quarta-feira, junho 30

vale lembrar que hoje eu sou completamente viciada em Pollard e seus músicos itinerantes..e ouço sozinha pq meus amigos não suportam..

iupi!


bem, ora ora vejam só, fiquei muito feliz hoje, o mundo tem salvação.

vamos ver, tenho que postar algo em homenagem...ah já sei...

Como existem novas caras que frequentam esse blog, esse texto vai pra eles, foi o primeiro pra frangote records, e eu ainda estava puta da vida com Tiny Dancer na trilha de Almost Famous, faz um bão tempinho, mas é bão relembrar...

A Verdade Sobre GBV (por essa ninguém esperava)

*esfregando as mãos pra baixar o espírito mentor da minha genialidade*

Já de cara eu vou assumir algo muito vergonhoso perante a vocês: Não, eu nunca havia ouvido Guided by Voices na minha longa vida musical. OK, já falei, agora eu vou contar como está sendo a minha experiência nessas duas ou três últimas semanas.

É óbvio que eu não comprei nenhum CD, se o negócio é ser indie, eu vou ser indie "no úrtimo" , baixei quase tudo que eu consegui no Kazaa, deu em média umas 5 músicas por álbum, acho que por aí já dá pra conhecer a banda.

Motivos: por que eu resolvi ouvir Guided by Voices?


Minha paixão por Strokes, se os caras amam GBV (a banda) eu tenho que beber um poquinho da fonte também. Aliás aqui eu vou fazer um paralelo: SERES DO ALÉM QUE AINDA SE PRESTAM A OUVIR LEGIÃO URBANA, VÃO OUVIR JOY DIVISION OK? J-O-Y D-I-V-I-S-I-O-N !!!!!!!!!!! Isso é uma brincadeira, eu não resisti, mas é verdade, essa é uma boa lição, e esse é um bom espaço para dar lições, então essa é a primeira:

1ª lição de Miss Hyde= sempre vá atrás do passado negro de seu artista preferido, com certeza vai ser a parte mais legal.

Então vamos lá, antes de tudo eu quero dizer que escolhi falar sobre isso justamente porque não tenho nenhuma propriedade no assunto, a graça de poder escrever não é ter minha cara estampada num site de responsa como é o da FRANGOTE, e sim gerar discussões, e pelo que percebo vcs já estão bem familiarizados com esse som, então vai dar um quebra-pau bem construtivo. Meninos comecem a tabalhar, porque no meu template tem que ter espaço pra comentários, réplicas, tréplicas, etc...

O meu primeiro "baque" ouvindo GBV foi o seguinte, alcancei o Nirvana, ou melhor, o Nirvana foi desmistificado por mim. Eu, que sou totalmente da geração grunge, tive que assumir que o Nirvana não foi percussor de merda nenhuma, na moral, dá pra acreditar??? Você não concorda? E você também não??? Então exemplos: everywhere with helicopter; i am tree; i am scientist ; etc....Ainda assim você acha que não tem nada a ver? então vai ouvir uns bootlegs do tempo jurássico do Nirvana...

Não vou me limitar a isso também, senti a influência de muitas bandas e características particularicíssimas, o peso contido, as letras de temática um pouco surreal ou basicamente rock and roll, um bem bolado que é mérito do Sr. Pollard com certeza. Muito anos 60 e 70 bem mixados, de America a The Who, com unpassants por Blue Oyester Cult, Jeferson Airplane, essa parafernália Woodstock style e tudo mais. Claro que sendo indie, não poderia deixar de parecer com outras coisas do gênero, que eu nem vou citar porque já está tão na moda ser indie que eu nem sei mais quem é e quem não é......também, WHO CARES????? não preciso de rótulos.

Eu gostei "pracarai" tá sabendo! Mas também não dá pra escutar o tempo todo, vc tem a necessidade de escutar coisas mais barulhentas depois disso, normal. E então eu vou ver o vídeo de Someday, do Strokes, porque eles participam, tá ligado? É um programa do tipo " Passa ou Repassa " , engraçadinho até...

Os álbuns pelos quais fiquei mais inclinada foram Bee Thousand, Do The Colapse e Universal Truths and Cycles, ah e tem o Alien Lanes para momentos mais lisérgicos também....Não tô falando que tem umas coisas "tri" America? (pra quem não sabe America é aquela banda folkzinha, caipirinha, americaninha, mas legal, eu gosto, principalmente de Sister Golden Hair, ouça um disco de greatest hits aí, seus pais devem ter) exemplos: Hold on Hope e Kicker of Elves.

O importante de tudo como eu já disse uma vez, é o RÓQUE, e isso tá bem escarrado, com cuspe mesmo, mesmo as mais introspectivas, são bem bonitas, no maior clima de Tour Bus em Quase Famosos, Elton John que me desculpe, mas tem tanta música bonita na história do rock, porque diabos eles foram por Elton John na trilha?????? Tá, é legal até..... mas porra, aquele é um filme sobre o Led Zeppelin e seu acessório Cameroniano !!!!!! Elton John nada a ver.......

E então, voltando ao texto, agora eu estou ouvindo "Weed King" ao vivo , acho que já entendi a mensagem da música, palmas pra quem curte um "mate" alternativo ainda, eu não tenho mais paciência, prefiro álcool e nicotina mesmo !

Ainda em clima Hi-Fi aqui vai o meu TOP 5:

1. Chicken Blows
2. Kicker of Elves
3. Ex- supermodel
4. Pretty Bombs
5. How´s my drinking

Por enquanto é isso. Tenho que confessar que gostei dos sons mais deprês, mas é o meu clima de hoje, amanhã eu posso eleger outro podium.


Daniela HYDE *

*mod, rocker, glitter, mãe, empresária de TI e cronista musical nas horas vagas.

quarta-feira, junho 23

Da série: coisas que só rolam em Porto Alegre

Estava eu plena Terça Feira às 8.30hs da manhã divagando pela imunda, bucólica - e tomada pelo "fog" gaudério - Rua Santos Dumont (atrás da Farrapos, não, eu não sou puta, só trabalho perto dos estivadores), quando começa a se aprochegar um indivíduo embriagado, dando aqueles passos de Mikhail Barichnikov (sei lá como escreve)sem suas sapatilhas de ponta, esmurrugando um fuminho básico matinal e cantando um clássico da geração da minha mãe. Assim, como se estivesse num festival dos festivais sabe, tantas emoções era pouco, era mais ou menos assim (vou onomatopeiar como foi interpretado):

"Heheheheeeeeeeeeeeey meu amillgo XARLESS...Heheheheeeeeeeeeeeey meu amillgo XARLESS BRAUM, XARLESSS BRAAUMMM........e aí gata....[oferecendo a palma da mão tomada de cocô prensado]....Heheheheeeeeeeeeeeey meu amillgo XARLESS...Heheheheeeeeeeeeeeey meu amillgo XARLESS BRAUM, XARLESSS BRAAUMMM...." (Anônimo, mas faceiro)

é meus caros colegas, Benito diPaula nas paradas!! Aposto que nem meus amigos devem saber quem é o cara, e olha que ele era "fera", tocava um piano irado, misturou samba e rock and roll muito antes de Los Hermanos.

...rapaz....melhor que coca-cola......porto alegre é isso aí.

domingo, junho 20

Oe...

então eu cheguei ao Orkut, então eu sucumbi ao Orkut e algumas comunidades que me interessam de verdade, ou simplesmente por segundas intenções....que coisa interessante. Esse mundo gira, mesmo quando não bebo...A cena de Porto Alegre anda me surpreendendo e espero que essa "seita" que está se formando seja suficientemente inteligente para transcender esse acontecimento e não fique só no sexo, drogas e rock and roll, porque a filosofia do róque é muito maior do que um bando de porto alegrenses se enlouquecendo e se autofagindo....Parabéns pra Stratopumas acima de tudo, minha banda preferida das últimas semanas...cresçam e deixem todo mundo ouvir! Quem precisa pensar que Strokes se basta por si? Isso não existe... E isso não é uma analogia, veja bem, é uma questão de preservação da espécie.

por enquanto é isso...vou voltar pro meu Sonic Youth e Television...porque está tudo lindo e preguiçoso nessa tarde de domingo..

quarta-feira, junho 9

Sete de maio, sete de junho, 97, 2004.

