terça-feira, setembro 4

O “rumor de viejo hit” ali embaixo não está ali à toa. Se alguém me perguntasse: qual é o seu maior medo, eu diria que é a perda da audição. You know, as pessoas vão ficando cegas, perdem os dentes, cagam nas calças, mas perder a possibilidade de ouvir música realmente é algo que não dá pra conceber. A vida tem trilha sonora.

Fugir de um teste de audiometria é uma das grandes missões da existência, como aqueles velhos que fogem do exame de próstata. Nesse caso, audiometria e exame de próstata são a mesma coisa, você sabe que pode encontrar alguma coisa lá, mas é melhor não mexer com isso até foder de vez.

Eu tô aqui ouvindo essas entrevistas do Frusciante no Youtube (porque basicamente não existe mais nada na internet pra saber dele, e o próximo passo é conseguir uma passagem pra Los Angeles), e achando que o áudio do meu micro tá com problema, porque o volume das caixas está por volta de 75%, e quero continuar achando que o problema é com o micro.

Talvez o meu novo brinquedo experimental, esteja contribuindo bastante para a total desintegração do meu tímpano, talvez seja só uma má fase. Mas vou deixar minha declaração aqui, ele funciona. É possível que seja mais fácil pra quem já é predisposto, não sei. O fato é que é uma boa viagem, em detrimento das limitações. Não dá pra usar o doser e tocar violão e escrever e ouvir uma música ou tomar um vinho, por exemplo. De repente a prática gere resultados mais duradouros.

De qualquer forma os “sons” binaurais não existem só em “doses”, mas em muitas músicas por aí, e acho que o próprio Jimi Hendrix já fazia isso com o panning sem perceber, e provavelmente o Pink Floyd tinha noção com o que estava lidando, e de repente até o marketing da Coca Cola. Vou tentar não falar mais do John, mas por último recomendo que se ouça o Shadows Collide With People com fones de ouvido.

Sábado passado Can´t Stop foi a catarse da pista no Mosh. Eu ia me esconder com medo de represálias, mas acabei quase chorando vendo as pessoas cantando junto. Obrigada, Porto Alegre.

Agora eu vou lá, quinta tem Zefirina Bomba, sexta Róque Town e sábado Pulp Friction. Já existe transplante de ouvido?

*
Já viu o making of de Tell me baby? É genial, eles chamam as pessoas pra audição-teste, e elas não sabem que os Chilis vão entrar no cenário (e na parte 1 tem o John contando a história de como o Chad entrou na banda, o que é bastante divertido):









Every chance, every chance that I take
I take it on the road
Those kilometres and the red lights
I was always looking left and right
Oh, but I'm always crashing in the same car

Jasmine, I saw you peeping
As I pushed my foot down to the floor
I was going round and round the hotel garage
Must have been touching close to 94
Oh, but I'm always crashing
in the same car

domingo, setembro 2

frase do sábado:
trabalhamos com importação

sábado, setembro 1

Rumor de viejo hit

Es la historia de un tipo fascinado con la música que queda sordo después de años de volumen alto y escaparle a los estudios audiométricos. Entonces, tarda algunos meses en asumir que no va a escuchar más esas canciones y solo se consuela intentando imponer en otros su gusto musical. Ahora que ya no hay música nueva para él, lee las letras de las canciones que escuchó para recordarlas bien y las va silbando o tarareando durante horas por la calle procurando que otros peatones se peguen la canción y así.

(Leopoldo Estol)

*

Se eu fosse da curadoria, não deixaria passar essa.

quarta-feira, agosto 29

spell against the witch

me sinto um pouco vampirizada.

Out of place in my own time
Drowning thinking that I'm dry
Hold on to facts that will never be proven
Faking an action cause no one is looking
Hello and I'm crashing
Feel nothing when my life's flashing before my eyes




terça-feira, agosto 28


Buenas

Isso aí é uma noite de estudos. Muita gente vai ler isso e gargalhar OUTLOUD, mas eu vou ser mediadora na VI Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Eu já tava de olho, mas quando o curso começou não pude entrar e enfim, mil coisas, agora estou dentro. E sabe, é bacana, e quando não é bacana é antropologicamente divertido.

Acho que fui sortuda e pulei direto pra parte boa, porque o curso teve várias dinâmicas dispensáveis, e agora, com o cais já recheado de obras (mas ainda bem desorganizado, só quero ver isso tudo pronto até segunda), começaram as visitas dos artistas, e eles estão apresentando seus trabalhos para nosotros. A minha primeira impressão é que a história dos processos de produção são muito mais legais do que a obra em si. O que está por trás e na maioria das vezes a gente não vai ter acesso. Mas é isso aí, arte contemporânea, só vamos saber o que presta mesmo daqui a 30 anos. Ou mais. I don’t want to lose Lautrec, já diria o Ronnie.

Eu não vou dar nomes aqui porque acho isso deveras pseudo (nem sei quem é o autor da infame casa rosa da edição passada, a primeira coisa que o Vico lembrou quando eu disse que ia trabalhar lá no cais), mas assim que começarem a pintar os burburinhos em alguma instalação eu falo a respeito.

Entrando no clima eu rabisquei uns pós modernismos na palestra de hoje, graças ao Frusci.

it´s a really
fun thing
to think
that being
is the same
of being
and I am
the same
that I am
in a way
english
becomes so
poor to
my inner
liaisons
with the self
in a way
english is
making a
big deal
of the verbs
and of the subject
which I ain´t

quinta-feira, agosto 23


Sobre obsessões e suspiros.

Eu vivo de obsessões.

A Clarah já falou bem melhor sobre isso do que eu sou capaz, porque ela não tem medo se seus textos vão parecer esnobes, pueris, egomaníacos ou whatever, ela fala. Ou melhor, escreve. Pra entender isso você teria que fazer uma boa viagem no velho, mas sempre legal e talkin’ bout my generation, brazileira!preta. Ela escreveu um texto sobre isso, que se perdeu pela internet, então solicitei o original, e vou fazer uns grifos aqui.

“(...) O que pouca gente enxerga é que a obsessão pode ser algo muito produtivo. Acredito, inclusive, que a arte não sobrevive sem uma obsessão, nem que seja uma obsessãozinha leve (...) O que acontece no mundo moderno, essa porcaria, é que ninguém tem mais dessas obsessões produtivas. As coisas passam batidas, é tudo muito rápido, lê-se um pedaço livrinho aqui, ouve-se um disquinho acolá (ou nem um disco inteiro, uma ou duas musiquetas em mp3) mas nunca além disso, nunca além da superfície. Pouca gente mergulha de verdade em alguma paixão, cria um mundo a partir daquilo tudo. E, o que é pior, todo mundo se acha no direito de opinar, principalmente sobre coisas sobre a qual não sabem porra nenhuma(...)”.

(Saudável Obsessão – C.A. )

O que eu mais gosto na Clarah, é justamente esse lance de mergulhar “até o fim” (invariavelmente ela cita o Bukowiski nessa máxima, o que é lindo, porque hoje tanta gente gosta de Bukowiski, mas poucos conseguem extrair dali a poesia contida no trabalho dele como um todo, eu mesmo não sou uma especialista, li umas 4 publicações, no máximo). Na vida, eu não sou muito dada a ir até o fim, mas ah, com a música é outra história. E até nisso a gente acaba se encontrando, porque gostamos (amamos, idolatramos, morremos) de muitas coisas em comum.

O Frusciante é um bom exemplo. Aliás, a história já começa com o Red Hot Chilli Peppers, nos idos e perfeitos anos 90. Eu sabia todas as letras, eu me movia como o Anthony, às vezes eu queria ser o Anthony, às vezes eu queria ser o Mike Patton (Faith no More), eu dançava com o VHS do Hollywood Rock de 93 (morava em Salvador, não pude ir). Esse VHS está guardado até hoje, quem tiver afim (de assistir aqui, porque ele não sairá daqui) é só avisar. O que eu não entendia era que o John já havia abandonado o barco, e logo os Peppers sairiam do meu campo de visão, pra voltar a aparecer, rá, com o Californication (1999, quando o John voltou), e mesmo assim, eu não dava muita bola, eles haviam me traído, ou era mais um caso desses que eu considerei traição quando a coisa toda se revelou um equívoco.

Bem, isso teve um preço. Eu não fui a nenhum dos shows dessa fase, acho que teve uns dois, um inclusive em Porto Alegre. Não fui. “Tô de mal, eles só vão tocar essas modernices”. Burra. Ouvi todos os relatos que eles tocaram o Blood Sugar quase na íntegra e a “old stuff” com uma bola de pêlo na garganta.

Acho que conheci o trabalho solo do John em 2003 e 2004 (por causa da Clarah, e do João Perassolo, que se tornaria meu parceiro fundamental pra realizar a Róque Town). Eu achava lindo, ouvia o Niandra Lades, o To Record Only Water, e o Shadows Collide, e sempre retomava quando precisava (tem momentos que você simplesmente precisa deles), só que não era só isso, e eu só descobri agora, quando precisei muito. Como eu digo pra uma amiga, as músicas são que nem gatos, elas te escolhem (tipo agora que começou a tocar I´m Always, eu vou explodir o contador do Last FM).

Me sinto imortal com a minha coleção semi-completa (porque não baixei os Ataxia ainda, como é um trabalho que envolve outras pessoas, vou deixar pra segunda fase), pesquisando, pesquisando, dissecando a vida dele, tudo que aconteceu enquanto eu estava fora, e até me sinto culpada por não estar lá quando ele precisava. Eu não concordo com quem separa a vida da obra, eu acho um absurdo separar a vida da obra, não dá pra entender um peido do Frusciante se você não mergulhar até o fim na vida dele. E com a música vai ser sempre assim, foda-se a arte contemporânea que descaracteriza todo mundo e acredita num cocô exposto. Até as próprias obras do Frusci (ele pinta, claro), apesar de BasquiaÍSTICAS, fazem todo o sentido, estando onde estão, no ano que estão, no local e no planeta que estão. Tudo deve ter sentido. Até a “vontade de morrer”.

Ele não se arrepende de nada, ele valoriza todos esses fucking years negros, e credita a esse período a evolução de hoje. Culhões. Culhões de ter coragem de dizer “Hey, eu não fugi de porra nenhuma, eu tava me procurando e achei, e a heroína, foi enfim, minha Heroína”.

Não é como um Anthony, no Scar Tissue (livro sobre a vida de adições e loucuras que ele fez ao longo dos anos, até se limpar), que diz “oh, thanks god, eu me livrei de tudo isso e agora sou feliz e limpinho” quando na verdade sabemos que eles não pararam merda nenhuma. Mas apesar disso, o Scar Tissue é genial. Quem gostar deles, ou tiver curiosidade, leia. Muito revival, coisas engraçadas, coisas boas, com aquela linguagem que parece que o Anthony tá do seu lado, tomando uma cerveja contigo.

Quanto à questão da obsessão produtiva, fazer toda essa viagem dentro de um universo que eu já conhecia uma parte, está sendo a coisa mais deliciosa do momento, desde ouvir os discos mais auto-depreciativos do Frusci (Smile from the streets you hold são mil facadas consecutivas no coração) até ouvir um By the way dos Chilli, completamente despojada de preconceitos, e elevando ele ao segundo lugar no pódio (o primeiro é Blood Sugar, foréva), acompanhando todo o processo de gravação do Stadium Arcadium, um John falando de todos os instrumentos, equipamentos e parafernálias que ele usou no álbum, cheio de referências ao Eletric Ladyland do Hendrix, cheio de coisas modernas ao mesmo tempo... Um universo sônico, futurista. Até isso ele fez comigo, e em 24 músicas eu consigo me deixar levar pelo moderno dentro de uma atmosfera que eu amo, que é o funk rock, o original, o freaky stiley dos meus meninos dos olhos de 15 anos atrás. QUINZE!

Além do fato definitivo, que foi pegar o violão de volta, fazer uma música em 10 minutos, e saber que ainda tenho a capacidade de criar coisas bonitas, mesmo que o mundo real esteja uma merda, difícil de respirar e cheio de dificuldades. É bom saber que tu ainda é capaz.

A música voltou a ser minha prioridade number one, e isso está me trazendo alguns problemas, como uma incrível falta de comprometimento acadêmico, um retorno à ausência maternal, e algumas complicações no convívio familiar. Mas eu preciso disso agora, e espero que um dia eles entendam, não vou abrir mão.

E como disse um amigo ontem: “Não tem heroína no Brasil. Ufa”. Porque cheguei à conclusão que é a única e absoluta droga que eu tomaria. Certamente seria o fim de tudo. Eu não sou o John.

Ainda ontem, a noite foi abençoada com Suck My Kiss num momento catártico e uma constatação de que eu posso tocar Red Hot tranquilamente de novo. E eu fechei o cabaret dançando In Relief com as luzes verdes. Só eu, ele, e as luzes verdes.

Fui dormir over embriagada e feliz ouvindo o The Will to Death.

And the only important moments
Are the in between times
And being confused is an exercise
I’m missing your thoughts tonight
But we reach out to what’s out of our sight

(an exercise – j.f.)

Pra encerrar, o último parágrafo do Saudável Obsessão, da minha parceira de obsessões, dona Averbuck:

“Então, amigo leitor, amiga leitora, se a sua vida anda insuportável, meu conselho é: aprofundem-se. Leiam todos os livros de algum autor, comprem todos os discos de alguma banda, leiam biografias, chafurdem no passado, criem mundos a partir disso. Não há nada melhor para fugir do mundo horrível aqui fora do que uma obsessão”.

terça-feira, agosto 21


Eu conheci o Carlos Carneiro antes dele me conhecer. Em alguma noite enlouquecida do velho Garagem tava “lá trás” sentada com uns amigos e de repente começou a rolar uma confraternização de maconha, meu amigo (hoje Marcus D. da Eric Van Delic) abriu um guarda-chuva, e uma menina começou a contar dos intercursos sexuais que teve com um namorado que eu havia recém-terminado. Nisso chega esse cara e me passa o beck, e me dá um flyer, de cor amarelo meio ovo, do show de uma tal de Bidê ou Balde, a única coisa que eu pensei foi “quem bota essa merda de nome numa banda?”. Isso era 98, eu acho. Também tive minha fase obscurazinha.

Depois vocês sabem o que aconteceu com o fenômeno BoB. É sempre amor mesmo que mude.

Fast Foward. 2007. O auge do “beco way of life” fervilhando no mainstream, o electro invadindo nosso espacinho, o mesmo que tocava China Girl do Iggy Pop e todo mundo ficava feliz, mas já não o mesmo que tocou Marquee Moon com 300 pessoas regozijando na pista (e quando 300 pessoas representavam uma festa bombante). Sem falar no público, que vai perdendo o gosto e a sensatez a cada fim de semana. Mas enfim, Róque Town também é resistência, e o que eu falar por aqui é noite de PRT.

Não sei como nem aonde, o Carlos chegou a conhecer a legião dos novos JOVENS ROQUEIROS DA CITY, o fato é que ele começou a aparecer lá no Beco, em igual ou pior estado que os JOVENS ROQUEIROS DA CITY. Festa com eles é sinônimo de dormir tarde, ou quase na hora do almoço, do outro dia, ou nem isso. Logo, eles sempre presenciam as finaleiras, conhecidas como a melhor hora do som, e a pior hora do romance (como diz outro amigo, “a hora da chêpa"); e então teve esse dia que eu tava bem experimental e ouvindo muito BR Nuggets em casa, daí toquei a Renata, do Liverpool, trilha do Marcelo Zona Sul, aquele filme com o Stephan Nercessian (?) e a Françoise Fourton que provavelmente você não assistiu. Tem a história do encontro do Carlinhos com o Stephan, mas isso eu vou deixar pra ele contar um dia, porque é muito emocionante e envolve o pai, e é toda uma coisa bonita estilo Fante.

Me escondi completamente, pra não ver a expressão de desaprovação do Gabriel, nem do Vitor, e de repente o Carlos chega com a mão estendida pra me cumprimentar. Ele é esse cara gigante que eu simplesmente não consigo chamar de Carlinhos, e não to chamando de gordo também. Apesar de que, esses dias ele me contou que viu a mãe dando leite condensado pra Alcione (a cã) e entendeu tudo.

A partir de então ele é uma espécie de sócio honorário da Róque Town, e uma das únicas pessoas que eu faço questão de ficar na pista até o fim do set. Que fique nos registros, ele foi o primeiro a tocar Orgasmo Legal (do cd original) numa festa. E Paralamas do Sucesso numa PRT.

Criou um Império da Lã que abalou Porto Alegre em menos de dois meses, e já decretou o fim da banda. Diz que parou de beber e largou as drogas e agora só vai se dedicar ao shamanismo para finalizar o próximo álbum da BoB, claramente cheio de influências nativo-americanas.

Virou ator. Aguardem OS BÍTOLS!!! O melhor filme já produzido no Brasil (pelo menos pros JOVENS ROQUEIROS DA CITY).

Pior de tudo, virou meu amigo. E me fez isso:

"Quem são seus ídolos do rock no RS?
Plato, Edu K, Júpiter, Frank Jorge, Wander, Flu, Mini, Julio Porto, Zé do Bêlo, Tony da Gatorra, Jorjão, André Arieta, Cristiano Zanella, Lee Martinez, Jesus Buceta, Os Panarotto, Carlo, Birck, Petraquinho, Os Felinos, Pedrão Motora, Luiz Wagner, Rangel de Jaguarão, Campo & Lavoura, Vini Tonello, Liverpool, Diego Medina, Rangel de Verdade, Fernando Rosa, O Agromod, Miranda, Flavinho Carneiro, Biba Meira, King Jim, Dr Love, Patrick, Glauco Caruso, Marcos, Cidade, Claudinho Transportes, Padeiro, Six, 4Nazzo, Jimi Joe, Guri Assis Brasil, Jairo William Caveman, Kamika, João Carteiro, Moskito, Sting, Vitória Cuervo, Bolada, Pedrão Hahn, O Franco da Blazz, A Dona Ivone Pacheco, Serginho Moah, Nando Endres, Cláudio Cunha, Ferla, Nik, Peninha, Katsy Carmichael, Menchen, Benvenutti, Ildo, Cicuta, Rogério da Toca, Getúlio da Boca, Salim, Rossatto, Liege, Deborah Blank, Suzy Doll, Dani Hyde, Terréks, Dani Bolan, Chicão e o coral dos Irmãos Guatemala."

Pra mim já ta bom, véi. E embora eu não goste muito da expressão, ela dominou a CITY, e o mais apropriado agora é dizer que tu é preza.

p.s. – atentem para o detalhe que eu estou logo após a Suzy Doll, preza de novo.

p.s. 2 – ah sim, quem tiver afim de ler a entrevista toda ali na BIZZ online vai aqui.

p.s. 3 – o modelo da foto ao lado do Carlos é um futuro pediatra da neonatologia.

segunda-feira, agosto 20

Eu não quero ser importante pra ninguém.

É o nome do álbum virtual que eu vou lançar com todas as coisas mais toscas que já gravei, com umas duas músicas novas, e uma do Frusci, claro, acho que vai ser In Relief, é a que eu toco melhor. Ou a I´m Always mesmo, na estileira "estou chapado de heroína, não me venha falar de performance". A capa eu vou desenhar no Paint Brush depois eu posto aqui.

sábado, agosto 18



Cordas restauradas, tarracha do ré refeita (pq tava podre). Agora dá licença que eu vou frusciar...


ai, ai, quem güenta..



O Vince chegou do cinema e ficou gargalhando até as 2 da manhã por causa do porco aranha. Tenho desculpas pra ir ver os Simpsons sem ser mais uma na multidão e não me confundirem com esses freaks que tem por aí.
*
Acabo de mostrar I´m Always pra ele, "parece meio triste né, mãe?" "mas é um triste bonito, não?" [consente com a cabeça e a língua de fora pra disfarçar o olho cheio d'água].
MEU FILHO.
Update: "parecia que o menino tava preso na prisão".
......

sexta-feira, agosto 17

I´m Always
Only time can show you
Through an invisible door In the bottom of the ocean I threw a bird at the sky, Someone told me that You'd better close your eyes, And I said Don't you wonder sometimes Why I paddle through the clouds In my oversized canoe, But I'm always on your side? Can you feel it? My love flowing out my sides You've been asked to fly I thrust to some lie yeah It's you see my fish needs to thrive As long as I'm alive. Aside from the leaves that fal lYou know it's been justified You gotta take it in your stride Besides the nightmares That lie before you You've always found a reason To stay happy to be alive If you look closely You'll always find signals That make your mind grind But those are just a mind fucker tag line You'll always have control of your life Go with the feeling that's right You know, man, the media may try yeah But my beautiful spirit is glued to my eye. (música do Smile from the streets you hold, disco feito só pra comprar droga)

Desde que vi o Bowie em 1997, e entrei numa maratona de descorar todas as letras e discos e partituras dele até esgotar completamente e virar a maior aluna dele, não tinha mais me obcecado assim por ninguém. Podia gostar, ouvir por dias, mas nunca foi da mesma forma, o mesmo sentimento. Até que comecei a ouvir pela enésima vez o To Record Only Water for Ten Days, sim, o Frusciante de novo.


Ele é aquele sonho que se repete. Dizem que quando um sonho se repete ele está tentando te mostrar algo que tu ainda não viu. Eu tenho vários desses, ou sou lerda, ou tenho sonhos extremamente complexos.


Dessa vez ele me pegou. Um momento difícil, de se reencontrar, reinventar. (You´ll always have control of your life). Me pegou no colo, contou toda sua história, e estamos conectados, de verdade, como é com o Sir David Jones. Existe até uma seita que acha que John é a reencarnação de Jesus (sério), eu prefiro acreditar que é o Espírito Santo (e não discuta que na trindade todos são um, eu não concordo). Ele quebrou toda a hierarquia dos meus ídolos e passou lá pra cima sem pré-requisitos. Cada excerto da vida dele tem relação direta com as coisas que vivi, e o youtube nunca foi tão útil.


Crononologicamente falando:


- Entrevista na época do Blood Sugar, falando sobre suas influências de Jimi Hendrix, com uns 50 vinis do homem na mão, ele escolhe pra tocar justamente o primeiro ensaio de Eletric Ladyland, que é a minha “definitiva” of all times. E ele diz: “that thing is one of the most beautiful things I´ve ever heard”. Primeiro suspiro.


http://www.youtube.com/watch?v=y5ZQfI7oKnY


- A queda no Red Hot – apresentação de Under the Bridge no Saturday Night Live, onde John já não aguenta mais o mainstream e “acaba” com a música modificando toda a estrutura e largando uns berros no coro. Impagável a cara de bunda do Anthony.


http://www.youtube.com/watch?v=Tm_j4_JmREo


- Entrevista em 1994, de um John completamente viciado e em outro mundo. Mas fala coisas importantes sobre conservar a sinceridade da música, escrever pelo amor e não pelo mercado, e bla bla..


http://www.youtube.com/watch?v=tegL__ECTzY


- STUFF – curta do Johnny Depp, filmado na casa do John, breve participação do Timothy Leary. Dá pra entender o recado.


http://www.youtube.com/watch?v=Qx7oJ7-Xjpg


- Clipe de Life´s a Bath, de 1997, onde aparece um John semi-morto, que nesse mesmo ano seria internado com 12% do sangue que deveria ter no corpo.


http://www.youtube.com/watch?v=213mmXUjOlw


- O retorno em 2001.


http://www.youtube.com/watch?v=qhNC-gTJnTM


- Contando os segredos de Under the Bridge. Que tem riffs roubados de Andy Warhol, do Bowie, e da própria Rip Off, do Marc Bolan. E assim eu vou morrendo...nessa sessão tem Modern Love também, outra pérola, veja nos relacionados e tem My Smile is a Rifle....ah, veja todos desse show! Tem pra baixar em torrent também.


http://www.youtube.com/watch?v=xZNgRn2054Y


- Going Inside, de Vincent Gallo. (eu acho o Brown Bunny uma porcaria, só valendo pelo blowjob da Chloe Sevigny, mas quem quiser conferir, a trilha é do John)
http://www.youtube.com/watch?v=rJYCny95qog


- Carvel, do Shadows Collide (2004), e um momentum absurdo.
http://www.youtube.com/watch?v=M3YgLNNJjMg


- The Past Recedes, do Curtains (2005), e a casa dos meus sonhos (com tudo dentro).


http://www.youtube.com/watch?v=IIvzwjVFvqk


- E pra não dizer que não falei de Red Hot Chilli Peppers, eu fico com esse vídeo de Can’t Stop (live at Slane), que pra mim é como se fosse o final feliz de um filme triste.


http://www.youtube.com/watch?v=zj4L50tTViU


Filme de rock, claro.

segunda-feira, agosto 13

Em la cama (Na Cama), o filme mais sensacional do ano. Sei lá quem é o diretor e tampouco os atores. Confiram.


domingo, agosto 5

He who cracks the mirrors, and moves the walls

Queria começar uma história com o zunido dos amplificadores. Aquele ruído bom que a gente escuta antes de começar um show. A expectativa. O êxtase antes de qualquer julgamento, só por estar ali e fazer parte daquilo.

Em casa num sábado à noite, pra aproveitar um pouco da ação inquietante do Vince, e ele pede uma música pra dormir. Na verdade acabo impondo isso pra ver se ele se acalma. A primeira que me vem à cabeça é uma que cantavam pra mim quando eu tinha dezesseis anos e minha vida começava a mudar irreversivelmente. Sleep Now, Peter Hammill.

Não sei quantas vezes já falei dele, mas nunca é demais. Espero que um dia mais pessoas reconheçam o que um homem e sua banda e o homem de novo é capaz de fazer pelo mundo. Em 1996 minha vida mudou quando ouvi Tapeworm e Sleep Now, quando Makis era meu amigo grego que me ensinou a entregar a alma a esse demônio fascinante e vicioso que é a música.

A banda de Peter, o Van Der Graaf Generator (já vale alguma coisa só pelo nome), seria mais uma da leva dos progressivos dos anos 70, se não fosse seu front man, capaz de transformar cada letra num filme, cada compasso numa expressão inesquecível. E como toda a galera dos 70, eles ressuscitaram e estão lá pelo velho mundo arrasando nos shows.

É uma indicação inexorável. Procurem, ouçam. E deixa esse velho Hammill curar suas dores. É algo entre Roxy Music e Pink Floyd e Shakespeare e Byron, com tons de David Lynch se não tivesse o Badalamenti como parceiro. Aliás, acho que o “Badá” ajoelharia na frente do VDGG. Em suma, se David Bowie fosse Obi Wan Kenobi, Peter Hammill seria o Darth Vader, o que me parece irresistível. E tem toda essa coisa do oboé e sopros dissonantes que me deixa atormentada, as melhores músicas do mundo tem um oboé ou um teremim, já notou?

Quando ouvi A louse is not a home pela primeira vez, tive vontade de escrever um roteiro. Ainda não sou boa com roteiros, mas vamos ver o que dá pra tirar de alguns parágrafos. Na próxima, porque isso aqui já é longo, vá se inteirando.

Coloquei algumas coisas no 4shared (Incluso o Silent Corner and the Empty Stage na íntegra, o melhor álbum solo dele), e uns links do youtube. Pra tentar criar o clima. E a letra traduzida de A Louse...

É comprida ok? É pro-gres-si-vo.

A louse is not a home (tradução)

Algumas vezes é bem assustador por aqui; algumas vezes é bem triste;
Algumas vezes eu tenho a impressão de que irei desaparecer;
há momentos em que acho que eu já...
Há uma linha serpenteando pelo meu espelho:
Um vidro em pedaços distorce o meu rosto,
E mesmo a luz sendo forte e extraordinária
Ela não consegue iluminar a maioria dos cantos desse lugar.
Há um nobre, ímpar, castelo de Lohengrin nas nuvens
Sim, eu escrevo minhas memórias sombrias lá,
Mas uma sorte negra há sete anos circula por aquele canto
E nas sombras esconde-se o espectro do Desespero.
Um espelho quebrado divide ao meio a beleza da paisagem:
Imagem rachada, compreensão dificultada
Eu estou apenas procurando por um lugar para esconder meu lar ...
Eu morei em casas feitas de vidro
Onde todos os movimentos são mostrados,
Mas agora as telas dos monitores estão negras
E eu não saberia dizer se os olhos silenciosos estão presentes.
As minhas palavras são como aranhas sobre uma página,
Rodopiam além da fé, da esperança e da razão
Mas elas são conhecidas e fiéis, ou são apenas poeira
Reunida debaixo da minha cadeira?
Algumas vezes eu tenho a sensação de que há
Mais alguém presente:
O Observador sem rosto me faz ficar apreensivo,
Eu posso senti-Lo através das tábuas do chão,
E a Sua presença é horripilante
Ele me diz que eu deveria ser expulso ....
O que é aquilo simultaneante do lado de dentro e do lado de fora?
Eu desconheço a natureza da porta que eu atravesso,
Eu desconheço a natureza da naturezaDo que eu resido ....
Eu já vivi em casas feitas de tijolo e cimento
Aonde toda emoção é sagrada,
E se você quiser devorar o fruto
Deve primeiro sentir a fragância
E deitar seu corpo diante do santuário
Com poemas e poesias e papéis ----
Ou, se você tiver o estrategema, você terá de escolher
Ficar, um monge, ou partir, um devasso.
O que é esse lugar que você chama de lar?
Isso é um sermão ou uma confissão?
Esse é o cálice que você usa para proteção?
É esse mesmo o lugar onde você pode ficar?
Isso é um manual ou uma ensinamento?
Isso é uma batida nas mãos de seu Protetor?
Terá o ídolo pés de barro?
Lar é o que você constrói, dizem meus amigos,
Mas eu raramente vejo as casas deles nesses dias negros.
Alguns deles são ermitões e carregam as casas
Em suas costas;
Outros vivem em monumentos que, um dia,
Serão destroços
Eu mantenho meu lar no lugar com fita isolante
E pregos,
Mas eu continuo sentindo que há alguma outra Força aqui:
Ele que quebra os espelhos e derruba as paredes
Permanece olhando através dos olhos nos retratos
Em minha sala;
Ele ronda pela minha biblioteca e grampeia o telefone
Eu, na verdade, nunca O vi,
Mas eu sei que Ele está no meu lar
E se Ele se for,
Eu também não poderei ficar aqui.
Eu acredito er eu acho
Bem, eu não sei...
Eu só fico em uma sala por vez,
Mas todas as paredes são ouvidos, e todas as janelas, olhos ;
O resto é estrangeiro,
'Lar' é o meu canto sem palavras :
Mmmmmaah!
Dê uma chance!
Estou cercado de carne e osso,
Eu sou um templo da vida,
Eu sou um eremita, eu sou um zumbido,
E eu estou construindo um lugar para se estar.
Com coroas secretas sobre minha cabeça
O silêncio sobrenatural é quebrado:
A sala está ficando escura, e na luz completa
Eu posso ver o rosto que eu conheço
Poderia esse ser o cara que nunca mostra
Ao espelho quebrado o que ele está sentindo?
Só há oradores murmurando no chão onde
Ele está ajoelhado :
"Lar é lar é lar é lar é lar é lar é lar sou eu!"
Vocês que estão procurando casas;
Não joguem seus pesos em qualquer lugar, vocês podem
Quebrar seus vidros
E se vocês quebrarem, vocês sabem que não poderão ver
E então como é que vocês iram ver o amanhecer
Do dia?
Dia é só uma palavra que eu uso para manter a escuridão
Afastada,
E as pessoas são imaginárias, nada mais existe
Com exceção da sala em que eu estou sentado,
E, claro, da neblina penetrante
Algumas vezes eu me pergunto se até ela é verdadeira
Talvez eu deva apagar da lousa esse lugar;
Talvez eu deva demolir essa lousa;
Talvez eu viva a minha vida com base em incertezas
Nos confins dessa casa silenciosa.
Algumas vezes é bem assustador por aqui; algumas vezes é bem triste;
Algumas vezes eu tenho a impressão de que irei desaparecer;
algumas vezes eu acho...

Bubble

Lille
Lost
Undecover Man
Darkness (11/11)

http://www.youtube.com/watch?v=WDmhP6YiN6s

quarta-feira, agosto 1



Remember when you were young, you shone like the sun.
Shine on you crazy diamond.
Now there's a look in your eyes, like black holes in the sky.
Shine on you crazy diamond.
You were caught on the crossfire of childhood and stardom,
blown on the steel breeze.
Come on you target for faraway laughter,
come on you stranger, you legend, you martyr, and shine!
You reached for the secret too soon, you cried for the moon.
Shine on you crazy diamond.
Threatened by shadows at night, and exposed in the light.
Shine on you crazy diamond.
Well you wore out your welcome with random precision,
rode on the steel breeze.
Come on you raver, you seer of visions,
come on you painter, you piper, you prisoner, and shine!

terça-feira, julho 31

I could have lied

Não sei se ainda existem fãs de Red Hot Chilli Peppers, mas o fato é que depois do Frusci voltar eles abrem I could have lied com um solo de Your pussy is glued to a building on fire.

Chegou a fase Frusciante, me acalmei, deixei o cabelo crescer, emagreci mas uso roupas largas....quero entrar pros Chilli Peppers de novo. De novo.

Nada mais a dizer.


Se eu fizesse uma mixtape iria se chamar Músicas para os Lobos.

01. Lobo da Estepe – Cascavelletes
02. Moanin' at Midnight - Howlin’ Wolf
03. Mouth - Bush
04. Walk On a Wild Side – Lou Reed
05. The Loner – Neil Young
06. By the Light of the Magical Moon – T Rex
07. Hungry Like the Wolf – Duran Duran
08. Da Natureza dos Lobos – Lobão
09. Hunting High and Low – A-ha
10. Of Wolf and Man – Metallica
11. Wolf Moon – Type O Negative
12. Crowds – Bauhaus
13. Nobody´s Fault but My Own – Beck
14. All the Madmen – David Bowie

Ou “se você continuar vivo depois dessa seqüência, lobo serás”.



segunda-feira, julho 2


como começar BEM a semana (conselho pros amigos, namorado, família e afins)



Enviado: segunda-feira, 2 de julho de 2007 11:06:03
Para: misshyde@hotmail.com
Assunto: dani drowned tour
Anexo:
uou.jpg (0.24 MB)



baby! afinal, é tu ou a madonna?
[hehueheuehue]

bejo

sábado, junho 30

Deixa eu contar uma história sobre teatro... - Parte II

- Só tem um problema.
- Qual problema, Jeff?
- Os personagens, quase todos são homens.

Como eu já disse, éramos umas 20 mulheres, e 2 homens. Um deles era um padre que me visitava na cadeia. Meu melhor amigo fazia o padre, era uma cena de chorar, a gente sempre ria, porque ele colocava uma bata, e dividia o cabelo no meio. Vicente. O Vicente estava para mim assim como o Ramiro hoje, o menino doce e inteligentíssimo ao meu lado. Eu me lembro dele recitando trechos de poesias, de romances, e lendo as redações mega elogiadas. Me lembro do seu caminhar, ele tinha um jeito de caminhar jogando a cabeça de um lado pro outro, sempre, sempre sorrindo, e uma gargalhada maravilhosa. Queria ter uma caixinha pra guardar todas as risadas maravilhosas que já ouvi. Então, esse era o Vicente, motivo de brigas alexandrinas entre eu e meu namorado. Depois falo mais disso.

Eu era o Pedro Bala, organizava todo o bando de meninos de rua, e ainda tirava uma de filósofo de favela. A gente forçava o sotaque, “tava na Bahia, no Beaubourg, no Bronx, no Brás e eu e eu e eu e eu a me perguntar: eu sou neguinha?”. Lembro uma vez que uma turma de supletivo de uma escola estadual foi nos assistir, e um grupo de mulheres que eram nordestinas vieram perguntar se a gente tinha feito laboratório para o sotaque. Um exagero, obviamente.

O cenário era uma atração à parte. Era um quebra cabeças de caixas de feira. As caixas de madeira iam se assentando de forma diferente a cada cena, ora uma barricada do Porto da Barra, ora mesinhas de boteco, ora prisão, ora terreiro...e tinham os jogos de luzes também. Pensando agora, era lindo. Por que não existia câmera digital, hein?

Eu providenciava os cigarros, porque já fumava (que merda), comprava Derby, o mais barato, nós precisávamos de bitucas, usamos as mesmas durante várias apresentações, o cheiro já fazia parte da cena. Tinha ainda umas capoeiras, umas lutas, a menina por quem todos se apaixonavam, praticamente um Peter Pan com a realidade baiana de fundo (hmmm, nunca tinha pensado nisso).

A gente era true, usava uns bonés pra esconder o cabelo, eu tinha uma touquinha do Jimmy Cliff (aquele regueiro que canta “I can see clearly” em cima da montanha), não se depilava...Foi quase um semestre!!!

Tinha uma menina que usava a camiseta do Bahia, de quando meu irmão era bem pirralho. O Daniel fazia um dos guris. Ele era muito bom, tomara que tenha continuado. Tinha a música da Dora: “Dora, rainha do frevo, e do maracatuuuuuu...”, e começava com Berimbau, de Vinícius. Acho.

Chegou o festival, eram mais de 20 colégios que participavam, incluindo aquelas peças onde as pessoas são árvores e flores. Sinceramente, tava fácil pra nós, o futuro Gestus Hibris, e o Catarse. A gente fez uma apresentação ótima, sem erros e muito drama. O final que foi massa, as mulheres tiraram seus chapéus sincronicamente, propaganda de Elsève, e a platéia levantou e começou a gritar. Ou eles eram muito imbecis, ou realmente não se ligaram que era um monte de menina no palco.

Haveriam alguns grupos antes da votação, o namorado fazia cara de cú, fui embora com ele. A briga em casa foi absurda. “O teatro ou eu!”, disse o meu Dom Pedro. Eu tava quase respondendo, quando o telefone tocou, era o pessoal, me chamando pra comemorar o prêmio de melhor espetáculo para o Catarse. Ignorei o pequeno Imperador e o arrastei para onde o povo estava. Chegando lá:

- Melhor espetáculo???? ZUMBIIIIII !!! – diziam em coro
- Melhor ator??? XXXXXX !!! – (não lembro o nome dele, mas era o protagonista de Zumbi, acho que era Luís, tenho um amigo na faculdade hoje que se parece muito com ele, bochechas rosadas, cabelos longos, loiro..)
- Melhor atriz??? Daniela Ribeiro !!!

Glup. Engole seco. Pensa em tudo que tinha acontecido até ali. Ali debaixo daquele montinho coletivo, onde não se respirava mais. O choro vem, concluo e falo baixinho no ouvido do Nicolau II: “Só mais uma, depois eu paro”.

Agora o parênteses. Eu tinha uns 16 anos quando isso aconteceu, e este era o meu primeiro namorado, uns 3 anos de muito aprendizado, onde o maior deles foi fazer concessões, mas não bastou aprender, eu fui às ruínas pelas concessões (sendo que hoje o meu maior problema está relacionado a isso). Um ciúmes (dele) que exterminou qualquer esperança de futuro (o que é conveniente lembrar agora), e a música ia segurando na muleta. Não, muleta não, não se reduz um incremento de experiência musical desse jeito. Contudo, não me arrependo do que escolhi, e tivemos diversas sessões de “desculpas” depois de marmanjos e detentores da própria vida.

Ok, nem tudo se dissolve. Mas qual seria a graça então?

O fato é que eu realmente fiz só mais uma peça. E “tcharans”, o namorado participou. A última tentativa de mostrar pra ele como aquilo era importante. Eu era uma santa de alguma coisa (mas ah Maria Ward, tu me mata), claro que não rolava roupa de santa então era um vestido de noiva, motivo suficiente pra todas as freiras do colégio me chamarem de “Noivinha” até o dia que eu fui embora de São Paulo. Era um lance no Nordeste, e na real todos os personagens eram atores mambembes, o que fazia a peça percorrer várias partes do colégio até terminar no palco. Imagine mais de 200 pais correndo atrás dos “atores premiados” do Maria Ward. Sim, uma piada. Napoleão? Ele liderava os músicos (mas sério?) e usava um macacão de corpo inteiro todo de lantejoulas azuis. Lindeza.

A gente apresentou a peça umas 3 vezes. E depois dei tchau pro povo. Depois de uns dias, o Jeff me parou pelos corredores, e disse:

- E o Catarse?
- Não dá. Meu pai falou que nós vamos pra Porto Alegre.


No próximo capítulo, os melhores momentos, as piadas cretinas, e a bijoux na privada. (aee novela).

terça-feira, junho 26

Milongueiros

Hoje me sinto meio abichornado
Pastorejando uma inquietude estranha
Meu peito é como um fundo de banhado
No silêncio surdo da campanha
No vento há um cheiro de capim queimado
E na garganta, um amargor de canha...

(Abichornado - Colmar Duarte)

Canção apresentada no I Festival da Canção Popular da Fronteira, e desclassificada porque o compositor começou a chorar e não conseguiu terminá-la.

Acho digno.

O que me leva a pensar numa das definições de “gaúcho”, que Vitor Ramil cita no A Estética do Frio. Ga-ü-che, seria uma expressão indígena que significa “homem que chora cantando”.

É engraçado que a literatura especializada vem dizer que “abichornado” é um termo gaudério, mas eu ouço essa palavra desde a quinta série, com a minha professora de literatura, Mademoiselle Patrícia, muito chique e ilustrada.

Hoje me sinto meio abichornada. Preciso de um show do Vitor urgente, e cantar Sapatos em Copacabana mexendo os ombros. Acho que o que o Vitor sentiu quando escreveu essa música, é o mesmo que sinto aqui em Porto Alegre:

escreverei os meus sapatos na tua idéia
escreverei os meus sapatos na tua postura
escreverei os meus sapatos na tua cara
escreverei os meus sapatos no teu verbo
escreverei os meus sapatos nos teus
Copacabana



ERRATA de china manoteada pelo stress acadêmico: A transcrição da origem indígena de "gaúcho" é "guahú-che" e seu significado "gente que canta triste".

Pela atenção, obrigada, tchê.

segunda-feira, junho 25

This one´s for you, Cool.
Love
D.

And in 1957 everything turned out just fine.

I was going to Paris to meet Bird, and we´re gonna play some themes at the Blue Note. The first night was swell, full of “strides” and freewheelings. And then was this brunette talking softly with this French accent and uh, I got moved.

She told me she wanted to sing, and with no spare, I called her at the stage, and we figured it out. It had to be “Let´s get lost”. I remember to stay awake all night long, without the stuff, you know. She drove me mad and I can tell. Man, I loved her.

So, the nights came flashing like a blaze, she wouldn´t come anymore.

I got back to the States, and that emptiness disturbing even my “tramp”. That emptiness, hollow, shadeless. One night after a gig in the Village, I realize my constant abandon, a constant craving that won´t leave me, even if I had, I don’t know, that chicks whose scarfs kept laying down on Howard Hughes’s couch.

As I walked down the street I could see two fancy men at the Heaven’s parking lot, having some beer and, yeah, handing acoustic guitars. Stoped by, took my trumpet and started to follow them. Senses and synergy. My pals, Mr. Declan and “Killer” were from that rock scene, you know… But we played a great session, a lot of blues and swings.

Man, the night was wild! I finally discovered my partner. I´ll get along with the sound.



quarta-feira, junho 20

Versão 2007, com o casting do HD da lan house. Pra provar que eu não manipulei.

“bote todas as músicas no winamp e meta o shuffle. melhor que a Sorte de Hoje do Orkut”

Aquecimento: Mojo Pin – Jeff Buckley


Story of my life?
Title: Never Let Me Down
Artist: David Bowie
Comment: Can you “balivit”???? Juro que não roubei. É isso aí, ele nunca me deixa cair. O engraçado é que a música que simboliza o que ele fez de pior, e mesmo assim tem uma boa letra.

I'll be strong for all it takes

I'll cover your headtill the bad stuff breaks
I'll dance my little dance till it makes you smile
Shaking like this honey doing that
Never let you down

How is my life going?
Title: Esporrei na manivela
Artist: Raimundos
Comment: não sei o que dizer, mas faz sentido nessas últimas semanas de faculdade.


What's the best thing about me?
Title: Liberdade
Artist: Los Hermanos
Comment: o ano passado foi um Los Hermanos, nessa mesma posição

How can I get ahead in life?
Title: Refém de mim
Artist: Zezé di Camargo e Luciano
Comment: “Não tem jeito, já virou paixão”, eles disseram

What's highschool like?
Title: Cara Estranho
Artist: Los Hermanos
Comment: weird is beautiful

What's in store for this weekend?
Title: Fantasma
Artist: Cachorro Grande
Comment: ahm….

What is my signature dancing song?
Title: Worthless
Artist: Dido
Comment: winamp shuffle tirando onda horrores

What do I think my current theme song is?
Title: Bone to Bone
Artist: Aerosmith
Comment: "sixteen years with his boardwalk queen"

What does everyone else think my current theme song is?
Title: You´re still the one
Artist: Shania Twain
Comment: nah

What is my friend's theme song?
Title: Fingi na hora rir
Artist: Los Hermanos
Comment: “pois eeeeeeeeeeeeu, eu só penso em você”

What song will play at my funeral?
Title: Entre agosto e outubro
Artist: Stratopumas
Comment: bah…bah. “Agradeço aos que oferecem as mãos”

What type of men/women do you like?
Title: Last Goodbye
Artist: Jeff Buckley
Comment: o tipo de pessoa que eu gosto. Jeff Buckley. Fazem 10 anos que ele foi embora, semana passada eu estava assistindo o show de Chicago e pensando exatamente sobre isso, sobre como ele personificava um ideal. Mas está morto, o coitado, como diria Gabriel.

What is your day going to be like?
Title: Everything
Artist: Limp Bizkit
Comment: o que esperar de uma música de 16 minutos do Limp Bizkit? Um péssimo dia, de fato.

What song describes my parents?
Title: Tom & Jerry
Artist: Replicantes
Comment: huahauhauhauahuahauhauhaua

What song describes my grandparents?
Title: Have you ever seen the rain
Artist: Emerson Nogueira
Comments: Emerson Nogueira, entende?

Will I die happy?
Title: Vida de Cowboy
Artist: Tião Carreiro e Pardinho
Comments: Versão nacional de Cowgirl in the sand

How does the world see me?
Song: In the summertime
Artist: Totally n.1 hits of the 70s
Comments: do do do doo doo, da de da da da……..

Will I have a happy life?
Song: Blackout
Artist: Phoebe Buffay
Comments: “New York City has no power / And the milk is getting sour / But to me that is not scary / Cause I stay away from dairy / La-la-la-la-la-la...”

What do my friends really think of me?
Song: Livin´on the edge
Artist: Aerosmith
Comment: *chora*

Do people secretly lust after me?
Song: Champagne Supernova
Artist: Oasis
Comments: Se gostar de Oasis já nem adianta.

How can I make myself happy?
Song: Seven Years in Tibet
Artist: David Bowie
Comments: está nos planos. “I praise to you, nothing ever goes away”

What should I do with my life?
Song: Tea for one
Artist: Led Zeppelin
Comments: "Oh baby this one's for we too"

Why should life be full of so much pain?
Song: Televisão
Artist: Titãs
Comments: procede total

How can I maximize my pleasure during sex?
Song: Kiss
Artist: Danni Carlos
Comments: arrasa Danni Carlos

Will I ever have children?
Song: Assim caminha a humanidade
Artist: Lulu Santos
Comments: respondido

Will I die happy?
Song: Adeus Paulistinha
Artist: Tonico e Tinoco
Comments: que honra!

What is some good advice for me?
Song: Given to fly
Artist: Pearl Jam
Comments: “And he still gives his love, he just gives it away
The love he receives is the love that is saved
And sometimes is seen a strange spot in the sky
A human being that was given to fly”

What is happiness?
Song: So Easy
Artist: Marjorie Estiano
Comments: é. é fácil.

What is my favorite fetish?
Song: Alright
Artist: Jamiroquai
Comments: “we´ll spend the night together”

How will I be remembered?
Song: No place to hide
Artist: Korn
Comments: I have no.


Que hd péssima.

segunda-feira, junho 18

Deixa eu contar uma história sobre teatro... - Parte I

Uns 13 anos, acabo de chegar da minha estadia de 1 ano em Salvador. Toda tropicalista e fresquinha, apesar de manter os cabelos vermelhos, tingidos de papel crepom. Volto pro Maria Ward, a melhor escola que eu já estudei, com os melhores amigos que eu já tive e os professores que formaram meu caráter.

Se você é uma pessoa que acha que estudar é um saco, pode parar de ler por aqui. Os dias mais divertidos da minha infância e adolescência foram embalados pela rotina escolar, meu universo original, senão até hoje. O professor César, História; culpado pela minha escolha profissional, me dizia que ser lixeiro era mais negócio. Ele falava New Deal e BIRD de um jeito muito engraçado. Eu não lembro direito o que é New Deal, coisa lá da América.

Teve uma gincana que cada professor liderava uma turma e criava uma apresentação com determinada música, a coordenadora da minha sala (oitava série) escolheu País Tropical, do Jorge Ben, fui meio contrariada, ok. O César entra com os pequenos da quinta série, todos vestidos de branco, segurando rosas vermelhas, ao som de Sociedade Alternativa. Poucas vezes eu fiquei tão orgulhosa.

Oitava série. Marcos, de Literatura. Entra com um rádio na sala, ia ser aula do modernismo, acho. Liga o rádio, Outras Palavras, do Caetano. Marcos começa a desconstruir aquela música palavra por palavra, e explica todas as nuances e sentido real das “outras palavras”. Eu nunca mais ouviria Caetano da mesma forma. Mas odeio poesia concreta.

O professor de inglês, que eu não lembro o nome. As aulas de inglês no colégio eram mera formalidade, eu tirava 10 em todas as provas. O inglês no colégio é muito atrasado, eles deveriam incluir Beatles no currículo. O professor. Ele só falava em inglês, a aula era na sexta e ele já entrava gritando “Thanx God, It´s Friday!!”, quase um personagem da ACME, ele fazia muitas caretas. O mais legal era pedir pra ele falar o inglês britânico, ele passava por mim e largava um par de frases no meu ouvido. Eu sorria. Não, ele era feio, não pensa besteira.

O René, de Biologia, passava a manhã toda com o mesmo cigarro. Ele acendia no trajeto entre uma sala e outra, apagava na ponta do pé, e guardava no bolso, até o próximo intervalo. Eu lembro dele TODOS os dias, quando vou ao banheiro. Ele dizia que “é ridículo as pessoas lavarem as mãos depois de usar o toalete, porque nunca lavam antes, e primeiramente, deveriam se preocupar com sua própria saúde”. Eu continuo não lavando antes, e às vezes lavo depois.

Teve um dia que o Jeferson, aquele estranhão que dava Educação Artística pros pequenos, passou nas salas convidando os alunos para uma oficina de teatro. Disse “pra quem for, que usasse uma roupa confortável”. Mais nada. Eu achei bem massa. Fui.

Era uma miríade de alunos, da quinta à oitava série. Eu como representante dos veteranos, achei um inferno. Era no salão da escola, que tinha um palco massa, e era enorme. O Jéferson botou uma música dessas de barulho de mato e passarinhos e mandou a galera rastejar pelo chão, como, duh, animais rastejantes.

- Puta que pariu! – eu pensei. Mas fui. Assim como eu, várias pessoas até falaram alto o “puta que pariu”, e começaram a ir embora. Eu comecei a gostar. Assim que sobraram umas 30 pessoas na sala, o Jeferson mandou o povo parar com aquela besteira, e começamos a conversar.

Tinha horários rígidos, a montagem de uma peça pra participar de um festival em 3 meses, sessões de “tortura” com os mais tímidos, cobrança de verdade, algo que não acontecia na minha vida, além do autoritarismo da minha mãe. Ok, eu sou sonhadora, crio zilhões de filmes diários na minha cabeça, vai ser divertido.

Segunda aula, descobrir o potencial de voz dos remanescentes, agora uns 25. O Jéferson pega uma bíblia e manda abrir no Gênese. As pessoas lêem quase chorando, chega a minha vez, é a minha voz de transexual ecoando no salão, falando sobre as maravilhas que deus criou, horrível, mas era a mais alta. Ganhei o papel principal.

Agora deixa eu explicar, o Maria Ward é um colégio de freiras, havia uma espécie de ditadura, entende. 80% das nossas apresentações tinham algo religioso no meio, mas eu não me importava, contanto que tivesse música e as minhas amigas Dafne e Renata soltando pelo menos uma gargalhada de pomba gira por ensaio. Eu tenho obsessão por pessoas que conseguem provocar um riso que não existe, acho dificílimo, e às vezes até o meu riso normal parece o do Mutley, enfim, continuemos.

Lemos o Gênese. A peça era sobre a criação do mundo. Eu era um tipo de deus-narrador, algo que colaborou bastante pra minha megalomania. Tenho vagas lembranças dessa peça, lembro que amava a música da criação do homem, e ainda hoje quando converso com a Renata (de cem em cem anos), falamos sobre ela e choramos. Era algo assim:

“O quanto tiveres que andar
Quanto caminhar
Para perceber
Que na mesma direção
A mesma voz
Nós fez irmãos....”

Tinha também uma cena em que a gente reproduzia a Pietá de Michelangelo, eu a Nossa Senhora, e uma outra colega, Jesus Cristo. Ela era negra. Eu achava realmente contestador ter uma negra como Jesus Cristo no meu colo. Era uma cena bonita.

Todos, sem exceção, odiavam a cena final. Íamos todos para o palco e ficávamos repetindo Louvado seja meu senhor umas 150 vezes, em acordes diferentes e batendo palminhas. Que ódio dessa cena. As irmãs (freiras) aplaudiram em todas apresentações.

Participamos do primeiro festival, tinha até camarim, a gente se acostumou rápido com essa coisa de se vestir um na frente do outro. Em 22 pessoas, só tinham 2 homens, e 1 deles mais tarde se descobriu gay. Depois eu falo mais dele.

Então teve aquela menininha que entrou no grupo, eu não me lembro o nome, era uma moreninha, havaiana, da quinta série. Ela era muito tímida, então o Jeferson pediu. A “tortura” consistia na imobilização de uma pessoa, não no sentido de amarrar, mas no sentido que ela deveria ficar parada em pé, de olhos abertos e sem se mexer, enquanto todos os outros a tocassem, a encarassem, e fizesse tudo o que estivesse a mão pra transtornar a “vítima”. Acho que todo mundo passou por isso, mas a moreninha, chorava desesperada, até sair correndo do salão. Na aula seguinte, ela voltou, e foi recebida com salva de palmas.

Porra! Que gente escrota que nós éramos! Espero que isso não aconteça mais em aulas de teatro.
A minha memória começa a falhar, tem um elo perdido aqui.

Fazemos as esquetes de protesto pela América Latina. Não lembro se tinha nome, eram cenas desconexas, que davam estatísticas de pobreza e misturava umas poesias, mas o mais importante eram as músicas, e a plástica da cena. Começava com uma Promessas de Sol* desesperada, todos nós dentro de uma “caixa” encapada com jornal ou papéis diversos, e conforme a música evoluía ia saindo um braço, uma perna, uma cabeça sofredora, era bem divertido ficar ali embaixo esperando a sua vez. Então começava El Condor Pasa, versão de Violeta Parra, se não me engano, as pessoas que já saíram todas da caixa andam pelo palco, eu acho que tinha umas máscaras, aquelas venezianas, com narizões..eu não lembro o que acontecia nessa hora. Depois toca uma peça barroca, e eu faço um personagem saído diretamente da novela “Que Rei Sou Eu?” , dando um texto sobre Brasil como se falasse sobre uma corte. E no final rolava Guantamera, e todo mundo cantava chorando (putz, a gente chorava pra tudo...) e tinha mais algo que me escapa. Perceba que eu só me lembro das músicas no fim das contas.

Fazemos outras esquetes de personagens-limite, uma é empregada miserável, outra é negra vítima de preconceito, tinha mais uns dois, eu era uma aidética terminal. Usava uma camisola muito linda da minha mãe, que eu enchi de esmalte vermelho e fodi pra sempre, e umas faixas pelo corpo, com umas feridas pintadas. EEEWW! Não sei uma linha do texto, aliás, sim, tinha uma hora que eu saía da casinha e ficava balbuciando “vida”, por algum motivo. Eu lembro que geral aplaudia muito e ficava emocionado, devia ser bom. Ah, lembrei! A entrada no palco dessa personagem era a “Metade” do Oswaldo Montenegro, facinho morrer depois disso. Fora que os meus professores são da escola que “não há teatro brasileiro sem Oswaldo” ou ainda “não há música no teatro brasileiro sem Oswaldo”. Acho que eu também seria dessa escola até hoje, se continuasse.

Como assim “meus”, se só falei do Jeff? Bem, tinha a Cidinha também, que era nossa tocadora de violão oficial, e ajudava nas trilhas. Fazia parte dos projetos artísticos da escola também. E o Marcos, aquele de literatura, nos dava aulas teóricas de história do teatro. Era bom, mas devido a desconstração dessas aulas, eu só tenho 2 parágrafos anotados, em meses.

Dá mais um fast foward aí, e vamos pra superprodução. A esta altura a gente já conhecia o Catarse, o grupo profissional do Jeff, e assistíamos às montagens deles nos sentindo um lixo, óbvio. Tinha a peça sobre o Golpe Militar, que era absolutamente foda e começava com Ponta de Areia, não me lembro o nome, será que era 1964 mesmo? Enfim, e tinha a ZUMBI, que era sobre, ahn, o Zumbi dos Palmares. Eu passava mal com eles, acho que a maioria dali deve ser ator até hoje, eles eram bons demais, e tinham 18, 19 anos.

Então, depois dos dois grupos se tornarem uma espécie de família, decidimos fazer uma peça mais complexa. O Jeff chegou com Capitães de Areia, foi unanimidade nacional. Eu sou muito baiana, benzadeus.

Continua...

sábado, junho 9

Tava lendo na comunidade do orkut do Los Hermanos as considerações sobre os últimos shows (dias 7 e 8). Vi um trecho dO Vencedor noYou Tube também.

Tipo, escorreu uma lágrima e ficou doendinho aqui no peito.

Às vezes a verdadeira pessoa em mim emerge.

Vou ligar pra minha mãe, tchau.

segunda-feira, maio 28


Egiptonando por aí – segunda edição.

O ano passado eu participei da minha primeira Jornada de Estudos do Oriente Antigo, que de fato já era a XII. Acabei resenhando num desabafo de ócio, e pra seguir o fluxo, vou tentar resenhar a desse ano também, já sem quase tempo ocioso muito menos tempo a perder. Mas enfim, achei importante o registro.

XIII Jornada de Estudos do Oriente Antigo: Vanguarda e Tradição da África no Mundo Antigo.

A primeira vez que li o tópico desse ano, estranhei. Quando da inscrição, continuei estranhando. Mas confiante, fui lá e me inscrevi, achando que essa história de África no meio de um bando de egiptólogos ia dar pano pra manga. E deu.

Este ano a Jornada teve 3 dias de duração, o que matou meu fim de semana, minhas festas e comprometeu o meu desempenho sexual, coisas gravíssimas, mas me deu muitas idéias e a chance de me retratar com algumas pessoas que eu critiquei na resenha passada.

Primeiro Dia

Nossa flâneur faz as honras de abertura, falando de hibridismos, transculturações, essas palavras que depois a gente vai usar em todos os contextos possíveis (e nas provas dela, claro). Flâneur porque, com o decorrer do texto, o leitor vai entender a posição de flanadora da anfitriã.

A primeira e mais esperada (por mim) palestra do dia era sobre a ópera Aída, de Verdi. O palestrante falou sobre a história da ópera, o que foi ótimo porque não conhecia direito, mas o que eu queria mesmo era ouvir a Marcha Triunfal ecoando pelo anfiteatro. Eis que entra uma violinista, um trompetista e uma pianista. E só. Arranjo pra 3 instrumentos. O trompete desafina e perde o fôlego. Na melhor das hipóteses, um fiasco.

Después, El Dr. Castillos, representante do Instituto de Egiptologia do Uruguai, discorrendo (correndo...correndo...correndo) sobre 25 séculos de egiptomania. Algumas piadinhas boas (de historiador, que não adianta eu descrever aqui pois não será engraçado pra mais ninguém, coisas sobre o nariz de Nefertiti e afins..), e outras tantas meio preconceituosas que ao longo da jornada viraram agravantes de um motim.

Esse dia começou de noite (arran), tinha mais uma palestra, mas eu sou mãe e fui embora, e era algo sobre as concepções de tempo nas sociedades africanas. Hein?

Segundo Dia

Aproveitei que o dia começava com as comunicações pra dormir. Essa dormida a mais virou uma manhã perdida porque o frio complica a vida e eu tive uma pielonefrite (infecção renal) do tipo CONAN. Perdi o Mestre Júlio Gralha e suas receitas de comidas alexandrinas. Mandarei email.

E então começo bem a tarde. Do lado direito do ringue, pesando alguns séculos, Mr. Harry Rodrigues Bellomo (Ave Bellomo!), indo pra loooooooonge do Egito, passeando por algumas ruazinhas de Volubilis (a palestra era sobre os caminhos romanos no norte da África), e achando várias brechas pra falar de putaria e fazer o povo rir. Melhor professor.

Só que ele queimou o tempo, e do lado esquerdo do ringue já se encontrava um Arnoldo Doberstein puto da vida, com várias coisas. Sua palestra, a única que até então abrangia a questão mais polêmica da jornada. A origem egípcia quanto às etnias, em outras palavras, se os egípcios eram ou não da negra cor. Enquanto Bellomo queimou o tempo, Arnoldo botou fogo no anfiteatro, assumindo que sua palestra seria exatamente igual às aulas, e que todos fazem isso, e este era o motivo pelo qual a África estava subentendida nas pesquisas dos colegas, e que a questão negra estava sendo omitida, e enfim, que os negros estavam se omitindo. O povo vai ao delírio.

Pra acalmar os ânimos, voltamos ao papai e mamãe do Egito, e um professor da Uniandrade falou sobre a mumificação de animais. Era interessante, mas depois do baque arnoldístico, não causou muito impacto. Até porque houveram rumores que o rapaz apresentou um trabalho semelhante há duas jornadas atrás.

Logo, os novos estudantes começaram a perceber como funciona um ciclo de congressos na vida acadêmica. Ou seja, tu apresenta o mesmo trabalho sempre, quando alguém notar, tu muda o objeto e mantém a pesquisa, quando a instituição que te financia notar, tu dá uma risadinha e muda, mas continua apresentando aquele trabalho antigo onde não te conhecem direito e tu é estrela de fora.

E então aquele momento inacreditável, Obeliscos, de novo! Porra. Sem mais comentários. Porra. Má vai fazer análise.

Primeira retratação. Prof. Fábio Vergara, eu te amo. O professor de Pelotas, que na outra edição eu fiz comentários infames, passou, ao longo do ano, a ser um dos grandes focos da minha admiração. Afinal, ele lida com arqueologia e música, provavelmente o que eu vou seguir. Nesta jornada ele trouxe fotos de construções e fachadas egiptomaníacas no interior, e me deu um insight incrível sobre egiptomania em motéis. Aguarde minha pesquisa, Cid.

