Eu tenho sede.
É a frase que repito, que me define, que me esconde, que me perdoa.
Hoje sinto uns tons de vazio, de fato. Mas acredito ser culpa dos últimos acontecimentos, aos quais chamei de “abandono”. Primeiro resolvi me separar de um relacionamento difícil, porque era longe, e quando perto, era perto demais. E em seguida, os meus amigos, que estão vivendo uma espécie de êxodo. É custoso entender quando eles descobrem que existe mais mundo, uma vez que sou uma viajante que já resolveu aportar, e ficar quietinha.
Quietinha em termos de não ter intenções de deixar a cidade, não quer dizer que a vida aqui vai ser parada. Mas quando ela estagna, cresce uma revolta, e uma falta de ação, que ainda me é incompreensível.
Não consigo terminar um tratamento dentário, nem um dermatológico, nem a auto-escola, nem nada que seja “extra-curricular”. Sempre tem alguma outra coisa pra resolver, ou estou muito cansada, ou tenho tão pouco tempo pra mim, que acabo usando o que sobra pra me divertir e fazer as poucas coisas que eu gosto. Ouvir, tocar e dançar qualquer música que esteja alta, e converse comigo. A vida tem trilha sonora, eu digo. É uma pena que nem todo mundo preste atenção no seu tema.
Eu tenho sede.
São poucos os que me disponibilizam um lago. E a maioria que me cerca bebe tão pouco. E quando eu quero mergulhar, me seguram e dizem que não é seguro. Percebo então que a água continua batendo no tornozelo, e eu continuo olhando o horizonte, distante. Eu roubo umas letrinhas alheias, pra ilustrar um raciocínio, necessário.
Exijo reconhecimento pelo que faço, e ele vem sempre em doses homeopáticas. Porque as minhas maiores alegrias nasceram dos riscos que eu corri. E quem vai apoiar esse estilo de vida?
Passo o dia trabalhando, ou trabalhando o mínimo, ou supervisionando, porque não acredito que o que faço é produtivo. Me rendo, aceito pela segurança no fim do mês, e por ser o lugar menos “escravizante”. Pelo amor à minha família, que acredita naquilo, e eu não quero desapontar.
Eu tenho sede.
Cantava de vez em quando, e conforme corre o contador, minha voz vai me deixando. Prefiro, nesse momento, ouvir o que os outros me dizem. E também calar, pra conseguir ouvir aquele burburinho que insurge de dentro pra fora.
Talvez não descubra o que é felicidade e satisfação, porque eu sempre quero mais. Mas também não faço questão de ser menos e dar um sorriso sem dentes. É um mistério, essa busca incessante por objetivos intermináveis. Deixemos então, o sorriso permanente, para os medíocres.
Me irrita a quantidade de “nãos” que há por aqui. Porque, na verdade, não sou negativista, apenas tenho a natureza de contrariar a maioria das coisas. E alguma vez, alguém me disse que sempre temos que substituir o NÃO por outras palavras. Acho que foi em algum treinamento de vendas. Os nãos existem, invariavelmente, e não vou negá-los.
Eu tenho sede.
Quero amar. A todos. Mas o “pra sempre”, esse eu reservei há algum tempo pra minha família. Entrar nesse território é uma tarefa árdua. Me torno um indivíduo celular, exercito a fagocitose, não raro nas primeiras falhas do novo organismo. Dói, porque é de dentro pra fora, quando me dou conta. Já está tudo fora. E não cicatriza. Acabo tendo que cauterizar. Às vezes, não fecha direito.
O hedonismo é um elixir. A liberdade de olhar e cobiçar alguém é um prazer maior que o sexo. Um beijo sem muitas conseqüências é um prazer maior que o sexo. O sexo em si só consegue crescer se tiver completo. Logo, o meu sexo só surge com vínculos. E nesse mundo, são poucos os que querem vínculos. E menos ainda, são os que percebem o vínculo como elemento vitalício, independente de um envolvimento vitalício.
Tudo culmina na incapacidade das conclusões. Em manter as “dead lines” afastadas, estáticas, esperando por não sei o quê, uma luz externa que nunca chega, pois nunca concordo. Mas vou mudar esse quadro. Ah! As mudanças... Falta ser flexível, falta ousar mais, enfrentar mais, super-proteger menos. Já é um início.
Contudo. A sede só vai acabar se a luz se apagar.