por Daniel Chu

Depois do show do Júpiter, e de ler a resenha da Dani, senti vontade de escrever algumas coisas aqui. Não gostamos simplesmente de um show, aqui ou com artistas daqui, do rock, simplesmente pela banda, seu aparecimento regular na mídia etc. Gostamos principalmente porque podemos fazer uma espécie de aposta para ver se a banda irá fazer aquilo que esperamos que ela vá fazer. E o Júpiter ou costuma fazer algo inesperado ou (já há muito tempo - talvez desde sempre) faz algo que é escandalosamente POP. E é aí que nós gostamos. O POP acho que comecei a valorizar, ou ao menos a afastar de mim o ranço, justamente por causa da Dani, que sempre foi uma pessoa bastante POP (ok?). Mas estou falando do POP escandaloso, como Prince, Michael Jackson, Roxete (ou seja, mesmo os “mega-explorados”, os mega-vistos, os mega-hits). Por exemplo, no Dom Bosco, o Marcus e eu tínhamos de ostentar um gosto "rock", um comportamento de fuga, de recusa etc., simplesmente porque nós fazíamos parte do grupo dos "esclarecidos", ou melhor, "éramos o grupo esclarecido e construíamos o esclarecimento", mesmo que nossas personalidades fossem muito confusas à época. A Dani fazia parte do grupo dos esclarecidos, evidentemente, mas já “nascia POP”, já “veio POP”. Ela seria mais esclarecida ainda porque era estrangeira – uma grande vantagem, pois é sempre tudo o que queremos (certo?). Se ela vem de São Paulo nós, naturalmente, nos apequenamos e precisamos nos juntar a ela. O segundo ponto, vantagem dela, é que ela possuía a total experiência de sentir algo novo, isso é tudo. Nova cidade, novos costumes, novos “idiomas”, de forma com que, se fôssemos bem atentos alguns de nós, perceberíamos que, aos poucos, íamo-nos tornando um pouco lingüistas, um pouco antropólogos, porque constantemente tínhamos a imagem de alguém (inteligente como nós) que pensava sobre a nossa própria cultura, hábitos, clichês, minimalismos etc., de fora. Eis uma espécie de inveja total, e apequenamento, pois, nesse momento nos tornamos “provincianos” em relação àquele que vem de outro lugar (São Paulo). Ela tinha uma história (insuportável para mim) de que um seu ex-namorado foi quem cedeu aos “Virgulóides” o seu primeiro sucesso; o primeiro grande sucesso dos Virgulóides era composição de um ex-namorado da Dani. Interessante, mas insuportável para todos nós, inaceitável, triste etc. Ter de construir uma imagem de um sujeito “exteriorizado sempre”, ou seja “mitificado”, era o fim, porque parecia que este sujeito estava muito à frente de todos nós, que era um herói distante da Dani... insuportável para todos nós, naturalmente. E o namorado que tocava na “Pearl Jam cover”... tão insuportável quanto. É que, na época, os jovens, como nós, como todos os jovens, possuíamos uma terrível e incessante capacidade de sentir inveja. Portanto, a Daniela, ou “a paulista” para alguns, fazia parte de um mundo rock/pop muito maior do que o nosso, talvez não maior do que o meu “autismo MTV”, Nirvana, grunge, Foo Fighters etc. Mas certamente ela gostava, ou era curiosa, por um “autismo” que era apenas nosso: o do rock gaúcho. Graforréia, Júpiter, 7 de Maio. E vejam que essas imagens todas, para mim, não eram muito agradáveis. Isso é o curioso, interessante. A rigor, o “meu 7 de Maio” nunca existiu da forma como a Dani fala ou falava à época. O Marcus e eu estávamos muito mais numa situação de desespero, de niilismo, de esquizofrenia (típica de duplas... aliás... só se é louco em dupla...). Ela tinha a vantagem de sentir aquilo à superfície, mas melhor para ela, porque a nossa profundidade (Marcus e Chu) era desagradável, ou só era agradável porque construíamos a nossa força a partir dos elementos que tínhamos, o rock e a língua. Se forem perceber atentamente, o Marcus e eu sempre fomos muito “Lingüistas”, e as conseqüências estão aí hoje (o Marcus cursa Letras, enfim, e eu Jornalismo, Filosofia). Aliás, isso é muito interessante porque a Dani sempre falava do seu futuro na História, e depois Arqueologia. Vejamos se não temos uma linha por aí, das humanidades todas, de pedaços que se entremeiam. Por exemplo, o Marcus e eu seríamos os típicos sujeitos que detestam a História, que, aliás, é a mesma coisa, num certo sentido, que detestar a família, a tradição, o lugar, sua pátria, seu Estado. Vejam se o esforço do Marcus não foi sempre de dizer que estaria indo para Londres... “vou pra Londres no fim do ano”, “Amsterdã semestre que vem...”... e nunca parte. Então; a Dani já “fez” a sua viagem, já veio de São Paulo. Nosso esforço era de conhecer/criar uma Terra distinta, uma língua distinta (isso tem tudo de Graforréia). Por exemplo, éramos fanáticos pela Graforréia, mas do Cacavelletes e TNT detestávamos. É quase uma separação política... Frank Jorge/Flávio Basso... mas nomes que só interessam depois... Graforréia/Júpiter, depois que eles mesmos perderam seu passado, seus rostos; a rigor, se formos atentos, o Júpiter é que era o mais fascinante, para todos, pois não era só a psicodelia, era a psicodelia, o artista diferente de si mesmo, e o único que conseguia se produzir como artista... desaparecer, se esconder/aparecendo etc. Nesse show do Júpiter (7/6/2004), como de costume, houve um “acontecimento lingüístico”, pequeno, mas que faz parte de outros acontecimentos. A Dani e eu estávamos conversando, nos “reapresentando” (estamos eternamente, nos reapresentando, sempre que nos encontramos) quando eu disse algo, uma resposta... “... é possível...”, e, naturalmente, a Dani achou cômico e repetiu rindo esse “... é possível...”, muito parecido, é claro, com o “... não sei...”. Mas isso tudo evidenciava, já no tempo do colégio, que a Dani tinha uma “cabeça lingüística” também, porque era a única a perceber realmente essas nuanças e estar preocupada com isso, ou selecionar isso no meio de inúmeras coisas. Mas também há o fato de que ela lia (acho que ela já lia na época) Burroughs. Realmente ela procurava muito as excentricidades. Lembro-me de um fato bastante curioso, único. Aconteceu porque o Marcus e eu sentávamos em dupla na aula. Eu criei o “Penileine”, desenhei um “Penileine”, e falávamos muito sobre o “Penileine”. Mas é que achávamos fantástico a Dani se interessar pelo “Penileine”, perguntar por ele, e nós escondermos sempre o seu sentido, seu porquê. O mais interessante é que, eu juro, desconhecia a música dos Beatles “Penny Lane”. E a Dani certamente conhecia a música, acho que o Marcus também, mas eu fui o último a saber do porquê do duplo interesse da expressão, e do mistério envolvendo o “Penileine”, que na verdade não tinha sentido nenhum, apenas estaríamos, como sempre, aptos a construir o sentido depois. O Marcus tinha uma maneira muito peculiar de entrar na minha loucura e eu visitar a dele. Realmente, agora é claro; nós nos defendíamos da turma. Havia o “Grupo Seleto”, expressão essa que a Nanda gostou e passou a usar. O “Grupo Seleto” era nossa vitória. Nós éramos terríveis quando sozinhos, não tínhamos muito talento sozinhos. Só tínhamos o prazer de calcular a chegada ao “Grupo Seleto” (Dani, André, Nanda, Lu e outros) e promover a difusão da loucura pela linguagem, quase um terrorismo verbal, um esconderijo atrás do rock, falar de coisas que só nós entendíamos. Depois de um tempo, agora lembro que, depois do colégio, lá por 98/99 nos reuníamos algumas vezes na casa da Dani, e o Marcus achava insuportável que só se falasse em cursinho, em professores do cursinho. Era muito divertido... deveria ser fatal mesmo ouvir a Baur e o conservadorismo da Ju falando de cursinho, e o conservadorismo do Rogério (estudante de economia!) falando de cursinho e de professores que o Marcus não conhecia... Para ver realmente quando começa um movimento reacionário, conservador... quando se começa a falar muito de cursinho, quando a Ju começa a ter um bebê, quando aumentam as crises familiares de uma Nanda, quando a coisa começa a se tornar muito familiar. Ora, os nômades detestam as famílias e as identificações, e as propriedades.

domingo, maio 23

dinâmica do trabalho


Minha gerente me mandou fazer isso e não quis aceitar porque eu não tinha passado pro computador ainda. Como eu prometi a ela, estou publicando no blog:


-Momentos Marcantes e o que eu mais gosto de fazer

Acredito que não dê pra enumerar todos os momentos marcantes da minha vida, portanto resolvi pincelar os acontecimentos que foram essenciais pra formação da minha maturidade.

TEATRO – Fiz 3 anos de teatro amador, o que me ajudou a entender um pouco mais as pessoas e respeitá-las na diversidade. Aprendi a ser um pouco menos comedida nas minhas reações e expressar meus pensamentos e idéias nas horas que achar necessário. Abandonei o teatro pouco antes de me mudar pra Porto alegre e pouco depois de ganhar um prêmio de melhor atriz, tinha um namorado ciumento, e gostava dele, às vezes a gente faz concessões das quais se arrepende, mas me ensinou a ser mais cuidadosa com concessões também.

MUDANÇA PRA PORTO ALEGRE - Tomei uma decisão muito importante nessa época, “sempre mudar”, inovar, variar e nunca deixar nada virar algo tedioso. A estagnação é o pior defeito do ser humano.

SEPARAÇÃO DOS MEUS PAIS – Surpresa, o único casal do mundo que funcionava de verdade na minha mente. Perdi um pouco o rumo e o interesse pelas coisas. Me formei com dificuldade no colégio. Não passei na UFRGS. Fui trabalhar.

PRIMEIRO TRABALHO – Flytech. A informática maldita que permeia minha vida. E eu queria distância dos postos que não fossem de usuário. Um pouco mais de um ano de “meu dinheiro” , se eu tivesse que passar pelo mesmo de novo, economizaria um pouco mais. Saí pra fazer o que eu gosto: estudar (com o “apoio” e o aval do meu pai).

FACULDADE – Talvez o mais importante, talvez o personagem principal da minha utopia: “passar o resto da vida estudando”. Eu escolhi a História com 13 anos e a Arqueologia com 11, e isso não mudou. Foi onde eu pude ser eu mesma, escrever tudo o que quero e falar de tudo que penso e fazer por merecer. É o lugar onde a gente descobre que não existe unidade, mas abusamos da mesma pra legitimar nossos atos.

GRAVIDEZ – Pausa no mundo. Pausa nos estudos, no trabalho (não muito agradável nesse momento), nas festas. “Eu vou ser mãe e tenho que aprender mais sobre isso antes que esse feijãozinho cresça e saia correndo daqui de dentro”. Bem, ele saiu, o Vincenzo, e não há nada igual, e é a única magia de verdade no mundo, e busque um dicionário de “Clichês que as mães insistem em eternizar”, porque procede completamente. Fiquei quase 2 anos com ele em casa, amamentei até 1 ano e 3 meses, porque ele quis tomar leite no copo. Mas eu precisava continuar minha jornada, porque ser mãe é tudo, mas não basta.

TRABALHO – Digi Brasil. Recomeço do meu pai depois de muitas dificuldades financeiras. Recomeço pra mim, coloquei a Terra pra girar novamente e saí correndo atrás do que se faz necessário.

MINHA SEPARAÇÃO – Dois super-amigos que viraram namorados, depois casal, depois pai e mãe, depois velhos rabugentos, sem estrutura nenhuma pra consolar. Resolvemos rejuvenescer enquanto é tempo e buscar a estabilidade que a maioria dos jovens de meio século não consegue alcançar nesse século.

VOLTA AO NÚCLEO FAMILIAR: Papai voltou com mamãe, e moramos todos juntos, com meu irmão e meu filho. Eu amo isso, não pela dependência nem pelo comodismo (apesar disso existir), mas o principal é que a minha família tem um convívio maravilhoso, uma harmonia que eu aprendi a reconhecer e respeito mútuo. E na minha opinião, tendo isso em casa, a vida fica mais fácil lá fora.

MUDANDO DE NOVO – Família é ótimo, trabalhar com ela é mais difícil. No meu caso, o problema foi me dar conta que precisava fazer algo sem a ajuda deles. Saí da empresa, fiquei 4 meses em casa, pensando em editar um livro, gravar um disco e montar um estúdio de gravação, sem dinheiro, óbvio. Acabou que eu só lavei, cozinhei, cuidei da cria e comecei a mandar currículos de novo. Infelizmente, vivo num mundo que consome e é consumido pelo dinheiro, resolvi mergulhar nele de cabeça, ou de barriga, ainda não sei.

O que eu quero hoje é dinheiro, pra cuidar do meu filho, terminar minha faculdade, ter a minha casa, essas coisas de pessoas normais, fiquei mais imediatista com o passar do tempo, “pero sin perder la ternura, jamás”.


O QUE EU MAIS GOSTO DE FAZER

Escrever, escrever, escrever, ser mãe todos os dias e regar tudo isso com muita música. Quase não falo dela porque ela está subliminar. É a música que me move, que me faz feliz e triste, que me diz o que eu preciso e não preciso ouvir, que me conforta e me agita. Enfim, posso estar sendo visionário, mas sem trilha sonora, nós não teríamos nem oxigênio. Os animais nascem fazendo barulho, e é assim que deve ser pelo resto de suas vidas. Muito barulho pra todos.

terça-feira, maio 18

ressucitando...


seguinte, como a página da frangote morreu, venho trazer novamente a vocês a trilogia róque grande do sul que eu escrevi há alguns milênios atrás, mas vale a pena:

MPG - Parte I - Trilogias são muito legais

Punhetinha de Verão

"bom bom bom faz aquela nêga do outro lado daquela rua...."

E foi assim que os Cascaveletes ficaram conhecidos no resto do País, na trilha sonora de uma novela global (Top Model), e assim ficaram esquecidos no inconsciente coletivo nacional, mas não aqui, nos pampas as coisas são diferentes, principalmente quando se trata de música, principalmente quando se trata de rock and roll..

