sexta-feira, junho 23

É poesia concreta?


“Time locked in negative matter, all theories shatter
beneath the weight.
Happy is the man who believes that the world
is a dream and all reason, fate.
Time moves on with no time;*
the eye moves on with no rhyme,*
and I'm a song in the depth of the galaxies”

(Red Shift - Peter Hammill)

* um dos melhores vocalizes da história da música

Algumas lógicas eternas começam a fazer sentido. Sair do circuito costumeiro e padrão é bastante enriquecedor. O exercício da antropologia aplicada nunca é em vão.

Consegui zerar o game, acredito. Em todos os sentidos.

Aquela coisa tão importante há um par de dias atrás já caiu por terra, e agora só resta continuar “caminhando” em frente. Muitas coisas caem por terra antes mesmo da gente perceber.

Depois de conseguir baixar todos os álbuns do Peter Hammill eu volto a ouvir o primeiro que conheci. Vê, os outros não tem tanta importância simplesmente porque entraram na minha vida sem contexto, um arrebate no soulseek. Aos poucos vou inserindo, aos poucos. É difícil imaginar algo que supere a sensação ao ouvir “A Louse is not a Home” pela primeira vez. Gostaria de transformá-la num curta, escrever um roteiro, etc. Ia ser magnífico.

Tem que enxergar a música, já dizia Deus (David Jones).

O que me remete à uma recente discussão sobre músicas instrumentais. Sobre essa ótica, sim, ela tem muito valor. Até porque não se tem a linha lírica pra te guiar no processo, e o sentimento tem que trabalhar um pouco mais. Minha conclusão é que vou parar de criticar o instrumental, porque no meu caso é uma questão íntima. Não enxergo muita coisa sem as palavras. O próprio Chet Baker não é completo pra mim sem as letrinhas “...sings” na capa. Que voz! Que voz! Porque sua genialidade como instrumentista seria comprometida com os vocais? Acredito que acrescenta (e muito, no caso ilustrado).

Não basta só ter voz. Senão um gênio, quem criará arranjos, solos, “pontes”? Já fiquei depressiva por não conseguir compor uma bridge pra uma música, e até hoje ela está lá no fundo da gaveta, nos renegamos, somos insuficientes uma pra outra. De repente, minha resistência ao instrumental esteja ligada diretamente às minhas limitações. Que bonito, psicanálise online.

No mais, é ressaca e olhos brilhantes.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nunca pensei que eu iria odiar um movimento literário.