terça-feira, janeiro 9

David Bowie Day – January, 8th

Fãs do mundo inteiro comemoram esse dia que passou como feriado internacional. Ou mais.

Pra algumas pessoas o nascimento do Sr. David Jones representa mais que o do Sr. JC. Talvez esse seja o meu caso.

Há 20 anos atrás ele entrou na minha vida como Jareth, o Rei dos Duendes que leva os irmãos chatos para o além e se apaixona por ti. Durante a adolescência houve um período de latência previsível no qual nos separamos (sem mencionar o que ele fez de 87 até o início dos anos 90, a idade das trevas). Há 10 anos atrás eu adoeci irremediavelmente. Comprava o álbum Outside, como já relatei a historinha por aqui várias vezes, e depois disso David Bowie se tornou meu amigo, amante, profeta, psiquiatra, exemplo, guru, e por aí vai. Deus.

Na mesma época surgia a Bowie Net, o seu provedor próprio, no qual eu era associada e tinha informações até da cor da cueca que ele usava no dia, tendo coletâneas minhas publicadas no site e respostas do próprio para algumas das minhas perguntas inquietantes (nada interessante pra outras pessoas, por ex. “David, what do you wonder about Peter Hammill’s works e blá blá blá”). Depois de um tempo o Plano Real mostrou a que veio e o sonho de 1 dólar = 1 real acabou, assim como a minha assinatura. Hoje a Bowie Net é uma mega rede com milhões de usuários, e particularmente, eu não pagaria os 64 bucks anuais pra me decepcionar. No início éramos 20, e os que ficaram da época hoje são redatores do site e têm ingressos grátis pra qualquer apresentação. Maldito Brasil e seus problemas econômicos.

Eu havia esquecido, da mesma forma que esqueço os aniversários de todo mundo, menos o meu e o do meu filho (e o da minha mãe, que é no mesmo dia que o dele). Mas a internet é linda e nos deu o Orkut.

Há algum tempo atrás eu descobri que no Rio de Janeiro vários fãs se reúnem e fecham o dia 8 inteiro (da meia noite e um até onze e cinqüenta e nove) de um estúdio pra ficar fazendo jam sessions, bebendo vinho, fumando Marlboro e tocando....hmmm....Bowie. O tempo todo. Já tentei organizar algo parecido por aqui, mas nunca dá certo, faltam músicos e falta organização. Someday, someday.

ELE sempre está presente. E mais do que isso, com a ajuda da Assistência, sempre que acontece algo “that really matters” na minha vida, é só prestar atenção na trilha sonora, que ELE está lá, fazendo sinal de positivo. Garanto que é completamente involuntário e até assustador de vez em quando.

Não sei mais o que falar sobre isso. Minha vida não seria a mesma sem ELE.

Parabéns, London Boy, Karma Man, Madman, Superman, Starman, Ziggy, Aladin, Dory, Bitch, Duke, Sweet Thing, Hot Tramp, Angel, Hero, Dog, Alien, DJ, Nathan, Daddy, Dreamer, Earthling… Enfim, que você tenha a eternidade toda, Wild Eyed Boy.

Keep Swinging!

*

Pra encerrar (óbvio que não consigo parar por aqui sem falar de nenhuma música), fiz um exercício bem conhecido pelos nerds. Botei todos os álbuns no shuffle enquanto escrevia aqui, o que deu uma seleção caótica de 13 músicas, e vou comentá-las brevemente.

01. Dodo / 1984

A primeira eu tive escolher, então introduzo com essa versão especialíssima, ao vivo, que está na edição de aniversário do Diamond Dogs como bonus track. Em todo o trabalho do Bowie, encontramos milhares de referências, mas o Diamond é uma prova concreta do que Orwell fez com a cabeça dele. 1984 é um show de letra e composição. O medley com Dodo só a deixa mais forte ainda. Me lembra os bons tempos de discotecagens intocáveis na Funhouse.

02. We Are Hungry Men

Bowie mod, cabelinho e terninho, tentando imitar a negrada, tem coisas maravilhosas nesse disco (Deram Anthology), mas essa não é das minhas preferidas, mas o refrão já dá o tom: “we are not your friends, we don´t give a damn for what you´re saying, we´re here to live our lives!”

03. The Voyeur of Utter Destruction (As Beauty)

Outside. Falo demais desse disco, então não vou me alongar. Ela só é a melhor do álbum. Começo a ouvir o crescendo e as borboletas do estômago já ficam todas abusadas.