A história dos "3 ou 4 acordes tocados com vontade" (como diria um amigo meu) no Sul começa há muito tempo atrás, e eu teria que tirar minha carteirinha de bairrista se começasse a discorrer sobre o assunto, como não quero defender, nem ostentar uma região mais do que outra, resolvi falar de algumas bandas importantes para a formação do caráter da MPG (música popular gaúcha ou gaudéria), apelido carinhoso que os músicos daqui deram a esse som característico que muitos ainda tentam levar para o centro do país em vão.

Os Cascaveletes surgiram em 87, a primeira contradição sulista, enquanto o resto do Brasil estava esnobando com letras politizadas cantadas por filhos de diplomatas de um lado, e gritando H. C. do outro, aqui embaixo 4 rapazes levantaram seus topetes e formaram "a maior banda de rock and roll do mundo" , definição do próprio Flavio Basso (a.k.a. Jupiter Maçã, Júpiter Apple, etc...), que acompanhado de figuras como Nei Van Sória, Alexandre Barea e o grande mestre Frank Jorge configurou o que foi uma das maiores bandas de rock do país. Rock and roll RAÍZ, fiel aos anos 50 e 60, e com atitude exclusiva, eles faziam "PORN' A BILLY" !!! Letras engraçadinhas, felizes e explicitamente pornográficas, certamente esse foi o motivo mor da dissolução do TNT (que vai figurar a parte II da trilogia) , Flavio e Nei já no embalo desse som e Charles Master discordando de tudo, mas essa é outra história...

Alguns dirão: tá, e isso leva o ser humano aonde??? Eu digo: a diversão. Por isso que aqueles seres iluminados do passado começaram a distorcer suas guitarras elétricas, pra divertir, simplesmente. O Rock pode ter zilhões de vertentes, e mesmo que seja contra a minha vontade, ele diverte, alucina e faz as pessoas mais felizes. As letras são minimalistas??? Você, leitor, já traduziu alguma vez as coisas que ouve??? Então comece a fazer isso já. Boa lição essa...

2ª lição de Miss Hyde = TRADUZA TUDO O QUE VOCÊ OUVE, ALÉM DE APRENDER INGLÊS; É, AQUELE QUE VOCÊ IGNOROU NA ESCOLA; VOCÊ VAI PODER REALMENTE CRITICAR, GOSTAR OU NÃO DE UMA BANDA.

Cronologia Cascaveletiana:

1987 - Lançamento da demo com 15 MÚSICAS, isso mesmo! Aqui se "lança" demos e se coloca qtas músicas quiser nela. Febre total, Cascaveletes está para o Rio Grande do Sul assim como Beatles está para o mundo !

1988 - Lançamento do album, em vinil, a pedido dos fãs, esgota em semanas. Nas rádios, o album rola na íntegra o tempo todo, tradição que , graças ao bom Deus Bagual, continua até hoje, a coisa mais comum do mundo é ligar uma rádio porto alegrense e ouvir um disco todo, delírios...

1989 - Frank Jorge dá bye bye baby e vai reger sua Graforréia Xilarmônica (última e sensacional parte da trilogia, aguardem). Os Cascaveletes lançam Rock'a'ula, album mais glam rock da América "Latrina" , daonde saiu a Nega Bom Bom lá de cima, e a única música realmente séria (na minha opinião) da banda , Lobo da Estepe.

1991 - novos carinhas velhos entram pra trupe, Bluesman nos teclados e Luciano Albo no baixo (que fique registrado que eu tive o privilégio de passar uma noite lá pelos idos de 1998, tocando muito róque e muito David Bowie com o Luciano, num boteco, lá na Oswaldo, claro). Já nos últimos suspiros, mas ainda com tempo de deixar ao mundo o Classicus Maximus "Sob um céu de Blues", nas festas tipicamente gaúchas e roqueiras, pedem pra tocar essa ao invés de Raul (com algumas reclamações, sempre tem os bebuns, não adianta). Enfim, o Nei acaba com tudo.

Pra não perder o costume, aqui vai meu Top 5, incrementado, com alguns trechos, cifrados, óbvio, a maioria aqui nessa porcaria é músico não é???

1. Moto (totalmente, a número um, sempre)

A E D C#m
Deixa eu andar na tua moto
F#m B7 E (riff-intro)
Mas quem vai na frente é você ( eu sento na carona!)


2. Lobo da Estepe

(C Am G F7+/C Am)
Tua casa incendiaram
Tua esposa amaram
Este azar sobre você
Como uma nuvem que não chove


3. Menstruada

C C/B Am
Ela disse hoje não, meu tesão
C C/B Am
Mas eu disse hoje sim, porque não
F G C C/B Am
Além disso eu passei toda tarde estudando pro vestibular
F Fm C (Am G)
E esta noite eu dediquei a te agarrar



4. Sob um Céu de Blues

G C G C Em
Bom dia sol nascente, eu vim prá contar minha triste história
Bm MIm SIm DO Am
Minha garota me abandonou numa estação de trem
G C
Sob um céu de blues
G C
Sob um céu de blues


5. Morte por tesão

(Em Am F(Dm7) Em)
Eu queria ser um vampiro, pra chupar o sangue da gata
eu queria fazer vodu, pra conquistaaar.... tu
Am Em
eu queria ser um demônio e te derreter no meu inferno
D#m Dm Em
eu queria que ela morresse de tanta satisfação
D#m Dm C B
eu queria que ela morresse, morte por tesão


Os Cascaveletes deixaram saudades, deixaram sim, mas nem tanto, sabe por quê? Porque a maioria desses figuraças persistiram, perseveraram e nós somos abençoados por seus novos projetos e trabalhos de tempos em tempos, nós.....aqui no Sul, vocês que se virem, mas corram atrás, porque segundo Bruno Cavalcanti, "os que não conhecem, só saem perdendo por não saberem sobre a banda mais enérgica e empolgada que já subiu num palco desse país".


MPG - Parte II - A missão de superar o "Cascava"

"Entra nessa, e dance o rock´n roll..."


Voltamos um pouco no tempo pra falar de TNT, que foi o berço de alguns seres espe(a)ciais da MPG, e que realmente começou essa onda de "roquezinho descompromissado". Era 1984 quando esses moleques, é moleques mesmo, entre 16 e 18 anos, menores que vocês seus barbados, e fizeram todo aquele rebuliço, mexam-se! Então, no ínicio da década de 80, Flávio Basso (sempre ele, qualquer hora eu falo só dele), Charles Master, Nei Van Sória e Felipe Jotz começaram a compor o que seria o primeiro álbum da banda, letrinhas tranquilas, falando basicamente de mulheres e desilusões amorosas. Mais uma vez eu digo, é bom pensar na situação do país que vivemos, mas quem não gosta de músicas "fáceis de ouvir"?? Quem não gosta de ouvir coisas como:

"Ela fala inglês, eu só falo português
Sei que tem a ver, mas não posso compreender
Encontrei a paz, pode crer que pode ser..."

Os anos que se seguiram foram configurando o que seria o "boom" do Rock Grande do Sul, esse é o nome de uma coletânea que saiu em 86, aonde o TNT se encontrava ao lado de Replicantes, De Falla e Engenheiros do Hawaii, e é um nome bom para definir como o rock é tratado por aqui. Grandes momentos para a cena gaúcha, muitos shows, festas, bebedeiras, ou seja, clichezão sexo, drogas e rock'n roll, muito RÓQUE!

Mas a banda se dissolveu antes do primeiro álbum ser lançado, como já sabemos, Flávio e Nei foram brincar no Cascaveletes, "trocar a terra prometida pelo prazer de caminhar no deserto", segundo o próprio Nei, sacou?? Lobo da Estepe??? yadda yadda yadda... E o dito saiu em 87, ainda com composições da formação original, e diga-se de passagem, o melhor da carreira dessa banda, pérolas definitivas como "Oh!Deby" , "Cachorro Louco" e "Entra Nessa" se encontram no primeiro trabalho.

Depois veio o segundo, em 88, com Luís Henrique "Tchê" Gomes e Márcio Petracco nas substituições, e a questão vem à mente? Será que eles conseguiram sem o cabeção do Flávio Basso?? Sim, conseguiram, não tinha mais o mesmo feeling, havia uma certa sofisticação tanto nas letras como nas linhas melódicas, afinal, os garotos estavam crescendo e de alguma forma a música estava mais madura, na medida do possível dentro da temática utilizada, alguns hits eternos estão aqui também, como "A irmã do Dr. Robert", "Gata Maluca" e "Não Sei", essa última pra mim é um caso a parte, vejo-a de uma forma carinhosamente chupada de Sweet Jane (Velvet Underground), não há como resistir a um medley vocal enquanto alguém toca essa música, pegue a cifrazinha dela lá em algum site e faça o teste!

O meu gosto pessoal prefere o TNT - DOIS, mas o feeling sempre vai estar lá no início, como é comum na história da música. Vale lembrar que nessa altura do campeonato os caras tocaram "A irmã do Dr. Robert" no finado Globo de Ouro, da rede "plim plim", isso é engraçado porque muitos aí não vão saber do que estou falando, mas esse programa era uma piada, bons tempos de jabá...

O único lapso do Nº 2 é que aqui existe uma música intitulada Charles Master, tipo, quem é o canalha do artista que escreve uma música com o seu nome???? Ainda mais estando em um grupo ??? Tsc, tsc Sr. Charles, que coisa mais feia....por isso que os gênios te deixaram de lado, assim como qualquer pessoa que entenda um pouco de música faria. Isso é um aviso para todos:

3ª lição de Miss Hyde: CARA! SE VOCÊ FIZER UMA MÚSICA SOBRE VOCÊ E SUA VIDA, TUDO BEM, MAS NÃO OUSE BOTAR TEU NOME NO TÍTULO NEM NO REFRÃO, POR FAVOR!!! DECADÊNCIA TOTAL !!! L-O-S-E-R !!!!! SE A MADONNA E O MICHAEL JACKSON NÃO FIZERAM ISSO, É PORQUE É MAIS DO QUE RIDÍCULO (me lembrei do Prince, bom, não precisamos nem discutir o assunto, apesar de eu gostar de algumas coisas dele). E SE MESMO ASSIM VOCÊ DESAFIAR ESSA PREMISSA, EU ORGANIZO UMA EQUIPE DE LINCHAMENTO. Parafraseando Cascaveletes: "O dotadão deve morrer" ( se bobear o Flávio escreveu isso para o Charles )

Na moral quem está realmente criando essa rixa entre eles sou eu, os caras até conversam, por favor não levem para o lado pessoal, é só a minha visão sobre as bandas...

Daí tem o terceiro álbum, o Noite Vem Noite Vai, de 90. Vou ser sincera, ouvi pouquíssimas músicas desse "úrtimo" , mas soa como uma banda cover de Barão Vermelho (c/ o Cazuza claro). Tem a participação do Lulu Santos numa faixa e não preciso dizer mais nada, aqui o som foi descaracterizado totalmente. Então o TNT se perdeu na história....Tem a desculpa de que os caras cresceram e não conseguiam mais fazer aquele som "inocente", mas eu não acredito nisso.

