quarta-feira, setembro 28

Considerações sobre o melhor show do ano

"yes
I am in love
I wanted to
find out
right?
...but...
in love
with whom
or with what?
to love to a city
to the flesh
to the past
to the laugh
uncontrolled
to myself again
and suddenly I know
that this is dangerous"

(remedy lane – P.O.S.)


Realizei um sonho. Um sonho grande. Fui num show do Pain of Salvation.

Sim, eu gosto de róque cru, de Beatles e Stooges, e digamos, o lado mais simples da vida.

Mas o lado complicado me fascina de uma maneira que não se explica. O P.o.S. trouxe isso pra música, e o que eles fazem é insuperável.

Agora, tentando não lamber o cú deles e falar um pouco sobre o espetáculo:

Introdução: Vale lembrar que era um show de metal, independente de como eu interprete o P.o.S., o que significa que fiz uma viagem no tempo de volta aos meus 13 anos. Há tempos não via aqueles formigueiros de camisa preta, hordas bradando hinos ininteligíveis e balançando a cabeleira, e milhares de lml everywhere.

Quando o Evergrey entrou no palco que eu senti o drama. Guitarreiras ensurdecedoras, uma bateria prestes a desintegrar no maior estilo "pedala, lorão" (o batera era uma figura nórdica, loura, alta, viking, e usava uma calça de vinil, é, eu gostei). Eles sim são heavy melódico genuíno*, cheia de punhetices e afetações, beirando o hard rock. Mas como ex-headbanger pude me divertir bastante até..isso antes de começar os BIS, RE-BIS, RE-RE-BIS..aaaah!

Mas uma hora tinha que acabar

Pra início de conversa, depois que o Evergrey saiu do palco com seus equipamentos, a gente não viu roadies, a gente viu, respectivamente o baterista e o tecladista do P.o.S. entrando com seus cases e sacolas pra montarem seus instrumentos. Tirando as bandas independentes de verdade, eu NUNCA vi uma banda de renome montar suas coisas.

Mas sabe, as guitarras e baixos tiveram roadies, eram dezenas pelo palco, perdi as contas. Tinha um apartamento mobiliado em cima do palco. Mais de U$ 50 mil, tranquilo.

Os "guris" se retiram do palco, e começam os arranjos orquestrados para o Perfect Element I, terceiro e grande álbum dos caras. Isso tudo aconteceu em no máximo 20 minutos. Visto o atraso da primeira banda, que começou às 23.30hs, num show marcado pras 21hs.

Começou com Used, que tem uma introdução que te derruba no chão nos dois primeiros acordes. O que me derrubou foi ver o Daniel em carne e osso, acho que eu entendo a histeria das fãs de beatles agora. Claro que é um fanatismo um pouco mais fundamentado, mas é fanatismo igual.

O protagonista da nossa noite magnetiza a tal ponto que tu não consegue tirar os olhos do palco (nem quando o Juliano diz "o guitarrista do Evergrey tá quase te carcando por trás"). Não pensei que ele fizesse estripulias no palco, pulava como um Mike Patton, gesticulava como um James Hetfield em início de carreira, se emocionava como um Rodrigo Amarante, era engraçado como um Lucas Pocamacha.

Mas tocava e cantava melhor que todos eles, melhor que todos, enfim. MELHOR.

Eu comparei bastante com Los Hermanos, a questão dessa relação com o público, hipnotizado, cantando todas as músicas, celebração pura. Só que estou falando de músicos suecos (todo mundo sabe que a Suécia só dá bons frutos), com um leque de influências e conhecimentos um pouco mais além dos meninos brazucas.

No momento HIT, a masterpiece deles é Undertow. Bem, nessa hora eu chorei muito e percebi que desafino pra caramba quando estou emocionalmente fora de controle.

Os outros rapazes da banda foram um escândalo também, não tem o que ficar explicando a respeito, senão vou me tornar uma chata. A única coisa que posso dizer é que eles superaram a perfeição que é em estúdio, não deixando um barulhinho sequer pra trás. Muitos méritos pro Fredrik, tecladista careca que parece o Billy Corgan, pro Kristoffer, o mano do HOMEM e baixista, dono do baixo fretless mais lindo que já vi, e pros dois Johann, baterista e guitarrista, leões no palco, e gatinhos pessoalmente, de tão doces e atenciosos. No final de tudo, a Van foi embora, e o Johann baterista (o Langell) ficou pra trás, desmontando seu bebê, depois saiu ali fora e ficou papeando com a gente até irem buscar o menino. Os bateristas sempre se fodem.

Por falar em se fuder, um grande VÁ TOMAR NO CÚ pra Hellion Records, que fez uma divulgação de MERDA, marcou show em todas as cidades em dias que já haviam outras bandas se apresentando (RJ e SP - Slipknot / RS - Magical Box, cover gringo de Genesis, sim, algumas pessoas respeitam ese tipo de trabalho, eu não), botou o ingresso pra vender apenas a QUATRO dias da apresentação. E ainda por cima, não pagou avião pras bandas, que estão fazendo a turnê toda de busão. Pense nuns caras que viajaram de ônibus por 27 horas Rio - Porto Alegre, pelas estradas lindas desse Brasilzão véio, dormem 3 horas, apresentam um show PERFEITO, e ainda têm gás pra darem autógrafos e serem gentis.

VÁ TOMAR NO CÚ, HELLION RECORDS.

Pra finalizar, confesso que estou mais obcecada pela banda agora. Hoje por exemplo, ainda não consegui ouvir outra coisa. Não tiro a imagem do monsieur Daniel da cabeça, e a sensação de que ele é o ser mais iluminado do mundo. O que eu senti AO LADO dele, está enquadrado naquele meu vocábulo preferido: INDIZÍVEL.

*o Juliano diz que eles não são melódico, porque não há crossover de clássico nas músicas.
pra mim, tudo que tem muita nota é melódico, no mal sentido.

Obs 1: depois que desvendar uma maneira de postar as fotos e o vídeo que o Jules fez, aviso aqui, num Update, claro. O novo hype.
Obs 2: essa coisa de meta tags dá a maior preguiça, as palavras, bandas ou afins que alguém achar interessante. vai lá ó: www.google.com

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