04. Jean Genie

Também não super faz minha cabeça at all. Mas representa um dos melhores álbuns da história da música (The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars). E no clipe vale conferir a estonteante Cyrinda Foxe, a groupie que mais faturou nos anos 70.

05. Sufragette City

Mesmo álbum, mesmo estilo, mesmo Ziggy enlouquecido.

06. Always Crashing On The Same Car

Uma balada dessas do tipo “a história da minha vida”. Não dá pra ficar imune. Quando se ouve o riff do refrão, é necessário afastar todas as giletes da casa. Fora o fato de figurar o Low, disco da trilogia Berlin, junto com Heroes e Lodger, que pra muitos, é insuperável.

07. China Girl

“I feel tragic like i´m Marlon Brando”. Oh My…sem comentários. Quem escreve isso sabe o que está dizendo.

08. Moonage Daydream

Muito culpada no cartório. Logo no início, quando estava chafurdando tudo sobre o trabalho do Homem, assisti o filme (Ziggy Stardust... – The motion picture). Moonage começa com riffão e um sussurro: “aah...uuuuuuh....uuuuuuuh....”, e abre numa declaração “I´M AN ALLIGATOR, I´M A MAMMA PAPPA COMMING FOR YOU!”, o choque foi sem igual, as pessoas na platéia transtornadas, fazendo coreografias no refrão (“keep your ‘letric eye on me babe / put your raygun to my head / press your spaceface close to my love / freakout in a moonage daydream...oooh yeah”), chorando, e aquele ser no palco, transando com todo mundo através da voz. Elvis? Nah. Beatles? Nah. Mick Jagger? Quase. Era uma persona, além do homem, ele não era real, era muito melhor. E Ziggy Stardust se apresentou pra mim.

09. Sorrow

E lá pelas tantas ele lança um disco só de covers. Pros puristas, é certo que ele arrasou com muitas obras definitivas, mas Sorrow, é uma graça. Brega pra caramba, quase um Cauby Peixoto hetero (ou não). Mas é trimmassa. Está no Pin Ups.

10. Breaking Glass

Também do Low. Todo aquele visual artê pós moderno, menos de 2 minutos de música. Textura forte nas guitarras. Sobre a Berlin Era vale lembrar que Bowie se preocupava demais com texturas, arranjos, etc. Tudo tinha que ser “visível”, "palpável”.

11. New Killer Star

Estrela maior do último disco, Reality. Como sempre o cara usa de um oportunismo sem igual pra gravar. O Reality é o Bowie tentando ser moderninho, uma das lendas da produção é que ele escreveu todas as canções ouvindo Song 2 do Blur. Não tem nada a ver, mas a gente nota aqui e acolá os ares de Albarn e Coxon. Nessa faixa mesmo, escute com atenção e pense naquela caixinha de leite bonitinha. :)

12. Changes

Feliz por ela ter dado o ar da cara. A personificação do homem. Ch-ch-ch-ch-changes!

13. Perfect Day

Hahaha! Então lembra o que eu falei lá em cima. Versão com vários artistas, na qual o Lou (Reed) destinou as melhores linhas (linhas? ãhn? Ãhn? Hahaha) ao nosso aniversariante.

Just a perfect day, you make me forget myself.

*suspira*

4 comentários:

Yog disse...

Hoje (08 de jan) acordei com dor no cabelo, saca. Não tomo banho a mais de três dias, vai ver é isso. Estou com a mesma camisa dos Ramones (Adios Amigos) a mais de cinco dias, escutando os discos mais desgraçados (anos 80) deles, no repeat.

MAS abri uma brecha para escutar Station to Station, Low, Heroes e Lodger hoje. Porque esses discos são punk rock, véio. E é anivêr do cara, véio. E esse ano, ano do PORCO no horóscopo chinês, eu vou ser punk rock, again véio.
(isso me lembra aquele filme com o Bowie que ele é um soldado alemão na 1º guerra, voltando pra casa, com um porco na coleira. QUE FILME é esse?!?)

Massa véio.
1,2,3,4!!!!

Dani Hyde disse...

"véio" Yog. tava esperando um comentário edificante e de especialista que tu é, seu besta.

hahaha

mas o único filme de soldado que me lembro dele é o Furyo, como sabemos, trata da segunda guerra.

Anônimo disse...

O filme é "Just a Gigolo", ele com Marlene Dietrich.

Dani Hyde disse...

ya! agora me veio a cena na cabeça

valeu Rodrigo