Em 1992, Flávio Basso ainda tentou dar uma ajudinha pra ver se a banda ressucitava, mas não funcionou, só deixou uns legados como "Insano" e "Você me Deixa" (que eu desconfio ser uma música só, mas minhas fontes estão díspares), procurem na coletânea As 15 Mais da rádio gaúcha Ipanema, a rádio dos loucos, ipanêmicos, etc e tal. Acabei de ler em outro lugar "Isso me deixa insano", vai entender... se alguém conhece essa música por favor me esclareça!

Hoje em dia Charles Master continua tentando em vão emplacar sua carreira com um set list puramente TNTeísta (L-O-S-E-R), Flávio continua pelo espaço, Nei grava uns álbuns de vez em quando, mas tem seu sustento com a loja de instrumentos mais massa da cidade (Good Music - aliás, vários músicos fodões da cidade já trabalharam lá), Márcio Petracco está nos Cowboys Espirituais com o Frank e Julio Reny (será que isso ainda existe?), Luís Henrique gravou com o blues group Pura Sangre e eu não sei por onde anda.

E essa é mais uma lembrança boa de Porto dos Casais, e referência total pra bandas presentes e futuras, prova de que anos 80 só foi uma época obscura pra quem não curte música e só lembra de calças semi baggy, blazers com ombreira, roupas fosforecentes e listradas e cabelões pigmaleão.....até do hard rock se aproveita alguma coisa.

Pra finalizar, o Top 5:

1. Oh! Deby
2. Baby, vou morar n'outro planeta
3. Ela me deu o bolo
4. Gata Maluca
5. Entra Nessa

Te controla garoto, meu problema é mental, meu sangue é muito quente e eu tô muito mal, se tu pula fora agora, vai perder a terceira e última parte da trilogia!



MPG - Parte III - Finalíssimo, pero no mucho

"Eu, queria tanto encontrar, uma pessoa como eu, a quem eu possa confessar, alguma coisa sobre mim..."

Eu sei, eu sei que os esquisitozóides pop do Pato Fú usaram isso, e foram muito bem sucedidos (veja bem, chegamos num ponto delicado das crônicas gauchescas de Dani Hyde, pois se eu quiser conservar minha posição de escritora aqui, não posso falar mal do Pato Fú.....que coisa). Mas com todas as controvérsias, eu realmente admito que a versão mineira da música é o máximo, que ALGO que é aquele teremim huh! Já não digo o mesmo de "Nunca Diga”, mas algumas coisas têm que ser omitidas para que eu conserve uma relação amigável e de parceria com meu primo Boris the Billy Magrão Guevara.

A história começa mais ou menos assim, era uma vez, cinco rapazes que viviam em Liverpool...ops...não é isso...um dançarino tosco lá de Memphis...hummm...também não...uns brazucas metidos a roqueiros num país em plena ditadura...nem pensar...

O Ano é 1987, tinham esses caras de uma banda estranha chamada Prisão de Ventre, que acabou em função da entrada do guri Frank Jorge nos Cascavelletes, mas devido à camaradagem e a grande empatia que existe entre os músicos sulistas, eles não agüentaram de saudades e o pessoal do Prisão (Frank, Marcelo Birck e Alexandre Ograndi) se juntou ao "sem noção" Carlo Pianta ( De Falla, Colarinhos Caóticos) e resolveram formar uma banda nova; na verdade os registros nos remetem mais aquém e os criadores originais do esquema foram o Alexandre, o Marcelo e o Zé Natálio (ele mesmo, baixista do Papas da Língua, o mundo dá voltas), esse foi o trio que surgiu com o nome da banda, retirado de uma pesquisa em dicionários bem aleatória, tipo mamãe mandou:

Graforréia: doença mental que faz com que o indíviduo tenha compulsão por escrever, o tempo todo, a todo o momento, qualquer coisa. (óbvio que eu não fui pesquisar isso, mas achei tão legal que nem vou procurar saber se é verdade, porque eu entendo as pessoas que possuem esse distúrbio)

Xilarmônica: instrumento musical, tipo xilofone.

O som é complexo, contraditório, eles estavam cansados de um roquezinho fácil e clichê, há a necessidade de se aventurar por melodias dodecafônicas, politonais, atonais e muitos ruídos sem sentido. Todos que tentam definir a Graforréia morrem na praia. Algumas sugestões: "Rock com Jovem Guarda, breguices, nonsense, psicodelia" ou segundo o próprio Birck: "Jovem Guarda fora de controle", eu opto pela segunda. Porém vale lembrar que a maior característica dessa banda é o improviso, alguns acham que a genialidade dos solos fala por si mesma, mas aqui eu desmistifico essa questão, Carlo Pianta era um cara que não ia aos ensaios (sempre tem uns), o que justifica sua performance ser totalmente fora de tempo, tom, espaço, métrica, ritmo e afinação em todas as canções, e como ninguém ousou fazer isso antes, é muito hype, super inovador e já está imortalizado. Palmas pra guitarras desafinadas, mas dentro de um contexto.


Em 88 é lançada a demo tape “Com Amor, Muito Carinho”, gravada no extinto estúdio–produtora-e-tudo-mais-de-bom Vórtex, em Porto Alegre, grande “palco” da história do rock gaúcho. No mesmo ano Birck larga fora para montar a Aristóteles de Ananias Jr., porém o rapaz foi peça essencial nas composições do primeiro álbum, como vocês podem perceber, aqui no sul há uma necessidade muito grande de formar bandas, não importa quantas você já seja integrante, nem a qualidade delas, quanto mais bandas melhor, é um fenômeno inexplicável, que continua se propagando.

Voltando à fitinha, aqui nós temos 25 músicas que são a base dos sucessos dos dois álbuns da banda, a maravilhosa “Eu”, que Frank sonhou que iria tocar em trilhas de novelas , “Amigo Punk”, que sem dúvida é o hino maior do Rock Grande, Frank e Birck conseguiram reunir numa única canção o regionalismo, os petardos do rock gaúcho e uma melodia perfeita, e tudo isso foi feito brincando, o Pianta relata na completíssima bíblia Gauleses Irredutíveis (espécie de Mate-me Por Favor sulista) como os caras gargalhavam escrevendo Amigo Punk “se cagando de rir e fazendo a música, rindo de sair lágrimas”, é o que eu digo, as maiores pérolas surgem do descompromisso, outros sucessos posteriores da fita também seriam “Empregada”, “Grito de Tarzan”, “Pate”, “Hare”, “Baby”, “Eu gostaria de matar os dois” e “Fúlvio Sillas”.

4ª lição de Miss Hyde: Simplesmente não tem lição, simplesmente faça, seja espontâneo, e tudo vai dar certo. Mesmo que o reconhecimento só venha depois da morte. Mesmo assim vale a pena.

Seguiram-se momentos sublimes de rock and roll, agora apresentado numa roupagem diferente, intrigante. Só pra lembrar do meu protegido, a Graforréia começou a fazer shows quando o Frank ainda estava no Cascava, o Flávio (Basso) se emputeceu porque ele tinha aquela coisa de “homem de uma banda só”, e resolveu sabotar um show do Graforréia, lá foi ele com o Alexandre Barea pro show da G.X. detonar com tudo, mas eles se encachaçaram tanto que mal conseguiram derrubar uns pedestais e dar uns berros desconexos, como dizem esses bahianos de vanguarda, pense num vexame total, conclusão, foram arrastados pra fora do recinto por suas respectivas namoradas.

Situação seguinte, anos 90, a banda termina pela primeira vez, “fome, seca, geada, frio, sombras, escuridão, trevas, morte, Engenheiros do Hawaii”...verdadeiro mal do século para o país todo, menos mal que nesta época nós tínhamos o nosso insight de alienação total com o movimento grunge.

Em 92 a Graforréia retorna às atividades e em 94 assina com a Banguela Records o lançamento do álbum “Coisa de Louco II”, por que 2??? Sei lá, não interessa, mas é meio óbvio. Temos aqui regravações de músicas da demo, e “Você Foi Embora”, e “Minha Picardia”, entre outras escolhidas de um repertório de dezenas de canções, não preciso dizer muito, é só conferir, material de primeira. Então a coisa estoura, muitos festivais, shows nas grandes capitais e esses luxos todos. O fenômeno é reconhecido como “a melhor banda brasileira do mundo” por uns e outros, missão cumprida. Infelizmente o Coisa.. pagou o preço da má distribuição e não fez tanto sucesso como alguns esperavam, mas para delírio do povo cult, a Graforréia se firmou nos nossos corações.


E então vieram as Chapinhas de Ouro em 1998, quarteto de novo, com a entrada de Eduardo Christ nas guitas, mais algumas regravações das antigas e outras totalmente novas, tipo Beethoven, o dilema de um cão quase humano ou um humano quase cão, e temos também o advento da Benga Music no seu auge, não sabe o que é “benga”??? Também não sou eu que vou dizer, corram atrás. O repeteco de “Baby”, tem uma das frases mais rock da banda: “baby eu vou jogar confete no ventilador” e um lickzinho grudento do caramba. Pra finalizar ( o parágrafo, pq é a segunda faixa do álbum ) “Meus Dois Amigos”, adivinha quem é o estopim da trama dessa canção?? Ele mesmo, Sr. Flávio “Júpiter Maçã/Apple” Basso, Frank discorre sobre o “churras” que furou devido a uma ébria noite ao lado do amigo, outro clássico que o turista que estiver passeando pela Oswaldo Aranha vai escutar na boca de algum astronauta de lá, certamente.

O álbum gerou a mini-turnê Vamos Atacar C’os Ovo, um blast de Porto Alegre, porque ao final dela, novamente a Graforréia anuncia sua despedida. Artistas tão brilhantes não conseguem se limitar a um único projeto, então cada um foi trabalhar em cima de suas carreiras-solo , o que nos dá outros panos pra manga, e outras histórias maravilhosas.

A nossa “sinfônica do Bonfim”, como diria o nosso outro amigo Wander Wildner, deixou muitas marcas, cicatrizes, tatuagens e musicalidade por todos os poros, ainda é possível encontrar músicas dispersas em várias coletâneas, um exemplo é “Sei que cê tá loca (pra chupar o meu caralho)” que figura nas 15 + da Ipanema e outras viagens como Chapolin, Gislaine (uma das inspirações para Ana Júlia), Centenas de Gorilas, Sapato Alto, Não Sou Rabugento e muito mais, é só vasculhar que a gente acha alguma piração da G.X. em algum lugar do planeta.

Top 5

1. Grito de Tarzan
2. EU
3. Baby
4. Você foi embora
5. Amigo Punk

Saudades meus amigos, muitas saudades de quando eu cheguei aqui em Porto Alegre e descobri todo esse mundo novo, e que sentido que a minha vida fez! Deixei de ser uma singela rocker wannabe pra então acreditar que também posso deixar minha marquinha na história da música, e isso eu devo tudo a essa gauchada! Seu bando de putos! Amo vocês!


Daniela HYDE *

*mod, rocker, glitter, mãe, empresária de TI e cronista musical nas horas vagas.








quinta-feira, abril 22



as coisas vão acontecendo sucessivamente e quando você se dá conta não tem como voltar atrás e levantar dos tropeções, não tô preparada pra escrever sobre isso ainda, vamos cantar.

