segunda-feira, outubro 27

Tá começando...



Insônia (de um outubro sem primavera)



Ando tendo muita insônia, muita história pra contar. Quero um disco novo, uma nova palavra e um novo tempo. Que já estavam aqui mas foram se perdendo debaixo dos meus fios. Essas idéias que ficam me instigando, às vezes bobas porém tampouco sórdidas, bem insólitas, perturbantes. O cheiro da terra voltou aos meus pés. O tato das cordas nunca foi tão estimulante como agora.


Estou voltando, a mim mesma. Chegando lá no fundo, novamente, por inteiro. Brotando de um pedaço de vida, um tempero de outrora que me faltava. Um ar sem demora que está se aproximando, um vértice de sutileza que eu nem almejava.


Nas águas serei fecunda, textura de mísseis e carvão. Posso até dar-me o luxo de imaginar que não posso mais chegar sozinha nos Cáucasos. Achar que essa solidão não mais me pertence e que mãos dadas devem funcionar quando dadas na hora certa.


Um breve resumo do que corre pelos meus neurônios nesse instante: Não dá pra ser breve, nem será; não se sintetiza, portanto, deixarei o resumo de lado para me ater aos detalhes. Essa é a verdadeira essência do ocaso, os detalhes, e assumo eu que os deixei para trás há séculos. A verdade crua jamais será nua,ela não é capaz de contextualizar a transparência das pessoas e vem carregada de primeiras impressões.


Voltando à insônia. Aquela luzinha intermitente vermelha e azul que fica piscando atrás do meu globo ocular; não, eu não resido próximo a nenhuma zona de badalação noturna. De repente pode ser por causa desses olhos claros, vivendo no meio de tanta luz. Externa, porque tive que trocar a noite pelo dia. Interna, porque o maior motivo que eu tive pra mudar é a "luz de todas as luzes", como diria o meu tão amado (e odiado na mesma intensidade) Van Helsing.


Quando se tem um motivo maior, é porque existem outros, e entre eles tem um que cresce a cada minuto, tornando minhas 13, 14 horas acordada, segundos insuficientes. Eu não acreditava que artistas precisavam de "musas", achava queo meu processo criativo só poderia derivar dos pedaços que arrancava de mim.


Para minha surpresa, minha mente está funcionando mais do que sempre. Para o meu deleite, a minha insônia é justificada pela falta de tempo para colocar no papel as minhas idéias, devaneios. E mesmo perdendo algumas horas de sono eu não estou me despedaçando. A minha "musa" existe e está juntando os cacos que ainda estão pelo chão onde piso e volto a me ferir, eu inclusive ando prudente com essas minhas caminhadas de faquir, pois não quero que a minha inspiração seja obrigada a cuidar dos meus pés, por suposto.


Ando tendo muita insônia, muita história pra contar. Porque eu tenho uma "musa", e, veja bem, ele é lindo, e me faz querer dar outro abraço no mundo. Só pra ter uma noção, isso tudo foi escrito pra aliviar um pouco meus pensamentos, tão ocupados com ele, simplesmente.



...vou lá pra cama, vazia, de novo...


*Dani Hyde , apaixonada de plantão

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