que valem a pena.....

e revivals da Clarah valem muito a pena pq ela fala por mim, e ela diz os palavrões que eu não digo.

trechos de "Letrinhas para o menino Sol" (Clarah Averbuck - NÃO 64)

"Te vi reluzindo ao sol, na mesma hora que você me viu, e -crash!- nossos olhos se encontraram como numa batida de carros. Soubemos, sem saber, que algo aconteceria.

Então você sorriu. Nem foi pra mim, mas você sorriu e eu fiquei muda. Grave, grave. Você sabe que é grave quando um sorriso emudece. E eu emudeci.

Tudo muito rápido. Olhares, beijos, mãos. Gosto de champagne, calor no peito, frio na barriga. Bocas. Mãos nos seios, pele macia. Vinte anos. Vamos? E fomos. Fazia tempo que eu não caminhava nas nuvens, menino. Sorrisos. Sorrisos são sempre o que fode. Eu sei, não é sonoro, mas é que sorrisos... Sorrisos são sempre o que fode.

Tudo muito rápido. Abraços, beijos, tua cabeça no meu colo. O tempo nos atropelando, tic-tac-tic-tac, um minuto, um segundo, dez anos. Cinco horas. Saí sem olhar pra trás, porque sabia que se o fizesse, não conseguiria te deixar. E eu precisava ir.

(...)

Vento que me leva para o lado oposto ao que eu gostaria de ir. Não há de ser nada: o mundo é redondo, e se tiver que ser, será. Nem que eu faça a volta e chegue pelo outro lado. Se tiver que ser, vou voltar para o menino magrinho, lindo, de dentes brancos e olhos que viram vírgulas quando ele sorri. Ele? Você.

(...)

Sobra a bagunça. Continuo flutuando, atordoada, confusa, afogando em dúvidas, flertando com o nada. Tudo muito rápido. Sorrisos. Quanto mais me debato, mais me enrosco na rede de feelings.

(...)

Tudo vai desbotando, e mais cedo ou mais tarde teremos sido apagados um do outro. Não quero! Não sou uma estampa barata em uma camiseta vagabunda! Tampouco quero te esquecer, tua voz, teu sorriso - sorrisos são sempre o que fode -, das horas-anos, de você fulminando-me ao sol, à sombra, à noite. Não vou te deixar sumir assim.

(...)

Subitamente, lembro de tudo, em flashes, como fotos, e posso te sentir, mãos, boca, pele. Sinto, vejo, quase posso te tocar. Mas aí, tudo evapora, e você foge de novo. Assim tem sido até agora. Assim tem sido, e se tiver que ser, será.

É, estou completamente fodida por você."

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