ADEUS VOCÊ (Marcelo Camelo)
Intro: B7 E7 (2x)

Bm7 Em7
Adeus Você
Bm7 Em7
Eu hoje vou pro lado de lá
Bm7 Em7
Estou levando tudo de mim
Bm7 Em7
Que é pra não Ter razão pra chorar
A7/F# A7/Bb F#7(#5)
Vê se te alimenta e não pensa que eu fui
Bm7 Em7
Por não te amar

Bm7 Em7
Cuida do teu
Bm7 Em7
Pra que ninguém te jogue no chão
Bm7 Em7
Procure dividir-se em alguém
Bm7 Em7
Procure-me em qualquer confusão
A7/F# A7/Bb F#7(#5)
Levanta e te sustenta e não pensa que eu fui

Por não te
G#m7 C#7(9) F#7 B7 E F#7 Bm Gm6 F#7
Amar Quero ver você maior meu bem
Bm Gm6 Bm Gm6 F#7 (2x)
Pra que minha vida siga adiante

Bm7 Em7
Adeus você
Bm7 Em7
Não venha mais me negacear
Bm7 Em7
Seu choro não me faz desistir
Bm7 Em7
Seu riso não me faz reclinar
A7/F# A7/Bb F#7(#5)
Acalma esta tormenta e se aguenta
F#7(#5) Bb
Que eu vou pro meu lugar
A Dm F#° Gm7
É bom as vezes se perder
C7(9) F7+ E° Bb
Sem ter por que, sem Ter razão
A Dm F#° Gm7 C7(9)
É um dom saber envaidecer, por si
F7+ E°
Saber mudar de


G#m7 C#7(9)
Tom,
F#7 B7 E F#7 Bm Gm6 F#7
Quero não saber de cor também
Bm Gm6 Bm Gm6 F#7 (repete)
Pra que minha vida siga adiante

sábado, março 27




e essa madrugada sobre mim, meu nariz escorrendo o álcool tomando conta da mente, a nicotina já me matou por dentro e eu aqui. eu aqui, sempre igual, sempre diferente, sempre cheia, sempre vazia, sempre alegre, sempre triste, sempre valente, sempre com medo. cansei de estar sempre, quero ser efêmera. posso ser efêmera em alguns segundos? Falei com tantas pessoas boas hoje, senti saudades de umas, e esperança em outras, e participei da construção dessa esperança; será que tá certo? que posso fazer isso? se nem a minha tá direita ainda, se a minha esperança é uma inconstante do caralho que me conforta e depois me bate na cara e me deixa ali no canto, chorando sozinha sem existir mais calor, nem da tela fria nem de nada. Supera a mim mesma, essa esperança, olha nos olhos, cospe nos infelizes e pessimistas e supera, e inventa, e traz pra mim um travesseiro bem fofo. e eu ainda fico repetindo seu nome lá naquele lugar (sim, coração talvez), nada acontece, pra mim, veja bem, pra mim. agora me sobra dividir esperanças com quem tem mais chances do que eu. e não sobra nada, porque mais que vampira eu sou distribuidora disso tudo e não quero que sobre nada, nada, vou dar tudo que tiver, pra não precisar sofrer e se tiver que ser feliz que se faça nascer de novo algum outro sentimento....por que a Carole King é gênia? por que Neil Young é gênio? eu deveria ser tbm, mas se fosse não ficaria me identificando com os outros e estaria escrevendo os meus legados, mais agora não dá porque tô ouvindo o meu hino, um deles...puta...como eu elejo hinos pra minha vida...Foda-se se as pessoas acham que eu dou muita importancia pra música, isso só prova que elas nunca vão ser capazes de me entender..."Dani-se" se o meu mundo é surreal e colorido e furta cor e sem problemas, porque quando se pensa com melodia a tristeza só é mais um compasso, e tem final...e por fim, "forget about it", se te incomoda, se te contraria, se vai contra tua vontade, se é contra teu conceito, seu desejo e funções naturais....é tarde demais....tarde demais...

Carole King - It´s Too Late

Stayed in bed all morning just to pass the time
There's something wrong here there can be no denying
One of us is changing or maybe we've just stopped trying

And it's too late, baby, now it's too late
Though we really did try to make it
Something inside has died and I can't hide
And I just can't fake it
Oh, no, no, no, no, no, no, no, no, no

It used to be so easy living here with you
You were light and breezy and I knew just what to do
Now you look so unhappy and I feel like a fool

And it's too late, baby, now it's too late
Though we really did try to make it
Something inside has died and I can't hide
And I just can't fake it

There'll be good times again for me and you
But we just can't stay together don't you feel it too
Still I'm glad for what we had and how I once loved you

But it's too late, baby, now it's too late
Though we really did try to make it
Something inside has died and I can't hide
And I just can't fake it

Oh, it's too late, my baby
It's too late, now darling
It's too late


quarta-feira, março 24



só alguns esclarecimentos:
A Hyde Corp. abriu uma excessão para postar um texto que não foi produzido a próprio punho pelo teor qualitativo do mesmo.
Não é um costume e nem tampouco será falar com palavras que não sejam minhas. Embora às vezes fosse necessário.

Grata

Dan

Apresento-lhes o arquiteto de Utopolis...









...Ronaldo Selistre, meu amigo de alma, um dos poucos vampiros vivos (não julguem, depois eu explico) que pude encontrar nessa vida e ainda por cima um dos meus artistas favoritos (sim , porque ele é multi-task como eu)

segue um conto dos seus, para aproveitar o clima que invadiu esse espaço e provavelmente vai reinar pelos próximos dias:



chuva nos olhos

Por Ronaldo Selistre

Conheço a noite, as chaminés uivantes, os átomos do vidro; me volatizei por uma clarabóia agora há pouco. Caio quando quiser naqueles guarda-chuvas, e me deixo esparramar...

Tenho milhões de rostos. Tenho um só sorriso, não te mostrarei. Quero te seguir até em casa, pode fugir, mulher: a chuva me abafa os passos, virei como um déjà vu na tarde úmida. Não me conheces ainda. Me vês.

Não me espera; arrombarei tua porta - silenciosamente... - com o cheiro de cartas antigas. A vida não foi boa comigo. Esta cidade é minha madrasta devassa.

Estou vindo. Preciso de ajuda. Estou gritando por dentro como um zoológico chinês. O outono se foi esta manhã; o céu escureceu como lábios de morto. Trago vinho para os teus seios, dedos para os teus dentes. Minha capa pingando a madrugada sobre ti. Não valho mais que uma voz noturna ao telefone? Não sou mais raro e urgente? Chega mais perto.

Vou queimar tua solidão na fogueira, começarei pelas pernas; quero derreter tua vida de monja operária e derramá-la quente no teu dorso. Te arrancarei sorrisos violentos.

Lá fora não me querem. Vê: tenho marcas aqui, aqui... me temem e não sabem. Agora estão todos embriagados e de mim se esqueceram. Bebi menos; atualmente planejo uma última investida, sóbrio talvez. Hoje, porém, não quero nada tão abstrato. Ainda oferecerei perigo? Em que direção atiro? Rápido!

Em cercas de arame contra o céu penduraram minha fé. À beira da rodovia a noite passa e tu sonhas sozinha numa cama quente enquanto em mim mil fliperamas gritam num sussurro metálico. Lá na esquina, a chuva na galeria ecoa como o som das coisas sonhando. Os uivos de doze gerações ainda assombram os insones.

Vou louvar as veleidades noturnas, os domingos abortados e suas fábricas suburbanas. A solidão úmida dos terrenos baldios; quero janelas empoeiradas, trepadeiras. No porão a lâmpada balançando, sombras elásticas fugindo das paredes. Estou queimando rua afora. Me ajuda.

O ar noturno me descama a pele, a cada espelho há um rosto pior entre os meus dedos. Sabes o que eu quero. Preciso entrar - e entrarei.

Estou farto do mundo. Já não tenho pálpebras que dele me protejam, vou lamber o mundo dos meus olhos. Borro todas as imagens. Quero mais febre. Enfermeira! Estou quente. Quente!

É a velhice, não é? Estou senil, agonizo neste leito - me escondem, eu sei - há bons vinte, trinta anos? Na janela o sol incendeia a chuvarada. É um fogo. Ah, meus poetas. Voltem! Minhas ruas na neblina. Com que pressa tudo se esvai. A tarde esfria...

Minha juventude - os crepúsculos nas vitrines, a música perfumada que escutava do travesseiro ao longe, em qualquer cidade onde estivesse. A dança sempre alheia. O abraço e a ternura que não conheci. A mulher que não me teve. Meus caminhos de silêncio na fumaça dos bairros pobres. Um pouco de arte para um peito ocioso, é assim que caem os jovens, afinal.

Vê, não sabem eles. Fui sempre o trovão enjaulado, o lobo castrado, o filho do verdugo. Enxergava de onde ninguém via. Esperei e esperei. Todos passaram.

Foi do hospital que vi o céu deserto ventando vazio num domingo. Tudo estava morrendo. Avistei dali aquela juventude que me entregaram às pressas, toda mal-aparada nas extremidades. A monstruosa luxúria arfando sobre o meu estômago. Que correntes colossais arrastamos, todos nós. Que esmola é a esperança. Que miséria.

O graal sobre os meus ombros é morada de aranhas, todos os meus empreendimentos faliram sem estrondo e sem surpresa. Perdi minha fortuna enquanto flutuava no espaço, catalogando musica etérea, batendo relatórios para a Velha Terra. Agora volto e: Que lugar é este? Sou mendigo por dentro. Finalmente me vejo louco. Não perco mais nada.


Saí a rua, o verão me sufocava, queria respirar; vi crianças. Brincavam, e a morte brincava nelas.

Um tilintar de carroça me chama o olhar, e reconheço meu pai nos olhos do animal, reencarnado em sofrimento; e me vem assim a memória fresca duma vez - uma vez; dois, três séculos atrás... dividíamos um pão roubado atrás dum poço de barro. Não vou te deixar, meu pai!, jurei, promessa de amigo, vendo-o matar a fome. Depois me vejo caminhando sem mais ninguém, meu rosto molhado gelando no vento da manhã azul-escura.

Eia!, grita o carroceiro. Lhe bate. Eia! Meu choro vai cair, eu sei. O que estou fazendo? Estou louco! Vou enfim poder morrer de loucura honesta, morrer só, de loucura e miséria, como morreram meus heróis. Mas, olha aqui: nem por isso suplicar. Suplicar, nunca.


Ah, estou submergindo. Droga, estou secando.

Tenho que correr. Correr. Pra lá, bem pra lá. Vê, estão todos sãos! A rua inteira está sã! Vejo como olham das cercas. E dos muros. Das janelas, e mais fundo, e das mesas, e das xícaras. Dos olhos. Das vidas. E mais fundo...

Todo o território urbano fede a uma sanidade brutal e contida, quero fugir deste viveiro inchado cujo ar me estrangula num cobertor de odores humanos. Me encontrarás um dia longe daqui, sonâmbulo pelo asfalto ao sol do meio-dia, murmurando pedaços de histórias da cidade que abandonei. Arrastando uma vida fantasma amarrada aos cabelos.