É a frase que repito, que me define, que me esconde, que me perdoa.
Hoje sinto uns tons de vazio, de fato. Mas acredito ser culpa dos últimos acontecimentos, aos quais chamei de “abandono”. Primeiro resolvi me separar de um relacionamento difícil, porque era longe, e quando perto, era perto demais. E em seguida, os meus amigos, que estão vivendo uma espécie de êxodo. É custoso entender quando eles descobrem que existe mais mundo, uma vez que sou uma viajante que já resolveu aportar, e ficar quietinha.
Quietinha em termos de não ter intenções de deixar a cidade, não quer dizer que a vida aqui vai ser parada. Mas quando ela estagna, cresce uma revolta, e uma falta de ação, que ainda me é incompreensível.
Não consigo terminar um tratamento dentário, nem um dermatológico, nem a auto-escola, nem nada que seja “extra-curricular”. Sempre tem alguma outra coisa pra resolver, ou estou muito cansada, ou tenho tão pouco tempo pra mim, que acabo usando o que sobra pra me divertir e fazer as poucas coisas que eu gosto. Ouvir, tocar e dançar qualquer música que esteja alta, e converse comigo. A vida tem trilha sonora, eu digo. É uma pena que nem todo mundo preste atenção no seu tema.
Eu tenho sede.
São poucos os que me disponibilizam um lago. E a maioria que me cerca bebe tão pouco. E quando eu quero mergulhar, me seguram e dizem que não é seguro. Percebo então que a água continua batendo no tornozelo, e eu continuo olhando o horizonte, distante. Eu roubo umas letrinhas alheias, pra ilustrar um raciocínio, necessário.
Exijo reconhecimento pelo que faço, e ele vem sempre em doses homeopáticas. Porque as minhas maiores alegrias nasceram dos riscos que eu corri. E quem vai apoiar esse estilo de vida?
Passo o dia trabalhando, ou trabalhando o mínimo, ou supervisionando, porque não acredito que o que faço é produtivo. Me rendo, aceito pela segurança no fim do mês, e por ser o lugar menos “escravizante”. Pelo amor à minha família, que acredita naquilo, e eu não quero desapontar.
Eu tenho sede.
Cantava de vez em quando, e conforme corre o contador, minha voz vai me deixando. Prefiro, nesse momento, ouvir o que os outros me dizem. E também calar, pra conseguir ouvir aquele burburinho que insurge de dentro pra fora.
Talvez não descubra o que é felicidade e satisfação, porque eu sempre quero mais. Mas também não faço questão de ser menos e dar um sorriso sem dentes. É um mistério, essa busca incessante por objetivos intermináveis. Deixemos então, o sorriso permanente, para os medíocres.
Me irrita a quantidade de “nãos” que há por aqui. Porque, na verdade, não sou negativista, apenas tenho a natureza de contrariar a maioria das coisas. E alguma vez, alguém me disse que sempre temos que substituir o NÃO por outras palavras. Acho que foi em algum treinamento de vendas. Os nãos existem, invariavelmente, e não vou negá-los.
Eu tenho sede.
Quero amar. A todos. Mas o “pra sempre”, esse eu reservei há algum tempo pra minha família. Entrar nesse território é uma tarefa árdua. Me torno um indivíduo celular, exercito a fagocitose, não raro nas primeiras falhas do novo organismo. Dói, porque é de dentro pra fora, quando me dou conta. Já está tudo fora. E não cicatriza. Acabo tendo que cauterizar. Às vezes, não fecha direito.
O hedonismo é um elixir. A liberdade de olhar e cobiçar alguém é um prazer maior que o sexo. Um beijo sem muitas conseqüências é um prazer maior que o sexo. O sexo em si só consegue crescer se tiver completo. Logo, o meu sexo só surge com vínculos. E nesse mundo, são poucos os que querem vínculos. E menos ainda, são os que percebem o vínculo como elemento vitalício, independente de um envolvimento vitalício.
Tudo culmina na incapacidade das conclusões. Em manter as “dead lines” afastadas, estáticas, esperando por não sei o quê, uma luz externa que nunca chega, pois nunca concordo. Mas vou mudar esse quadro. Ah! As mudanças... Falta ser flexível, falta ousar mais, enfrentar mais, super-proteger menos. Já é um início.
Contudo. A sede só vai acabar se a luz se apagar.