quinta-feira, janeiro 20

República dos Pampas ou Povo Incompreendido?


"..Agora, coisa ispecial é uma porca, tendo a gente por cachaço, bem limpinha, e com cabaço, no seco em noite de lua, ela se encosta e recua, rebola e sallllta pra frente, talvez pensando que a gente tem pissa em forma de pua....." (Lucas Pocamacha, guitar dos Guidis, em seu profile do Orkut, parafraseando um grande cancioneiro erótico da fronteira)



Agora deixando as tormentas de lado, eu vou dar uma lógica pras
coisas que eu falo, sem contar que é uma boa oportunidade pra sempre
lembrar que sou apaixonada pela cidade/estado/região/país/planeta (tudo
num só) em que vivo.

Como em qualquer outro lugar, existem palavras que são muito
particulares entre os gaúchos, muitas delas vêm do interior, da
campanha, e no geral o vocabulário daqui é altamente folclórico. Eu,
paulista, sou completamente fanática por isso, porque saí de um lugar,
levantando a bandeira de que todos deveriam ser cosmopolitas, e cheguei
numa estância gigantesca, onde todos são compadres, cheios de orgulho
da terra, tomam chimarrão na mesma cuia não importando se tem 5 ou 30
pessoas, e cantam o hino Rio Grandense com lágrimas nos olhos, até em
festinhas de aniversário infantis.

Não existe possibilidade nenhuma de falar dessa terra sem ser
bairrista, porque pro cara falar daqui, tem que conhecer, e conhecendo
ele vai amar, e vira um ciclo, e por aí vai...

Na minha opinião (digamos que eu aprendi um pouco de história do RGS na
faculdade, aliás no currículo da História daqui há umas 8 matérias
focadas nos pampas), um dos poucos que conseguiu dar uma vaga idéia
sobre como o gaúcho ou em geral as pessoas que moram aqui se sentem,
não foi um historiador, ou cientista ou erudito de porra nenhuma.

Foi o Vitinho, ou Vitor Ramil para o resto do mundo, irmão dos
bicho-grilos Kleiton e Kledir, veia rebelde da família, sim, sim, sim,
ele é um músico! Óbvio. O Vitor escreveu um ensaio há zilions de anos
atrás chamado A Estética do Frio, que dá origem ao livro que ele lançou
agora no final de 2004, e que eu ainda não li porque sou relapsa e
estava duranga quando fui no show de lançamento (do Álbum - Longes e do
livro). Mas o ensaio eu conheço muito bem e acho divino, já me serviu
de ferramenta em diversas ocasiões e vai me servir agora de novo. Pros
interessados,
A ESTÉTICA DO
FRIO
.

Dani Hyde *paulúcha, gaulista, ou melhor, gaulesa irredutível


:::::

Artista: Vitor Ramil
Música: Deixando o Pago
Intro: Am

E7 Am
Alcei a perna no pingo e saí sem rumo certo
E7 Am
Olhei o pampa deserto e o céu fincado no chão
E7 Am
Troquei as rédeas de mão mudei o pala de braço
Am/G F E7 Am
E vi a lua no espaço clareando todo o rincão

E7 Am
E a trotezito no mais fui aumentando a distância
E7 Am
Deixar o rancho da infância coberto pela neblina
E7 Am
Nunca pensei que minha sina fosse andar longe do pago
Am/G F E7 A
E trago na boca o amargo dum doce beijo de china

D7M E7 A
Sempre gostei da morena é a minha cor predileta
F#m7 Bm7 E7 A
Da carreira em cancha reta dum truco numa carona
D7M E7 A
Dum churrasco de mamona na sombra do arvoredo
F#m7 Bm7 E7 A Am
Onde se oculta o segredo num teclado de cordeona

E7 Am
Cruzo a última cancela do campo pro corredor
E7 Am
E sinto um perfume de flor que brotou na primavera
E7 Am
À noite, linda que eram banhada pelo luar
Am/G F E7 A
Tive ganas de chorar ao ver meu rancho tapera

D7M E7 A
Como é linda a liberdade sobre o lombo do cavalo
F#m7 Bm7 E7 A
E ouvir o canto do galo anunciando a madrugada
D7M E7 A
Dormir na beira da estrada num sono largo e sereno
F#m7 Bm7 E7 A Am
E ver que o mundo é pequeno e que a vida não vale nada

E7 Am
O pingo tranqueava largo na direção de um bolicho
E7 Am
Onde se ouvia o cochicho de uma cordeona acordada
E7 Am
Era linda a madrugada a estrela d'alva saía
Am/G F E7 A
No rastro das três Marias na volta grande da estrada

D7M E7 A
Era um baile um casamento quem sabe algum batizado
F#m7 Bm7 E7 A
Eu não era convidado mas tava ali de cruzada
D7M E7 A
Bolicho em beira de estrada sempre tem um índio vago
F#m7 Bm7 E7 A Am
Cachaça pra tomar um trago carpeta pra uma carteada

E7 Am
Falam muito no destino até nem sei se acredito
E7 Am
Eu fui criado solito mas sempre bem prevenido
E7 Am
Índio do queixo torcido que se amansou na experiência
Am/G F E7 Am (A)
Eu vou voltar pra querência lugar onde fui parido

Nenhum comentário: