segunda-feira, março 3

A metáfora dos romances nos passeios de Enterprise


Hoje fui ao parque com o Vince, pra comemorar meu aniversário com ele, só ele, que me deu parabéns dormindo, que me acordou 10 vezes pra seguir me parabenizando e passou o resto do dia inventando músicas de aniversário, uma melhor que a outra.

Enquanto no parque, me lembrei de um momento há muitos anos, nesses parques toscos de praia, acredito que em Ubatuba (onde minhas amigas tinham casa, porque nunca tive casa na praia).

Estava eu, com umas amigas, na fila da Enterprise. O nome não deveria ser esse, mas eu chamo assim por causa do original do Playcenter/SP – aquela cápsula que cabem duas pessoas, uma ACOPLADA à outra, e que gira gira gira gira muito forte em sentido vertical desafiando a gravidade several times.

Voltando, estávamos na fila, e eu conheci esse rapaz que foi um dos únicos dois, sei lá, três loiros da minha vida. O nome dele era Sasha, e a família era toda russa. Entre dez minutos de fila e piadas ele me convidou pra ir com ele e deixar minhas amigas. Olhei para um lado, pro outro, amigas ou o Thor, uma dúvida.
– Aham!

E a Enterprise decolou. Acho que aquilo durava uns cinco minutos no máximo, esse aparato é muito mortal, cena clássica da minha infância no Playcenter era sentar no banco que ficava na frente do brinquedo e contar quantos saíam direto pra deixar o almoço nas latas de lixo das redondezas. Eu nunca vomitava.

Nos momentos que estávamos lá, girando, o mundo apagou, só se via um feixe de luz da cidade de um lado, e a escuridão do mar do outro. Eu não via nada, eu beijava como se nunca mais fosse vê-lo de novo. O que de fato, era verdade. Ali mesmo eu havia decidido que não o veria de novo, porque qualquer coisa além daquela situação insólita, deixaria de ser especial.

O passeio acabou, nos despedimos com abraços e sorrisos, e um até mais completamente improvável, já que ninguém tinha pedido telefones e essas coisas práticas da modernidade (ainda não existia internet).

Não sei por que isso me veio à mente aos 28 do primeiro tempo. Talvez seja uma amostra que eu ganhei aos 13 anos de como seriam todos os meus relacionamentos.

Eu gosto mesmo é da Enterprise. Nada menos.

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