E vais dizer Volta! Vem comigo! Tens febre, estás quase morto. E direi Me deixa, estou quase vivo.


O inverno chegou hoje. Eu o senti. Veio uivando pelos morros, assustando as pradarias. Noite passada sonhei com um bando de pássaros brancos deixando um charco no interior. E acordei e estive sentado, com frio, pensando que minha vida caminha para uma penosa tragédia que deve vir em breve. Esta cidade de cimento, este mundo. Vou deixá-los. Hoje queimei meu plano de carreira, vou enfim me assumir desertor. Algo neste momento me puxa forçosamente para baixo, para o sono, para o barro gelado - e tenho considerado surpreendê-lo com aceitação serena.

Mas antes, mulher, eu vou entrar.


Não viste minha sombra roçando os paredões. Apareço lentamente, num instante vermelho, faiscando entre as cortinas. Tenho chuva nos olhos. E uma fome que não me deixa dormir.

sábado, março 20







Cerejeiras em Flor – Quando o amor passa por tua aorta*

Por Dani Hyde

trilha sonora recomendada: Outside – David Bowie – 1995

Noite fria, era o inverno dando sinais de que seria mais rigoroso neste ano. Vivienne estava sentada numa mesa de bar após se perder dos amigos dispersos pela cidade baixa. Apenas ela e um cálice de vinho; o vento e “Strangers when we meet” soando longe na péssima acústica do recinto. O dono do bar era um gênio iluminado, que deixou o Outside voltar ao início e tocar sua peça na íntegra. Vivienne teria então a boa companhia de Nathan Adler, por enquanto...

“It´s happening now...” (Outside)

A garota não havia percebido que alguém a observava desde sua chegada, isso só veio a acontecer quando verteu a última gota de vinho do cálice e se desfazia com tal elixir acalmando a garganta. Ao fim da catarse ela abriu os olhos, outra taça de vinho se aproximando e, atrás da bebida, um rapaz de olhos brilhantes, cabelos longos e negros, pele alva e porte frágil, contudo sua força procedia de algo além dos sentidos.

- Demian, é o meu nome...
- Vivienne...o meu.
- Se não se importa, poderíamos compartilhar do meu jarro.
- De forma alguma! – diz a menina atônita, num misto de surpresa e alívio, porque seu dinheiro já havia acabado e é totalmente compreensível que pessoas sensatas não consigam apreciar e conterem-se com míseros 200 ml de vinho.

Os dois jovens iniciaram algum diálogo, desses prováveis clichês a que todos os grandes acontecimentos da vida precedem. Clichês seletos de certo modo; discorrer sobre as diversas expressões da arte não se ocasiona com quaisquer pessoas ou lugares, afinal, existia uma afinidade essencial entre os vivants, de naturezas notívagas, boêmias, ou mesmo inseguras, quando se exorciza as próprias concepções da arte, todo o resto se esvai deixando a postos o coração e a humanidade, isso quando se é considerado humano.

Ser alguém mais palpável a incomodava, pois passara sua vida tentando se distinguir dos outros e extinguindo suas necessidades mais medíocres, motivada obviamente por uma grande insegurança que permeou cada segundo que respirara até então. A menina de cabelos ruivos da cor da mais completa ferrugem, com sardas por todo o corpo, lábios protuberantes, pernas finas e andar desajeitado, sempre foi motivo de chacota em seu meio social, e a essa altura já se considerava uma aberração. Tinha alguns poucos amigos, dos quais resolvera se perder essa noite, talvez para testar seus limites, talvez para se descobrir, essa noite.

“The voyeur of utter destruction...as beauty” (T.V.O.U.D)

- Os enredos são sempre os mesmos, por isso parei de assisti-los.
-Oh audácia! Desculpas de mulheres! Quando não estão satisfeitas com os atores de aparência duvidosa que a indústria anda selecionando para representar o Conde!
-Filmes de vampiros perderam o glamour, não me sinto à vontade com a visão caricata e banal com a qual os roteiristas denotam os voivodes hoje em dia.
-Para quem já se deleitou com Kinski, Lugosi, Lee e Oldman...sim, Oldman! Já basta! Para mim já basta, agora meu exercício é de análise e discernimento.
-Para mim não bastará, porque já desisti.
-Você desiste de muitas coisas, não é verdade?
-É sim...
-Por quê?
-Porque não vale a pena insistir...
-Mas quando insistimos o gosto é melhor!
-Ou muito mais doloroso.
-Eu vou arriscar...

Demian se debruçou sobre a mesa e roubou o mais ávido dos beijos que Vivienne nunca perdera. O mundo se calou, a conta foi paga, eles saíram a caminhar pelo meio fio, de mãos dadas. Nada mais foi dito naquela noite.

“And the rain sets in...” (I´m Deranged)

Chega uma torrente de chuva, os dois vão para um recuo coberto de uma casa de comércio qualquer. Eles cruzam seus olhares, insuflados de essência interior, e tudo mais que se pode transmitir através de um olhar. Os beijos vêm e vão como dádivas, prêmios para estranhos que precisavam de acalento, uma trégua para as neuroses contidas. Enfim, são beijos, que se expandem como uma patologia mal curada que necessita de mais drogas, mais e mais e uma infinidade delas. Beijos, que perdem seus termos, partem da boca e se alongam nos braços, nas mãos, ao corpo.

Colo. Ventre. Coxas. Pernas. Alma.

As roupas úmidas vão caindo ao chão, a tormenta grita e chora suas lágrimas sobre o solo, sobre a pele. Porém, o calor humano é suficientemente grande para servir de abrigo, de templo, e os ossos estalam ao se unificarem no sexo, nunca tão viril e intenso. Conseqüente de que palavras não explicitam seu conteúdo.

Colo. Ventre. Coxas. Pernas. Alma.

Medo.

Demian ajoelha-se e repete algum ato comum entre mortais, tão desprezado por uns, e outros tantos tomados como sublime. Ele agracia Vivienne; para conhecer seu gosto, para chegar o mais próximo que pode das sensações que se acumulam dentro dela, seu império, sua fraqueza, sua intempérie.

Gozo.

Não, ela não entendia, não cogitava, e o desconhecido amedronta e repele. Ela o rejeita e ensaia sua fuga.

“Bye bye love...this chaos is killing me...” (Hallo Spaceboy)

O rapaz a alcança, e a rende pelas pernas, sente o cheiro à extensão de seu torso de fêmea, e dá início à uma nova série de estocadas. Por um momento, Vivienne se permite, e os dois sucumbem ao comportamento instintivo e primordial dos animais.

Sublevação. Subordinação. Submissão.

Prazer.

Vivienne luta contra seus fantasmas, seus joelhos feridos, suas têmporas roçando na calçada imunda, as intervenções violentas, a repulsa. Parte então a deixar de lado suas expectativas de possuir um amor, pois descobriu que ninguém o possui e todos são possuídos em determinada hora, por mais racional que se tente edificar o ser. Seus pensamentos são interrompidos por uma pausa nas gotas geladas da chuva, o que passa a percorrer o seu corpo é de uma textura peculiar, morna, espessa, e transita por suas costas, nádegas, coxas e desce às pernas. Ela observa; um líquido branco e viscoso que veio de Demian. Alguém podia tê-la avisado, alguém que tornasse tudo mais fácil, mas esse alguém não existia.

Confusão. Culpa.

Um gemido vem seguido de um grito. O primeiro, da satisfação dele, o último, da indignação de Vivienne. Ela tenta sanar aquela dor de alguma forma com urros ininteligíveis, até que sua mão encontra uma garrafa quebrada no chão, segura-a firme pelo que restou do gargalo, e joga todo o peso do seu braço direito contra o pescoço de Demian. Ele ainda estava de olhos fechados.

Morte.

O sangue se espalha rapidamente por todo espaço d’antes dominado por um protótipo de Vênus. Não houve tempo para Vivienne ter uma última reação de seu ex-amor. Seu ato, em vão. Ele não havia sentido. O que lhe sobrou foi sentir também o gosto dele, ela então se prostrou em cima do recente cadáver e pressionou a boca sobre os ferimentos da garganta do único homem que a teve de alguma forma.

Sorveu o suficiente, tal qual um cálice de vinho que não terá repetição. Ergueu-se, nua e ensangüentada, ainda com o gargalo à mão, como uma louca criatura, sem sanidade, sem critérios, perdera tudo que havia acumulado desde seu surgimento. E foi embora, para o nada de onde viera.


*Título interpretado a partir do ensaio motivacional “Quanto Amor Passa Por Tua Aorta?”, de Sergio Buaiz.

quarta-feira, março 17


oi. sumi né...então...boa tarde meu querido webblog...

Acontece que agora eu sou uma mulher desempregada do lar. Faço comida, limpo a casa e cuido do bacuri, "every single day of my damn life". E de vez em quando o pequeno Vincenzo vai para a outra casa dele (a do pai) e eu posso respirar um pouco mais, assim como hoje. Estou sozinha.

Meu namorado vive na Paulicéia, o que é horrível por um lado, e bom por outro, porque sentir saudades vira um exercício infindável, e saudades é algo estimulante. O problema é encontrar tempo para exercer as coisas boas da solidão. Minha vida, oh, o seu nome é pendências, vivo cercada de pendências. E estou sozinha.

A falta de emprego me deu espaço pra pensar na música de novo, eu rezo todas as noites pra que dê certo, e vou me esforçar pra isso. Nesse caso não estou sozinha, mas 50% depende de mim, eu agi de forma a ser desse modo, mas é difícil. Falta muito ainda pra poder bater um papo com o Capone ou o Miranda. Por falar nisso, a LOS CANOS já passou pela boca maldita dos dois. Parabéns para Los Canos!!! Os gaúchos apoiam vocês, só que precisamos de um cd, qualé a desse empresário que ainda não me mandou um CD pra eu levar na Ipanema?? E eu nem ouvi tudo ainda! Façam um favor, vocês serão recompensados.

Só pra falar que eu estou viva, e operante.

Beijos

D.H.

sábado, fevereiro 14



Casos no Cais (Pra não dizer que não falei das putas)

I

Entre um laço e um bagaço
E o cheiro de pó
Me empresta o anzol
Pra gente ir logo pescar

Não me conta se a fonte
Se ela é cristalina
A chuva me ensina
A percorrer por lá

Vamos sacode esse pó
Da bandeira
E à sua maneira
Nós vamos dançar

Mantém o pé forte
Que eu venho do norte
Tô tentando a sorte
E não vou me zangar

O mundo é pequeno
E teu jeito sereno
É quase um veneno
A me atordoar


II

Envoltos em voltas
Descarrilho distante
Era um navegante
Que no mês de Abril

Aportou e partiu
Logo após meu amor
Esgotar nesse quarto
Evangelho de mim

Na dor, eu sabia
Que ele não mais voltava
E no cantinho da escada
Esse choro sem fim

Quebra mais esse galho
Me vê outra rodada
Dessa Santa Cachaça
Pra eu me rodar assim

Bota o velho querer
Mais que longe daqui
Pois não consigo sofrer
E nem tampouco sorrir

Enquanto ess'alma do mar
O meu viver assombrar
Fico no mundo girando
Pra mais fácil enxergar

Aquele ledo amasso
Na esquina, fora do bar
Amei outras veiz meu menino
Que o vento soprou do cais...

