sábado, agosto 20

Show me how to live

Eu não perdia por esperar, os primeiros reflexos do abandono já surgiram. O Gabriel, sem eu perceber, ocupava papel fundamental na minha vida. Meu amigo, irmão, guarda-costas, ombro, camiseta pra enxugar o nariz, abrir a long neck e, o pior, minha companhia. No céu, no mar, na terra, no inferno e além do inferno. Minha companhia.

Ontem eu adiantei umas pré-produções de arte, pra uma festa nova e única que vai pintar. Ouvi um pouco de Shout Out Louds, nada novo, parece The Thrills com Of Montreal. Marquei de encontrar meus amigos na rua. Na RUA! Eu raramente SAIO de casa sozinha, o chill in sempre foi aqui. Não na Lancheria, não no Bambus. Aqui.

Tomei banho. Botei uma roupa ótima (leia-se calça jeans, camiseta e converse), passei OX no cabelo (momento capilar que eu e o Gabriel compartilhávamos), arrumei a bolsa, e olhei a porta do quarto...Chegou a doer, um vazio completo, misturado com saudades, com pânico da violência (2 assaltos em menos de 1 ano, ok?), com frustração, com tristeza.

Sim, eu gosto da solidão, de ir ao cinema, à livraria, sozinha, e muito já fiquei extasiada, observadora pelos cantos do extinto Fim de Século. Eu sabia que ia chegar num lugar qualquer que fosse, e encontrar rostos confortantes, mas o fato de IR e VIR by my own, provavelmente de táxi (no more caminhadas da madrugada), travou as minhas duas pernas.

Por que eu não saio com as mulheres? Humm, deixa ver...

Não sei, é um fenômeno, não entendo. Sempre foi assim. Acho que não gosto de disputar o espelho, nem da poluição sonora que mulheres fazem quando se juntam. Mas amo as amigas, as raras. Vou tentar criar esse hábito, fazer uns chás aqui em casa.

Também fico pensando que elas não gostam de mim, mas isso é história pra terapia.

Acabou que, decidi por não sair, não jantar, só beber Amarula e comer amendoim japonês. Enrolei mais um pouco na Internet, falando com, claro, Gabriel, que voltava de uma festa também frustrada, mas era uma festa no SOHO, entende? Ali em London, however...

Então assisti Vanishing Point (1971), que é foda, me trouxe outra leva de recordações e apontamentos novos pra vida solitária daqui por diante. Assistam, se não encontrar, eu gravo e te mando. Ah! Tem aquele detalhe: foi baseado nesse longa o videoclipe de Show Me How to Live, do Audioslave. Sacou o trocadilho? Ãhn? Ãhn? [mode polegar-indicador alternados ON]

Pra encerrar minha noite JÁ em clima de show de Los Hermanos, eu fui pra sala fumar o último cigarro e liguei a TV. Passava os minutos finais de um capítulo de The L Word. Estou a milênios pra assistir, fiquei em casa e esqueci que ia passar (porque sei os dias e horários de cor, mas nunca rola). Detalhe que a TV ligou no meio de uma PUTA cena de sexo das duas meninas mais lindas do seriado. Só vi a gozada. Dammit!

Programas ainda programados:

- Ir ao hospício em algumas horas, é. No São Pedro assistir Haloperidol – Uma Fábula Urbana. A história de um cara que não se adapta a sociedade vigente. Hummm. Com dois nus masculinos. Beleza.

- Ir à NOISY, ouvir bandas tristes (shoegaze, xúgueiz para os íntimos), beber de maneira justa à minha condição, e dançar até os pés morrerem.

- Assistir aos Los Hermanos na terça e “o que nos resta é chorar”. Porque em show de losers quem não chora não entende. E eu tô precisando. Chorar e entender.


Ouvindo: Sapato Novo – Losers – 4 . Ela me pega no colo, e me faz querer tocar de novo.


(odeio Word que coloca maiúsculas automaticamente)

4 comentários:

venenosa ê-ê-êi disse...

primeiro que, ao chegar ao fim do post, notei que havia SAPATO NOVO e eu simplesmente adoro essa música, meus olhos enchem de lágrimas e foda-se o que dizem. Depois, que... eu tenho afinidades com amizades masculinas... mas não tem nem amigos e nem amigas, só se safam os da internet, que é onde passo grande parte da minha vida. De qualquer forma, quero sair. Sozinha? Não sei. Vou ver.

Carol Szarko disse...

não sei sobre as outras.
mas eu gosto de ti, dani.
muito. e de verdade.
queria que tu soubesse disso sem eu precisar expor publicamente trezentas vezes por dia (tu entende bem o que eu quero dizer com isso, claro).

e achei ótima a idéia do chá.
sou parceiraça.

Arlen disse...

Hey..eu não acho o apside triste o show tava ótimo inclusive.
Aliás, não acho nada showgazer triste.

Dani Hyde disse...

oi, Arlen

achei que era muito mais triste..

realmente me surpreendeu, eu adorei o show. me lembrou da época que eu usava camisa xadrez e ouvia Nirvana bem alto