Então né, Arno Kern apresentou as escavações recentes em Alexandria. Esse cientista que será meu orientador um dia. Melhor palestra de longe. Abstenho os comentários.

Fui embora e perdi Moacyr Flores, o queridjinho da garotada. Perdi outras coisas também, mas como ninguém comentou, foram ruins.

Terceiro Dia

Cheguei no final da Zilá Bernd (que eu pretendia assistir porque ela me é mentora bibliográfica em outra pesquisa), que falava sobre o “impacto dos fenômenos transculturais na pós-modernidade”, mas daí eu pensei: hein?

Em seguida, Regina Bustamante (da escola metodistiquésima do Rio de Janeiro) apresentou os mosaicos de caça afro-romanos. Bem interessante também como contingente de cultura material. Mas a gente queria é ouvir falar dos negros sumidos da história, e tudo já se tornava meio chato.

Pra arrasar corações, eis que sobe à tribuna Mamadou Abdoul Vakhabe Sène, um senegalês chef de cuisine do SENAC, pra falar de comida africana. Ele acaba falando sobre tudo que o público esperava há dois dias. O povo vai ao delírio e quer botar gengibre e açafrão em tudo. E também quer o telefone de Vakhabe.

Antes de sair pro almoço, Arnoldão convida os alunos para um bate papo ao sol, porque tava frio bragarai. Achei bonito, e inocente. Psss.

Comi um xis coração com bacon, meio frustrada.

E o momento ímpar.

Eu e um povo, ainda inocentes, fomos procurar Arnoldão. Já tinha uma roda em torno dele. A revolução inflamava.

Reclamações, debates sobre o ensino digressivo do lutador Harry Rodrigues Bellomo, contagem de quantas vezes ouvimos a palavra “obelisco”, enumeração das escolas teóricas contidas no anfiteatro, considerações sobre a roupa íntima combinando com o cachecol de um e outro e Arnoldetz só largando “as morta” pra atiçar mais a galera.

O resultado disso foi a formação de um novo grupo de estudos sobre Oriente Antigo, que eu ainda não sei se vai funcionar, mas se metade levar a idéia adiante já vai ser divertido. Como eu não ia poder participar desse grupo, principalmente por falta de tempo, só tinha uma coisa que ficava na minha cabeça, assim, batendo devagarinho, aquelas pessoas, naquela pequena alameda em frente o prédio 40, Oswaldo Montenegro com um sorriso maroto filmando antropologicamente aquele brainstorm coletivo que acabara de incitar... Arnold Lane – Arnold Lane – ARNOLD LANE!





Arnold Layne had a strange hobby
Collecting clothes
Moonshine washing line
They suit him fine

On the wall hung a tall mirror
Distorted view, see through baby blue

Oh, Arnold Layne
It's not the same, takes two to know
Two to know, two to know
Why can't you see?

Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold Layne

Now he's caught - a nasty sort of person.
They gave him time
Doors bang - chain gang - he hates it

Oh, Arnold Layne
It's not the same, takes two to know
Two to know, two to know
Why can't you see?

Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold Layne

Don't do it again

E a multidão grita: Obrigado, Syd Barret!!!

Isso foi só dentro da minha cabeça. Mas irá pro livro das memórias. E se tiver um filme já tem trilha.

Deixa eu tentar continuar. As próximas palestras só potencializaram os espartanos a partir de então, e de repente todo mundo virou negro. Antropologia, adooouro.

Uma professora da rede estadual de ensino começou a levantar seus estudos de História da África em colégios, pois de acordo com a lei 10 mil e trá lá lás, o ensino de cultura e história afro são obrigatórios agora. Do reino Núbio ao Grande Zimbábue, e a platéia aplaudia até os espirros da mulher.

Mas peraí, não estávamos falando da vanguarda africana no MUNDO ANTIGO? Onde se perdeu o fio da meada? Aliás, onde começa o fio da meada? Vamos flanar para a outra palestra...

Señor Castillos começa de novo verborragicamente, a ler um de seus textos pré-dinásticos sobre o Egito pré-dinástico. Estava tudo muito bem enquanto eu copiava as pontas de flecha e artefatos do telão, mas ele faz piadas sarcásticas sobre verdades absolutas nas aulas do Arnoldo. As perguntas são vetadas ao final do debate. Me sinto em Brasília.

Mesa redonda, que na verdade é uma mesa autista, uma vez que cada um apresenta seu trabalho monorrandomicamente, liderada pelo atual campeão dos pesos pesados, Arnoldo da Alameda, também sobre o ensino de África nas escolas. Nasce então o bebê de Rosemere. Professora do ensino estadual que bota ordem na sessão falando de preconceito e transgressões deliberadas no currículo escolar. Rosemere é ovacionada e rega a plantinha da nova resistência.

Por fim, a segunda retratação com Prof. Baldissera, que não é padre, mas é ator, e descobri, um muito bom ator. Faz a leitura dramática acompanhada de um vídeo de animação do conto A ilha da serpente, da XII dinastia. Trimmmassa.

Pra encerrar essa Jornada estranha, a melhor frase é a do encerramento do conto narrado, desculpe aí o inglês, porque eu não lembro a transliteração. Mas fica até melhor:

"Become a wise man, and you shall come to honor,' and behold I have become such."

sábado, maio 19

I lie awake watching your shoulders
Move so softly as you breathe
With every breathe you're growing older
But that is fine if you're with me

a dor que salva.

terça-feira, maio 15

Eis a questão.

Depois do show dos Cascavelletes no último sábado, a questão entre os amigos era “O que vamos escrever sobre esse evento?”. A discussão foi longe, e cheguei a um ponto que não dá pra declarar absolutamente nada. Verdadeiro “quem viu, viu”.

Como previsto, o que sucedeu pessoalmente comigo foi entrar em contato com as pessoas que celebravam a banda nas incontáveis festas de colégio e do início da faculdade, que me apresentaram esse tal de róque gaúcho, e me viciaram pra sempre.

Existe essa sintonia fina que rola entre iguais, e mais hora ou menos hora ela surge. Conversando com um dos amigos, a primeira coisa que ele diz quando falo do show, é que está lendo O Lobo da Estepe, do Hermann Hesse.

Hesse lembra minha adolescência, a revolta com as religiões, o momento em que eu li Sidarta e achei que tinha entendido o universo. Apesar do meu equívoco, sempre fui muito fã da sua narrativa, e não lembrava d’O Lobo da Estepe, muito menos que Lobo da Estepe é “Steppenwolf”, e menos ainda que o livro podia ter algo a ver com a música dos Cascava. Diz meu amigo que sim.

Achei este trecho aqui
que quase me derrubou da cadeira. Lembrei da história, mas nunca havia lido um pedaço. Pressinto que a dualidade do ser humano vai me perseguir até a hora que minha carne apodrecer no limbo.

Depois de ver o Flávio e o Nei no mesmo microfone acabarem com a minha parcialidade de mera espectadora, o mínimo que posso fazer é continuar a derrocada com esse livro.

Se alguém quiser me emprestar/doar/afins eu agradeço. Prefiro não declarar aqui o quanto já gastei em livros esse ano.

“(...) se Harry, como homem, tivesse um pensamento belo, experimentasse uma sensação nobre e delicada, ou praticasse uma das chamadas boas ações, então o lobo, em seu interior, arreganhava os dentes e ria e mostrava-lhe com amarga ironia o quão ridícula era aquela nobre encenação aos seus olhos de fera, aos olhos de um lobo que sabia muito bem em seu coração o que lhe convinha, ou seja, caminhar sozinho nas estepes, beber sangue vez por outra ou perseguir alguma loba.”

domingo, maio 6

Oh My Gowd!
Bob Pollard é meu pastor e nada me faltará.Róque Town de verdade, era o que eu precisava.Meu set?Nem lembro, mas toquei ARNOLD LANE BEM ALTO.

sábado, maio 5


save us light,

that gave us night,

save us light,

that gave us night.

mix up the satellites.

wheel of the sunrise,

feel as its rolling by.

Róque Town amanhã

Acho que vai ser boa. Porque a gente continua lo-fi, e dificilmente vai sair do lo-fi. Porque assim é melhor, sem firulas.

quinta-feira, maio 3

e daí eu assisti Waking Life. bem, eu não tenho muito o que falar do filme, me pareceu um pouco o Quem zzzzzzzzzzzzzzomos nózzzzzz animado, nos dois sentidos, animado de ter algumas sacadas boas, apesar de eu achar que UM FILME NÃO É O LUGAR MAIS APROPRIADO PRA ELAS. deixa isso pro Matrix.
antes que alguém venha com tijolos, não, não é sério. mas que é muito mais divertido filosofar sobre a matrix é.
tá, vamos ao ponto, melhor frase, ever:
I’ve read the postmodernists with some interest, even admiration. But when I read them, I always have this awful nagging feeling that something absolutely essential is getting left out. The more that you talk about a person as a social construction or as a confluence of forces or as fragmented or marginalized, what you do is you open up a whole new world of excuses. And when Sartre talks about responsibility, he’s not talking about something abstract.
depois do filme eu assisti Saia Justa.
o mundo definitivamente está perdido, e não importa se a gente tá sonhando ou não. na boa, man...