Me deixou aqui de novo
Dia a dia aqui de novo

Ele não vai vir me salvar
Ele não vai vir me iludir
Eu só quero poder dizer
Que eu não vivo só do fingir

Dani Hyde

quarta-feira, fevereiro 11

como as pessoas são fracas (parte hum - os outros)

Esperava encontrar pessoas ilustres, e elas estão lustradas, de cevada e vaidade.....

como as pessoas são fracas (parte dois - eu)

Sempre tenho a esperança de entrar e ver algo novo *fera*

terça-feira, fevereiro 10

Hey Ya! Hey Ya! Hey Ya! e muitos outros hey´s para o Grammy 2004


Por Dani Hyde

Então a gente se encontra fora da realidade fonográfica ok? Vamos pensar que tudo isso é verdade e vamos realmente curtir uma grande festa de celebração da música. Vamos celebrar a música, de verdade, "for real" na língua deles.

Quem conseguiu fazer isso teve uma noite e tanto. Há de se considerar a todo o momento, claro, essa festa é dos americanos branquelos e rosados, mas dessa vez não foi 100% assim. Estamos vivendo um momento grandioso de tomada de conciência musical no mundo inteiro, e repito, vamos acreditar nisso, porque acreditando vamos desencadear outros e outros e milhões de momentos frutíferos para a trilha sonora da vida. A vida tem trilha sonora sim, não importa que algumas pessoas sejam surdas e outras alienadas ao ruído primordial, se você parar irritado e confuso no meio de um trânsito caótico, feche os olhos e tente ouvir, porque ela vem de dentro pra fora, se não viesse, não existiriam pessoas que vivem do barulho, com o o barulho e pelo barulho.

Aparte às vaidades, malícias e interesses(sex?) existentes no espetáculo, houve muito colírio para os ouvidos, e de forma democrática. Não interessa se hoje o pop é preto, e se o preto está pop; se o country americano é chatíssimo, mas eles insistem em exaltar; se o róque dá às caras só nas entrelinhas, mas está ali, se reafirmando sempre, e se a Celine Dion não é nada sem um ponto no ouvido; o que valeu foi ver qualidade, por todos os lados, ou seja, pudemos dizer: "não gosto, mas respeito".

Certificamo-nos de que Prince ainda existe, e não se tornou um velho gordo e viciado em alguma coisa, que bom! Acho que nem todos os meus heróis vão morrer de overdose, grande expectativa!! Quanto à homenagem aos Beatles (lá se vai a imparcialidade do texto), bem, aqui em casa os Fab Four são hereditários e por mais que não seja a minha referência principal, o lugar dos besourinhos de olhares perdidos é cativo na minha alma. "I saw her standing there", Sting, Dave Mathews, tudo muito nada a ver, mas é uma homenagem.Como sempre, Yoko foi brilhante, e essa mulher fantástica que agora é vista como pequena velhinha simpática, aos moldes de Edith Piaf (lembrei dela quando vi a Sra. Lennon no palco), me fez chorar junto com ela, não de saudosismo, nada tem que voltar, já chega o bombardeio de revivals que nós temos que aturar involuntariamente, mas é a emoção de amar tanto uma coisa e lutar por ela, como eu já disse algumas vezes, Yoko Ono é a groupie original e ninguém lutou tanto pra manter os ideais dos Beatles como ela, embora alguns a odeiem; parafraseando pérolas como: Come Together, Give us a chance e All we need is love, eu só posso concluir que tem bastante gente no mundo que sabe que o sonho não acabou.

Sting fez a sua parte "quite well" (como diria David Bowie). Há anos não se ouvia Roxanne tocada com tanta vontade, e a intervenção de Sean Paul, bem, aceitemos que a base do The Police era um ska-reggae-britânico e o rapaz não destoou tanto assim, tá valendo.

E então chegamos em White Stripes, a teoria de Jack White sobre o visual da banda atrair crianças está se comprovando, e não só visualmente, afinal crianças gostam de bater panelas e chamar a atenção dos mais maduros. Eu não gostava, porém a primeira vez que ouvi Seven Nation Army meu filho estava comigo e começou a bater na perninha cheia de pregas de bebê de quase 3 anos que ele é, e bateu no compasso, e adorou, e quando percebeu que aquela coisa vermelha e branca na TV ontem era o que era, ele gritou: "olha mamãe, a minha música que eu gosto!!!" , e lá foi bater a mão na coxinha novamente, e balançar a cabeça, como todo bom roqueiro. Foi uma apresentação gloriosa, pelo menos pra mim.

Nem vou comentar sobre a premiação, porque ela foi quase conjunta aos shows, ganhou quem merecia e foi lá mostrar o porque, mais uma vez eu digo, a primeira vez em anos que eu vejo isso acontecer. Só tenho que mencionar que No Doubt ganhou melhor performance de grupo, porque algumas coisas não acabam quando a gente se casa ou a fama esfria.

Christina Aguilera entra no quesito "mulheres que amadureceram", mas diferente de algumas, ela realmente tem um vozeirão e pode usar o decote que quiser, acho que o próximo album eu compro, vamos ver...E vocês, generation X (a minha), viram quem é a "dona" da música premiada da moça aí???? Sra. Linda Perry meus amigos!!! Não!!! Não é a esposa do Joe Perry, guitarrista do Aerosmith, é muito melhor!!! Era a vocalista do Four Non Blondes, aquela do chapelão!!!!!! Sim, ela é uma mega-ultra-super produtora hoje em dia, continua com cabelo estranho mas escrevendo muito....Nessa horas que a gente percebe que já fazem uns 12 anos que ouvíamos Nirvana e nem se passava por nossas cabeças que isso ia ter um peso enorme sobre as mesmas. Bons tempos.

A Celine Dion eu já falei ali em cima, deu tudo errado, foi bom pra desmascará-la, mas quem diabos a escolheu pra cantar Luther Vandross???? Aqui nós temos um momento Grammy da realidade, tipo: "ela precisa participar do show, o maridão banca metade da festa". As Fashion Cowgirls Martina McBride e Sarah Maclachlan fizeram a sua parte, vozes lindas, igual coca cola eu diria: é isso aí. E pronto.

O nosso ex-boy band Justin Timberlake foi surpresa pra mim, entendo que ele tenta imitar todos bons cantores que consegue nos seus 4,5 minutos de canções, mas convenhamos, talvez eu compre o próximo album também, no mesmo balaio que encontrar o da Christina. Vale lembrar que ele fez tudo no solo-vocalize que Arturo Sandoval não poderia prever e a coisa ficou meio indigesta, ponto pelo conjunto da obra.

Teve aquela sessão nebulosa de homenagem a Warren Zevon...muito nebulosa, até o Billy Bob Thornton participou do coral, é aquela história de sublevação do folk americano, como aconteceu com o Johnny Cash o ano passado. Não consigo entender os porquês de vangloriar os "caipiras" da terra, parece que isso veio com a onda Bush [risos contidos].

Aqui é onde a festa iniciou um pianinho (literalmente) de "celebrate good times c´mon". Alicia Keys começou a tocar, pianinho, de canto, e parava pra ofegâncias e risadinhas, como ele fazia, exatamente como ele, Mestre Marvin Gaye (outro que deve ter dançado muito ontem no bailão dos céus), performance irreparável, isso acontece quando deparamos com a negra cor, eles fazem tudo brincando e fluindo enquanto a gente sofre pra manter qualquer ruído, eles simplesmente choram, ou sorriem, e aquela voz brota...que puxa.

O "celebrate good times", não se vale do saudosismo, reitero, apenas interpretei dessa forma pra ilustrar a época em que se fazia coisa boa, e com o intento de declarar boa música aos tempos contemporâneos, boas previsões, nesse caso, para o lado "creole" do som: Black Eyed Peas (soul love, como diria o Mestre Marvin), Beyoncé (só me pergunto porque tem que ser solo, Destiny´s Child era algo interessante de se ouvir), Robert Randolph (fera na still guitar), Outkast....PORRA!!! Outkast....queria chegar aqui....

Eu ouço milhões de pessoas falando sobre eles há pelo menos uns quatro meses, mas não parei pra ouvir, tive unpassants, e todos me levaram a crer que era só mais uma galera do hip hop. Em tempos mais próximos, um amigo me disse que era "tri" bom (moro em porto Alegre), continuei correndo deles. Há uma semana atrás, fui numa festa black muzak que rola aqui (Creolina, no Gê Powers), e tocou Hey Ya, e meu amigo (que na realidade é também o pai do meu filho e meu gladiador mortal preferido quando se trata de música) falou, isso aí é Outkast!! Algo clareou, mas continuei me perguntando: não é Rap caralho!!????

Daí o advento Grammy, eles são deuses no Grammy!! Eles são rap, e funk também!! E eles tem divisões!! Eu não consigo entender, mas veio a primeira parte deles, com mais um povo que...UTAQUIPARIU!!!!! Earth Wind and Fire e George Clinton....o que dizer??? "celebrate good times C´MON"...E tem que se lembrar também do show do MC Samuel L. Jackson....digno de levantar do sofá até a mais gótica alma. Quem me conhece sabe que ver EWF no palco foi inesquecível...you´re all shining stars to me, babies!!!! no matter what...sempre brilhantes, em qualquer lugar.

E voltamos a sentar no sofá, até descobrir que, por um acaso, Dave Grohl está vivo e operante com seus (Kung) Foo Fighters (pra quem não sabe, o nome da banda deles veio do soul também) e com Chick Corea!!! Da série "coisas que nunca veríamos no mundo real", o João Marcelo fez um comentário infelicíssimo nessa altura ao dizer que "fazia tempo que Chick Corea não tocava um Mi Maior". Eu tenho um comentário de volta pra ele:

- FODA-SE SR. PRESIDENTE SUPER JOVEM DA (CHA)TRAMA, QUEM FALOU PRA VOCÊ QUE SÓ SE FAZ JAZZ COM NOTAS REBUSCADAS?? E ONDE VOCÊ ESCUTOU QUE SÓ SE FAZ RÓQUE COM MI MAIOR?? EU GOSTAVA DE VOCÊ MAS AGORA VOU BOICOTAR, POR QUE VOCÊ NÃO VAI PROCURAR ARTISTAS QUE NÃO SEJAM FILHOS SUPER-GÊNIOS-QUE-JÁ-NASCERAM-TOCANDO-OBOÉ DE ARTISTAS PRA DIVULGAR PRO MUNDO E MOSTRAR QUE ÀS VEZES 3 NOTINHAS TOCADAS COM VONTADE DÃO CONTA DO RECADO??? OU SINCERAMENTE, FICA EM CASA OUVINDO SEU CDzinho PSEUDO-CULT-INTELECTUAL DO COLDPLAY!!!! O ANO QUE VEM VOU ORGANIZAR UM ABAIXO-ASSINADO PRA QUE O KID VINIL AJUDE A MARIA CÂNDIDA, MESMO QUE ELE FALE ALGUMA BOBAGEM (O QUE EU DUVIDO), PELO MENOS ELE É ENGRAÇADO.

A música estava ótima, e eles acertaram a sincronia muito mais do que muitos na noite, e não importa o que alguns dizem, o rock and roll não morre fácil não, e até o Sr, Chick Corea sabe disso.

