segunda-feira, maio 8

Sobre “Entre”, de Antônio Xerxenesky.

Uma tentativa de resenhar um livro de amigo nunca é muito justa, mas pode de repente deferir alguns momentos de imparcialidade que sejam úteis a quem vá ler.

É o primeiro livro desse rapaz, e a primeira piada já começa aí. Ele zomba de grande parte da nova geração de escritores brasileiros, trazendo uma narrativa e uma estética que alguns demoraram no mínimo dois lançamentos pra alcançar.

São contos que nada tem a ver um com o outro, a não ser a latente autenticidade do autor. O Tony (é meu amigo, foda-se) conseguiu transcrever em forma literária tudo o que ele é. Achei que havia descoberto um diamante, quando na verdade reli a orelha do Douglas Dickel e reparei que ele conclui a mesma coisa que eu. Cheguei a comentar com outro amigo que é um livro feito pra quem conhece o Tony. Mas depois de ler a última palavra e fechar a obra, percebo que não. É mais um grande retrato antropológico (e por que não ficcional?) da nossa geração de “perdidos”.

Na minha dedicatória ele diz “espero que não detestes”. Ele faz isso o tempo todo, na verdade. Chega a irritar a quantidade de vezes que as desculpas são proferidas. Porque ele mesmo não se dá conta do que construiu. Mas dentro do contexto, dá impressão que Antônio faz isso pra nos arrancar mais uma risada.

Rir de si próprio, atualmente é o que faz com que nos determinemos a dar o próximo passo. Tony faz isso com maestria. Os infindáveis esboços pra alguma possível história tem um desfecho melhor que o da própria história teria, te faz sorver um generoso gole de vinho tinto e virar a próxima página, mesmo estando exaurido de sono.

Os contos de fato, são fantásticos, e fluem vertiginosos de uma mente muito bem alimentada com cinema, música e literatura. Eu venho a confessar aqui e agora, que também não li Naked Lunch, por mera e espontânea preguiça, porém lembro de partes do filme até hoje (até porque tenho medo de baratas e, bem, quem não assistiu, assista....o livro? Ah, relaxa, sempre estará lá, o filme não saiu em dvd).

As discorrências existenciais disfarçadas de indiferença ao tema também são deslumbrantes, e o uso da linguagem técnica (principalmente no universo das ciências físicas) me deleitaram ao lembrar do fabuloso Julio Verne. Sim, talvez meu amigo seja um jovem Julio Verne escolhendo qual viagem fazer. Eu recomendo que faça todas.

Um bom Jabilowahlubiuagarramrrambrafwarrg a todos (uma vez que não li chongas do Baudrillard). Na trigésima quarta potência. (i.e. LEIAM o livro!)

(Daniela Ribeiro é tocadora de cd´s, so whyddafuck she did that?)

p.s. – fico feliz que não tenha um molho de brócolis na capa, meu amigo.

2 comentários:

Anônimo disse...

é nesse que tem um personagem com meu nome? ou será no outro?

Anônimo disse...

(comentário atrasado...)
Que massa ler uma resenha feita por ti. Deu vontade de ler o livro... Pego ele aí em julho e coloco na fila, logo atrás do Naked Lunch.

Beijos