Chegou o show final,outra parte do Outkast, Mr. Andre "style da noite" 3000. Sem palavras.Não consigo parar, eu e a mãozinha forçada do João Marcelo Bôscoli, simplesmente não paramos!! Eu vou ouvir, e depois falo mais sobre eles, porque agora eu estou muito feliz e simplesmente não consigo parar de escutar Hey Ya...é a esperança de um novo tempo e uma chance pra música, não só por eles, mas o Outkast me deixou feliz e confiante pra escrever isso.

Pra terminar, afastem as cadeiras, comprem, "downloadem", adquiram Hey Ya de qualquer forma, e vamos todos celebrar, e dançar da forma mais exorcizante possível...and it goes like this...


One two three go!

[Verse One - Andre 3000]

My baby don't mess around.
Because she loves me so.
And this I know for sure.
Uh, But does she really wanna.
But can't stand to see me
Walk out the door..
Don't try to fight the feelin'
Because the thought alone is killing me right now.
Uh, Thank God for mom and dad
For sticking to together
'Cause we don't know how.
UH!

[Chorus]
Hey Ya.
Hey Ya.

[Verse Two - Andre 3000]
You think you've got it
Ohh, you think you've got it
But got it just don't get it
Til' there's nothing at all.
We get together
Ohh, we get together
But seperate's always better when there's feelings involved.
If what they say is "Nothing is forever".
Then what makes, then what makes, then what makes
then what makes, then what makes Love an exception?
So why you, why you, why you, why you, why you
Are we so in denial?
When we are not happy here.
Y'all don't want me here you just wanna dance

[Chorus]
Hey Ya.
Hey Ya.

Don't want to meet your daddy,
Just want you in my Caddy.
Don't want to meet your momma,
Just want to make you cumma.
I'm just being honest.
I'm just being honest.

[Bridge - Andre 3000]
Hey, alright now
Alright now fellows, Yeah!
Now what's cooler than bein' cool? Ice Cold!
I can't hear ya'
I say what's cooler than bein' cool? Ice Cold!

Alright, alright, alright, alright
Alright, alright, alright, alright
Alright, alright, alright, alright
Alright, alright, alright, Ok now ladies!
yeah?
And we gonna break this back down in just a few seconds
Now don't have me break this thing down for nothin'
Now I wanna see y'all on y'all baddest behavior
Lend some suga', I am your NEIGHBOUR

Shake it, shake, shake it, shake it
Shake it, shake it, shake, shake it, shake it, shake it
Shake it, shake it like a Polaroid picture
Shake it, shake it, shake it, shh shake it, shake it, got to shake it
Shake it like a Polaroid Picture

(Get on the floor)
You know what to do.
You know what to do.
You. know I do

[Chorus]
Hey ya
Hey ya

















".....não sei......" (Daniel Chu, em inúmeros momentos do final do século XX)

...e o cara nos encontra pela internet.... -Alguns telefones não mudaram mermão!! reproduzo aqui meu coment no Blog do Did´s , que é pra todo mundo saber:

Putz!!! Encontrar amigos de carne e osso através de blogs é o cúmulo da impessoalidade da nossa geração....SHAME ON US!!!! SHAME ON US!!!!

Acho que todos estão voltando a tocar Chu.... Bom momento pra vc ressurgir tbm!!! A família continua igual...um pouco mais rechonchuda de boas almas, portanto, melhor ainda...

Como diria meu bom e velho amigo Lestat: "Come out, come out, wherever you are" (QOTD)


quarta-feira, fevereiro 4

Volta às aulas: O que eu fiz nas minhas férias de verão.



Por Daniela Ribeiro (Srta Hyde anda me dando trabalho)

Passei muito tempo longe daqui porque tornei minha vida um caos, e ao contrário do que se possa pensar, a Internet me cansa e ficar zumbizando na frente do micro é o que eu menos tenho prazer em fazer. O “Fragmentos..” funciona como válvula para que outros possam compartilhar o que se passa na minha mente; mas não é insubstituível, isso por exemplo, foi escrito no papel, sim, eu gosto de papel, de sentir as palavras sendo vomitadas e sendo assim, existem coisas que nunca irão se deparar com a formidável ferramenta inteligível e não humana. Porque não devem, não precisam, ou tive preguiça de postar.

O trabalho não satisfatório e as saudades perduraram até o início de Janeiro, e como se diz aqui no sul, eu me fui, pra São Paulo, minha terra, minha gente, essas babaquices todas que eu prezo tanto, e acima de tudo, fui pros braços da minha verdade, como diria Bethoven.

Meu Divo, como descobri com o passar do tempo, sim, Diva tem masculino, e não, eu não consulto dicionário pra escrever.

Meu Divo, tão especial que eu nunca vou aprender a lidar com ele totalmente, mas tem que ser assim não é verdade? Um desafio clichê que se rende pelo próprio argumento. Por poder ficar escrevendo horas e dar-se conta de que é tudo tão cheio de sentimento que o coração e o papel se fundem e se tornam um lugar comum, onde ele habita e reina em regime vitalício.

...é curioso ter a certeza que se queira ficar com alguém até onde puder agüentar...

Pois pra mim, em mim, isso se tornou algo extremamente egoísta e equivocado. As ações precisam transmutar do “estar” para o “ser”. Essa é minha lição e premissa em relação a minha vida, a toda ela. Eu pensava que só poderia “estar”, até um “estar” permanente, mas “estar”. O “ser” existe, e ele precisa de carinho e afeto, pra “ser” é necessário “estar” disciplinado a. Eu estou me disciplinando, e comecei só agora, pra isso que existem Divos – um sorriso .

...”wake up girl, you got it all wrong” [before] (G. Stefani)

Depois de vislumbrar a maternidade, e fracassar numa vida compartilhada, eu me aproximei do meu sangue; e o sorvi todo. Passei a amá-lo e a outra casta e o outro clan viraram plebe na minha corte, o outro passou a me incomodar, salvo os outros pré-existentes. E meu outro principal, que sabe-se lá pode até ser o “lado direito do meu coração” (citação d’eu mesma), saiu em desvantagem. Porque a gente se descobre imersa em intolerância no momento impropício, e ele (momento) cria uma gama de dúvidas que se dissipariam numa situação avessa. É quando se assume o despreparo e cai no temor do tempo necessário para ajustar-se o relógio, aquecer as idéias, brincar com o ocaso e despertar para o “ser” convicto no rumo a tomar e aproveitar de cada estrada.

O lado proveitoso dessa história é que eu entendi tudo, e a tempo. Eu assumo o meu despreparo e corro entrelinhas, isto é, hoje eu sei os buracos que ficaram pra trás e devem ser bem fechados, para que nem eu, nem ninguém caia mais neles.

Isso aqui virou um exercício de auto-conhecimento...espero que pelo menos seja convidativo, do tipo: faça o seu também ou receba um completo por email, basta depositar uns reais na minha conta e etc, etc, etc...

...Ao Infinito, e Além (Buzz Lightyear)

Os dias e as noites paulistanas foram realmente ótimos e esclarecedores. Eu agradeço a todos que me acolheram e mais uma vez ao cara lá de cima (momento Xuxa, sempre deve haver um momento Xuxa) por me dar uma família assim, e colocar pessoas assim no meu destino. Eu acredito em destino, em pré-destinação e o caralho a quatro...Somos obrigados a fazer algumas escolhas, mas nossas vidas têm “levels” necessários (o Marquito entenderia, Level 7 de dificuldade, sempre o sete, o sete..) a se atravessar, e tem que ser assim, muda-se o cenário, as ações serão as mesmas, as reações é que contam, que escrevem.

O meu reflexo é amplamente curioso, tem horas que me sinto como um super-herói, tem horas que sou completamente absorta, inerte, insensível........autista. Sou assim, plenos poderes, ou definhamento. Acesa a tudo ou avessa ao mundo, “estou” disciplinada a achar o meio termo disso também. E que eu não apague em horas impróprias, por Deus, não me deixe perder essas horas, e me permita cair em verdadeira tentação, Amém.

...A gente corre pra se esconder, e se amar, se amar, até o fim... (M. Camelo)

Outra grande resolução. Eu já não curtia a idéia de sexo sem amor already then, mas também não levava em conta até onde isso pode nos levar. Pra mim, sempre foi a conseqüência, finalização, consumação de algo muito maior do que se pode sentir na pele, muito maior que um “intercurso sexual” (um dos maiores palavrões já inventados). Bem, me enganei, porque não é tão simples assim, pois, se eu achava simples, é porque me bloqueei a tudo que ele (sexo) pode me oferecer.

Em definitivo, esse é um ano bom pra aprender, por exemplo, que “pode ser carnal, porém não mundano” (o prazer, pelas definições do muso, em resumo total, pois ele tem uma teoria própria), gostei disso, dá uma boa desculpa pra perda da minha sofisticação intelectual de ser superior a estímulos táteis e corporais, inter-agentes, em geral.

...Eu deixei a vida ser simples passagem outrora...Eis que vou me aproveitar dela...agora. (D. Hyde)

Esgotar todas as possibilidades, lotar os dias, viver um hedonismo calculado, dentro dos padrões aceitos pelo INMETRO e pelo INPOCKET (conteúdo do meu bolso).

Preciso falar do meu filho? Não, ele já sabe falar e quase escrever, e eu já falo demais dele e esse é o único canto que eu posso me dar ao luxo de manter sendo só meu.

Voltando a mim, deixando o filosofar e o “ser” evasivo de lado:

Top 5 dos últimos tempos (ordem aleatória dependendo do ânimo):

-LOS HERMANOS _ Putaquepariu!!! Só quero poder causar o que eles me causaram em alguém, algum dia, com as minhas palavras e sons.

-Dormir abraçado, sem se sentir sufocado, e ainda acordar dizendo bom dia.

-Comer frutas e parar de fumar; to conseguindo, os dois.

-Ver a sua semente brotar mais do que nunca, por você estar mais presente na vida dela.

-Amar a alguém, incondicionalmente, porém da forma mais comedida e racional do mundo (se isso for possível) , para que seja o melhor amor; mesmo que isso custe a distância, o tempo e o contexto. Hoje, só o fato de sentir o que sinto já me basta, e me move adiante

Pensei em colocar trechos de Ventura aqui , que junto com o meu amor, me ajudou, me conversou, me inspirou, nessa última estação. Mas é muita coisa, então vou resumir tudo com uma estrofe, da primeira música que me fez enxergá-los (losers) com outros olhos:

“Abre a janela agora, deixa que o sol te veja,
É só lembrar que o amor é tão maior
Estamos sós, no céu.
Abre as cortinas pra mim,
Que eu não me escondo de ninguém,
O amor já desvendou nosso lugar,
E agora está de bem.”

(Conversa de Botas Batidas – Marcelo Camelo)

n.p. – essa daí de cima...



terça-feira, fevereiro 3

mexendo nas coisas esquecidas..




tipo o template...

Back in Black

...isso aí...voltei, estou escrevendo algumas coisas e pincelando outras. Não tenho mais emprego tbm então quem precisar de uma menina legal e prestativa me chame por favor. Muitas idéias, muitas idéias, aguardem...




eu tenho fotolog tbm, vão lá...vai ser louco...